Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
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<strong>Génese</strong> e <strong>mentores</strong> <strong>do</strong> <strong>antijesuitismo</strong> <strong>na</strong> <strong>Europa</strong> Moder<strong>na</strong> 19<br />
dade e de contemplação com características que se filiam <strong>na</strong> tradição<br />
profética de ín<strong>do</strong>le mile<strong>na</strong>rista ou quiliástica.<br />
O advento desta idade deveria ser protagoniza<strong>do</strong> pela acção poderosa<br />
de uma ordem religiosa divi<strong>na</strong>mente delegada para implantar<br />
esta universalização <strong>do</strong> nome de Cristo e da abundância da sabe<strong>do</strong>ria<br />
espiritual, da santidade e <strong>do</strong> amor em toda a face da Terra 17 . Várias<br />
ordens procuraram, entre elas as mendicantes, rever-se nesta profecia e<br />
reivindicar para si o estatuto de funda<strong>do</strong>res e promotores da Idade <strong>do</strong><br />
Espírito, a idade da intelligentia spiritualis que elevaria a humanidade<br />
a uma perfeição nunca antes vista. Na modernidade e no quadro da<br />
epopeia missionária <strong>do</strong>s Descobrimentos, em cuja tarefa de universalização<br />
<strong>do</strong> Cristianismo os Jesuítas vão desempenhar um papel preponderante,<br />
alguns autores, particularmente teólogos da própria Companhia,<br />
pretenderam aplicar esta premonição <strong>do</strong> abade Joaquim à Ordem<br />
de Santo Inácio, e apresentar, assim, esta ordem como a eleita e a predesti<strong>na</strong>da<br />
divi<strong>na</strong>mente para i<strong>na</strong>ugurar a idade da universalização ple<strong>na</strong><br />
<strong>do</strong> Evangelho e da unção da humanidade pelo Espírito Santo.<br />
Em Portugal há exemplos flagrantes desta procura de acomodação<br />
da profecia joaquimita à Companhia de Jesus. Brás Viegas nos seus<br />
Commentarii Exegetici in Apocalypsim, responsáveis pela divulgação<br />
da teologia de Joaquim de Flora nos meios culturais portugueses, vai<br />
associar à Ordem de Santo Inácio a profecia <strong>do</strong> Anjo de Filadélfia, insinuan<strong>do</strong><br />
que esta Ordem seria a funda<strong>do</strong>ra da nova idade que a humanidade<br />
estava desti<strong>na</strong>da a gozar. Neste novo estádio soteriológico, em que<br />
17 Entre as diversas obras de Joaquim de Flora cumpre-nos realçar aqueles livros<br />
de exegese que mais contribuíram para o edifício teológico-profético que fundamenta<br />
e desenvolve a sua visão da história: Concordia Novi et Veteris Testamenti (Concordia<br />
<strong>do</strong> Novo e <strong>do</strong> Velho Testamento), a Expositio in Apocalypsim (Comentário sobre<br />
o Apocalipse), o Psalterium decem chordarum (Saltério de dez cordas) e o Tractatus<br />
super quatuor Evangelia (Trata<strong>do</strong> sobre os quatro Evangelhos), fican<strong>do</strong> este último<br />
inconcluso, pois a morte surpreendeu o autor durante a tarefa de redacção. As três primeiras<br />
obras foram editadas de forma impressa em várias edições entre 1519 e 1527<br />
<strong>na</strong> cidade de Veneza. O Tractatus. . . só veio a lume no século XX, concretamente no<br />
ano de 1930 <strong>na</strong> cidade de Roma.<br />
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