baixar em PDF - Coleção Aplauso - Imprensa Oficial
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inabalável respeito mútuo: éramos jovens comunistas<br />
com a cabeça cheia de sonhos e adeptos<br />
de uma ideologia que ele queria transformar,<br />
de forma poética, <strong>em</strong> imagens.<br />
Durst me ensinou tudo. Com ele aprendi a interpretar,<br />
aprendi a vida. Ele achava que eu era o<br />
ator ideal para interpretar personagens genuinamente<br />
brasileiros, mas ele não me via como um<br />
boneco. Muito pelo contrário, ele me burilou,<br />
me deu um teto e me alimentou. Foi mais do que<br />
um Pigmaleão, porque ele me ensinou a viver.<br />
Depois veio a televisão, e até hoje me pergunto<br />
como teria sido se, no lugar do Cassiano Gabus<br />
Mendes, tivesse sido o Durst o escolhido para ser<br />
o primeiro diretor da <strong>em</strong>issora. Me l<strong>em</strong>bro de que<br />
ele não ficou aborrecido com isso, e acho que, no<br />
fundo, n<strong>em</strong> queria. Era um operário, só queria<br />
produzir, trabalhar. E, eu, procurava servi-lo da<br />
maneira que ele precisava e queria. Havia grande<br />
ternura entre nós dois, era amor mesmo. Fomos<br />
parceiros, mas eu s<strong>em</strong>pre entendi que eu não era<br />
ele. E perceber isso foi muito bom. Eu sabia que<br />
ele era mais, mais importante, mais capaz, e eu<br />
entendi que eu só poderia ser grande se servisse<br />
a ele, à grandeza dele.<br />
Fomos marchando juntos, nos entendendo,<br />
apesar das diferenças. Ele era um intelectual<br />
de primeira, e eu estava engatinhando nesse<br />
mundo das letras. Entendíamos o momento<br />
que vivíamos, entendíamos a revolução que se<br />
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