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Aplicação da Teoria das Restrições em uma Indústria Metalúrgica RESUMO Esse artigo apresenta um estudo sobre um estudo de tempos e gargalos de processo e uma proposta de implantação de um sistema de gestão baseado na Teoria das Restrições, apresentando-se um estudo de caso onde e descrito o desdobramento dos processos, discriminando-se os pontos críticos, gargalos e ganhos potenciais no desempenho global de uma empresa do setor metalúrgico. Optou-se pela referida teoria por considerar a visão sistêmica e pelos potenciais ganhos em flexibilidade e redução de custo. A argumentação e conclusões para o estudo apresentado resultam do processo de reflexão teórica, somado às observações e experiências do estudo de campo. Palavras-chave: Teoria das Restrições; gestão da produção; lead times; set- ups. 1. INTRODUÇÃO O crescimento de demandas e de mercados, das exigências nos processos e produtos e do fortalecimento dos concorrentes, leva constantemente as organizações a se reformularem quanto as suas formas de gestão. Essa reformulação não é mais uma alternativa, mas sim uma necessidade. A importância de se gerenciar as perdas de processo, os ganhos de produtividade e eficiência, e as melhorias simples que geram grandes oportunidades, nunca foram tão importantes quanto agora. É neste cenário que muitas organizações procuram adotar por novas formas de gerenciamento da produção. Um dos aspectos que mais define competitividade e que se espera numa mudança de gestão, é a exigência por prazos de entrega cada vez menores, o que implica em redução dos lead times e set-ups de produção das organizações, redução no tempo de resposta de projetos, entre outros. As reduções de tempo de produção são as mais críticas e necessitam de um estudo minucioso do processo produtivo, permitindo monitorá-lo e medi-lo de forma a obter dados que analisados corretamente podem gerar planos de ação para a implementação de melhorias. Além de medir estes processos, é de grande relevância estabelecer o mercado alvo e as demandas solicitadas, equilibrando de forma eficaz as mesmas com a produção e determinando as metas a serem atingidas. No presente artigo, pretende-se estudar a abordagem sugerida pela Teoria das Restrições (TOC) como forma de tratamento dos gargalos produtivos. Abordagem esta que engloba tais gargalos num gerenciamento integrado, onde a organização é vista como um único sistema. O objetivo é realizar, com base em dados reais de produção, uma análise para identificar quais os principais pontos de melhoria que podem ser obtidos e quais as mudanças necessárias para a implantação da TOC em uma empresa. Os escassos estudos da TOC no Brasil, concomitantemente com a ausência de literaturas descrevendo a realidade de alguns ramos industriais, são argumentos que reforçam a relevância deste estudo. Pretende-se com esta pesquisa contemplar o estudo de caso real de sua aplicação, e também demonstrar como a mesma afeta o desempenho produtivo na indústria. 1

<strong>Aplicação</strong> <strong>da</strong> <strong>Teoria</strong> <strong>da</strong>s <strong>Restrições</strong> <strong>em</strong> <strong>uma</strong> <strong>Indústria</strong> Metalúrgica<br />

RESUMO<br />

Esse artigo apresenta um estudo sobre um estudo de t<strong>em</strong>pos e gargalos de processo e <strong>uma</strong> proposta<br />

de implantação de um sist<strong>em</strong>a de gestão baseado na <strong>Teoria</strong> <strong>da</strong>s <strong>Restrições</strong>, apresentando-se um<br />

estudo de caso onde e descrito o desdobramento dos processos, discriminando-se os pontos críticos,<br />

gargalos e ganhos potenciais no des<strong>em</strong>penho global de <strong>uma</strong> <strong>em</strong>presa do setor metalúrgico. Optou-se<br />

pela referi<strong>da</strong> teoria por considerar a visão sistêmica e pelos potenciais ganhos <strong>em</strong> flexibili<strong>da</strong>de e<br />

redução de custo. A argumentação e conclusões para o estudo apresentado resultam do processo de<br />

reflexão teórica, somado às observações e experiências do estudo de campo.<br />

Palavras-chave: <strong>Teoria</strong> <strong>da</strong>s <strong>Restrições</strong>; gestão <strong>da</strong> produção; lead times; set- ups.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

O crescimento de d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>s e de mercados, <strong>da</strong>s exigências nos processos e produtos e<br />

do fortalecimento dos concorrentes, leva constant<strong>em</strong>ente as organizações a se reformular<strong>em</strong><br />

quanto as suas formas de gestão. Essa reformulação não é mais <strong>uma</strong> alternativa, mas sim <strong>uma</strong><br />

necessi<strong>da</strong>de. A importância de se gerenciar as per<strong>da</strong>s de processo, os ganhos de produtivi<strong>da</strong>de<br />

e eficiência, e as melhorias simples que geram grandes oportuni<strong>da</strong>des, nunca foram tão<br />

importantes quanto agora. É neste cenário que muitas organizações procuram adotar por novas<br />

formas de gerenciamento <strong>da</strong> produção.<br />

Um dos aspectos que mais define competitivi<strong>da</strong>de e que se espera n<strong>uma</strong> mu<strong>da</strong>nça de<br />

gestão, é a exigência por prazos de entrega ca<strong>da</strong> vez menores, o que implica <strong>em</strong> redução dos<br />

lead times e set-ups de produção <strong>da</strong>s organizações, redução no t<strong>em</strong>po de resposta de projetos,<br />

entre outros. As reduções de t<strong>em</strong>po de produção são as mais críticas e necessitam de um<br />

estudo minucioso do processo produtivo, permitindo monitorá-lo e medi-lo de forma a obter<br />

<strong>da</strong>dos que analisados corretamente pod<strong>em</strong> gerar planos de ação para a impl<strong>em</strong>entação de<br />

melhorias. Além de medir estes processos, é de grande relevância estabelecer o mercado alvo<br />

e as d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>s solicita<strong>da</strong>s, equilibrando de forma eficaz as mesmas com a produção e<br />

determinando as metas a ser<strong>em</strong> atingi<strong>da</strong>s.<br />

No presente artigo, pretende-se estu<strong>da</strong>r a abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> sugeri<strong>da</strong> pela <strong>Teoria</strong> <strong>da</strong>s<br />

<strong>Restrições</strong> (TOC) como forma de tratamento dos gargalos produtivos. Abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> esta que<br />

engloba tais gargalos num gerenciamento integrado, onde a organização é vista como um<br />

único sist<strong>em</strong>a. O objetivo é realizar, com base <strong>em</strong> <strong>da</strong>dos reais de produção, <strong>uma</strong> análise para<br />

identificar quais os principais pontos de melhoria que pod<strong>em</strong> ser obtidos e quais as mu<strong>da</strong>nças<br />

necessárias para a implantação <strong>da</strong> TOC <strong>em</strong> <strong>uma</strong> <strong>em</strong>presa.<br />

Os escassos estudos <strong>da</strong> TOC no Brasil, concomitant<strong>em</strong>ente com a ausência de<br />

literaturas descrevendo a reali<strong>da</strong>de de alguns ramos industriais, são argumentos que reforçam<br />

a relevância deste estudo. Pretende-se com esta pesquisa cont<strong>em</strong>plar o estudo de caso real de<br />

sua aplicação, e também d<strong>em</strong>onstrar como a mesma afeta o des<strong>em</strong>penho produtivo na<br />

indústria.<br />

1


SEGeT – Simpósio de Excelência <strong>em</strong> Gestão e Tecnologia 2<br />

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS<br />

Para a realização deste trabalho utilizou-se <strong>uma</strong> pesquisa exploratória e <strong>uma</strong> pesquisa<br />

bibliográfica referente à aplicação prática <strong>da</strong>s ferramentas <strong>da</strong> <strong>Teoria</strong> <strong>da</strong>s <strong>Restrições</strong> <strong>em</strong> <strong>uma</strong><br />

<strong>em</strong>presa do setor plástico, atuante no mercado de produtos de higiene, limpeza, beleza e<br />

pintura. Devido às suas características, pode-se considerar este trabalho como um estudo de<br />

caso.<br />

O estudo de caso caracteriza-se por <strong>uma</strong> análise profun<strong>da</strong> e exaustiva de um ou poucos<br />

objetos. Sendo assim pretende-se através do referencial teórico, d<strong>em</strong>onstrar <strong>em</strong> como está<br />

delineado o procedimento metodológico utilizado para a coleta e tratamento dos <strong>da</strong>dos.<br />

A principal vantag<strong>em</strong> de se realizar estudos de caso com coleta de <strong>da</strong>dos a partir <strong>da</strong><br />

observação participante, é a oportuni<strong>da</strong>de de se perceber a reali<strong>da</strong>de do ponto de vista de<br />

alguém que se encontra dentro do objeto estu<strong>da</strong>do, fato este que permite obter um retrato<br />

acurado do fenômeno analisado. No entanto, a observação participante incorre no risco de o<br />

pesquisador chegar a conclusões tendenciosas, por não ter a perspectiva imparcial de<br />

observador externo (YIN, 2005). Para se minimizar este risco e se obter resultados válidos a<br />

partir do estudo de caso, foram utiliza<strong>da</strong>s diversas fontes de <strong>da</strong>dos além <strong>da</strong> observação direta<br />

participante, e entrevistas com operadores.<br />

3. A TEORIA DAS RESTRIÇÕES (TOC)<br />

A TOC teve início no final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 70, quando o físico israelense, Eliyahu Moshe<br />

Goldratt, foi convi<strong>da</strong>do a auxiliar no gerenciamento de <strong>uma</strong> <strong>em</strong>presa. Goldratt s<strong>em</strong> nenhum<br />

conhecimento de administração, porém com base nos processos de raciocínio aplicado à<br />

física, aceitou o desafio de tentar melhorar o des<strong>em</strong>penho <strong>da</strong>quela organização (NORREEN et<br />

al, 1996).<br />

Percebendo que a deficiência inicial <strong>da</strong>quela <strong>em</strong>presa era a logística interna de<br />

produção e que os métodos utilizados até então para gerenciá-la não apresentavam nenhum<br />

sentido lógico, Eliyahu Moshe Goldratt elaborou o seu método de administração <strong>da</strong> produção<br />

(NORREEN et al, 1996). Após o método impl<strong>em</strong>entado e b<strong>em</strong> sucedido, outras <strong>em</strong>presas se<br />

interessaram pelo mesmo e, sendo assim, Goldratt então decidiu elaborar melhor o método a<br />

fim de diss<strong>em</strong>iná-lo.<br />

Na primeira metade <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 80, século passado, Goldratt lançou um livro (“A<br />

META”) sobre a sua teoria <strong>em</strong> parceria com Jeff Cox.. No livro, o autor critica os métodos de<br />

administração tradicionais, incluindo a contabili<strong>da</strong>de de custos. A partir desta publicação a<br />

abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> expandiu-se para outras áreas <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa, inclusive pela adição de novos<br />

instrumentais à Contabili<strong>da</strong>de Gerencial. (GUERREIRO, 1995).<br />

3.1. CONCEITOS BÁSICOS DA TOC<br />

A base do raciocínio <strong>da</strong> TOC está nos conceitos de causa e efeito e na relação de<br />

interdependência dos el<strong>em</strong>entos de um sist<strong>em</strong>a, onde ca<strong>da</strong> el<strong>em</strong>ento do sist<strong>em</strong>a depende um<br />

do outro de alg<strong>uma</strong> forma, e que, o des<strong>em</strong>penho global está intrinsecamente relacionado ao<br />

des<strong>em</strong>penho do conjunto como um todo e não do des<strong>em</strong>penho individual e isolado de ca<strong>da</strong><br />

parte do sist<strong>em</strong>a, descartando desta forma o ótimo local.(Goldratt, 1994).<br />

Goldratt define <strong>em</strong> “A Meta” (1997) como restrição (constraint) de um sist<strong>em</strong>a,<br />

qualquer coisa que impeça o mesmo de melhorar o seu des<strong>em</strong>penho <strong>em</strong> relação à meta<br />

defini<strong>da</strong>, ou seja, é o fator que restringe a atuação do sist<strong>em</strong>a como um todo. Este conceito<br />

também é conhecido como “gargalo” (bottleneck).


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Todo sist<strong>em</strong>a tangível, tal como um <strong>em</strong>preendimento com fins lucrativos, deve ter<br />

pelo menos <strong>uma</strong> restrição. Tal idéia, segundo Corbett (1997), “é explica<strong>da</strong> pelo fato de que se<br />

não houvesse algo que limitasse o des<strong>em</strong>penho do sist<strong>em</strong>a, este seria infinito, <strong>uma</strong> vez que<br />

na<strong>da</strong> impediria o sist<strong>em</strong>a de manter evoluindo constant<strong>em</strong>ente a sua performance <strong>em</strong> relação à<br />

meta”. Seguindo este raciocínio, foi criado o processo de otimização contínua <strong>da</strong> TOC, que<br />

t<strong>em</strong> como orientação a meta global <strong>da</strong> organização e é composto por cincos etapas, conforme<br />

a figura 1 abaixo.<br />

Figura 1: Etapas do processo de otimização contínua <strong>da</strong> TOC.<br />

Um dos muitos motivos que despertou o interesse pela TOC foi justamente confrontar<br />

os objetivos <strong>da</strong> contabili<strong>da</strong>de gerencial com os <strong>da</strong>s gerencias de produção e ven<strong>da</strong>s. Quando a<br />

TOC propõe <strong>uma</strong> meta para a <strong>em</strong>presa, está intrínseca <strong>uma</strong> visão de integração, basea<strong>da</strong> <strong>em</strong><br />

<strong>uma</strong> meta comum a ser atingi<strong>da</strong>, com setores <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa se apoiando para atingi-la.<br />

Outro ponto forte <strong>da</strong> TOC é <strong>em</strong> relação à otimização de processos. N<strong>uma</strong> visão<br />

tradicional, se pressupõe que <strong>uma</strong> política de melhoria contínua generaliza<strong>da</strong> <strong>em</strong> todos os<br />

processos resultaria <strong>em</strong> <strong>uma</strong> conseqüente melhoria de todo o sist<strong>em</strong>a – essa, por ex<strong>em</strong>plo, é a<br />

abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> dos Sist<strong>em</strong>as de Controle de Quali<strong>da</strong>de Total. A TOC questiona essa afirmação,<br />

sendo que um investimento <strong>em</strong> melhoria de um processo só se justificará se trouxer ganhos ao<br />

sist<strong>em</strong>a todo – ou, <strong>em</strong> outras palavras, a meta <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa.<br />

Esta argumentação ain<strong>da</strong> pode ser reforça<strong>da</strong> por HOLMES & HENDRICKS (2005) a<br />

qual relata que "a Gestão <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de Total e Contínua contribui para a eliminação de<br />

desperdícios e elevação de todo o processo. No entanto a TOC t<strong>em</strong> <strong>uma</strong> visão quase contrária,<br />

pois requer que o foco seja na restrição, não se prendendo nos d<strong>em</strong>ais processos. Portanto,<br />

considera-se que se otimizar um processo antes <strong>da</strong> restrição, sobrecarregaria ain<strong>da</strong> mais a<br />

restrição. Por outro lado, caso seja melhorado o processo posterior à restrição, o efeito seria<br />

nulo, <strong>uma</strong> vez que teria que esperar a restrição enviar o trabalho.<br />

3.2. SISTEMA TPC<br />

Ao contrário <strong>da</strong> administração usual, que procura manter todo e qualquer recurso<br />

s<strong>em</strong>pre trabalhando para manter a eficiência de produção, a TOC procura manter o trabalho de<br />

acordo com as restrições do sist<strong>em</strong>a, a eficiência muitas vezes pode não ser manti<strong>da</strong>, mas as<br />

medi<strong>da</strong>s operacionais e globais são afeta<strong>da</strong>s positivamente.<br />

Um dos probl<strong>em</strong>as que pod<strong>em</strong> ocorrer na manufatura sincroniza<strong>da</strong> é que como o<br />

inventário é baixo, qualquer interrupção significativa fará com que todo o sist<strong>em</strong>a pare, isto


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poderia por um fim <strong>em</strong> to<strong>da</strong>s os benefícios obtidos. Para evitar este probl<strong>em</strong>a a TOC se<br />

estabelece no sist<strong>em</strong>a Tambor-Pulmão-Cor<strong>da</strong> ou TPC que é <strong>uma</strong> metodologia de<br />

planejamento, programação e controle de produção.<br />

O método TPC é aplicado à Programação e Controle <strong>da</strong> Produção, seguindo à risca, os<br />

cinco passos de focalização anteriormente descritos. Ele permite sincronizar a produção<br />

através do balanceamento do fluxo produtivo e não <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de individual de ca<strong>da</strong> recurso.<br />

A simplici<strong>da</strong>de do método associa<strong>da</strong> a sua eficácia faz<strong>em</strong> dele <strong>uma</strong> <strong>da</strong>s mais poderosas<br />

ferramentas de programação, gerando resultados efetivos na lucrativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa.<br />

O Tambor (Drum) é a programação detalha<strong>da</strong> <strong>da</strong> restrição, com os itens a ser<br />

produzidos, suas quanti<strong>da</strong>des, os horários de início e de término. Os recursos que não são<br />

restrição dev<strong>em</strong> seguir o ritmo <strong>da</strong> restrição, e dev<strong>em</strong> ser gerenciados de modo a não faltar<strong>em</strong><br />

itens na restrição, caso contrário, o objetivo será ameaçado. Como os recursos que não são<br />

restrição possu<strong>em</strong> maior capaci<strong>da</strong>de que a d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>, não é necessário programá-los.<br />

Em função <strong>da</strong>s incertezas, <strong>uma</strong> proteção deve ser cria<strong>da</strong> para a liberação dos itens<br />

algum t<strong>em</strong>po antes de seu processamento na restrição. Esta proteção é chama<strong>da</strong> de Pulmão<br />

(Buffer), e na TOC, o Pulmão é medido <strong>em</strong> uni<strong>da</strong>des de t<strong>em</strong>po, e não quanti<strong>da</strong>des de itens. A<br />

duração do Pulmão é influencia<strong>da</strong> pela veloci<strong>da</strong>de dos outros recursos que não são restrições e<br />

pela variância do t<strong>em</strong>po de resposta <strong>da</strong>s operações. Maior a variância, maior a duração do<br />

Pulmão. Maior a veloci<strong>da</strong>de dos outros recursos, menor o Pulmão.<br />

Tomando o Tambor como o ponto de parti<strong>da</strong> e subtraindo o Pulmão <strong>da</strong> Restrição é<br />

possível determinar o instante <strong>da</strong> liberação dos itens. A Cor<strong>da</strong> (Rope) assegura que será<br />

libera<strong>da</strong> a quanti<strong>da</strong>de exata de itens que será processa<strong>da</strong> pela restrição. Em outras palavras,<br />

através <strong>da</strong> Cor<strong>da</strong> é assegurado que todos os recursos operarão no mesmo ritmo que a restrição,<br />

s<strong>em</strong> elevação nos níveis de estoque <strong>em</strong> processamento.<br />

O sist<strong>em</strong>a TPC pode ser utilizado <strong>em</strong> qualquer tipo ou tamanho de fábrica, pois por<br />

mais complexa que seja, ela terá um número limitado de restrições, e to<strong>da</strong>s poderão ser<br />

protegi<strong>da</strong>s por um pulmão de t<strong>em</strong>po, garantindo a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção no recurso<br />

restritivo não atrapalhando o ganho <strong>da</strong> organização.<br />

3.3. PRINCÍPIOS DA TOC PARA O BALANCEAMENTO DA PRODUÇÃO<br />

Uma otimização <strong>da</strong> produção visa eliminar o excesso de inventários de material <strong>em</strong><br />

processo e <strong>da</strong> mesma forma visa <strong>uma</strong> melhoria nos processos, objetivando a minimização do<br />

inventário de segurança contra probl<strong>em</strong>as inesperados.<br />

A TOC propõe a máxima de que “a soma dos ótimos locais não é igual ao ótimo<br />

total” e estabelece nove princípios básicos identificados conforme relata GOLDRATT e COX<br />

(1997):<br />

• Balancear o fluxo e não a capaci<strong>da</strong>de – a ênfase recai sobre o fluxo de materiais e não<br />

sobre a capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong> dos recursos. Necessitando assim, a identificação do<br />

recurso restritivo de capaci<strong>da</strong>de – o gargalo. A orientação é feita pela restrição do<br />

processo, pois ela é o fator que determina o des<strong>em</strong>penho de todo o sist<strong>em</strong>a.<br />

• A utilização de um recurso não-gargalo não é determina<strong>da</strong> por seu próprio potencial,<br />

mas sim pela capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> restrição do sist<strong>em</strong>a. Este princípio determina que a<br />

utilização de um recurso não-gargalo seja parametriza<strong>da</strong> <strong>em</strong> função <strong>da</strong>s restrições<br />

existentes no sist<strong>em</strong>a.<br />

• A utilização de um recurso e a sua ativação não é a mesma coisa. A utilização<br />

corresponde ao uso de um recurso não-gargalo de acordo com a capaci<strong>da</strong>de do recurso


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gargalo. Já a ativação corresponde ao uso de um recurso não-gargalo <strong>em</strong> volume<br />

superior ao requerido pelo recurso gargalo.<br />

• Uma per<strong>da</strong> no gargalo é <strong>uma</strong> per<strong>da</strong> <strong>em</strong> todo o sist<strong>em</strong>a. Portanto, o t<strong>em</strong>po de<br />

preparação dos instrumentos do recurso restritivo, ou a produção de uni<strong>da</strong>des<br />

defeituosas, de produtos não d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>dos, será a diminuição do t<strong>em</strong>po total disponível<br />

para atender ao volume de ven<strong>da</strong>s – o ganho. A TOC determina que só exist<strong>em</strong><br />

benefícios na redução de set-ups nos recursos gargalos.<br />

• Não haverá benefício algum com a redução do t<strong>em</strong>po do recurso que não há restrição.<br />

As economias de preparação <strong>em</strong> não-gargalos não tornam o sist<strong>em</strong>a n<strong>em</strong> um pouco<br />

mais produtivo. Aumentará apenas os seus níveis de ociosi<strong>da</strong>de.<br />

• Os gargalos governam o ganho e o inventário. É de fácil percepção que o recurso<br />

restritivo determina o fluxo do sist<strong>em</strong>a – o ganho. Da mesma forma que determina os<br />

níveis de estoques, com o fim de isolar os gargalos <strong>da</strong>s flutuações estatísticas<br />

provoca<strong>da</strong>s pelos recursos não-gargalos.<br />

• Os lotes de processamento e de transferência não precisam ser iguais. Isto permite<br />

dividir os lotes e reduzir o t<strong>em</strong>po de passag<strong>em</strong> dos produtos pela fábrica.<br />

• O lote de processo deve ser variável e não fixo. Sob enfoques tradicionais o tamanho<br />

de lote dever ser o mesmo para to<strong>da</strong>s as operações de fabricação do produto, mas isto<br />

se traduz num probl<strong>em</strong>a de escolha do tamanho a ser adotado, já que as características<br />

<strong>da</strong>s operações individuais pod<strong>em</strong> conduzir a um cálculo diferente.<br />

• E para finalizar, os programas dev<strong>em</strong> ser estabelecidos, considerando to<strong>da</strong>s as<br />

restrições simultaneamente e não seqüencialmente. Deve levar <strong>em</strong> consideração o<br />

conjunto de restrições existentes quando <strong>da</strong> programação <strong>da</strong> produção.<br />

4. ESTUDO DE CASO<br />

A <strong>em</strong>presa escolhi<strong>da</strong> para o estudo de caso é do setor metalúrgico, situa<strong>da</strong> no norte do<br />

estado de Santa Catarina. É dividi<strong>da</strong> <strong>em</strong> 5 divisões de negócios que atuam <strong>em</strong> diversos<br />

segmentos, sendo a Divisão de Tubos Especiais o objeto desse estudo. Essa Divisão<br />

desenvolve <strong>uma</strong> completa linha de tubos de aço com costura, destacando-se como um dos<br />

principais fabricantes do país, capacita<strong>da</strong> a atender mercados onde a tecnologia e a garantia de<br />

des<strong>em</strong>penho são aspectos determinantes na escolha do fornecedor.<br />

Essa Divisão possui um eficiente sist<strong>em</strong>a de controle <strong>da</strong> produção, o que é atestado<br />

pela certificação ISO TS 16949:2002, que se refere a <strong>uma</strong> série de requisitos a ser<strong>em</strong><br />

cumpridos, tanto no controle de quali<strong>da</strong>de dos produtos, quanto no controle <strong>da</strong> produção, área<br />

comercial, de almoxarifado, entre outros. Também apresenta integração entre áreas,<br />

trabalhando com recursos informatizados que permit<strong>em</strong> <strong>uma</strong> boa sinergia interna, diminuindo<br />

a falta de comunicação e facilitando os procedimentos.<br />

O controle e a manutenção de pedidos de compra recebidos dos clientes, é efetuado<br />

pela área comercial, que lança ao sist<strong>em</strong>a os <strong>da</strong>dos referentes aos pedidos de um determinado<br />

produto. Caso este produto seja novo, ele é encaminhado ao setor de engenharia que avalia as<br />

condições técnicas do produto, afirmando a capaci<strong>da</strong>de de produção ou não. Esta informação<br />

é repassa<strong>da</strong> ao setor comercial, que trabalhando junto à área de custos, determinam o custo de<br />

produção devido ao processo do produto e posteriormente encaminham para o cliente o preço<br />

de ven<strong>da</strong> deste produto.<br />

Uma vez confirma<strong>da</strong> esta etapa, as quanti<strong>da</strong>des dos pedidos ficam armazena<strong>da</strong>s no<br />

sist<strong>em</strong>a, gerando ao PCP (Controle e Planejamento <strong>da</strong> Produção) a necessi<strong>da</strong>de de programar


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a produção deste produto, planejando conforme a <strong>da</strong>ta de entrega que também é lança<strong>da</strong> junto<br />

à quanti<strong>da</strong>de de peças pela área comercial. Caso não haja matéria-prima, o próprio PCP,<br />

solicita a compra <strong>da</strong> matéria-prima necessária.<br />

A partir <strong>da</strong>í, as ordens de produção são lança<strong>da</strong>s à fábrica, que apenas t<strong>em</strong> o serviço de<br />

executá-las nas <strong>da</strong>tas pré-determina<strong>da</strong>s e apontar no sist<strong>em</strong>a a quanti<strong>da</strong>de de peças<br />

produzi<strong>da</strong>s, não conformes e sucatea<strong>da</strong>s. Estas informações permit<strong>em</strong> a área comercial o<br />

acompanhamento e evolução <strong>da</strong> produção dos produtos, podendo <strong>em</strong> alguns casos, faturar ao<br />

cliente <strong>uma</strong> parcela do pedido.<br />

4.1. PROCESSOS E FLUXOGRAMA<br />

O processo escolhido para a análise de t<strong>em</strong>pos neste estudo de caso foi o de trefilação<br />

de tubos, que consiste basicamente <strong>em</strong> calibrar os tubos <strong>em</strong> medi<strong>da</strong>s mais precisas que as<br />

obti<strong>da</strong>s apenas pelo processo de conformação de tubos especiais.<br />

Este processo consiste na conformação a frio de tubos de aço por deformação plástica,<br />

através de ferramentas que garantam a precisão dimensional <strong>da</strong>s três cotas básicas de um tubo:<br />

o diâmetro externo, o diâmetro interno e a espessura. Além <strong>da</strong>s características dimensionais, o<br />

processo também permite alterações <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des mecânicas do aço (limite de ruptura,<br />

limite de escoamento, dureza, etc.), além dos tipos de acabamento.<br />

Segue abaixo e representado na figura 2, o fluxograma do processo de trefilação:<br />

Tratamento<br />

Químico<br />

Tratamento<br />

Térmico<br />

Endireitamento<br />

Tratamento<br />

Químico<br />

Destopo<br />

Figura 2 - Fluxograma de Processo de Tubos trefilados<br />

Ponteamento<br />

Trefilação<br />

Além do processo de trefilação propriamente dito, há outros processos, como é<br />

mostrado na figura 2. Primeiro, o tratamento químico, que t<strong>em</strong> a função de permitir o melhor<br />

acabamento superficial dos tubos. Depois, o tratamento térmico que t<strong>em</strong> a função de <strong>da</strong>r<br />

homogenei<strong>da</strong>de ao tubo de aço com costura. Devido ao processo de sol<strong>da</strong>g<strong>em</strong> na conformação<br />

do tubo, há <strong>uma</strong> maior tensão do aço nesta região, que causa maior fragili<strong>da</strong>de. Com o<br />

aquecimento a altas t<strong>em</strong>peraturas, esta tensão é alivia<strong>da</strong>, fazendo com que to<strong>da</strong> a extensão do<br />

tubo tenha <strong>uma</strong> maior homogenei<strong>da</strong>de. Seguindo o fluxograma, um novo tratamento químico<br />

com a função de preparar a superfície do tubo para receber o processo de trefilação, que por<br />

ser à frio, necessita diminuir a aspereza <strong>da</strong> superfície.<br />

Além destes dois processos é necessária também a preparação <strong>da</strong> ponta dos tubos para<br />

inserção na ferramenta de trefilação, que é efetua<strong>da</strong> pela máquina ponteadeira. Após o<br />

processo de trefilação propriamente dito, outros dois processos completam o fluxo de<br />

produção de tubos trefilados: o destopo, que consiste no o corte <strong>da</strong> ponta que foi prepara<strong>da</strong><br />

para a trefilação, e o endireitamento dos tubos, pois devido a grande força mecânica<br />

envolvi<strong>da</strong>, dá-se um pequeno <strong>em</strong>penamento nos mesmos.


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4.2. DADOS DE PRODUTIVIDADE<br />

Os <strong>da</strong>dos foram obtidos a partir de <strong>uma</strong> coleta de t<strong>em</strong>pos realiza<strong>da</strong> aleatoriamente<br />

durante <strong>uma</strong> s<strong>em</strong>ana de trabalho, onde foi possível analisar cerca de quatro produtos que<br />

possu<strong>em</strong> o mesmo fluxo de processo, que é a seqüência padrão <strong>da</strong> maioria dos produtos. Os<br />

<strong>da</strong>dos são representativos de tubos de diferentes características e quanti<strong>da</strong>de de lotes, para<br />

evitar qualquer tendência. À partir destas tabelas foram elaborados os gráficos comparativos<br />

mostrados, que permit<strong>em</strong> <strong>uma</strong> melhor visualização <strong>da</strong>s tendências e <strong>da</strong>s dispari<strong>da</strong>des de<br />

produção dos processos analisados.<br />

10.00<br />

9.00<br />

8.00<br />

7.00<br />

6.00<br />

5.00<br />

4.00<br />

3.00<br />

2.00<br />

1.00<br />

0.00<br />

3.50<br />

3.00<br />

2.50<br />

2.00<br />

1.50<br />

1.00<br />

0.50<br />

0.00<br />

4.50<br />

4.00<br />

3.50<br />

3.00<br />

2.50<br />

2.00<br />

1.50<br />

1.00<br />

0.50<br />

0.00<br />

8.97<br />

Trat. Quím.<br />

(Stq 1.0)<br />

1.25<br />

8.14<br />

Trat. Térmico Trat. Quím.<br />

(Stq 2.0)<br />

1.85<br />

3.66<br />

5.81<br />

2.67<br />

Ponteamento Trefilação Corte <strong>da</strong> ponta Endireitamento<br />

Figura 3 - Peças produzi<strong>da</strong>s por minuto (it<strong>em</strong> 18,10x16,10x1,00x6000)<br />

1.16<br />

Trat. Quím. (Stq<br />

1.0)<br />

1.90<br />

Trat. Quím. (Stq<br />

1.0)<br />

0.35<br />

1.11<br />

Trat. Térmico Trat. Quím. (Stq<br />

2.0)<br />

0.91<br />

2.40<br />

2.86<br />

3.24<br />

Ponteamento Trefilação Corte <strong>da</strong> ponta Endireitamento<br />

Figura 4 - Peças produzi<strong>da</strong>s por minuto (it<strong>em</strong> 42,86x1,63x6000)<br />

0.16<br />

1.70<br />

Trat. Térmico Trat. Quím. (Stq<br />

2.0)<br />

0.82<br />

1.99<br />

2.33<br />

3.83<br />

Ponteamento Trefilação Corte <strong>da</strong> ponta Endireitamento


SEGeT – Simpósio de Excelência <strong>em</strong> Gestão e Tecnologia 8<br />

3.50<br />

3.00<br />

2.50<br />

2.00<br />

1.50<br />

1.00<br />

0.50<br />

0.00<br />

0.57<br />

Trat. Quím. (Stq<br />

1.0)<br />

Figura 5 - Peças produzi<strong>da</strong>s por minuto (it<strong>em</strong> 44,45x5,50x6000)<br />

0.22<br />

0.51<br />

Trat. Térmico Trat. Quím. (Stq<br />

2.0)<br />

0.41<br />

2.16<br />

1.92<br />

3.33<br />

Ponteamento Trefilação Corte <strong>da</strong> ponta Endireitamento<br />

Figura 6 - Peças produzi<strong>da</strong>s por minuto (it<strong>em</strong> 63,50x1,50x6000)<br />

Os gráficos apresentados acima, não levam <strong>em</strong> consideração os t<strong>em</strong>pos de set-ups <strong>da</strong>s<br />

máquinas, podendo ser analisado apenas o t<strong>em</strong>po de processo. Considerando o t<strong>em</strong>po de setup<br />

médio para ca<strong>da</strong> processo, foram gerados os gráficos a seguir:<br />

9.00<br />

8.00<br />

7.00<br />

6.00<br />

5.00<br />

4.00<br />

3.00<br />

2.00<br />

1.00<br />

0.00<br />

8.33<br />

Trat. Quím. (Stq<br />

1.0)<br />

1.24<br />

7.61<br />

Trat. Térmico Trat. Quím. (Stq<br />

2.0)<br />

1.69<br />

2.92<br />

5.58<br />

2.50<br />

Ponteamento Trefilação Corte <strong>da</strong> ponta Endireitamento<br />

Figura 7 - Peças produzi<strong>da</strong>s por minuto incluindo a diluição do t<strong>em</strong>po de set-up (it<strong>em</strong> 18,10x16,10x1,00x6000)<br />

3.00<br />

2.50<br />

2.00<br />

1.50<br />

1.00<br />

0.50<br />

0.00<br />

1.09<br />

Trat. Quím. (Stq<br />

1.0)<br />

0.34<br />

1.04<br />

Trat. Térmico Trat. Quím. (Stq<br />

2.0)<br />

0.69<br />

1.12<br />

2.50<br />

2.07<br />

Ponteamento Trefilação Corte <strong>da</strong> ponta Endireitamento<br />

Figura 8 - Peças produzi<strong>da</strong>s por minuto incluindo a diluição do t<strong>em</strong>po de set-up (it<strong>em</strong> 42,86x1,63x6000)


SEGeT – Simpósio de Excelência <strong>em</strong> Gestão e Tecnologia 9<br />

3.00<br />

2.50<br />

2.00<br />

1.50<br />

1.00<br />

0.50<br />

0.00<br />

1.79<br />

Trat. Quím. (Stq<br />

1.0)<br />

0.16<br />

1.61<br />

Trat. Térmico Trat. Quím. (Stq<br />

2.0)<br />

0.71<br />

1.32<br />

2.19<br />

2.83<br />

Ponteamento Trefilação Corte <strong>da</strong> ponta Endireitamento<br />

Figura 9 - Peças produzi<strong>da</strong>s por minuto incluindo a diluição do t<strong>em</strong>po de set-up (it<strong>em</strong> 44,45x5,50x6000)<br />

1.80<br />

1.60<br />

1.40<br />

1.20<br />

1.00<br />

0.80<br />

0.60<br />

0.40<br />

0.20<br />

0.00<br />

0.53<br />

Trat. Quím. (Stq<br />

1.0)<br />

0.21<br />

0.48<br />

Trat. Térmico Trat. Quím. (Stq<br />

2.0)<br />

0.32<br />

0.70<br />

1.61<br />

1.54<br />

Ponteamento Trefilação Corte <strong>da</strong> ponta Endireitamento<br />

Figura 10 - Peças produzi<strong>da</strong>s por minuto incluindo a diluição do t<strong>em</strong>po de set-up (it<strong>em</strong> 63,50x1,50x6000)<br />

Considerando a grande variação entre o des<strong>em</strong>penho dos processos apresentado nos<br />

gráficos anteriores, foi tira<strong>da</strong> a média de ca<strong>da</strong> processo, gerando o gráfico 11, d<strong>em</strong>onstrado a<br />

seguir. Este gráfico leva <strong>em</strong> considerações praticamente to<strong>da</strong>s as variáveis que influenciam<br />

nos des<strong>em</strong>penhos dos processos, sendo então, o que melhor retrata a situação real.<br />

3,5<br />

3<br />

2,5<br />

2<br />

1,5<br />

1<br />

0,5<br />

0<br />

2,93<br />

Trat. Quím. (Stq<br />

1.0)<br />

0,49<br />

2,69<br />

Trat. Térmico Trat. Quím. (Stq<br />

2.0)<br />

0,85<br />

1,51<br />

2,97<br />

2,23<br />

Ponteamento Trefilação Corte <strong>da</strong> ponta Endireitamento<br />

Figura 11 – Valor médio <strong>da</strong>s peças produzi<strong>da</strong>s por minuto


SEGeT – Simpósio de Excelência <strong>em</strong> Gestão e Tecnologia 10<br />

4.2.1. ANÁLISE COMPARATIVA DOS GRÁFICOS<br />

Comparando os gráficos <strong>da</strong>s figuras de 3 a 6, com os gráficos <strong>da</strong>s figuras de 7 a 11,<br />

pod<strong>em</strong>os observar <strong>uma</strong> grande influência do t<strong>em</strong>po de set-up principalmente nos processos de<br />

trefilação e endireitamento. O gráfico <strong>da</strong> figura 7 representa um lote de 350 peças e no<br />

processo de trefilação o t<strong>em</strong>po de set-up reduz <strong>em</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 20% o rendimento <strong>em</strong><br />

relação ao gráfico <strong>da</strong> figura 3, onde o t<strong>em</strong>po de set-up não é incluído. Da mesma forma<br />

comparando os gráficos <strong>da</strong>s figuras 4 e 8, onde o lote de peças é de muito menor (50 peças) a<br />

redução no rendimento chega a 53% para o processo de trefilação e 36% para o processo de<br />

endireitamento. Analisando os gráficos <strong>da</strong>s figuras 6 e 10 que contém o menor lote deste<br />

estudo, com apenas 25 peças, a redução do rendimento é ain<strong>da</strong> maior de aproxima<strong>da</strong>mente<br />

68% para o processo de trefilação e 53% para o endireitamento. Desta forma, fica claro que<br />

quanto menor o lote de produção, mais afetará no des<strong>em</strong>penho destes processos, pois o t<strong>em</strong>po<br />

de set-up é um t<strong>em</strong>po que não agrega valor ao produto.<br />

Os processos de tratamento químico e tratamento térmico não possu<strong>em</strong> um t<strong>em</strong>po de<br />

set-up elevado, o que não gera grande influência no des<strong>em</strong>penho dos mesmos. O t<strong>em</strong>po de<br />

processo é constante durante a produção de um lote e para um bom des<strong>em</strong>penho depend<strong>em</strong><br />

<strong>da</strong>s variações dimensionais dos tubos e do tamanho de ca<strong>da</strong> lote.<br />

4.2.2. IDENTIFICAÇÃO DOS GARGALOS<br />

Para identificarmos os gargalos é necessário conhecermos a d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>. Estu<strong>da</strong>ndo os<br />

<strong>da</strong>dos referentes a pedidos de produtos trefilados, encontramos um valor médio que gira <strong>em</strong><br />

torno de 20.000 peças por mês. Considerando este valor e também a capaci<strong>da</strong>de de produção<br />

acumula<strong>da</strong> de ca<strong>da</strong> processo durante um mês, calculando através do gráfico dos valores<br />

médios, chegamos ao gráfico <strong>da</strong> figura 12.<br />

Como nos gráficos anteriores não foram considerados os t<strong>em</strong>pos perdidos com<br />

alimentação <strong>da</strong>s máquinas, horas para<strong>da</strong>s com manutenção, entre outros, reduzimos <strong>em</strong> 30% o<br />

valor <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de média, que é um valor que não agrega valor ao produto. Desta forma é<br />

possível calcular os valores encontrados no gráfico 10 através <strong>da</strong> seguinte fórmula: (N° de<br />

horas úteis por dia) x 60 x (n° de dias úteis no mês) x (n° de peças por minuto) x 0,30.<br />

60000<br />

50000<br />

40000<br />

30000<br />

20000<br />

10000<br />

0<br />

49224<br />

Trat. Quím.<br />

(Stq 1.0)<br />

D<strong>em</strong>an<strong>da</strong><br />

14818<br />

45192<br />

Trat. Térmico Trat. Quím.<br />

(Stq 2.0)<br />

Figura 12 – Capaci<strong>da</strong>de de produção por mês comparado à d<strong>em</strong>an<strong>da</strong><br />

O único processo que trabalha vinte e quatro horas por dia, durante os trinta dias do<br />

mês, é o tratamento térmico, que por motivos operacionais não pode ser desligado, sendo<br />

14280<br />

25368<br />

49896<br />

37464<br />

Ponteamento Trefilação Corte <strong>da</strong> ponta Endireitamento


SEGeT – Simpósio de Excelência <strong>em</strong> Gestão e Tecnologia 11<br />

importante não desperdiçar energia. Os d<strong>em</strong>ais processos trabalham <strong>em</strong> dois turnos, chegando<br />

a um total líquido de 16 horas diárias, durante aproxima<strong>da</strong>mente 25 dias por mês.<br />

Através <strong>da</strong> figura 12 é possível identificar dois processos que não atend<strong>em</strong> a d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>,<br />

o tratamento térmico e o ponteamento. Portanto ambos são os gargalos ou restrições do<br />

sist<strong>em</strong>a. Os d<strong>em</strong>ais processos possu<strong>em</strong> capaci<strong>da</strong>de além <strong>da</strong> d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>, portanto possu<strong>em</strong><br />

capaci<strong>da</strong>de ociosa.<br />

4.2.3. AÇÕES PARA A MELHORIA DA GESTÃO DA FÁBRICA<br />

Com base nos <strong>da</strong>dos apresentados acima, pode-se verificar que o método TPC<br />

encaixa-se muito b<strong>em</strong> neste sist<strong>em</strong>a de produção, com o principal intuito de garantir que os<br />

gargalos não fiqu<strong>em</strong> s<strong>em</strong> processar material, criando os pulmões antes deles. Desta forma, no<br />

fluxo de processo pod<strong>em</strong>os observar dois pontos onde é importante a criação de pulmões.<br />

Tratamento<br />

Químico<br />

Pulmão<br />

1<br />

Figura 13 - Fluxograma de Processo de Tubos trefilados com identificação dos pulmões<br />

A criação do primeiro pulmão, pela lógica, torna-se fácil, devido ao processo anterior<br />

a ele possuir capaci<strong>da</strong>de ociosa. Porém para a criação do segundo pulmão, é necessário que o<br />

processo de tratamento térmico produza peças suficientes para que o segundo tratamento<br />

químico possa criar o pulmão necessário para o processo subseqüente.<br />

Desta forma pode-se trabalhar <strong>em</strong> cima do processo de tratamento térmico tentando<br />

otimizá-lo. Alg<strong>uma</strong>s medi<strong>da</strong>s potenciais para aumentar o aproveitamento dos gargalos pod<strong>em</strong><br />

ser: a diminuição dos t<strong>em</strong>pos de set-up, adoção de controle de quali<strong>da</strong>de antes <strong>da</strong> restrição<br />

para não trabalhar <strong>em</strong> peças defeituosas e a redução do t<strong>em</strong>po de movimentação de peças.<br />

O processo de ponteamento trabalha hoje 16 horas por dia. Se aumentar um turno de<br />

trabalho, chegando próximo à 23 horas trabalha<strong>da</strong>s por dia poder<strong>em</strong>os atingir o mínimo de<br />

capaci<strong>da</strong>de exigido para atender o mercado, deixando assim de ser <strong>uma</strong> restrição. Fazendo o<br />

cálculo, chegamos <strong>em</strong> <strong>uma</strong> capaci<strong>da</strong>de de 20.527 peças por mês. Reduzindo as horas para<strong>da</strong>s<br />

para almoço, revezando os intervalos entre os colaboradores, reduzindo o t<strong>em</strong>po perdido com<br />

movimentação de material para 15% e ain<strong>da</strong> promovendo banco de horas <strong>em</strong> alguns<br />

domingos, pode-se chegar até 29.132 peças por mês.<br />

5. CONCLUSÃO<br />

Tratamento<br />

Térmico<br />

Endireitamento<br />

Tratamento<br />

Químico<br />

Trefilação<br />

Destopo<br />

Ponteamento<br />

Pulmão<br />

2<br />

Este estudo foi realizado com base <strong>em</strong> <strong>da</strong>dos pontuais, por não existir<strong>em</strong> arquivos que<br />

registram <strong>da</strong>dos relativos à produção, fato que se explica pela pouca i<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa.<br />

Devido a essa pequena quanti<strong>da</strong>de de <strong>da</strong>dos faz-se necessário um estudo mais aprofun<strong>da</strong>do a<br />

respeito <strong>da</strong>s capaci<strong>da</strong>des de ca<strong>da</strong> processo, podendo chegar a diferentes conclusões ou até<br />

mesmo <strong>da</strong>ndo ênfase nos resultados encontrados.<br />

As restrições apresenta<strong>da</strong>s neste estudo reflet<strong>em</strong> a situação atual, onde qualquer<br />

melhoria impl<strong>em</strong>enta<strong>da</strong> que vise aumentar o aproveitamento destes, reduzindo o t<strong>em</strong>po<br />

perdido com processos que não agregam valor ao produto ou que não são necessários <strong>em</strong> um


SEGeT – Simpósio de Excelência <strong>em</strong> Gestão e Tecnologia 12<br />

certo momento, trarão grandes resultados para a <strong>em</strong>presa onde, além de garantir o<br />

atendimento <strong>da</strong> d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>, será possível reduzir o lead time destes produtos. Desta forma,<br />

pode-se afirmar que a TOC é muito eficaz na identificação de <strong>uma</strong> restrição.<br />

A <strong>em</strong>presa ain<strong>da</strong> não adota um sist<strong>em</strong>a que faça esta análise com freqüência,<br />

estu<strong>da</strong>ndo e tomando ações <strong>em</strong> cima <strong>da</strong>s restrições do sist<strong>em</strong>a. Para isso, é preciso diss<strong>em</strong>inar<br />

os conceitos <strong>da</strong> TOC, para que os próprios colaboradores dos processos com restrição de<br />

capaci<strong>da</strong>de saibam que estão trabalhando <strong>em</strong> um gargalo e que ele merece to<strong>da</strong> a atenção.<br />

6. REFERÊNCIAS<br />

CORBETT NETO, Thomas. Contabili<strong>da</strong>de de Ganhos: a nova contabili<strong>da</strong>de gerencial de<br />

acordo com a <strong>Teoria</strong> <strong>da</strong>s <strong>Restrições</strong>. São Paulo: Nobel, 1997.<br />

GOLDRATT, Eliyahu M. A Síndrome do Palheiro, São Paulo, IMAM, 1994.<br />

GOLDRATT, Eliyahu M.; COX, Jeff. A Meta. São Paulo, Educator, 1997, 1998, 2002.<br />

GOLDRATT, Eliyahu M. Mais que sorte...Um processo de Raciocínio. São Paulo, Educator,<br />

1992.<br />

GUERREIRO, R. A meta <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa: seu alcance s<strong>em</strong> mistérios. São Paulo: Atlas, 1995.<br />

HOLMES, Lin<strong>da</strong> E. , HENDRICKS, Ann B. Is TOC for you? Accounting & Tax periodicals,<br />

Apr.2005.<br />

NOREEN, Eric; SMITH, Debra; MACKEY, James T. A <strong>Teoria</strong> <strong>da</strong>s <strong>Restrições</strong> e suas<br />

Implicações na Contabili<strong>da</strong>de Gerencial. São Paulo, Educator, 1996.<br />

YIN, R. K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. . 3a ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

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