O discurso acerca de los versos de Faria y Sousa no prólogo do ...
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O <strong>discurso</strong> <strong>acerca</strong> <strong>de</strong> <strong>los</strong> <strong>versos</strong> <strong>de</strong> <strong>Faria</strong> y <strong>Sousa</strong><br />
215<br />
também <strong>de</strong> uma obra teatral. 120 Como prova <strong>de</strong> seu re<strong>no</strong>me é a alusão inserida<br />
por Camilo Castelo-Branco em sua obra Caração, cabeça e estômago (1862):<br />
As vossas leis são assim… Uma mulher foge pela porta ou pela janela<br />
da casa paterna; manda adiante as trouxas <strong>do</strong> seu fato; amua-se contra a<br />
frieza <strong>do</strong> amante, se ele lhe faz reflexões para a conter em casa; vai ter,<br />
afinal, com ele, dizen<strong>do</strong> que já não po<strong>de</strong> escon<strong>de</strong>r aos olhos da mãe o caro<br />
penhor que lhe palpita <strong>no</strong> seio. O pobre moço, obriga<strong>do</strong> pela honra, pela<br />
compaixão e pelo amor <strong>de</strong>la e <strong>do</strong> caro penhor, foge também aos pais e vai<br />
caminho <strong>de</strong> Santarém ou <strong>do</strong>utra parte. Vem <strong>de</strong>pois atrás <strong>de</strong>les a lei, e diz:<br />
“Esta menina foi roubada aos pais; este homem é o raptor <strong>de</strong>sta i<strong>no</strong>cente,<br />
que vai violentada como a Fátima <strong>de</strong> Gonçalo-Hermigues, o Traga-Mouros.”<br />
E <strong>de</strong>pois…<br />
A pesquisa <strong>de</strong> um pretendi<strong>do</strong> laço com as tradições locais já era<br />
frequente; vejamos p.ex. esta passagem retirada dum manual <strong>de</strong> história<br />
da literatura portuguesa: 121<br />
A captiva ainda não ha muitos an<strong>no</strong>s que a dançavam em Almada,<br />
em dia <strong>de</strong> San João. Vinham mouras agrilhoadas cercadas <strong>de</strong> guerreiros<br />
christãos, e entre to<strong>do</strong>s se travavam vários passos dançantes, talvez em<br />
memoria da lenda <strong>de</strong> Gonçalo Hermingues, raptan<strong>do</strong> n’esta mesma villa a<br />
moura Fátima, <strong>de</strong>pois chamada Ouriana, quan<strong>do</strong> convertida á fé <strong>de</strong> Christo,<br />
conforme a trova bem conhecida.<br />
Hoje muitos guias, como também muitos sites na internet, relembram<br />
que a origem <strong>do</strong> topônimo da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ourem é a pesquisar <strong>no</strong> <strong>no</strong>me<br />
<strong>de</strong> Oureana. 122 O assunto está, aliás, na moda <strong>no</strong> que concerne à cultura<br />
galiciana, como <strong>no</strong>s mostra p.ex. um suplemento literário <strong>do</strong> jornal <strong>de</strong> La<br />
Coruña: 123<br />
O poema atribuí<strong>do</strong> a Gonçalo Hermingues, suxeito sen verificación<br />
histórica, que se refire a unha Oureana (<strong>no</strong>me <strong>do</strong> que sairía o <strong>de</strong> Oriana <strong>no</strong><br />
Amadís), modúlase nun trampitán dificilmente comprensíbel que <strong>de</strong>libera-<br />
120 Jacinto Helio<strong>do</strong>ro <strong>de</strong> Aguiar Loureiro (1806-?), Gonçalo Hermigues o Traga-<br />
Mouros, drama apresenta<strong>do</strong> <strong>no</strong> Teatro Nacional em 1848; cf. Rebello 1980: 60.<br />
121 Ferreira 1875: 117.<br />
122 Cf. Coelho 1873: 480.<br />
123 Mén<strong>de</strong>z Ferrín 2009.