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PROJETO IMPLEMENTAÇÃO DE PRÁTICAS DE<br />
GERENCIAMENTO INTEGRADO DE BACIA<br />
HIDROGRÁFICA PARA O PANTANAL E BACIA DO ALTO<br />
PARAGUAI<br />
ANA/GEF/PNUMA/OEA<br />
Subprojeto 4.2 – Desenvolvimento de Iniciativas Não-governamentais de<br />
Conservação em Mato Grosso<br />
Relatório Final<br />
SENSIBILIZAÇÃO E ENVOLVIMENTO DA<br />
COMUNIDADE RIBEIRINHA DA REGIÃO DE BARÃO DE<br />
MELGAÇO - MT<br />
Associação Ecológica Melgassense<br />
Barão de Melgaço – Mato Grosso
PROJETO IMPLEMENTAÇÃO DE PRÁTICAS DE<br />
GERENCIAMENTO INTEGRADO DE BACIA<br />
HIDROGRÁFICA PARA O PANTANAL E BACIA DO ALTO<br />
PARAGUAI<br />
ANA/GEF/PNUMA/OEA<br />
Subprojeto 4.2 – Desenvolvimento de Iniciativas Não-governamentais de<br />
Conservação em Mato Grosso<br />
Relatório Final<br />
SENSIBILIZAÇÃO E ENVOLVIMENTO DA<br />
COMUNIDADE RIBEIRINHA DA REGIÃO DE BARÃO DE<br />
MELGAÇO - MT<br />
Coordenação do Subprojeto<br />
Valquíria Luciene de Sousa Carvalho<br />
Associação Ecológica Melgassense – AMEC<br />
Consultores Participantes<br />
Leonora Schirmer Marimon Stephan<br />
Cilene Pereira<br />
Vilma Barbosa<br />
Shannon N. Bouton<br />
João Benedito Franco Pereira<br />
Contrato CPR/OEA nº 113/2002<br />
Dezembro de 2003
SENSIBILIZAÇÃO E ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE<br />
RIBEIRINHA DA REGIÃO DE BARÃO DE MELGAÇO – MT<br />
INTRODUÇÃO<br />
RESUMO EXECUTIVO<br />
As atividades do Subprojeto 4.2 – Desenvolvimento de Iniciativas não Governamentais de<br />
Conservação em Mato Grosso – Ninhal Porto da Fazenda na região do município de Barão de<br />
Melgaço, inserido no Projeto Implementação de Práticas de Gerenciamento Integrado de<br />
Bacia Hidrográfica para o Pantanal e Bacia do Alto Paraguai é parte integrante do<br />
Componente IV Envolvimento dos Interessados e Desenvolvimento Sustentável.<br />
O Ninhal Porto da Fazenda está localizado à margem esquerda do rio Cuiabá, distante 64 km,<br />
rio Cuiabá abaixo da cidade de Barão de Melgaço. Considera-se o Ninhal, a área de<br />
concentração de aves aquáticas no período de sua nidificação. Ameaçados, os Ninhais<br />
representam hoje no Pantanal em número reduzido, são áreas que representam nichos<br />
significativos para muitas espécies da vida silvestre no Bioma Pantaneiro.<br />
A AMEC (Associação Ecológica Melgassense) por meio deste subprojeto propõe um<br />
conjunto de diretrizes de manejo do Ninhal Porto da Fazenda, bem como o treinamento de<br />
piloteiros, guias de turismo e palestras para a comunidade ribeirinha.<br />
1. ANTECEDENTES NO PCBAP<br />
A Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai, segundo PCBAP/MT (1997), possui uma área total de<br />
18.269.121,00ha e localiza-se entre os paralelos 14º08’ S a 22º10’ S e meridianos 53º09’W a<br />
59º 42'W. Estas coordenadas abrangem cerca de 880 km Norte-Sul e 700 km Leste-Oeste.<br />
A temperatura média anual varia de 23º a 25º, a precipitação média anual varia entre 800mm<br />
nas regiões rebaixadas a 1.700mm nas regiões de planalto.<br />
Quanto à fragilidade dos solos da BAP (Quadro 1), Ala Filho e Paes de Barros (1995)<br />
classificam a Bacia em 10 sub-bacias colocando três níveis de fragilidade, e através destes<br />
dados comprova-se que 78,89% da BAP esta classificada como área de alta fragilidade.<br />
No que se refere ao aspecto sócio-econômico segundo PCBAP (1997) na BAP/MT destaca-se<br />
a atividade do turismo. O turismo de massa vem ocorrendo nos municípios de Chapada dos<br />
Guimarães, Cáceres, Santo Antônio do Leverger, Poconé e Barão de Melgaço sendo que o<br />
turismo pesqueiro ocorre nos principais rios e baias da região e o turismo contemplativo nos<br />
municípios do Pantanal, e nas chapadas entorno da BAP/MT.<br />
O Programa de Desenvolvimento Sustentável do Pantanal – Programa PANTANAL é um<br />
programa de planejamento estratégico e investimentos visando, dentre outras atividades, o<br />
desenvolvimento do ecoturismo na Bacia do Alto Paraguai (BAP).<br />
O objetivo maior “in situ” do Programa PANTANAL é promover o desenvolvimento<br />
sustentável da Bacia do Alto Paraguai, através do gerenciamento e da conservação de seus<br />
recursos naturais, incentivando atividades econômicas ambientalmente compatíveis com o<br />
ecossistema e provendo melhores condições de vida à população local.<br />
i
Quadro 1. Fragilidade potencial das terras da Bacia Platina no estado de Mato Grosso.<br />
SUB-BACIA ÁREA<br />
TOTAL<br />
(km²)<br />
ALTA FRAGILIDADE MÉDIA FRAGILIDADE BAIXA FRAGILIDADE<br />
Área absoluta<br />
(km²)<br />
Área relativa<br />
(%)<br />
ii<br />
Área Absoluta<br />
(km²)<br />
Área relativa Área absoluta Área relativa<br />
(%) (km²) (%)<br />
Alto Paraguai Superior 9.116,48 4.952,14 54,32 3.901,74 42,80 262,60 2,88<br />
Alto Paraguai Médio 18.047,90 11.716,61 64,92 4.378,35 24,26 1.952,94 10,82<br />
Alto Paraguai Inferior 21.052,27 11.884,10 56,45 5.798,86 27,55 3.369,31 16,00<br />
Alto Cuiabá 14.636,20 12.557,13 85,80 2.079,07 14,20 0 0<br />
Médio Cuiabá 14.096,53 12.055,71 85,52 2.040,82 14,48 0 0<br />
Alto São Lourenço 7.532,63 5.783,35 76,78 1.749,28 23,22 0 0<br />
Rio Vermelho 15.063,18 13.012,37 86,39 1.877,12 12,46 173,69 1,15<br />
Rio Correntes 8.086,77 7.348,60 90,87 738,17 9,13 0 0<br />
Alto Taquari 4.009,27 3.550,24 88,55 26,88 0,67 432,15 10,78<br />
Pantanal 65.159,37 58.391,89 89,61 6.767,48 10,39 0 0<br />
TOTAL 176.800,60 141.252,14 78,89 29.357,77 16,61 6.190,69 3,50<br />
Fonte: PRODEAGRO/FEMA - Estudo Regional da fragilidade potencial das terras das Bacias<br />
Hidrográficas do Estado de MT.<br />
1.1. Informação disponível<br />
Na Bacia do Alto Paraguai, pode-se tomar em consideração os aspectos descritos no<br />
documento do Programa Pantanal com relação à:<br />
• Vegetação<br />
Mata, Mata Ciliar, sua formação é encontrada com grande freqüência na depressão pantaneira,<br />
sempre margeando os rios da bacia do rio Paraguai. A floresta estacional semi-decidual<br />
aluvial ou mata ciliar, por incluir uma variedade de formações ribeirinhas (áreas inundáveis,<br />
nascentes, entre outros) apresenta-se muito distinta fitossociologicamente.<br />
• Aves<br />
Em 1991 foram encontrados 17 ninhais compostos principalmente por Cabeça-seca e garças<br />
(Ninhal branco). A maioria dos ninhais foram registrados nos pantanais de Paiáguas e de<br />
Poconé. Yamashita e Valle (1990) registraram em 5 anos de estudo um total de 13 ninhais no<br />
Pantanal de Poconé, e indicaram que alguns destes foram ativos durante anos consecutivos,<br />
enquanto outros foram ocasionais.<br />
São aves que dependem de um certo nível d’água (abaixo de 50 cm) para poder capturar<br />
peixes, seu principal alimento e formam grandes concentrações em baías, margens de corixos<br />
e rios para se alimentarem de peixes que ficam represados com a vazante, alimentam-se<br />
também de larvas de insetos aquáticos, caramujos, sapos e filhotes de jacaré.<br />
Durante as cheias, os cabeça-seca voam para o sul ao longo da bacia do baixo rio Paraguai até<br />
Argentina.<br />
• Peixes<br />
A maioria das espécies explorada pela pesca é peixe de piracema, fenômeno que depende<br />
fundamentalmente do ciclo da cheia e seca anual. No período de estiagem os peixes formam<br />
cardumes e nadam rio acima. Atingem o curso superior no início do período das chuvas,<br />
quando realizam a reprodução.
Em seguida, adultos e ovos “rodam” rio abaixo, alcançando os campos inundados. Nestes<br />
ambientes, os adultos e as larvas de peixes recém eclodidas encontram um vasto habitat de<br />
alimentação, abrigo e crescimento, onde permanecem durante as cheias.<br />
Muitas espécies da ictiofauna encontram-se associadas às regiões de média e baixa inundação<br />
na planície, habitando baías, vazantes e corixos.<br />
Em geral estes ambientes se interligam durante as cheias, no período da estiagem, muitos são<br />
temporários ou secando completamente. Várias espécies de peixes desenvolvem estratégias de<br />
vida, reprodução adaptada a estas condições, suportando temperaturas elevadas e níveis muito<br />
baixos de oxigênio.<br />
A grande quantidade de peixes retida nesse habitat durante a seca constitui a principal fonte<br />
de alimento para muitos componentes da fauna, especialmente para um grande número de<br />
espécies de aves que se reproduzem nessa época no Pantanal.<br />
• Turismo<br />
A BAP/MT apresenta uma variedade de atrações turísticas, principalmente pela extraordinária<br />
diversidade das paisagens e exuberância de sua flora e fauna, com alternativas (sem<br />
recomendações) para o desenvolvimento sustentável da região. A falta de infra-estrutura e o<br />
mau aproveitamento dos recursos naturais e culturais do potencial turístico na região<br />
constituem os principais problemas do turismo.<br />
O turismo pesqueiro ocorre principalmente nos municípios pantaneiros de Cáceres, Poconé,<br />
Barão de Melgaço e Santo Antônio de Leverger. O turismo ecológico começa a se esboçar em<br />
municípios como Poconé, Cáceres, Barão de Melgaço e Chapada dos Guimarães por meio de<br />
passeios fluviais, caminhadas, visitas a cavernas, ninhais, safári fluvial e terrestre.<br />
Aspectos Jurídicos e Institucionais no estado de Mato Grosso.<br />
A Constituição de Mato Grosso, de 1989 aliados a Lei 4.894/85, 6.672/95 e Lei complementar<br />
38/95 dedica um tratamento extenso ao meio ambiente com os objetivos de preservação, a<br />
melhoria e a recuperação da qualidade ambiental própria à vida.<br />
O sistema Estadual de Meio Ambiente, em Mato Grosso, é formado pelos órgãos e entidades<br />
estaduais e municipais e pelas fundações instituídos pelo Poder Público com a finalidade de<br />
proteger e garantir a melhoria da qualidade ambiental.<br />
• Áreas protegidas<br />
Os critérios para avaliar uma área destinada à conservação/preservação são muitos e variados.<br />
Os critérios científicos mais aceitos, como diversidade, raridade, tamanho e<br />
representatividade, têm sido recentemente discutidos em detalhes, com referência total ou<br />
parcial a um tema comum: a manutenção da diversidade biológica.<br />
1.2. Recomendações apresentadas<br />
Dentro das recomendações apresentadas no PCBAP as mais significativas são aquelas que<br />
estão diretamente envolvidas no trabalho que a AMEC vem desempenhando nestes últimos<br />
anos para garantir a sobrevivência do Ninhal Porto da Fazenda.<br />
iii
Estão assim descritas:<br />
• enquadrar a vegetação lenhosa junto a lagoas e vazantes como a mata ciliar, nos<br />
critérios de desmatamento;<br />
• observância legal de conservação dos brejos, buritizais, nascentes e<br />
córregos;Observância legal de conservação de mata ciliar e recuperação;<br />
• divulgar os mecanismos de incentivo fiscal com o objetivo de ampliar as unidades de<br />
conservação enquadradas na categoria de Reservas Particulares do Patrimônio Natural –<br />
RPPNs;<br />
• estimular parcerias com órgãos municipais e organizações da sociedade civil para<br />
desenvolver a gestão das unidades de conservação e seu entorno;<br />
• elaborar programa de educação ambiental para turistas; e<br />
• recompor áreas em vias de degradação.<br />
• Quanto as Unidades de Zoneamento Ambiental<br />
O documento expressamente salientado as unidades com potencial para preservação e turismo<br />
aquelas com a presença de ninhais incluindo:<br />
• Unidade 21: Pantanal de Barão de Melgaço Fauna residente e presença de Ninhais.Área<br />
de recarga de aqüíferos. Potencial para preservação e turismo.<br />
2. ANTECEDENTES DA BIODIVERSIDADE BRASILEIRA – MINISTÉRIO DO<br />
MEIO AMBIENTE<br />
Na publicação “Biodiversidade Brasileira – Avaliação e Identificação de Áreas e Ações<br />
Prioritárias para Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da<br />
Biodiversidade Brasileira”, Brasília – DF, Tomo 5 de 2002 – MMA – CID Ambiental, consta<br />
no capítulo Cerrado e Pantanal as seguintes recomendações:<br />
• Migrações: “... estudos devem ser feitos para compreender os padrões de<br />
migrações das aves que vivem no Cerrado e no Pantanal”;<br />
• Ninhais: “... A distribuição dos ninhais na região ainda é muito pouco<br />
conhecida, com apenas poucos e insuficientes dados no Pantanal. O<br />
mapeamento e o monitoramento dos ninhais seria outra importante<br />
prioridade de estudo...”;<br />
• Comunidades especiais: “... a região de domínio do Cerrado e do<br />
Pantanal não é homogênea. Ao contrário, ela é formada por um mosaico<br />
de habitats bastante distintos”;<br />
• Dados biológicos: “... a história natural da grande maioria das espécies<br />
que vivem no Cerrado e Pantanal ainda é pouco conhecida. Para muitas<br />
espécies, mesmo informações básicas sobre a voz e as fases de plumagem<br />
não estão disponíveis”.<br />
iv
3. REGIÃO GEOGRÁFICA DO PANTANAL – COLONIAS DE NIDIFICAÇÃO<br />
3.1. Caracterização da região<br />
O Pantanal Mato-grossense se encontra entre os meridianos 054ºW e 059º e paralelos 016ºS e<br />
018º, aproximadamente. Sua divisa com o estado de Mato Grosso do Sul são os rios<br />
Correntes, Piquiri e Cuiabá.<br />
A sua temperatura média anual e de 25ºC; altitude média em relação ao nível do mar é de<br />
100m; umidade relativa do ar 80%; seus solos ácidos (pH menor que 7); densidade<br />
populacional é de 1 habitante por km 2 , em média.<br />
O Pantanal foi considerado pela comissão de planejamento/MT, em 1953 como um amplo<br />
vale de constituição silíco calcária, de relevo plano ou levemente modificado, com tendência<br />
para o completo nivelamento pelas limonagens (secas) e canotagens (cheias) ciclópicas, que<br />
lhe fornecem a dinâmica dos rios que o serpenteiam.<br />
A água do Pantanal tem salinidade variável, o que determina maior ou menor vegetação<br />
ribeirinha; de modo geral órbita em 5ppm, ou seja, 05 partes de sal por milhão de litros. Daí<br />
também, os antigos exploradores do Pantanal, Espanhóis e Portugueses, chamavam-no de<br />
“MAR DE XARAÉS”.<br />
É uma planície continua, outrora conhecida como lago dos Xarayes / Bacia do Alto Paraguai,<br />
com extensão de 240.000 km 2 , abrangendo um leque topográfico formado por inúmeros<br />
tributários, entre os quais os rios Cuiabá, São Lourenço, Negro, Piquiri, Taquari, Miranda e<br />
Aquidauana que a sujeitam a inundações periódicas, nas vazantes nos meses de outubro a<br />
março.<br />
Sua região é recoberta por uma vegetação especial às vezes luxuriante, chamado complexo<br />
Pantanal, em que se encontram espécies de cerrado, de terrenos alagadiços e da floresta<br />
Amazônica devido à interligação do Alto Paraguai com os rios.<br />
A influencia antrópica é intensa na região.As atividades que causam maior impacto ocorrem<br />
no planalto onde se localizam as nascentes e por onde percorrem os rios que formam a Bacia<br />
do Alto Paraguai.<br />
Tanto a fauna como a flora, são as mais diversificadas e abundantes nas bordas do pantanal<br />
onde ocorrem menores incidências das enchentes periódicas que se registram de outubro a<br />
março.<br />
No centro da vasta planície, os animais que não conseguem escapar, para as regiões mais<br />
altas, abrigam-se em capões.<br />
3.2. Colônias de nidificação<br />
Considera-se colônia de nidificação, de forma geral, um grupo de aves de uma mesma<br />
espécie, utilizando um determinado espaço para sua procriação.<br />
A área de uma colônia de nidificação pode ser ocupada, num mesmo período por mais de uma<br />
espécie aquática. A maioria são aves migratórias.<br />
v
4. NINHAL PORTO DA FAZENDA – MT – LOCAL PILOTO DE PRESERVAÇÃO<br />
4.1. Caracterização do Ninhal<br />
O Ninhal Porto da Fazenda está localizado à margem esquerda do rio Cuiabá a 64 km rio<br />
abaixo da cidade de Barão de Melgaço, no município de Barão de Melgaço – MT.<br />
O Ninhal e seu entorno são banhados pelo rio Cuiabá, braço de rio Curutubinha e corixo Boca<br />
do Campo. Na época da cheia o Ninhal e seu entorno ficam alagados e, na vazante mostram<br />
toda a sua extensão de superfície. Na área do Ninhal existe uma lagoa chamada, Lagoa<br />
Bonita, com superfície revestida durante o ano todo por aquáticas macrófitas, Pistia stratiotes,<br />
Eichornia crassipes e Hydrocotile sp.<br />
O solo apresenta-se como Glei pouco úmico, eutrófico, com sedimentos recentes. Pode<br />
apresentar todas as classes de textura, além de argilas de atividade alta e baixa<br />
(RADAMBRASIL).<br />
O clima caracteriza-se como clima de savana ou AW conforme a classificação de Köeppen.<br />
O levantamento da área de estudo do ninhal foi determinado num raio total de 5.000 metros a<br />
partir das coordenadas UTM: E-05931118 - N-8178759 (Figura 1).<br />
Figura 1. Área de estudo do Ninhal do Porto da Fazenda.<br />
vi
4.2. Colônias de nidificação do Ninhal<br />
4.2.1. O Ninhal Preto do Porto da Fazenda<br />
Os Biguás (Phalacrocorax olivacea) e Anhingas (Anhinga anhinga) que compõe o Ninhal<br />
Preto começam a chegar no Porto da Fazenda no final de janeiro e estão saindo ‘fledging’ em<br />
massa pelo final de junho.<br />
O período inicial de nidificação é particularmente frágil e as aves abandonam os ninhos<br />
facilmente se forem perturbadas e se sentirem ameaçadas. Estimamos que haja 600 – 700<br />
ninhos de biguás e aproximadamente 200 ninhos de anhingas.<br />
Os ‘nesting sites’ no ninhal preto estão em abundância ao redor da ‘Baía Bonita’, no centro da<br />
área do Ninhal e ao longo do Corixo Curutubinha. As aves constroem seus ninhos há 18 – 20<br />
metros do chão nas copas das árvores chamadas ‘biguazeiros’ (Albizia polyantha).<br />
O número de ninhos na mesma árvore pode variar, mas, a média é de 20 a 25 ninhos por<br />
árvore (Foto 1).<br />
Fonte: Angelika Jüncke.<br />
Foto 1. Ninhal Preto.<br />
4.2.2. O Ninhal Branco do Porto da Fazenda<br />
O ninhal do Porto da Fazenda não consiste de um único grupo de ninhos, e sim, de ninhos<br />
agrupados em pequenos grupos em uma grande área (Fotos 2 e 3). Os cabeça-seca,<br />
normalmente começam a chegar ao Porto da Fazenda no final do mês de abril, usando a área<br />
como ‘roost site’ por seis semanas antes de iniciarem a nidificação.<br />
vii
Os colhereiros nidificaram em pequena quantidade. A presença da garça grande (Camerodius<br />
albus) é especialmente gratificante, pois, estudos na Florida no Everglades constataram que<br />
elas aparentemente são mais sensíveis a distúrbios antrópicos do que o cabeça-seca na<br />
Flórida.<br />
Fonte: Dr. C. H. Fried.<br />
Foto 2. Ninho de cabeça-seca.<br />
Fonte: Angélika Jüncke.<br />
Foto 3. Ninhal Branco (vista parcial).<br />
viii
4.3. Espécies de aves aquáticas no Ninhal<br />
• Biguá (Phalacrocorax olivacea)<br />
Fonte: www.semarh.df.gov.br.<br />
Foto 4. Biguá (Phalacrocorax olivacea).<br />
Representante da família Phalacrocoracidae de vasta distribuição por todo o mundo.<br />
Coloração geral preta, apenas na época de reprodução com tufo de penas brancas atraz da<br />
região auricular. Medem até 75 cm e pesam em torno de 1,3 kg. Voam em grupos em<br />
formação cuneiforme que pode ser uma vantagem aerodinâmica além de manter livre o campo<br />
visual de cada indivíduo. Exclusivamente piscívoros, mergulha para capturar suas presas.<br />
Descansam pousados na beira d’água, sobre pedras, árvores, estacas ou mesmo sobre cabos,<br />
esticando as asas para secar a plumagem ou servir de termorregulação (SICK, 1984).<br />
• Biguatinga ou Anhinga (Anhinga anhinga)<br />
Fonte: Dr. C. H. Fried.<br />
Foto 5. Biguatinga (Anhinga anhinga).<br />
ix
Pertence a família Anhingidae e apresenta comportamento semelhante ao biguá. Atingem<br />
88cm e peso de 1,2 kg. O bico longo, muito pontiagudo e serrilhado é próprio para fisgar<br />
peixes. Coloração geral negra, sendo que o macho apresenta rico desenho branco sobre a asa e<br />
a ponta da cauda cinza clara e a fêmea tem pescoço e peito pardacento claros. Como o biguá<br />
empoleiram-se de asas abertas para secar a plumagem e fazer termorregulação.<br />
• Baguari (Ardea cocoi)<br />
Fonte: Dr. C. H. Fried.<br />
Foto 6. Baguari (Ardea cocoi).<br />
A maior de nossas garças com 125 cm de altura, e 180 cm de envergadura atinge peso de 3,2<br />
kg. Cinzenta clara uniforme, pescoço branco, alto da cabeça, remiges e algum desenho nas<br />
partes inforiores negro; bico amarelado e pernas anegradas.<br />
• Cabeça-seca (Mycteria americana)<br />
Fonte: Dr. C. H. Fried.<br />
Foto 7. Cabeça–seca (Mycteria americana).<br />
x
Ciconideo de 95 cm de altura, pesa 2,8 kg. Cabeça e pescoço nus e negros, assim como as<br />
pernas; dedos rosados. Plumagem totalmente branca apenas com as remiges e retrizes<br />
brancas. Macho maior que a fêmea. Imaturo, de cabeça e pescoço emplumados e bico curvo<br />
vermelho claro.<br />
• Colhereiro (Ajaja ajaja)<br />
Fonte: Dr.C. H. Fried.<br />
Foto 8. Colheireiro (Ajaia ajaia).<br />
Representante da família Trhreskiornithidae com aproximadamente 87 cm. Único pela forma<br />
do bico. Plumagem rósea pela presença dos carotenóides caxantina e astaxantina presentes na<br />
dieta à base de pequenos crustáceos. O colorido é mais intenso durante a época de reprodução.<br />
Estão maduros após os três anos de idade quando apresentam plumagem esbranquiçada.<br />
• Garça-branca-grande (Camerodius albus)<br />
Fonte: Edilaine Theodoro.<br />
Foto 9. Garça-branca-grande (Camerodius albus).<br />
xi
88 cm. Branca com bico, iris pernas e pés amarelos. No período de reprodução desenvolvem<br />
as penas egretas, que parecem um véu e podem atingir até 50 cm de comprimento. Já foram<br />
muito perseguidas para apanha dessas penas.<br />
• Garça-branca-pequena (Egretta thula)<br />
Fonte: www.animaldivesity.ummz.umich.Edu.<br />
Foto 10. Garça-branca-pequena (Egretta thula).<br />
Com 54 cm é uma espécie muito conhecida. Totalmente branca; bico e tarsos negros loro, iris<br />
e dedos amarelos. Em plumagem nupicial com as egretas bem desenvolvidas e viradas para<br />
cima. Bem menor que a garça-branca-grande, podem ocorrer associadas.<br />
4.4. Flora<br />
A metodologia utilizada no levantamento da vegetação foi a dos transectos, sistematizados da<br />
seguinte forma:<br />
• o entorno do ninhal foi previamente divido em quadrantes, onde foram coletados dados<br />
em amostras no sentido transversal às margens, em direção ao centro da ilha; e<br />
• foram levantados quatro pontos amostrais, 1 em cada quadrante do entorno. Os<br />
transectos, onde foi possível, acompanharam as trilhas já existentes, visando facilitar o<br />
caminhamento e causar o mínimo de danos à vegetação local.<br />
A metodologia usada para a classificação das espécies coletadas foi revisão de literatura,<br />
através do nome vulgar das mesmas e da composição florística. O objetivo deste trabalho foi<br />
levantar as espécies arbóreas do Ninhal e seu entorno, para formar o banco de dados.<br />
xii
4.5. Situação fundiária<br />
Foi estabelecido o valor venal de imóvel rural situado no Pantanal Mato-grossense, no<br />
Município de Barão de Melgaço, estado de Mato Grosso.<br />
A área de terras vistoriada possui um raio de 5.000 (cinco mil) metros, a partir da Coordenada<br />
UTM: E – 0593118 / N – 8178759, na sede da Fazenda do Porto, situada no Pantanal Matogrossense,<br />
Município de Barão de Melgaço, estado de Mato Grosso.<br />
A área de terras faz parte do Pantanal Mato-grossense, com pequenas e médias e grandes<br />
ocupações. A pecuária de corte é a principal atividade praticada na região, seguida, em menor<br />
escala, pela exploração de culturas temporárias de subsistência e comércio de pescado.<br />
A área em estudo possui, praticamente, em sua totalidade, relevo plano. Não há, num contexto<br />
geral, infra-estrutura pública disponível no local, carecendo a população local, principalmente<br />
de escolas e posto de saúde entre outras.<br />
4.6. Características sócio-econômicas e culturais da região<br />
A área onde se encontra o ninhal localiza-se no município de Barão de Melgaço, estado de<br />
Mato Grosso, cujo acesso se dá, de forma satisfatória, por via fluvial, através do rio Cuiabá.<br />
Os conteúdos apresentados aqui resultaram de uma pesquisa sócio-motivacional, que utilizou<br />
como instrumento a aplicação de questionários, de âmbito censitário, e a realização de<br />
entrevistas abertas junto às instituições locais e as populações atingidas, no âmbito amostral.<br />
Este procedimento permitiu a associação de uma base de dados quantificáveis as informações<br />
de caráter qualitativo.<br />
A atual organização do território mato-grossense reflete o processo de integração do estado às<br />
áreas mais dinâmicas e produtivas do País.<br />
A partir da década de 70, graças às políticas de incentivos fiscais, a implantação de grandes<br />
projetos agropecuários introduziu transformações significativas no estado, que perduram<br />
ainda hoje.<br />
A população do entorno do ninhal foi caracterizada a partir de uma pesquisa censitária de<br />
conteúdo abrangente que coletou as informações necessárias através da aplicação de<br />
questionários.<br />
Observa-se que desta população, as unidades familiares partilham a mesma área, inclusive<br />
identificando-as como sendo propriedade da família.<br />
Tem-se, no entanto que esta população é constituída majoritariamente por posseiros, salvo,<br />
contudo, melhor parecer no futuro, já, então, respaldado com documentação expedida por<br />
órgão oficial do governo do estado de Mato Grosso, o qual estamos aguardando.<br />
Nota-se que a população local já ha muito tempo está na região, não havendo menor interesse<br />
em deixar ou dispor de seus bens e direitos. A análise dos dados, de certo modo, confirmou<br />
que não ha significativa mobilidade desta população.<br />
xiii
Observa-se também que todos os ocupantes localizam-se às margens do rio Cuiabá, sendo que<br />
em sua maioria, tradicionalmente, experimentam a necessidade de deslocamento dada as<br />
condições adversas do rio Cuiabá em seus períodos de cheias.<br />
O padrão habitacional nesta região é bastante precário, principalmente no raio de interesse e<br />
estudo, onde as casas em sua grande maioria, não possuem o mínimo necessário de conforto.<br />
A população declarou, em sua totalidade, que obtém sua renda na própria propriedade e,<br />
principalmente através de atividades pesqueiras. O acesso desta população aos serviços de<br />
saúde ocorre de forma precária, desde a sua escassez, tanto quanto em função das dificuldades<br />
do transporte, desta feita restando-lhes como alternativa, os remédios caseiros ou até mesmo<br />
as benzedeiras para situações entendidas como rotineiras ou supostamente de fácil cura.<br />
Sobre a população atingida<br />
• 1º ZONA - RAIO DE 1,5 km<br />
Neste raio serão atingidas 5 residências, destas 4 possuem residentes, e apenas 1 é usada<br />
esporadicamente.<br />
• 2º ZONA RAIO DE 3,5 km<br />
Nesta área serão afetadas 22 residências, das quais 13 possuem residentes, e 9 que são usadas<br />
esporadicamente.<br />
5. MEDIDAS DE PRESERVAÇÃO DO NINHAL<br />
As atividades do Subprojeto 4.2 foram divididas em categorias:<br />
• mão-de-obra de apoio;<br />
• recuperação da mata ciliar no entorno do Ninhal Porto da Fazenda e instalação do<br />
viveiro de mudas de plantas nativas;<br />
• elaboração e implantação de sinalização turística no entorno do Ninhal;<br />
• implantação de trilhas e torres de observação para o atendimento dos visitantes; e<br />
• o envolvimento da comunidade regional.<br />
5.1. Mão-de-obra de apoio<br />
Sob a responsabilidade da sub-contratada Brunhild Angelika Luzia Jüncke foi feita a seleção<br />
do pessoal, sendo dada preferência à mão-de-obra local, considerando experiência anteriores,<br />
períodos de prestação de serviços anteriores e referências.<br />
Foram contratados, especificamente, para garantir o apoio logístico ao projeto:<br />
• 1 cozinheira;<br />
• 1 caseiro;<br />
xiv
• 1 jardineiro;<br />
• 1 orientadora/guia local; e<br />
• 1 piloteiro<br />
Esse quadro de pessoal permaneceu no local do projeto Ninhal Porto da Fazenda até o mês de<br />
outubro/2000, quando então a equipe foi reduzida para 3 pessoas, ficando somente a<br />
cozinheira, o caseiro e a orientadora/guia local, até o final do projeto em dezembro/2000. As<br />
substituições de pessoal que foram realizadas no decorrer da execução do projeto também<br />
seguiram os mesmos critérios de seleção.<br />
5.2. Recuperação da mata ciliar no entorno do Ninhal Porto da Fazenda instalação do<br />
viveiro de mudas de plantas nativas<br />
A mata ciliar dos corixos e do rio Cuiabá é composta com maior abundância pelas seguintes<br />
espécies: sarã-de-leite (Sapium haematospermum), algodão bravo (Pavonia sidifolia), sarã-deespinho<br />
(Bittineria filipes), sardinheira (Banara arguta), cipó-de-arraia (Cissus spinosa),<br />
urtiga (Urera aurantiaca), arrebenta-laço (Sphinctanthus hasslerianus), ingá (Inga<br />
uruguensis), chico magro (Guazuma tomentosa) e variados cipós.<br />
Esta vegetação se debruça sobre o rio formando um dossel e tocando na água com seus ramos,<br />
que de tão emaranhados fazem uma barreira de proteção aos barrancos quebrando as ondas<br />
provocadas pelo vento e principalmente pelos barcos e lanchas que navegam pelo rio (Foto<br />
11).<br />
Fonte: Angelika Jüncke.<br />
Foto 11. Mata ripária à margem do rio.<br />
As espécies arbóreas encontradas no Ninhal são poucas como que selecionadas<br />
cuidadosamente para fornecerem as condições ideais para a reprodução das inúmeras espécies<br />
xv
de aves. Cada espécie arbórea tem sua função definida para desempenhar seu papel na<br />
proteção dos recursos hídricos, edáfico, fauna silvestre e aquática.<br />
A ausência de cobertura vegetal das Matas de Galeria altera as condições locais gerando<br />
desequilíbrio ecológico e hidrológico de grandes dimensões, como o desaparecimento das<br />
faunas terrestres e aquáticas.<br />
Estudos de fenologia, análise estrutural da floresta, ensaios com diferentes sistemas<br />
silviculturas, além de detalhes sobre biologia de espécies, tecnologia de sementes, fisiologia<br />
de germinação, análise de crescimento, caracterização de plântulas, formas de plantio,<br />
semeadura e resistência à inundação, foram analisados para a proposição de um modelo de<br />
reconstituição dessas formações.<br />
Dentre os problemas enfrentados sobre obtenção de estratégias de recuperação de Matas de<br />
Galeria:<br />
• Que espécies devem ser utilizadas?<br />
• Quantas espécies?<br />
• Qual o número de indivíduos por espécie?<br />
• Qual o melhor arranjo para distribuir as espécies no plantio?<br />
As escolhas das espécies, utilizadas nos plantios obedeceram a critérios de compatibilidade<br />
das espécies arbóreas entre si, além disto, considerou-se seus polinizadores e os dispersores de<br />
sementes.<br />
O processo de regeneração pode se dar por intermédio de:<br />
• manejo da regeneração natural;<br />
• plantios de enriquecimento; e<br />
• plantios mistos de espécies arbóreas.<br />
5.2.1. Instalação do Viveiro de Mudas<br />
As características típicas de Mata de Galeria devem ser consideradas na produção de mudas<br />
de qualidade de nativas em viveiros convencionais. A vantagem nas condições de viveiro é<br />
que se pode controlar com eficiência a umidade, o tipo e a fertilidade do substrato, a<br />
intensidade de luz, visando a favorecer a produção de mudas de plantas nativas sadias e<br />
vigorosas.<br />
Para a execução do replantio de mudas, foi contratada a AMEC, que produziu um total de<br />
1400 mudas plantadas em locais pré-determinados, no período de março a dezembro de 2000<br />
(Fotos 12 e 13).<br />
xvi
Fonte: Angelika Jüncke.<br />
Foto 12. Vista geral do viveiro de mudas.<br />
Fonte: Angelika Jüncke.<br />
Foto 13. Detalhe de mudas produzidas no viveiro.<br />
xvii
Para a confecção de mudas foi instalado um viveiro de espécies nativas e frutíferas na sede do<br />
Subprojeto Ninhal Porto da Fazenda. A operacionalização do viveiro é feita de acordo com o<br />
seguinte roteiro: coleta de sementes e/ou mudas recém germinadas, plantio em sementeiras ou<br />
sacos apropriados, repicagem, seleção e manutenção dos canteiros (Foto 14). A manutenção<br />
do viveiro instalado no Porto da Fazenda esta a cargo da AMEC desde o término do projeto<br />
(dezembro/2000).<br />
Fonte: Angelika Jüncke.<br />
Foto 14. Replantio em sacos plásticos de mudas nativas.<br />
O processo de recuperação iniciou-se em abril com o plantio de mudas de árvores nativas<br />
disponíveis no viveiro da AMEC, utilizando a sucessão secundária por ser mais apropriada na<br />
regeneração artificial dessas florestas, orientamos a forma de plantios mistos.<br />
Foi usado plantio de enriquecimento para recuperar a Mata Ciliar no entorno do Ninhal Porto<br />
da Fazenda. Auxiliado pelo levantamento florístico das espécies que compõem essa mata,<br />
efetuamos o plantio das mudas colhidas na mata remanescente e de mudas cultivadas em<br />
viveiro.<br />
O plantio das mudas obedeceu ao espaçamento de 3 a 4 metros entre plantas, sendo estas<br />
plantadas sem alinhamento e o mais misturado possível, variando entre arbóreas, arbustivas e<br />
frutíferas (Foto 15).<br />
xviii
Fonte: Angelika Jüncke.<br />
Foto 15. Plantio de mudas nativas.<br />
A técnica de plantio de mudas de espécies naturais da fitofisionomia do entorno do Ninhal,<br />
proporciona maiores possibilidades de sucesso, pois o plantio no campo é feito com plântulas<br />
que já passaram pelo período crítico de estabelecimento, que é o da germinação e do<br />
desenvolvimento inicial.<br />
Usando esta técnica foram plantadas várias mudas desenvolvidas até a altura de 2m mais ou<br />
menos, em campo sujo (foto 16). A escolha das mudas foi criteriosamente acompanhada por<br />
técnico, pois o sucesso desta técnica está relacionado com a escolha das espécies e a<br />
qualidade das mudas que é imprescindível para o desenvolvimento posterior de espécies<br />
perenes no campo. Todas as mudas foram desenvolvidas no viveiro da AMEC.<br />
Fonte: Angelika Jüncke.<br />
Foto 16. Plantio de mudas em campo sujo.<br />
xix
5.2.2. Comentários finais<br />
A coleta de material florístico para identificação das espécies, ocorreu a partir do nome vulgar<br />
fornecido por servidores da AMEC, e com o apoio do Departamento de Biologia e Engenharia<br />
Florestal da UFMT.<br />
Realizou-se uma vasta pesquisa bibliográfica, conseguindo trabalhos recentes, elaborados por<br />
acadêmicos dos cursos de Biologia e Engenharia Florestal, material da FEMA e alguns livros<br />
da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).<br />
O acompanhamento foi efetivo em todas as etapas e procedimentos dos trabalhos de replantio<br />
no local definitivo do entorno do Ninhal, com as mudas do viveiro da AMEC e<br />
reconhecimento da região do Ninhal e seu entorno, navegando pelo rio Cuiabá, corixos Boca<br />
do Campo e Curutubinha, caminhadas pelo interior do Ninhal e seu entorno, para coletar<br />
material florístico para identificação das espécies.<br />
A avaliação de percentagem de mudas pegas no local definitivo de plantio é efetuada no ano<br />
2002.<br />
5.3. Elaboração e implantação de sinalização turística no entorno do Ninhal<br />
As placas de sinalização para orientação aos visitantes/turistas e usuários do rio Cuiabá nas<br />
imediações da área do Ninhal Porto da Fazenda, foram definidas e elaboradas, de acordo com<br />
estudos e levantamento vigentes das normas da EMBRATUR e IBAMA (Foto 17).<br />
Fonte: Angelika Jüncke.<br />
Foto 17. Placa de sinalização para orientação aos visitantes.<br />
Em alguns casos onde incluem sinalização marítima, foram consultados à Agência da Capitania<br />
dos Portos em Cuiabá, bem como os locais de fixação e instalação das mesmas orientadas pela<br />
polícia florestal.<br />
xx
Os locais de fixação foram de acordo com o tráfego no rio Cuiabá. O Curutubinha (braço do rio<br />
Cuiabá que dá acesso ao local de nidificação), foi sinalizado com placas de orientação<br />
específicas informando que a área é de preservação ambiental permanente.<br />
5.4. Implantação de trilhas e torres de observação para o atendimento dos visitantes<br />
Sob a responsabilidade da técnica Valquíria Luciene de Sousa Carvalho foram implantadas as<br />
eco-trilhas, elaboradas as placas de sinalização, bem como a definição dos locais para<br />
colocação das mesmas, de acordo com os seguintes critérios:<br />
• otimizar a observação do local pelos visitantes considerando a diminuição do impacto<br />
às aves em nidificação;<br />
• determinar pontos de observação delimitados e camuflados ao lado da trilha principal;<br />
• determinar o ponto de observação elevado (andaime com 2m de altura);<br />
• determinar o traçado, não impactante à vegetação e à fauna local, definitivo da trilha; e<br />
• determinar o porto de embarque/desembarque.<br />
A trilha do ninhal foi implantada na margem direita do Corixo Curutubinha (braço do rio<br />
Cuiabá, possui largura variável de 30 m a 50 m de uma margem a outra), tendo as aves<br />
concentradas nas árvores na sua margem esquerda. O percurso da trilha foi traçado na mata<br />
ciliar do corixo, contribuindo para a redução do impacto à nidificação das aves, reduzindo os<br />
ruídos e movimento dos visitantes.<br />
A trilha do ninhal possui uma extensão de 540 metros, com largura inferior a 1,5 metro e nas<br />
partes fechadas por cipós formam-se túneis de vegetação com aproximadamente 2 metros de<br />
altura (Foto 18).<br />
Fonte: Angelika Jüncke.<br />
xxi
Foto 18. Trilha do ninhal.<br />
O porto foi definido considerando um local apropriado para facilitar o embarque e o<br />
desembarque do visitante, sem prejudicar o conjunto ambiental na margem esquerda do rio<br />
Cuiabá, início da Trilha do Ninhal (Foto 19).<br />
Fonte: Angelika Jüncke.<br />
Foto 19. Início da Trilha do Ninhal.<br />
5.5. Elaboração e execução do projeto de implantação dos pontos de observação<br />
Sob a responsabilidade da Engenheira Civil Cilene Pereira CREA 2996/D – MT foram<br />
implantados 3 pontos de observação, com base nos estudos realizados pela consultoria técnica<br />
indicando os locais recomendáveis para instalação dos pontos de observação, quais sejam:<br />
• torre de observação;<br />
• andaimes; e<br />
• a cobertura.<br />
A trilha foi implantada na margem direita do Corixo Curutubinha (braço do rio Cuiabá, possui<br />
uma largura variável de 30m à 50m de uma margem à outra), tendo as aves concentradas nas<br />
árvores da sua margem esquerda, contribuindo assim, para a redução do impacto à nidificação<br />
das aves, o percurso da trilha foi traçado na mata ciliar do corixo, reduzindo os ruídos e<br />
movimentos dos visitantes.<br />
Os pontos de observação foram identificados com placas interpretativas sobre flora, fauna e<br />
fenômenos naturais. As placas foram feitas em papel/ cartão no formato A4 (Figuras 2, 3, 4),<br />
plastificado nos dois lados com papel tipo contact incolor e fixado em madeira compensado.<br />
xxii
Figura 2. Exemplo de placa interpretativa sobre flora.<br />
xxiii
Figura 3. Placa interpretativa indicando local de observação do ninhal.<br />
Figura 4. Placa interpretativa indicando fenômenos naturais.<br />
• Conclusão<br />
De acordo com o levantamento do número de visitantes, feito pela AMEC, no ano de 1999,<br />
viu-se a necessidade de fazer novos traçados opcionais de trilhas para outros atrativos naturais<br />
entorno do Centro de Informação, localizado à margem direita do rio Cuiabá.<br />
xxiv
Foram implantadas as trilhas:<br />
• Trilha da Figueira (110 m) – com local de parada para descanso;<br />
• Trilha do Curral (110 m) – com local de parada para descanso; e<br />
• Trilha da Baía (190m) – com ponto de observação.<br />
As mudanças foram as seguintes:<br />
• fechamento do Corixo Curutubinha para tráfego de barcos;<br />
• implantação de uma trilha paralelo ao corixo Curutubinha;<br />
• placas informativas na trilha;<br />
• uma torre de observação com uma base de 8 metros de altura; e<br />
• as duas plataformas de observação em pontos estratégicos na trilha; 6. Melhoramentos<br />
no centro de informação.<br />
A trilha permite aos visitantes a ficarem cerca de 20 metros das aves em alguns pontos,<br />
podendo observá-las durante o tempo que julgar necessário.<br />
• Execução da torre<br />
Uma vez todo o material disponível no Porto da Fazenda, foi iniciada a concretagem das<br />
fundações, que receberam concretos controlados de acordo com as normas NBR vigentes.<br />
Todo o serviço foi acompanhado pela responsável, que executou a locação das formas dos<br />
blocos de espera, nas quais foram fixados os perfis metálicos onde estão aparafusados os pés<br />
da torre.<br />
A desforma dos blocos foi autorizada depois de decorridos os 14 dias de sua concretagem.<br />
• Montagem<br />
A partir daí, foi iniciada a montagem da torre de observação, a qual foi acompanhada pela<br />
responsável, que verificou o posicionamento de cada peça, seus encaixes, e o torque<br />
necessário em cada parafuso de amarração.<br />
A torre conta com duas plataformas de 2,00m x 2,00m, uma a 3,5m de altura, e a outra a 6,00m<br />
de altura, sendo a primeira plataforma com acesso externo à torre, e a segunda plataforma com<br />
acesso interno, ambos por escadas em madeira (Foto 20).<br />
• Conclusão<br />
Os serviços foram executados a contento e em restrita observação às normas vigentes.<br />
xxv
Fonte: Angelika Jüncke.<br />
Foto 20. Torre de observação.<br />
O observatório número 2 (de andaimes)<br />
• Projeto<br />
Devido à sugestão emitida pelos técnicos de implantar-se um observatório móvel, que<br />
pudesse ser deslocado conforme se desse o regime de cheia e vazante, de tal forma a<br />
obter-se sempre a melhor visão da área objeto, buscou-se a melhor solução.<br />
Optou-se então por andaimes, por apresentarem grande facilidade de montagem e<br />
desmontagem.<br />
• Construção<br />
Os andaimes foram fabricados em ferro fundido, com cobertura especial antiferrugem, e<br />
posterior cobertura com duas demãos de tinta a óleo.<br />
Os calços para fixação(pés), foram chumbados em placas de concreto de forma a permitir<br />
sua locomoção sem necessidade de equipamentos para içamento.<br />
Todo o material foi fabricado em Cuiabá, e transportado para Barão de Melgaço e<br />
posteriormente transportado por barco, tipo chata, para o ninhal Porto da Fazenda.<br />
• Montagem<br />
O andaime foi montado em ponto de observação estratégico, na trilha do ninhal, tendo por<br />
dimensões uma plataforma de 2,00m x 2,00m, erguida a 2,00m de altura.<br />
xxvi
A mobilidade deste observatório irá facilitar sobremaneira sua retirada rápida quando<br />
ocorrer enchente, e sempre que por outro ponto se mostrar mais interessante tecnicamente.<br />
• Conclusão<br />
Os serviços foram executados a contento, e apresentam grande funcionalidade.<br />
Observatório número 3 – Cobertura (camuflagem)<br />
• Projeto<br />
Foi executado o observatório nº 3, no local indicado pela consultoria técnica, também em<br />
madeira, com cobertura de palha trançada. Sendo uma construção mais leve, o método<br />
construtivo utilizado foi simplificado, o que determinou a utilização de materiais menos<br />
robustos.<br />
• Execução<br />
A construção e a execução desta edificação é típica da região, e foram utilizadas madeiras<br />
preparadas para elevação e travamento da cobertura, que foi executada em palha trançada,<br />
abundante na mata que circunda a região.<br />
Foi implantada na margem direita do Rio Cuiabá, em local alto e próximo da torre de<br />
observação, tendo por dimensões 3,00m x 2,00m, e 2,5m de altura.<br />
• Conclusão<br />
Os serviços foram executados a contento, apresentando um aspecto agradável por sua<br />
rusticidade.<br />
5.6. Envolvimento da comunidade regional<br />
Com duração de um mês, foram abordados os itens de importância da sensibilização e<br />
envolvimento da comunidade ribeirinha mediante palestras, treinamentos e a definição da<br />
itemização do conteúdo do documento final “Diretrizes de Manejo de Ninhais de Cabeça-seca<br />
com indicativos de Colhereiro e Garça grande”.<br />
• Metodologia<br />
Efetuou-se a pesquisa do material selecionado e submetendo apreciação e discussão com o<br />
grupo de trabalho para definir a montagem dos documentos finais.<br />
Para o levantamento in loco do plantio de árvores foram compilados os dados sobre o plantio<br />
efetuado no ano 2000 no escritório da AMEC (relatório GEF 2000). No Ninhal Porto da<br />
Fazenda, foram verificados os locais de replantio, analisando muda por muda, identificadas<br />
por estacas, anotando os resultados.<br />
No escritório foram analisados os dados coletados e compilados.Em discussão e avaliação<br />
final pelo grupo de trabalho foi definido o conteúdo esquematizado o documento final<br />
“Diretrizes de Manejo de Cabeça-seca, Colhereiro e Garça Grande”.<br />
As inscrições para os treinamentos seguiram seqüencialmente: divulgação em rádio, contatos<br />
pessoais e telefônicos, preenchimento da ficha de inscrição em pontos pré-determinados.<br />
xxvii
• Desenvolvimento e resultados<br />
Durante o período de 15 a 18 de julho e de 28 de julho a 10 de agosto foram realizadas<br />
reuniões na Sede da Associação Ecológica Melgassense – AMEC, no Eco-centro na cidade de<br />
Barão de Melgaço para tratar os seguintes assuntos:<br />
• definição do conteúdo da Apostila “Treinamento para Guia de Turismo”;<br />
• definição do conteúdo da Apostila “Treinamento para Piloteiro Turístico”;<br />
• definição do conteúdo da Palestra nas comunidades ribeirinhas e na cidade de Barão de<br />
Melgaço;<br />
• definição da itemização do documento final “Diretrizes de Manejo de Ninhais de<br />
Cabeça-seca com indicativos de Colhereiro e Garça grande”; e<br />
• levantamento de referências bibliográficas.<br />
Durante o período de 15 a 19 de novembro foram realizadas reuniões na Sede da Associação<br />
Ecológica Melgassense–AMEC, no Eco-centro na cidade de Barão de Melgaço para tratar os<br />
seguintes assuntos:<br />
• definição da estratégia para efetuar as inscrições dos treinamentos de piloteiros<br />
turísticos e guias de turismo;<br />
• para a discussão da definição do conteúdo do documento “Diretrizes de Manejo de<br />
Ninhais” serviram como documentos básicos os relatórios dos consultores envolvidos<br />
no projeto e, observações e experiências adquiridas nos últimos quatro anos;<br />
• após discussões avaliando o corpo da minuta, chegou-se a conclusão que o item 4<br />
(quatro) com o título “COMPORTAMENTO DAS AVES” passa a fazer parte do item 2<br />
(dois) com o título “CARACTERÍSTICAS DO NINHAL” recebendo a colocação como<br />
subitem 2.2.; e<br />
• com base no documento BIODIVERSIDADE BRASILEIRA – Avaliação e<br />
Identificação de Áreas e Ações Prioritárias para Conservação, Utilização Sustentável e<br />
Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira, Vol. 5,do Ministério do Meio<br />
Ambiente publicado em 2002 em que os ninhais estão sendo tratados juntos (ninhal<br />
branco e ninhal preto) foi discutido exaustivamente a mudança do titulo do documento.<br />
• Conclusão<br />
Houve nos treinamentos a participação de uma boa parte de profissionais que trabalham<br />
diretamente na prestação de serviços de atendimento ao turista na região do Pantanal Matogrossense.<br />
Os guias de turismo, em sua maioria está há mais de dez anos sem atualização ou o que eles<br />
mesmos o chamam de “cursos de reciclagem” ou aperfeiçoamento específicos na área de meio<br />
ambiente. Esse treinamento veio resgatar um desejo antigo da classe.<br />
Quanto aos piloteiros turísticos, a maioria se sente privilegiado com a nova atividade<br />
profissional, visto que uma grande parte deles desenvolve a profissão de “piloteiro” há muitos<br />
anos pescando ou mesmo trafegando no rio Cuiabá.<br />
xxviii
E, agora transportar turistas que querem contemplar e conhecer o Pantanal é para eles um<br />
grande privilégio.<br />
Quanto as Palestras ministradas concluiu-se que:<br />
• as comunidades ribeirinhas não tinham muito interesse e conhecimento da necessidade<br />
de preservar e recuperar o seu próprio meio em que vivem;<br />
• não haviam despertado para os pontos turísticos existentes que podem gerar uma fonte<br />
de renda para o piloteiro e sua família;<br />
• após as palestras e debates a população ribeirinha mostrou se preocupada em participar<br />
na preservação do meio em que vivem e conhecer melhor os diversos pontos turísticos<br />
existentes nas áreas do pantanal; e<br />
• o grande número de participantes da comunidade foi gratificante para o grupo de<br />
trabalho.<br />
6. DIRETRIZES DE MANEJO DO NINHAL PORTO DA FAZENDA<br />
A seleção de materiais para a elaboração do documento “Diretrizes de Manejo de Ninhais” foi<br />
realizada na biblioteca da AMEC. Efetuou-se a pesquisa do material selecionado e após,<br />
apreciado em discussão com o grupo de trabalho para definir a montagem proposto<br />
documento.<br />
Definição do conteúdo da minuta do documento “Diretrizes de Manejo de Ninhais Brancos”:<br />
• a área de nidificação do Ninhal é cercada nos limites secos. A manutenção é periódica e<br />
necessária para evitar a entrada do gado;<br />
• a entrada de pessoas no local de concentração de ninhos é expressamente proibida;<br />
• as áreas específicas para pesquisa são delimitadas conforme a concentração e formação<br />
dos ninhos do período;<br />
• a trilha do Ninhal é mantida em condições de uso para visitação, através de<br />
monitoramento contínuo feito pelo responsável da AMEC;<br />
• a visitação na trilha do Ninhal é controlada e acompanhada por um responsável da<br />
AMEC obedecendo a critérios de suporte de carga máximo de 10 PAX incluindo o guia<br />
e o responsável;<br />
• de acordo o suporte de carga, são estabelecidos intervalos de 30 minutos entre os grupos<br />
de visitação;<br />
• os pontos de observação e fotografia na trilha do Ninhal são feitos ou refeitos<br />
anualmente, conforme movimentação das aves;<br />
• a trilha do Ninhal respeita as condições naturais do solo e da vegetação local,<br />
contornando alguns pontos mais frágeis como de árvores robustas;<br />
xxix
• supervisão de controle, constante no entorno do Ninhal, com barco para orientação<br />
àqueles que navegam em locais proibidos como no Curutubinha e ou retiram iscas<br />
comprometendo a sobrevivência do Ninhal;<br />
• as placas informativas das trilhas são retiradas antes do período de cheias para<br />
manutenção e recolocadas no período da vazante;<br />
• as placas de sinalização turística e ambiental são retiradas durante o período de cheias<br />
dos locais de inundação e solos arenosos;<br />
• as torres de observação instaladas anualmente para o período de nidificação na trilha do<br />
Ninhal, obedecem as normas de camuflagem completa com altura inferior a vegetação<br />
do entorno dela; e<br />
• o Casarão de Informações deve ser o ponto de apoio para os visitantes na chegada e na<br />
saída de visitação, onde o turista recebendo orientações e informações de procedimento<br />
para visita ao Ninhal (nas trilhas) e, posteriormente o local serve para descanso e lanche<br />
e também, para coleta das impressões a respeito do tratamento que recebeu, do local e<br />
do atrativo feito em um livro de registros.<br />
• Conclusão<br />
Durante as experiências em observar o comportamento de algumas aves aquáticas em especial<br />
os cabeça-seca, pôde-se determinar algumas diretrizes importantes para a visitação no local de<br />
nidificação, assim como, garantir a preservação do Ninhal Porto da Fazenda e dar condições<br />
de segurança para a efetivação da sua conservação utilizando a atividade ecoturística<br />
monitorada.<br />
As áreas de pesquisa foram devidamente delimitadas e controladas sem que o resultado<br />
pudesse comprometer tanto o viveiro quanto à pesquisa (observações e estudos dos cabeçaseca<br />
(Bouton).<br />
As torres e locais de observações para o ecoturismo, assim como placas informativas em<br />
alguns pontos das trilhas, mantiveram a tranqüilidade do local de maior concentração de aves<br />
nidificando e proporcionou aos visitantes maior segurança (trilha delimitada) com a garantia<br />
de visão direta aos ninhos e à movimentação das aves no local de pesca.<br />
Com esse trabalho o produto “Diretrizes de inventário para Ninhais Brancos”, é fundamental<br />
para que os impactos e resultados possam ser significantes e de extrema importância para a<br />
preservação de áreas de procriação e alimentação de aves aquáticas.<br />
7. DIRETRIZES PARA O INVENTÁRIO DE NINHAIS<br />
A finalidade deste trabalho é resultar no mapeamento e monitoramento dos ninhais, tendo<br />
como base as experiências do trabalho executado pela Associação Ecológica Melgassense -<br />
AMEC no Ninhal Porto da Fazenda, município de Barão de Melgaço- MT.<br />
Descrição da localização do ninhal e seus antecedentes no PCBAP.<br />
Apresentação da(s) organização(ões) jurídica(s) e ou física(s) envolvida(s) e responsável pelo<br />
diagnóstico e interessada(s) em desenvolver e manter o trabalho.<br />
xxx
7.1. Localização do Ninhal<br />
Neste item deve ser descrita a localização do Ninhal em observação, mais detalhado possível<br />
(município, nome da fazenda, coordenada geográfica); explicativo sobre o tamanho e a área<br />
de definição do ninhal (rios, corixos, lagoas e tipo de vegetação).<br />
7.2. Situação fundiária<br />
Levantar a situação fundiária do Ninhal e de seu entorno, verificando se a área está<br />
devidamente legalizada, registrada ou em situação irregular ou de posse.<br />
7.3. Características sócio-econômicas e culturais da região<br />
Nesse item é importante ressaltar a composição da comunidade identificando seus traços<br />
culturais (etnia, religião e outros) e econômicos (meio de subsistência, pesca, trabalhos em<br />
fazenda) e a distância de localização perante o Ninhal. O levantamento é necessário para a<br />
elaboração do plano de trabalho envolvendo a comunidade do entorno para assegurar a<br />
permanência do Ninhal na região.<br />
7.4. Características do Ninhal<br />
7.4.1. Composição do Ninhal<br />
Relatar a composição do Ninhal, ressaltando que há vários tipos de ninhais: Ninhal Branco,<br />
Ninhal Preto ou os dois Ninhais no mesmo local.É importante o relato de observação do<br />
período de nidificação e quais espécies nidificam juntos (no mesmo período). Além disso,<br />
relatar quanto tempo o Ninhal já existe (procurar informações junto a comunidade) e se o<br />
local foi temporariamente abandonado pelas aves (se houver, quantos anos). O local é<br />
posteriormente utilizado como dormitório? (poleiro).<br />
7.4.2. Comportamento das aves<br />
Cabeça-seca (Mycteria americana); Colhereiro (Ajaia ajaja); Garça grande (Casmerodius<br />
albus) Biguá (Phalacrocorax olivaceus),Biguatinga (Anhinga anhinga) e outras. Descrever<br />
como as aves se comportam no período de ocupação do local para a formação do ninhal.<br />
Estipular a quantidade de ninhos por espécie.<br />
7.4.3. Definição de uso<br />
Como será o uso do Ninhal? Somente para fins científicos, para visitação turística (de fácil<br />
acesso), ou as duas possibilidades. Intenção de implantar uma RPPN ou um outro tipo de<br />
Unidade de Conservação, de acordo com a legislação em vigor.<br />
xxxi
7.5. Diretrizes de manejo<br />
7.5.1. Definição da área<br />
A área a ser definida deve ser ampla para assegurar os locais de alimentação das aves e<br />
garantir o sossego durante as fases de nidificação e procriação.<br />
7.5.2. Isolamento terrestre e fluvial<br />
Especificar os tipos existentes de acesso(fluvial, terrestre). Descrever as opções apropriadas<br />
de isolamento da área do Ninhal visando a tranqüilidade das aves.<br />
7.5.3. Recuperação de áreas degradadas<br />
Detalhar as áreas degradadas (desmatamento, áreas cultivadas) no entorno do Ninhal.<br />
Elaboração de um plano de trabalho para recuperação dessas áreas, com árvores nativas da<br />
região, incluindo local que poderá ser implantado um pequeno viveiro.<br />
7.5.4. Medidas de segurança ás aves em nidificação<br />
Descrever se as aves possuem naturalmente segurança no local (ex.: o acesso é difícil, não há<br />
acesso terrestre ou fluvial, vegetação densa e solo alagado, poucos conhecem a existência<br />
desse ninhal) ou se é visitado desordenadamente (embarcações, carros, cavalos, sobrevôos e<br />
ou a pé). A partir desse levantamento sugerir medidas de segurança para garantir a procriação<br />
das aves no local.<br />
7.5.5. Sinalização<br />
Descrever a sinalização existente no entorno (placas de sinalização marítima, rodoviária e<br />
outras). Se necessário descrever a sinalização para o local.<br />
7.5.6. Instalações logísticas<br />
Descrever a existência de construções (casa de fazenda, retiro, ponto de apoio) próxima ao<br />
ninhal. Verificar a necessidade de um posto de informação e controle/fiscalização.<br />
7.5.7. Capacitação de recursos humanos<br />
Descrever as necessidades de capacitação de recursos humanos de acordo com a definição do<br />
uso do Ninhal.<br />
xxxii
8. SUGESTÕES PARA ESTUDOS COMPLEMENTARES SOBRE OS FATORES<br />
QUE INIBEM A CONSERVAÇÃO DO HABITAT E ALTERNATIVAS DE<br />
MANEJO SUSTENTÁVEL<br />
As sugestões que se seguem são para direcionar e dar um maior incentivo para se promover<br />
trabalhos de pesquisas na área sócio-econômica / ambiental da região como a pobreza aliada<br />
ao analfabetismo e a desinformação.<br />
São necessários o envolvimento das escolas com interesses locais da região. Uma política<br />
pública direcionada aos fatores sócios e econômicos, regional.<br />
Estudos específicos para aferir as influências e impactos das alterações climáticas no<br />
percurso, acasalamento, formação de ninhos das aves aquáticas, são urgentes para aferir a<br />
climatologia e os corredores migratórios das aves aquáticas.<br />
É importante um zoneamento da economia de biodiversidade. Mensurar a valoração dos<br />
recursos naturais da região, suas características no que se refere ao ganho comercial das<br />
atividades existentes na relação de benefícios presentes e ganhos futuros.<br />
No turismo pode-se estudar e determinar quais as atividades e equipamentos do turismo são<br />
(ou possam vir a ser) forma de manejo sustentável, promovendo junto a instituições de ensino<br />
superior iniciativas de pesquisa nas áreas de interesse.<br />
A Política ambiental e turística específica para regiões que possuem Ninhais, uma<br />
regulamentação para normatizar as atividades, como a de estudo, diretrizes de visitação para<br />
ninhais, garante a preservação e respalda as ações de conservação que até agora foram<br />
executadas na orientação aos turistas que visitam a área de nidificação e seu entorno.<br />
A regulamentação é um instrumento legal e necessário.<br />
9. SUGESTÕES PARA TRANSFERÊNCIA DAS EXPERIÊNCIAS ACUMULADAS E<br />
OUTROS AGENTES DE ECOTURISMO DO SETOR PRIVADO<br />
A participação e divulgação em Seminários, Congressos e Simpósios sobre meio ambiente,<br />
ecologia e outros relacionados a aves aquáticas e áreas de preservação permanentes são<br />
favoráveis para a transferência das experiências acumuladas a todos os segmentos do trade<br />
turístico.<br />
A realização desses eventos à níveis nacionais, estaduais e municipais são veículos para<br />
facilitar a transferência aos envolvidos nas atividades de ecoturismo.<br />
10. SUGESTÕES PARA TREINAMENTO DE PROFISSIONAIS NA ÁREA DE<br />
ECOTURISMO<br />
As atividades turísticas no Pantanal estão em plena ascendência buscando uma comunidade<br />
preparada com qualidade para desenvolver melhor as funções diretamente ligadas nesta área.<br />
O envolvimento da comunidade regional e a atualização contínua são primordiais, garantindo<br />
o sucesso dos empreendimentos turísticos, além de compreensão da necessidade de preservar<br />
e respeitar os recursos naturais, incluindo os valores culturais.<br />
xxxiii
Constatamos que as funções práticas necessitam de formação, capacitação, qualificação,<br />
treinamentos e palestras participativas:<br />
• formação profissional de Guias de Turismo especializados no atrativo conforme a Lei<br />
Federal nº 8.623/93;<br />
• formação profissional de Marinheiros Fluviais de Convés (piloteiros);<br />
• capacitação de Piloteiros Turísticos;<br />
• capacitação de Trilheiros/ Mateiros Turísticos;<br />
• treinamento e atualização para Guias de Turismo (fauna, flora, orientação de campo);<br />
• treinamento e atualização para Piloteiros Turísticos (fauna, flora, orientação de campo);<br />
• treinamento e atualização para Trilheiro/ Mateiro Turísticos (fauna, flora, orientação de<br />
campo);<br />
• treinamento e atualização para Guarda Parques (fauna, flora, orientação de campo);<br />
• palestras de informação e orientação para a comunidade regional;<br />
• palestras de informação e orientação para profissionais da área turística; e<br />
• palestras de informação e orientação ambiental nas escolas.<br />
11. CONCLUSÕES<br />
• Antecedente no PCBAP<br />
• Em 1991 foram encontrados 17 ninhais compostos principalmente por Cabeça-seca e<br />
garças (Ninhal branco). A maioria dos ninhais foram registrados nos pantanais de<br />
Paiáguas e de Poconé. Yamashita e Valle (1990) registraram em 5 anos de estudo um<br />
total de 13 ninhais no Pantanal de Poconé, e indicaram que alguns destes foram ativos<br />
durante anos consecutivos, enquanto outros foram ocasionais.<br />
• Antecedentes da biodiversidade brasileira – Ministério do Meio Ambiente<br />
• Na publicação “Biodiversidade Brasileira – Avaliação e Identificação de Áreas e Ações<br />
Prioritárias para Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da<br />
Biodiversidade Brasileira”, Brasília – DF, Tomo 5 de 2002 – MMA – CID Ambiental,<br />
consta no capítulo Cerrado e Pantanal recomenda o mapeamento e o monitoramento dos<br />
ninhais como prioridade de estudo.<br />
• Região geográfica do pantanal – colonias de nidificação<br />
• O Pantanal Mato-grossense se encontra entre os meridianos 054ºW e 059º e paralelos<br />
016ºS e 018º. Temperatura média anual e de 25ºC; altitude média em relação ao nível<br />
do mar é de 100m; umidade relativa do ar 80%; seus solos ácidos (pH menor que 7) de<br />
constituição silíco calcária, de relevo plano ou levemente modificado, com tendência<br />
xxxiv
para o completo nivelamento; densidade populacional é de 1 habitante por km 2 , em<br />
média.<br />
• Considera-se colônia de nidificação, de forma geral, um grupo de aves de uma mesma<br />
espécie, utilizando um determinado espaço para sua procriação.<br />
• Ninhal Porto da Fazenda – MT – local piloto de preservação<br />
• A área de interesse do ninhal foi estudada num raio total de 5.000 metros a partir das<br />
coordenadas UTM: E-05931118 - N-8178759. O Ninhal Porto da Fazenda está<br />
localizado à margem esquerda do rio Cuiabá a 64 km rio abaixo da cidade de Barão de<br />
Melgaço, no município de Barão de Melgaço – MT.<br />
• Os Biguás (Phalacrocorax olivacea) e Anhingas (Anhinga anhinga) que compõe o<br />
Ninhal Preto começam a chegar no Porto da Fazenda no final de janeiro e estão saindo<br />
‘fledging’ em massa pelo final de junho.<br />
• O ninhal do Porto da Fazenda não consiste de um único grupo de ninhos, e sim, de<br />
ninhos agrupados em pequenos grupos em uma grande área. O Ninhal Branco é<br />
composto pelas seguintes espécies: Cabeça-seca (Mycteria americana), Garça-brancagrande<br />
(Casmerodius albus), garça-branca-pequena (Egretta thula), colhereiro (Ajaja<br />
ajaja) e o Baguari (Ardea cocoi).<br />
• A mata ciliar dos corixos e do rio Cuiabá é composta com maior abundância pelas<br />
seguintes espécies: sarã-de-leite (Sapium haematospermum), algodão bravo (Pavonia<br />
sidifolia), sarã-de-espinho (Bittineria filipes), sardinheira (Banara arguta), cipó-dearraia<br />
(Cissus spinosa), urtiga (Urera aurantiaca), arrebenta-laço (Sphinctanthus<br />
hasslerianus), ingá (Inga uruguensis), chico magro (Guazuma tomentosa) e variados<br />
cipós.<br />
• A área de estudo é constituída majoritariamente por posseiros, contudo, melhor parecer<br />
no futuro será confirmado respaldado com documentação expedida por órgão oficial do<br />
governo do estado de Mato Grosso, o qual estamos aguardando.<br />
• Medidas de preservação do ninhal<br />
• São necessários estudos de médio ou longo prazo para definir a fenologia de espécies de<br />
interesse para orientar a coleta de sementes, e também para prever o comportamento das<br />
plantas em cultivo. O plantio de árvores nativas, na porção degradada das margens do<br />
rio Cuiabá, frente do Casarão de informação está recuperando a vegetação ciliar e a<br />
proteção natural do “barranco”, assim como servindo de pouso para aves e animais.<br />
• As torres e locais de observações, assim como placas informativas em alguns pontos das<br />
trilhas, mantiveram a tranqüilidade do local de maior concentração de aves nidificando<br />
e proporcionou aos visitantes maior segurança (trilha delimitada) com a garantia da<br />
vista direta aos ninhos e à movimentação das aves no local de pesca.<br />
• A trilha do ninhal foi implantada na margem direita do Corixo Curutubinha, tendo as<br />
aves concentradas nas árvores na sua margem esquerda. O percurso da trilha foi traçado<br />
na mata ciliar do corixo, contribuindo para a redução do impacto à nidificação das aves,<br />
reduzindo os ruídos e movimento dos visitantes.<br />
xxxv
• As atividades de educação ambiental devem levar em conta o componente sócioeconômico<br />
do local, na tomada de decisões em todas as partes do processo de<br />
recuperação da área. O sucesso de um plano de manutenção e recuperação de uma área<br />
natural depende diretamente de quão sensibilizada e engajada está a comunidade<br />
vizinha.<br />
• Os treinamentos resgataram um desejo antigo dos profissionais Guias de Turismo, que<br />
há muitos anos não tiveram treinamentos especializados. Quanto aos piloteiros<br />
turísticos, a maioria se sente privilegiado com a nova atividade profissional, visto que<br />
uma grande parte deles desenvolve a profissão de “piloteiro” (marinheiro fluvial de<br />
convés) pescando ou mesmo trafegando no rio Cuiabá.<br />
• Agora, os piloteiros transportam turistas que querem contemplar e conhecer o Pantanal.<br />
Há necessidade de que a classe de piloteiro se organize e tenham mais bem definidas<br />
suas obrigações, deveres e direitos, pois, às vezes assumem o papel do guia de turismo<br />
(profissional reconhecido por lei federal) deixando secundário seu papel principal de<br />
condutor de embarcação (responsável pelo bom funcionamento da embarcação e pela<br />
segurança de todos embarcados).<br />
• A capacitação desses profissionais resgatou aspectos de importância cultural do ninhal<br />
na vida do pantaneiro, as tradições de gerações foram dadas em depoimentos<br />
espontâneos durante o treinamento pelos integrantes veteranos aos mais jovens.<br />
• As palestras e debates com a população ribeirinha manifestaram uma preocupação na<br />
preservação do meio em que vivem, em especial ao rio Cuiabá e aos seres vivos que<br />
conhecem, com os diversos atrativos turísticos existentes.O treinamento dos guias de<br />
turismo atendeu o desejo antigo da classe que em sua maioria está há mais de dez anos<br />
sem atualização ou aperfeiçoamento específicos na área de meio ambiente.<br />
• Diretrizes de manejo do ninhal porto da fazenda<br />
• Pela singularidade do local, das características apresentadas durante o trabalho de<br />
fragilidade, para garantia da subsistência e nidificação das aves a área deve ser com<br />
urgência controlada e monitorada sistematicamente, sendo que para este fim se faz<br />
necessário a aquisição (compra) do imóvel em questão e a transformação da mesma em<br />
RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Ambiental).<br />
• Durante as experiências em observar o comportamento de algumas aves aquáticas em<br />
especial os de cabeça-seca, pôde-se determinar algumas diretrizes importantes para a<br />
visitação no local de nidificação, assim como, garantir a preservação do Ninhal Porto da<br />
Fazenda e dar condições de segurança para a efetivação da sua conservação utilizando a<br />
atividade ecoturística monitorada.<br />
• Entre as diretrizes implantadas para o Ninhal Porto da Fazenda destacamos como de<br />
maior importância:<br />
• a entrada de pessoas no local de concentração de ninhos é expressamente<br />
proibida;<br />
• áreas específicas para pesquisa são delimitadas conforme a concentração e<br />
formação dos ninhos do período;<br />
xxxvi
• a visitação na trilha do Ninhal é controlada e acompanhada por um responsável da<br />
AMEC obedecendo a critérios de suporte de carga máximo de 10 PAX incluindo<br />
o guia e o responsável e intervalos de 30 minutos entre grupos;<br />
• a trilha do Ninhal respeita as condições naturais do solo e da vegetação local,<br />
contornando alguns pontos mais frágeis como de árvores robustas;<br />
• supervisão de controle, constante no entorno do Ninhal, com barco para<br />
orientação àqueles que navegam em locais proibidos como no Curutubinha e ou<br />
retiram iscas comprometendo a sobrevivência do Ninhal;<br />
• o Casarão de Informações deve ser o ponto de apoio para os visitantes na chegada<br />
e na saída de visitação, onde o turista recebendo orientações e informações de<br />
procedimento para visita ao Ninhal (nas trilhas) e, posteriormente o local serve<br />
para descanso e lanche e também, para coleta das impressões a respeito do<br />
tratamento que recebeu, do local e do atrativo feito em um livro de registros.<br />
• Esse ordenamento da atividade turística obteve um resultado de impactos satisfatórios<br />
em médio prazo no local com a atividade ecoturística.<br />
• Diretrizes para o inventário de ninhais<br />
• Com a experência adquirida neste subprojeto a AMEC definiu os tópicos a serem<br />
contemplados por ocasião de inventário de ninhais quais sejam: Localização do ninhal,<br />
situação fundiária, características sócio-econômicas e culturais da região, características<br />
do ninhal (composição, comportamento das aves, definição de uso) e definição de<br />
diretrizes de manejo.<br />
• Sugestões para estudos complementares sobre os fatores que inibem a conservação do<br />
habitat e alternativas de manejo sustentável<br />
• Estudos científicos sobre a dinâmica dos ninhais, políticas públicas para alternativas<br />
sócio econômicas da região e determinação quais as atividades e equipamentos do<br />
turismo podem ser utilizadas na forma de manejo sustentável poderão respaldar uma<br />
Política ambiental e turística específica para regiões que possuem Ninhais, uma<br />
regulamentando e normatizando as atividades e ações de conservação.<br />
• Sugestões para transferência das experiências acumuladas e outros agentes de<br />
ecoturismo do setor privado<br />
• A participação e divulgação em Seminários, Congressos e Simpósios sobre meio<br />
ambiente, ecologia e outros relacionados a aves aquáticas e áreas de preservação<br />
permanentes são favoráveis para a transferência das experiências acumuladas a todos os<br />
segmentos do trade turístico.<br />
• Sugestões para treinamento de profissionais na área de ecoturismo<br />
• O envolvimento da comunidade regional e a atualização contínua de guias de turismo,<br />
piloteiros, proprietários e comunidade em geral são primordiais, garantindo o sucesso<br />
dos empreendimentos turísticos, além de compreensão da necessidade de preservar e<br />
respeitar os recursos naturais, incluindo os valores culturais.<br />
xxxvii
12. RECOMENDAÇÕES<br />
12.1. AÇÃO 1: Aquisição da área de estudo do Ninhal Porto da Fazenda e legalização<br />
como Unidade de Conservação – RPPN<br />
• Justificativa<br />
O Ninhal Porto da Fazenda representa, hoje, uma das maiores concentrações de aves aquáticas<br />
se nidificando (Ninhal branco) no Pantanal que se tem conhecimento e evidências. E, o papel<br />
importante do ordenamento e monitoramento da atividade turística neste Ninhal é para<br />
garantir a diminuição dos impactos de influências antrópicas que estão exterminando as áreas<br />
de nidificação.<br />
A compra da área é para regularização da situação fundiária e mantê-la como uma área de<br />
preservação permanente de fato e de direito.<br />
• Metodologia<br />
Em contato com os proprietários das áreas em questão, formalizar a compra, demarcar a área<br />
de interesse (já pré-estabelecida neste documento) e, legalmente será encaminhada para lavrar<br />
a escritura definitiva. Após, oficializar ao órgão competente no Estado o pedido de<br />
transformação em RPPN seguindo os critérios da legislação federal de Meio Ambiente.<br />
• Tempo de duração: 8 meses.<br />
• Custo estimado: US$ 410,000.<br />
• Gestão institucional: Associação Ecológica Melgassense – AMEC.<br />
12.2. AÇÃO 2: Elaboração e implementação do Plano de Manejo e de Monitoramento<br />
efetivo para o ecoturismo no Ninhal Porto da Fazenda<br />
• Justificativa<br />
O Ninhal Porto da Fazenda é comercializado como um atrativo relevante nos produtos<br />
turísticos do Pantanal (Norte). Como atrativo principal no auge do viveiro de ninhos, coincide<br />
com a temporada de turismo nos meses de julho a setembro (férias no Brasil e na Europa). A<br />
visitação se torna freqüente e rotineira no local.<br />
As diretrizes de manejo do Ninhal Porto da fazenda foram implantadas por este trabalho,<br />
agora é necessário a continuidade efetiva para subsidiar os trabalhos implementados e os<br />
próximos a serem implantados com apoio de pesquisas.<br />
• Metodologia<br />
• Contratação da equipe multidisciplinar para a elaboração e implementação do Plano de<br />
manejo de monitoramento para o Ecoturismo no Ninhal.<br />
• A contratação de uma equipe de trabalho para garantir o monitoramento efetivo na área<br />
(gerente, guia de turismo bilíngüe, biólogo, trilheiro, piloteiro, casal para os serviços do<br />
casarão e recepção).<br />
xxxviii
• Reforma da cozinha e ampliação do Casarão de informação.<br />
• Reforma do Porto de embarque e deserbarque, reposição e confecção de placas de<br />
sinalização turística e de informação.<br />
• Instalação de energia solar alternativa.<br />
• Prazo: 96 meses.<br />
• Custo estimado: US$ 400,000<br />
• Gestão institucional: Associação Ecológica Melgassense – AMEC.<br />
12.3. AÇÃO 3: Construção e Implementação de um Eco-Bio-Labor<br />
• Justificativa<br />
Aumentar a eficiência, assegurar e desenvolver trabalhos científicos com os materiais<br />
coletados no local, evitando a perda dos mesmos.<br />
• Metodologia<br />
• Elaboração de um projeto arquitetônico de acordo com as condições do local para a<br />
construção do Eco-Bio-Labor.<br />
• Levantamento dos equipamentos necessários para efetivar a coleta e análise da água do<br />
local (rio Cuiabá, corixos, baías, vazantes e braços).<br />
• Aparelhos de climatologia e outros equipamentos para o monitoramento das aves e<br />
mamíferos da área.<br />
• Um acervo de livros específicos para consulta e respaldo para os pesquisadores do<br />
Ninhal.<br />
• Contratação de profissionais específicos para implementação e através de convênio com<br />
a Universidade do Estado de Mato Grosso –UNEMAT para desenvolvimento de<br />
pesquisas.<br />
• Prazo: 24 meses.<br />
• Custo estimado: US$ 440,000.<br />
• Gestão institucional: Associação Ecológica Melgassense – AMEC e Universidade do<br />
Estado de Mato Grosso – UNEMAT.<br />
xxxix
12.4. AÇÃO 4: Implementação das diretrizes para Inventário de Ninhais como<br />
referência nos demais ninhais existentes no Pantanal<br />
• Justificativa<br />
O ninhal Porto da Fazenda é apenas um dentre vários ninhais explorados pelo ecoturismo na<br />
Bacia do Alto Paraguai. Para que continuem ativos é muito importante implantar diretrizes de<br />
manejo eficazes, pois qualquer alteração no ambiente pode afetar o comportamento das aves.<br />
Os resultados obtidos no Subprojeto 4.2. são exemplo que é possível a exploração desses<br />
pontos turísticos desde que haja um envolvimento da comunidade (guias turísticos, piloteiros,<br />
mateiros e mesmo a comunidade ribeirinha).<br />
• Metodologia<br />
Compor equipe multidisciplinar capacitada para desenvolver as diretrizes de manejo de<br />
ninhal, cursos para piloteiros, guias turísticos e ribeirinhos, nos adaptado ao que foi<br />
desenvolvido no Ninhal Porto da Fazenda. Esta equipe deverá desenvolver um cronograma de<br />
execução para cada ninhal.<br />
• Prazo: 36 meses.<br />
• Custo estimado: US$ 500,000.<br />
• Gestão institucional: Associação Ecológica Melgassense – AMEC.<br />
Quadro 4. Ações recomendadas.<br />
AÇÃO PRAZO<br />
ESTIMADO<br />
1. Aquisição da área de estudo do Ninhal Porto da Fazenda e<br />
legalização como unidade de conservação – RPPN<br />
2. Elaboração e implementação do plano de manejo e de<br />
monitoramento efetivo para o ecoturismo no Ninhal Porto<br />
da Fazenda<br />
xl<br />
VALOR<br />
ESTIMADO (US$)<br />
8 meses 410,000<br />
96 meses 400,000<br />
3. Construção de um Eco-bio-labor 24 meses 440,000<br />
4. Implementação das diretrizes para Inventário de Ninhais<br />
como referência nos demais ninhais existentes no Pantanal<br />
36 meses 550,000<br />
TOTAL 1,800,000
SENSIBILIZAÇÃO E ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE<br />
RIBEIRINHA DA REGIÃO DE BARÃO DE MELGAÇO – MT<br />
SUMÁRIO<br />
INTRODUÇÃO 1<br />
1. ANTECEDENTES NO PCBAP 2<br />
1.1. Informação disponível 3<br />
1.2. Recomendações apresentadas 5<br />
2. ANTECEDENTES DA BIODIVERSIDADE BRASILEIRA – MINISTÉRIO<br />
DO MEIO AMBIENTE 6<br />
3. REGIÃO GEOGRÁFICA DO PANTANAL – COLONIAS DE NIDIFICAÇÃO 6<br />
3.1. Caracterização da região 6<br />
3.2. Colônias de nidificação 8<br />
4. NINHAL PORTO DA FAZENDA – MT – LOCAL PILOTO DE<br />
PRESERVAÇÃO 8<br />
4.1. Caracterização do Ninhal 8<br />
4.2. Colônias de nidificação do Ninhal 9<br />
4.2.1. O Ninhal Preto do Porto da Fazenda 9<br />
4.2.2. O Ninhal Branco do Porto da Fazenda 10<br />
4.3. Espécies de aves aquáticas no Ninhal 12<br />
4.4. Flora 16<br />
4.5. Situação fundiária 16<br />
4.6. Características sócio-econômicas e culturais da região 17<br />
5. MEDIDAS DE PRESERVAÇÃO DO NINHAL 19<br />
5.1. Mão-de-obra de apoio 19<br />
5.2. Recuperação da mata ciliar no entorno do Ninhal Porto da Fazenda e instalação<br />
do viveiro de mudas de plantas nativas 20<br />
5.2.1. Instalação do Viveiro de Mudas 22<br />
5.2.2. Comentários finais 27<br />
5.3. Elaboração e implantação de sinalização turística no entorno do Ninhal 29<br />
5.4. Implantação de trilhas e torres de observação para o atendimento dos visitantes 29<br />
5.5. Elaboração e execução do projeto de implantação dos pontos de observação 31<br />
5.6. Envolvimento da comunidade regional 36<br />
6. DIRETRIZES DE MANEJO DO NINHAL PORTO DA FAZENDA 40<br />
7. DIRETRIZES PARA O INVENTÁRIO DE NINHAIS 41<br />
7.1. Localização do Ninhal 41<br />
7.2. Situação fundiária 42<br />
7.3. Características sócio-econômicas e culturais da região 42<br />
7.4. Características do Ninhal 42<br />
7.4.1. Composição do Ninhal 42<br />
7.4.2. Comportamento das aves 42<br />
7.4.3. Definição do Uso 42<br />
xli
7.5. Diretrizes de Manejo 42<br />
7.5.1. Definição da área 42<br />
7.5.2. Isolamento terrestre e fluvial 43<br />
7.5.3. Recuperação de áreas degradadas 43<br />
7.5.4. Medidas de segurança as aves em nidificação 43<br />
7.5.5. Sinalização 43<br />
7.5.6. Instalação logística 43<br />
7.5.7. Capacitação de recursos humanos 43<br />
8. SUGESTÕES PARA ESTUDOS COMPLEMENTARES SOBRE OS<br />
FATORES QUE INIBEM A CONSERVAÇÃO DO HABITAT E<br />
ALTERNATIVAS DE MANEJO SUSTENTÁVEL 43<br />
9. SUGESTÕES PARA TRANSFERÊNCIA DAS EXPERIÊNCIAS<br />
ACUMULADAS E OUTROS AGENTES DE ECOTURISMO DO SETOR<br />
PRIVADO 44<br />
10. SUGESTÕES PARA TREINAMENTO DE PROFISSIONAIS NA ÁREA DE<br />
ECOTURISMO 44<br />
11. CONCLUSÕES 45<br />
12. RECOMENDAÇÕES 49<br />
12.1. AÇÃO 1: Aquisição da área de estudo do Ninhal Porto da Fazenda e<br />
legalização como Unidade de Conservação – RPPN 49<br />
12.2. AÇÃO 2: Elaboração e implementação do Plano de Manejo e de<br />
Monitoramento efetivo para o ecoturismo no Ninhal Porto da Fazenda 49<br />
12.3. AÇÃO 3: Construção e Implementação de um Eco-Bio-Labor 50<br />
12.4. AÇÃO 4: Implementação das diretrizes para Inventário de Ninhais como<br />
referência nos demais ninhais existentes no Pantanal 51<br />
13. RERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 52<br />
13.1. Referências específicas sobre Zoologia 52<br />
13.2. Referências específicas sobre Ciências Naturais e Sociais 52<br />
13.3. Referências específicas sobre Botânica 53<br />
14. ATORES 56<br />
ANEXOS<br />
1. RELATÓRIO: AVALIAÇÃO DE PERCENTAGEM DE PEGA DAS MUDAS<br />
NO LOCAL DEFINITIVO DE PLANTIO<br />
2. PLACAS DA TRILHA DO NINHAL<br />
3. FICHA DE INSCRIÇÃO PARA O TREINAMENTO DE PILOTEIRO<br />
TURÍSTICO – BARÃO DE MELGAÇO<br />
4. FICHA DE INSCRIÇÃO PARA O TREINAMENTO DE GUIA DE<br />
TURISMO – CUIABÁ<br />
5. FICHA DE INSCRIÇÃO PARA O TREINAMENTO DE PILOTEIRO<br />
TURÍSTICO – POCONÉ<br />
6. APOSTILA TREINAMENTO PILOTEIRO TURÍSTICO<br />
7. APOSTILA TREINAMENTO GUIA DE TURISMO<br />
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8. RELATÓRIO: ATUALIZAÇÃO DA COMUNIDADE RIBEIRINHA<br />
MELGASSENSE SENSIBILIZANDO PARA A IMPORTÂNCIA DA<br />
PRESERVAÇÃO DO NINHAL (PALESTRAS - RELATÓRIO)<br />
9. RELATÓRIOS DO TREINAMENTO DE PILOTEIRO TURÍSTICO –<br />
BARÃO DE MELGAÇO E POCONÉ<br />
10. RELATÓRIO DO TREINAMENTO GUIA DE TURISMO - CUIABÁ<br />
11. DIRETRIZES PARA MANEJO DE NINHAIS<br />
LISTA DE FIGURAS<br />
1. Área de estudo do Ninhal do Porto da Fazenda 9<br />
2. Exemplo de placa interpretativa sobre flora 32<br />
3. Placa interpretativa indicando local de observação do ninhal 33<br />
4. Placa interpretativa indicando fenômenos naturais 33<br />
LISTA DE QUADROS<br />
1. Fragilidade potencial das terras da Bacia Platina no estado de Mato Grosso 2<br />
2. Números de mudas nativas plantadas no ano de 2000 28<br />
3. Número total de mudas plantadas em 2000 e situação em julho de 2002 por espécie 28<br />
4. Ações recomendadas 51<br />
LISTA DE FOTOS<br />
1. Ninhal preto 10<br />
2. Ninho de cabeça-seca 11<br />
3. Ninhal branco 11<br />
4. Biguá (Phalacrocorax olivacea) 12<br />
5. Biguatinga (Anhinga anhinga) 13<br />
6. Baguari (Ardea cocoi) 13<br />
7. Cabeça –seca (Mycteria americana) 14<br />
8. Colheireiro (Ajaia ajaia) 14<br />
9. Garça-branca-grande (Camerodius albus) 15<br />
10. Garça-branca-pequena (Egretta thula) 15<br />
11. Mata ripária à margem do rio 20<br />
12. Vista geral do viveiro de mudas 24<br />
13. Detalhe de mudas produzidas no viveiro 24<br />
14. Replantio em sacos plásticos de mudas nativas 25<br />
15. Plantio de mudas nativas 26<br />
16. Plantio de mudas em campo sujo 27<br />
17. Placa de sinalização para orientação aos visitantes 29<br />
18. Trilha do ninhal 30<br />
19. Início da Trilha do Ninhal 31<br />
20. Torre de observação 35<br />
SIGLAS E ABREVIATURAS<br />
AMEC Associação Ecológica Melgassense<br />
ANA Agência Nacional de Águas<br />
BAP Bacia do Alto Paraguai<br />
CREA Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura<br />
DF Distrito Federal<br />
EDIBAP Estudo de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Alto Paraguai<br />
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EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />
EMBRATUR Empresa Brasileira de Turismo<br />
FEMA Fundação Estadual do Meio Ambiente<br />
GEF Global Environmental Facility (Fundo Mundial para o Meio Ambiente)<br />
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis<br />
MMA Ministério do Meio Ambiente<br />
MS Mato Grosso do Sul<br />
MT Mato Grosso<br />
OEA Organização dos Estados Americanos<br />
PCBAP Plano de Conservação da Bacia do Alto Paraguai,<br />
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Médio Ambiente<br />
RADAMBRASILProjeto RADAMBRASIL -Levantamento de Recursos Naturais<br />
RPPNs Reservas Particulares do Patrimônio Natural<br />
SESC Serviço Social do Comércio<br />
SINGTUR Sindicato dos Guias de Turismo do estado de Mato Grosso<br />
UFMT Universidade Federal de Mato Grosso<br />
UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso<br />
UNICAMP Universidade Federal de Campinas<br />
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