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Centro Universitário Barão de Mauá Curso de ... - gelson genaro

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<strong>Centro</strong> <strong>Universitário</strong> <strong>Barão</strong> <strong>de</strong> <strong>Mauá</strong><br />

<strong>Curso</strong> <strong>de</strong> Medicina Veterinária<br />

Relatório <strong>de</strong> Estágio Supervisionado <strong>de</strong> Graduação<br />

Local:<br />

<strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial Veterinário São<br />

Monografia:<br />

Francisco <strong>de</strong> Assis, São Carlos, SP<br />

“Cistite Idiopática Felina e a Periúria”<br />

Aluno: Luciana Calciolari<br />

Orientador: Prof. Dr. Gelson Genaro<br />

Ribeirão Preto<br />

Novembro/2008


CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ<br />

Relatório Final do Estágio Curricular do <strong>Curso</strong> Medicina Veterinária, realizado<br />

junto ao <strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial Veterinário São Francisco <strong>de</strong> Assis,<br />

São Carlos, SP.<br />

Monografia: “Periúria e a Cistite Idiopática Felina”<br />

I<br />

Luciana Calciolari<br />

Orientador: Prof. Dr. Gelson Genaro<br />

Supervisor: Médico Veterinário Luiz Henrique Camargo Bertocco<br />

Ribeirão Preto - SP<br />

Novembro / 2008


619<br />

C148p<br />

Ficha Catalográfica<br />

Calciolari, Luciana<br />

Periúria e a cistite idiopática felina./ Luciana<br />

Calciolari – Ribeirão Preto, 2008.<br />

48 f; 30 cm.<br />

Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> <strong>Curso</strong> (Graduação<br />

em Medicina Veterinária) – <strong>Centro</strong> <strong>Universitário</strong><br />

<strong>Barão</strong> <strong>de</strong> <strong>Mauá</strong>.<br />

Orientador: Prof. Dr. Gelson Genaro.<br />

1. Felino. 2. Cistite . 3. Periúria. 4. Medicina<br />

Veterinária.


DEDICATÓRIA E AGRADECIMENTOS<br />

Dedico esse trabalho <strong>de</strong> graduação aos felinos, em especial ao Freddy, meu gato <strong>de</strong><br />

estimação, meu filhote, meu companheiro <strong>de</strong> estudos e moradia, meu cobertor <strong>de</strong> pés nos dias<br />

frios, meu “cobaia”, meu amigo <strong>de</strong> confissões, enfim, um animal preferido <strong>de</strong>ntre tantos outros<br />

aos quais quero <strong>de</strong>dicar todos os dias da minha vida.<br />

Agra<strong>de</strong>ço, antes <strong>de</strong> tudo e sempre, à Luz Divina, Deus, os anjos e a Ave Maria, que<br />

sempre iluminaram meus caminhos e me conduziram até esse momento tão esperado: a<br />

graduação.<br />

Agra<strong>de</strong>ço aos meus pais, minha irmã e meus avós, que estiveram sempre comigo ao<br />

longo <strong>de</strong>ssa jornada, que muitas vezes pareceu não ter mais fim, mas, como tudo passa, mais<br />

essa etapa se completou, trazendo como recompensa um símbolo <strong>de</strong>ssa conquista chamado<br />

diploma, uma herança sem preço chamada conhecimento e dois sentimentos muito bons<br />

chamados orgulho e realização.<br />

Agra<strong>de</strong>ço ao meu Lú, Luis... que chegou no “último minuto do segundo tempo”,<br />

trazendo para minha vida uma felicida<strong>de</strong> e uma paz que eu não conhecia até então.<br />

Agra<strong>de</strong>ço também aos colegas e, principalmente, aos amigos, que são raros e poucos<br />

nessa vida. Obrigada Iozinha! Obrigada Ana Carla! Obrigada turma da São Francisco,<br />

especialmente Dr. Alexandre e Dr. Luiz que foram os verda<strong>de</strong>iros professores da prática<br />

veterinária!<br />

Agra<strong>de</strong>ço com sincerida<strong>de</strong> aos professores da <strong>Barão</strong> <strong>de</strong> <strong>Mauá</strong>, especialmente aos<br />

professores Daniel, Matheus, Paola, Patto e Rubens, que foram mais que professores, foram<br />

mentores e amigos, que mesmo através <strong>de</strong> críticas e repreensões, me conduziram à<br />

perseverança e à busca pelo conhecimento, busca a qual, já me pareceu muitas vezes árdua,<br />

<strong>de</strong>sinteressante, estressante e até <strong>de</strong>snecessária, mas que agora tenho como um presente,<br />

uma dádiva que nunca mais terá sua importância questionada.<br />

Agra<strong>de</strong>ço e também prometo nunca me esquecer <strong>de</strong> pessoas como Dona Marilda,<br />

Milrian e ”Tia Néia”, do Hospital Veterinário, além da “Dona Val", do condomínio on<strong>de</strong> morei<br />

nos cinco anos <strong>de</strong> faculda<strong>de</strong>... Ah, já estou com sauda<strong>de</strong>s! Essas quatro mulheres estiveram<br />

sempre presentes, <strong>de</strong> um jeito ou <strong>de</strong> outro no meu dia-a-dia, dispostas a dar atenção, um<br />

sorriso ou uma palavra <strong>de</strong> conforto, fazendo meus dias mais iluminados.<br />

Agra<strong>de</strong>ço ainda ao meu orientador, Prof. Gelson, que, através <strong>de</strong> seu conhecimento e<br />

serieda<strong>de</strong>, me guiou pacientemente ao longo da confecção <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

Agra<strong>de</strong>ço e peço perdão aos não citados, pois também os quero bem.<br />

Agra<strong>de</strong>ço por fim a todos os animais que colaboraram (muitos com suas próprias vidas)<br />

com meu aprendizado ao longo do curso <strong>de</strong> graduação e peço a Deus um lugarzinho especial<br />

pra cada um <strong>de</strong>les lá no céu.<br />

II


“Verda<strong>de</strong>iramente bom é Deus para com Israel, para com os limpos <strong>de</strong> coração. Quanto a mim,<br />

os meus pés quase resvalaram; pouco faltou para que os meus passos escorregassem.<br />

Pois eu tinha inveja dos soberbos, ao ver a prosperida<strong>de</strong> dos ímpios. Porque eles não sofrem<br />

dores; são e robusto é o seu corpo. Não se acham em tribulações como outra gente, nem são<br />

afligidos como os <strong>de</strong>mais homens. Pelo que a soberba lhes cinge o pescoço como um colar; a<br />

violência os cobre como um vestido. Os olhos <strong>de</strong>les estão inchados <strong>de</strong> gordura; trasbordam as<br />

fantasias do seu coração. Motejam e falam maliciosamente; falam arrogantemente da<br />

opressão. Põem a sua boca contra os céus, e a sua língua percorre a terra.<br />

Pelo que o povo volta para eles e não acha neles falta alguma. E dizem: Como o sabe Deus?<br />

Há conhecimento no Altíssimo? Eis que estes são ímpios; sempre em segurança, aumentam<br />

as suas riquezas. Na verda<strong>de</strong> que em vão tenho purificado o meu coração e lavado as minhas<br />

mãos na inocência, pois todo o dia tenho sido afligido, e castigado cada manhã.<br />

Se eu tivesse dito: Também falarei assim; eis que me teria havido traiçoeiramente para com a<br />

geração <strong>de</strong> teus filhos. Quando me esforçava para compreen<strong>de</strong>r isto, achei que era tarefa difícil<br />

para mim, até que entrei no santuário <strong>de</strong> Deus; então percebi o fim <strong>de</strong>les.<br />

Certamente tu os pões em lugares escorregadios, tu os lanças para a ruína.<br />

Como caem na <strong>de</strong>solação num momento! Ficam totalmente consumidos <strong>de</strong> terrores.<br />

Como faz com um sonho o que acorda, assim, ó Senhor, quando acordares, <strong>de</strong>sprezarás as<br />

suas fantasias. Quando o meu espírito se amargurava, e sentia picadas no meu coração,<br />

estava embrutecido, e nada sabia; era como animal diante <strong>de</strong> ti. Todavia estou sempre contigo;<br />

tu me seguras a mão direita. Tu me guias com o teu conselho, e <strong>de</strong>pois me receberás em<br />

glória. A quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu <strong>de</strong>seje além <strong>de</strong> ti.<br />

A minha carne e o meu coração <strong>de</strong>sfalecem; do meu coração, porém, Deus é a fortaleza, e o<br />

meu quinhão para sempre. Pois os que estão longe <strong>de</strong> ti perecerão; tu exterminas todos<br />

aqueles que se <strong>de</strong>sviam <strong>de</strong> ti. Mas para mim, bom é aproximar-me <strong>de</strong> Deus; ponho a minha<br />

confiança no Senhor Deus, para anunciar todas as suas obras”<br />

“Gato é tudo <strong>de</strong> bom!”<br />

III<br />

(Salmo 73)


SUMÁRIO<br />

I. Relatório <strong>de</strong> estágio ......................................................................... 1<br />

1. Introdução .................................................................................... 2<br />

2. Descrição da entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estágio ............................................... 2<br />

3. Descrição das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estágio ........................................... 2<br />

4. Discussão das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estágio ........................................... 10<br />

5. Conclusão .................................................................................... 11<br />

II. Monografia: Periúria e a Cistite Idiopática Felina............................. 12<br />

Resumo / Abstract ........................................................................... 13<br />

1. Introdução .................................................................................... 14<br />

2. Revisão Anatômica ...................................................................... 15<br />

2.1. Vesícula Urinária ...................................................................... 15<br />

2.2. Uretra ....................................................................................... 16<br />

3. Fisiopatogenia ............................................................................. 17<br />

4. Fatores predisponentes ............................................................... 18<br />

5. Sinais clínicos .............................................................................. 19<br />

6. Sinais comportamentais .............................................................. 20<br />

7. Diagnóstico .................................................................................. 22<br />

7.1. Demarcação urinária ............................................................... 22<br />

7.2. Eliminação urinária ina<strong>de</strong>quada ou Periúria ............................. 24<br />

7.3. Histórico .................................................................................... 26<br />

7.4. Exame físico ............................................................................. 28<br />

Continua...<br />

IV


...Continuação<br />

7.5. Exames complementares ......................................................... 28<br />

8. Diagnóstico diferencial ................................................................. 30<br />

8.1. Urolitíase ................................................................................... 30<br />

8.2. “Plug” uretral ............................................................................. 31<br />

8.3. Defeitos anatômicos ................................................................. 33<br />

8.4. Neoplasias ................................................................................ 33<br />

8.5. Causas infecciosas ................................................................... 33<br />

8.6. Spray urinário ........................................................................... 34<br />

8.7. Causas medicamentosas ......................................................... 34<br />

8.8. Ruptura vesical ......................................................................... 35<br />

8.9. Incontinência urinária ................................................................ 35<br />

9. Tratamento clínico e comportamental ......................................... 35<br />

10. Profilaxia .................................................................................... 38<br />

11. Pesquisa.. .................................................................................. 40<br />

11.1. Resultados............................................................................... 40<br />

11.2. Discussão e conclusão da pesquisa........................................ 42<br />

12. Conclusão................................................................................... 43<br />

13. Referências ................................................................................ 44<br />

V


LISTA DE FIGURAS<br />

Fig. 1: Esquematização dos órgãos urogenitais da gata em que se<br />

observam: A. vagina; B. uretra; C. bexiga urinária; D. ureter; E.<br />

corno uterino; F. Ovário; G. reto (Arquivo pessoal, 2008).................<br />

Fig. 2: Esquematização dos órgãos urogenitais do gato on<strong>de</strong> se<br />

observam: A. prepúcio; B. Glan<strong>de</strong> do pênis; C. pênis; D. Glândula<br />

bulbouretral; E. uretra; F. próstata; G. bexiga urinária; H. ureter; I.<br />

reto; J. testículo (Arquivo pessoal, 2008) .........................................<br />

Fig. 3: Esquematização da divisão da uretra do gato. Observar: 1.<br />

uretra pré-prostática; 2. uretra prostática; 3. uretra membranosa; 4.<br />

uretra peniana; A. bexiga urinária; B. ureter; C. próstata; D.<br />

glândula bulbouretral; E. pênis; F. testículo (Arquivo pessoal,<br />

2008) ................................................................................................<br />

Fig. 4 e 5: Fotografias <strong>de</strong>monstrando gato exibindo<br />

comportamento normal <strong>de</strong> micção em ban<strong>de</strong>ja sanitária (Arquivo<br />

pessoal, 2008) ..................................................................................<br />

Fig. 6 e 7: Fotografias <strong>de</strong> um gato exibindo início da seqüência<br />

comportamental característica do spray urinário, se aproximando<br />

da superfície vertical, cheirando-a e esfregando-se nesta (Arquivo<br />

pessoal, 2008) ..................................................................................<br />

Fig. 8: Fotografia <strong>de</strong> um gato exibindo parte da seqüência<br />

comportamental característica do spray urinário, em que ele<br />

levanta a cauda, arqueia as costas, treme a cauda e promove um<br />

borrifo <strong>de</strong> urina na direção horizontal (Arquivo pessoal, 2008) ........<br />

15<br />

16<br />

16<br />

22<br />

23<br />

24<br />

VI<br />

Continua...


... Continuação<br />

Fig. 9: Radiografia simples do abdômen <strong>de</strong> um gato macho sem<br />

DITUIF. Observar bexiga urinária repleta e <strong>de</strong>ntro dos padrões<br />

consi<strong>de</strong>rados normais (seta) (Arquivo pessoal <strong>de</strong> BERTOCCO,<br />

2008).................................................................................................<br />

Fig. 10: Ultra-sonografia <strong>de</strong> vesícula urinária <strong>de</strong> um gato S.R.D.<br />

<strong>de</strong> um ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> com CIF. Observar material em suspensão e<br />

<strong>de</strong>positado no assoalho da bexiga (setas) (Arquivo pessoal <strong>de</strong><br />

DEVELEY, 2007) ..............................................................................<br />

Fig. 11: Radiografia simples do abdômen <strong>de</strong> um gato macho com<br />

obstrução uretral total. Observar bexiga urinária extremamente<br />

distendida (seta) (Arquivo pessoal <strong>de</strong> BERTOCCO, 2008) .............<br />

Fig. 12: Fotografia do procedimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>sobstrução uretral em<br />

um gato macho <strong>de</strong> três anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> com quadro <strong>de</strong> anúria há<br />

dois dias. À urinálise observaram-se cristais <strong>de</strong> estruvita em<br />

gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> (Arquivo pessoal, 2008) ....................................<br />

Fig. 13: Fotografia <strong>de</strong> um gato exibindo o “bunting” (Arquivo<br />

pessoal, 2008)...................................................................................<br />

29<br />

30<br />

32<br />

32<br />

38<br />

VII


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1 – Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas, por especialida<strong>de</strong> veterinária,<br />

no <strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial Veterinário São Francisco <strong>de</strong> Assis,<br />

no período <strong>de</strong> 30/06/2008 a 03/10/2008 .............................................<br />

Tabela 2 – Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas na especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> clínica<br />

médica, no <strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial Veterinário São Francisco<br />

<strong>de</strong> Assis, no período <strong>de</strong> 30/06/2008 a 03/10/2008 ..............................<br />

Tabela 3 – Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas na especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> clínica<br />

cirúrgica, no <strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial Veterinário São Francisco<br />

<strong>de</strong> Assis, no período <strong>de</strong> 30/06/2008 a 03/10/2008 ..............................<br />

Tabela 4 – Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas, com métodos auxiliares <strong>de</strong><br />

diagnóstico na área <strong>de</strong> radiologia, no <strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial<br />

Veterinário São Francisco <strong>de</strong> Assis, no período <strong>de</strong> 30/06/2008 a<br />

03/10/2008 ...........................................................................................<br />

Tabela 5 - Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas, com métodos auxiliares <strong>de</strong><br />

diagnóstico na área <strong>de</strong> patologia clínica, no <strong>Centro</strong> Clínico e<br />

Laboratorial Veterinário São Francisco <strong>de</strong> Assis, no período <strong>de</strong><br />

30/06/2008 a 03/10/2008 .....................................................................<br />

Tabela 6 - Procedimentos <strong>de</strong>senvolvidos no <strong>Centro</strong> Clínico e<br />

Laboratorial Veterinário São Francisco <strong>de</strong> Assis, no período <strong>de</strong><br />

30/06/2008 a 03/10/2008<br />

VIII<br />

3<br />

3<br />

6<br />

7<br />

9<br />

9


LISTA DE GRÁFICOS<br />

Gráfico 1: Resultados obtidos do levantamento na base <strong>de</strong> dados<br />

do “<strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial Veterinário São Francisco <strong>de</strong><br />

Assis” relativo ao período <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2006 à 3 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong><br />

2008, relacionando o número <strong>de</strong> gatos com DTUIF com o número<br />

<strong>de</strong> atendimentos .................................................................................<br />

Gráfico 2: Resultados obtidos do levantamento na base <strong>de</strong> dados<br />

do “<strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial Veterinário São Francisco <strong>de</strong><br />

Assis” relativo ao período <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2006 à 3 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong><br />

2008, relacionando o número <strong>de</strong> gatos com DTUIF com o número<br />

<strong>de</strong> atendimentos, separando-se por sexo ..........................................<br />

41<br />

41<br />

IX


I. RELATÓRIO DE ESTÁGIO<br />

1


1. Introdução<br />

Visando a aplicação e o aperfeiçoamento dos conhecimentos adquiridos<br />

durante o curso <strong>de</strong> graduação em Medicina Veterinária no <strong>Centro</strong> <strong>Universitário</strong><br />

“<strong>Barão</strong> <strong>de</strong> <strong>Mauá</strong>”, foi realizado, no período <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2008 à 03 <strong>de</strong><br />

Outubro <strong>de</strong> 2008, o estágio curricular no <strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial<br />

Veterinário São Francisco <strong>de</strong> Assis situado na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Carlos / SP.<br />

2. Descrição da entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estágio<br />

O <strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial Veterinário São Francisco <strong>de</strong> Assis,<br />

localizado na Rua Nove <strong>de</strong> Julho, nº 1827, <strong>Centro</strong>, São Carlos / SP, atua na<br />

área <strong>de</strong> clínica médica e cirúrgica <strong>de</strong> pequenos animais, patologia clínica,<br />

eletrocardiograma e diagnóstico por imagem. Conta com uma sala <strong>de</strong><br />

atendimento, uma sala <strong>de</strong> anamnese, uma sala <strong>de</strong> espera, uma sala <strong>de</strong><br />

radiologia com uma sala para revelação <strong>de</strong> imagens radiográficas, um centro<br />

cirúrgico e sala <strong>de</strong> emergência, um laboratório <strong>de</strong> exames <strong>de</strong> patologia clínica<br />

(hematológicos, bioquímicos, coprológicos, <strong>de</strong>rmatológicos e citológicos) e uma<br />

sala para internação. Tanto os exames <strong>de</strong> patologia clínica como os<br />

radiológicos são oriundos ou do atendimento <strong>de</strong> pacientes do próprio centro<br />

veterinário ou daqueles encaminhados por outras clínicas veterinárias e<br />

profissionais da cida<strong>de</strong> e arredores. Os exames radiográficos são realizados na<br />

maioria em cães e gatos, além <strong>de</strong> raros animais silvestres. Os exames <strong>de</strong><br />

patologia clínica abrangem a maioria das espécies animais, principalmente<br />

caninos e felinos, além <strong>de</strong> eqüinos, bovinos, ovinos e caprinos.<br />

3. Descrição das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estágio<br />

No estágio realizado junto ao <strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial Veterinário<br />

São Francisco <strong>de</strong> Assis se realizou o acompanhamento <strong>de</strong> consultas, coletas<br />

2


<strong>de</strong> amostras e realização <strong>de</strong> exames <strong>de</strong> patologia clínica, radiografias, ultra-<br />

sonografias, eletrocardiogramas, cirurgias e atendimentos emergenciais, além<br />

da realização do trabalho <strong>de</strong> enfermagem em animais internados e nos que<br />

vinham diariamente para fluidoterapia, medicação e curativos.<br />

Tabela 1 – Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas, por especialida<strong>de</strong> veterinária, no <strong>Centro</strong><br />

Clínico e Laboratorial Veterinário São Francisco <strong>de</strong> Assis, no período <strong>de</strong><br />

30/06/2008 a 03/10/2008.<br />

Especialida<strong>de</strong> Espécie canina Espécie Felina Total<br />

Clínica Médica 151 42 193<br />

Clínica Cirúrgica 94 71 165<br />

Diagnóstico por Imagem 58 26 84<br />

Patologia Clínica 809 155 964<br />

Procedimentos 235 76 311<br />

Total 1347 370 1717<br />

Tabela 2 – Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas na especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> clínica médica, no<br />

<strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial Veterinário São Francisco <strong>de</strong> Assis, no período <strong>de</strong><br />

30/06/2008 a 03/10/2008.<br />

Diagnóstico e/ou suspeita clínica Espécie<br />

Canina<br />

Espécie<br />

Felina<br />

Atopia 5 0 5<br />

Babesiose 2 0 2<br />

Berne (Dermatobia hominis) 4 0 4<br />

Cardiomegalia 5 0 5<br />

Catarata 4 2 6<br />

Total<br />

3<br />

Continua...


... Continuação<br />

Diagnóstico e/ou suspeita clínica Espécie<br />

Canina<br />

Espécie<br />

Felina<br />

Choque hipovolêmico 3 3 6<br />

Cio silencioso 1 0 1<br />

Cistite 3 1 4<br />

Cólica Intestinal 3 0 3<br />

Convulsão 4 0 4<br />

Dermatite alérgica por hormônio sexual 3 0 3<br />

Dermatite alérgica por picada <strong>de</strong> pulga 3 0 3<br />

Dermatite fúngica 6 2 8<br />

Dermatite úmida por lambedura 2 0 2<br />

Doença respiratória infecciosa felina 0 8 8<br />

Enterite verminótica 5 0 5<br />

Envenenamento por “comigo-ninguém-<br />

po<strong>de</strong>” (Dieffembachia amoena)<br />

Envenenamento por ro<strong>de</strong>nticida (anti-<br />

coagulante)<br />

Erliquiose 6 0 6<br />

Fístula <strong>de</strong> glândula adianal 1 0 1<br />

Foliculite e furunculose 1 0 1<br />

Gastrite 4 1 5<br />

2<br />

3<br />

0<br />

3<br />

Total<br />

Gastroenterite hemorrágica 10 1 11<br />

Hemotórax 2 3 5<br />

Hepatite 4 0 4<br />

Hipotireoidismo 3 0 3<br />

Inflamação <strong>de</strong> calos <strong>de</strong> apoio 2 0 2<br />

Insuficiência Renal Crônica 5 3 8<br />

Intoxicação por ingestão <strong>de</strong> sabão 1 0 1<br />

Leishmaniose 1 0 1<br />

2<br />

6<br />

4<br />

Continua...


... Continuação<br />

Diagnóstico e/ou suspeita clínica Espécie<br />

Canina<br />

Espécie<br />

Felina<br />

Linfoma 3 0 3<br />

Miíase (Cochiliomyia hominivorax) 2 1 3<br />

Necrose gasosa por picada <strong>de</strong> aranha<br />

(in<strong>de</strong>finida)<br />

Neoplasia generalizada 2 1 3<br />

Neoplasia mista em coxim plantar 1 0 1<br />

Obstrução uretral 1 3 4<br />

Orientação pediátrica 6 1 7<br />

Orientação pré-parto 4 0 4<br />

Otite 6 2 8<br />

Pneumonia por falsa via 2 0 2<br />

Pseudociese 4 0 4<br />

Sarna Demodécica 4 1 5<br />

Sarna Notoédrica 0 4 4<br />

Toxinfecção alimentar 4 0 4<br />

Traqueíte alérgica (fumaça <strong>de</strong> cigarro) 2 0 2<br />

Traumatismo craniano 1 2 3<br />

Tumor venéreo transmissível (TVT) 3 0 3<br />

Úlcera <strong>de</strong> Córnea 4 0 4<br />

Urolitíase 3 0 3<br />

1<br />

0<br />

Total<br />

Total 151 42 193<br />

1<br />

5


Tabela 3 – Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas na especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> clínica cirúrgica, no<br />

<strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial Veterinário São Francisco <strong>de</strong> Assis, no período <strong>de</strong><br />

30/06/2008 a 03/10/2008.<br />

Clínica Cirúrgica Espécie<br />

canina<br />

Espécie<br />

felina<br />

Amputação <strong>de</strong> membro pélvico 0 1 1<br />

Cau<strong>de</strong>ctomia (filhote até 7 dias <strong>de</strong> vida) 8 0 8<br />

Cesariana 3 0 3<br />

Cistotomia para retirada <strong>de</strong> urólitos 1 0 1<br />

Discopatia lombar (L2-L3) 1 1 2<br />

Discopatia lombar (L4-L5) 1 0 1<br />

Enucleação 1 0 1<br />

Esofagorrafia – ruptura por corpo<br />

estranho<br />

Exerese - Hemangioma 1 0 1<br />

Exerese - hemangiossarcoma 1 0 1<br />

Exerese - lipoma 2 0 2<br />

Exerese – neoplasia mamária 4 0 4<br />

Feridas Punctórias (mor<strong>de</strong>dura) 3 2 5<br />

Fratura em tíbia-fíbula e dilaceração <strong>de</strong><br />

pele e músculo em região <strong>de</strong> metatarso<br />

Fratura incompleta em coluna cervical<br />

(C3)<br />

Fratura incompleta em íleo, ísquio e púbis 1 2 3<br />

Hematometra ou hemometra 1 0 1<br />

Laparorrafia – correção <strong>de</strong> evisceração <strong>de</strong><br />

alças intestinais<br />

Luxação coxo-femoral 5 0 5<br />

Luxação <strong>de</strong> patela 3 0 3<br />

1<br />

0<br />

1<br />

1<br />

0<br />

1<br />

0<br />

0<br />

Total<br />

1<br />

1<br />

1<br />

1<br />

6<br />

Continua...


... Continuação<br />

Clínica Cirúrgica Espécie<br />

canina<br />

Espécie<br />

felina<br />

Luxação mandibular 1 0 1<br />

Total<br />

Orquiectomia 20 30 50<br />

Ortopedia – colocação <strong>de</strong> pino e<br />

cerclagem em fêmur<br />

Ortopedia – colocação <strong>de</strong> pino e<br />

cerclagem em tíbia<br />

Ovariosalpingohisterectomia 18 26 44<br />

Penectomia 0 2 2<br />

Pinçamento intervertebral - discopatia 3 0 3<br />

Piometra 2 2 4<br />

Redução <strong>de</strong> hérnia umbilical 1 0 1<br />

Retirada <strong>de</strong> cálculo <strong>de</strong>ntário 3 1 4<br />

Ruptura uterina - retirada <strong>de</strong> fetos mortos<br />

da cavida<strong>de</strong><br />

Sepultamento <strong>de</strong> glândula lacrimal 4 0 4<br />

Total 94 71 165<br />

Tabela 4 – Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas, com métodos auxiliares <strong>de</strong> diagnóstico<br />

na área <strong>de</strong> radiologia, no <strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial Veterinário São<br />

Francisco <strong>de</strong> Assis, no período <strong>de</strong> 30/06/2008 a 03/10/2008.<br />

Região - Alteração Espécie<br />

1<br />

2<br />

0<br />

canina<br />

2<br />

0<br />

1<br />

Espécie<br />

felina<br />

Abdômen – massa/tumor generalizado 1 1 2<br />

Bexiga urinária - distensão 1 3 4<br />

Coluna vertebral – fratura 3 4 7<br />

3<br />

2<br />

1<br />

Total<br />

7<br />

Continua...


... Continuação<br />

Região - Alteração Espécie<br />

Coluna vertebral – hérnia <strong>de</strong> disco<br />

intervertebral<br />

canina<br />

Espécie<br />

felina<br />

Total<br />

3 1 4<br />

Coluna vertebral – osteófitos 3 0 3<br />

Costelas – fratura 2 2 4<br />

Coxofemoral – displasia 6 0 6<br />

Crânio – massa em região <strong>de</strong> maxilar 1 1 2<br />

Crânio – reação periosteal próximo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>nte infeccionado<br />

1 0 1<br />

Esôfago – presença <strong>de</strong> corpo estranho 2 0 2<br />

Esôfago (contrastado) – megaesôfago 1 0 1<br />

Estômago – espessamento da pare<strong>de</strong> 3 0 3<br />

Estômago – presença <strong>de</strong> corpo estranho 2 1 3<br />

Estômago– dilatação após atropelamento 1 0 1<br />

Falange distal – fratura 1 0 1<br />

Fêmur – fratura 2 2 4<br />

Fêmur – pino intramedular e cerclagem 2 1 3<br />

Fêmur-Rádio-ulna – luxação 1 0 1<br />

Hepatomegalia 3 0 3<br />

Osso Coxal – Fratura 5 3 8<br />

Rádio-ulna – fratura 5 2 7<br />

Rádio-ulna – osteossarcoma 1 0 1<br />

Tíbia – pino intramedular 2 1 3<br />

Tíbia e fíbula – fratura 2 2 4<br />

Útero – gestação 4 2 6<br />

Total 58 26 84<br />

8


Tabela 5 - Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas, com métodos auxiliares <strong>de</strong> diagnóstico na<br />

área <strong>de</strong> patologia clínica, no <strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial Veterinário São<br />

Francisco <strong>de</strong> Assis, no período <strong>de</strong> 30/06/2008 a 03/10/2008.<br />

Tipo <strong>de</strong> Exame Espécie<br />

Canina<br />

Espécie<br />

Felina<br />

Total<br />

Bioquímicos 443 88 531<br />

Citológico 13 02 15<br />

Coprologia (Flutuação) 21 02 23<br />

Dermatológico 15 08 23<br />

Hemograma com pesquisa <strong>de</strong> hemoparasita 305 49 354<br />

Urinálise 12 06 18<br />

Total 809 155 964<br />

Tabela 6 - Procedimentos <strong>de</strong>senvolvidos no <strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial<br />

Veterinário São Francisco <strong>de</strong> Assis, no período <strong>de</strong> 30/06/2008 a 03/10/2008<br />

Procedimento Espécie<br />

Canina<br />

Espécie<br />

Felina<br />

Total<br />

Coleta <strong>de</strong> sangue para exames laboratoriais 120 40 160<br />

Coleta e inseminação artificial (IA) 2 0 2<br />

Eutanásia 8 2 10<br />

Ressuscitação cardiopulmonar (RCP) 5 4 9<br />

Vacinação 100 30 130<br />

Total 235 76 311<br />

9


4. Discussão das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estágio<br />

Durante o período <strong>de</strong> estágio, a maioria dos atendimentos das áreas <strong>de</strong><br />

clínica e <strong>de</strong> patologia clínica foram voltados principalmente para a espécie<br />

canina, porém, consi<strong>de</strong>rando-se a área cirúrgica, nos quesitos<br />

ovariosalpingohisterectomia e orquiectomia, a espécie felina foi a mais<br />

evi<strong>de</strong>nte. Isto se <strong>de</strong>ve ao fato da prefeitura da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Carlos possuir um<br />

projeto <strong>de</strong> “castração a baixo custo” em parceria com as clínicas veterinárias,<br />

sendo que a prefeitura fornece o material necessário e o cliente arca somente<br />

com o valor da mão-<strong>de</strong>-obra do Médico Veterinário, tornando o custo <strong>de</strong>ste<br />

procedimento em felinos bastante acessível, mais ainda quando comparado<br />

com caninos.<br />

Dentre os atendimentos à caninos, a maior casuística foi a das<br />

gastroenterites hemorrágicas, principalmente <strong>de</strong>ntre filhotes e animais não<br />

vacinados. Já se tratando <strong>de</strong> felinos, a maior ocorrência foi o complexo das<br />

doenças respiratórias infecciosas felinas (rinotraqueíte e calicivirose), sendo<br />

que a maioria dos proprietários não tinha conhecimento da existência <strong>de</strong><br />

vacinas específicas para gatos e da prevenção que estas po<strong>de</strong>riam ter<br />

oferecido contra a patologia apresentada por seu animal <strong>de</strong>ntre as <strong>de</strong>mais.<br />

Consi<strong>de</strong>rando a área <strong>de</strong> diagnóstico por imagem, os caninos também<br />

ocorreram em maior número, sendo as fraturas, tanto <strong>de</strong>ntre caninos como<br />

felinos, as mais observadas.<br />

Já patologia clínica, com 964 exames realizados ao total, tanto <strong>de</strong><br />

caninos como felinos (além <strong>de</strong> outras espécies em números reduzidos), foi a<br />

mais numerosa <strong>de</strong>ntre todas as áreas. Os exames bioquímicos foram os mais<br />

requisitados, superando os hemogramas. Isto porque a maioria dos Médicos<br />

Veterinários que encaminham exames ao <strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial<br />

Veterinário São Francisco <strong>de</strong> Assis, já criaram um padrão <strong>de</strong> pedido <strong>de</strong><br />

exames, requisitando, além do habitual hemograma, mais dois ou três<br />

bioquímicos por animal.<br />

Apesar da clientela do <strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial Veterinário São<br />

Francisco <strong>de</strong> Assis ser na maioria <strong>de</strong> pessoas com bom grau <strong>de</strong> instrução e<br />

10


nível social, algumas vezes o tratamento e acompanhamento foram dificultados<br />

por parte dos proprietários, que mesmo enten<strong>de</strong>ndo a necessida<strong>de</strong> dos<br />

retornos e administração <strong>de</strong> medicamentos conforme prescritos, não o faziam<br />

ou faziam <strong>de</strong> formas ina<strong>de</strong>quadas, prejudicando o sucesso terapêutico. O<br />

mesmo ocorreu em relação à profilaxia <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas patologias,<br />

principalmente quanto à vacinação.<br />

5. Conclusão <strong>de</strong> estágio<br />

Através do estágio curricular foi possível colocar em prática os conceitos<br />

aprendidos durante o curso <strong>de</strong> graduação e amplia-los ainda mais,<br />

principalmente nas áreas <strong>de</strong> clínica <strong>de</strong> pequenos animais, radiologia e<br />

patologia clínica.<br />

Também foi muito útil o aprendizado relacionado ao atendimento ao<br />

cliente e paciente, além das melhores formas <strong>de</strong> lidar com situações<br />

estressantes e imprevistos na rotina <strong>de</strong> uma clínica veterinária.<br />

Nem décadas <strong>de</strong> estágios seriam suficientes para ensinar tudo sobre a<br />

Medicina Veterinária e sua prática, porém, o estágio curricular foi bastante<br />

proveitoso e atingiu seu objetivo, fornecendo base suficiente para enfrentar os<br />

<strong>de</strong>safios que estão por vir nesta profissão.<br />

11


II. MONOGRAFIA: “Periúria e a Cistite Idiopática Felina”<br />

12


Resumo<br />

A cistite idiopática felina (CIF), que tem como provável causa a<br />

inflamação neurogênica da bexiga urinária, apresenta, <strong>de</strong>ntre outros pontos<br />

importantes, os problemas comportamentais que se manifestam principalmente<br />

através da eliminação urinária ina<strong>de</strong>quada ou periúria, ou seja, a eliminação<br />

que ocorre em locais que não a ban<strong>de</strong>ja sanitária. O diagnóstico da CIF se<br />

baseia em diversos fatores, como o histórico do animal (incluindo a análise do<br />

ambiente e das possíveis fontes <strong>de</strong> estresse), sinais clínicos, sinais<br />

comportamentais - diferenciando a eliminação ina<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> urina da<br />

<strong>de</strong>marcação urinária; exame físico e diagnósticos diferenciais. O foco principal<br />

do tratamento e da profilaxia <strong>de</strong>sta patologia consiste na eliminação das<br />

possíveis fontes <strong>de</strong> estresse, bem como nas modificações ambientais<br />

necessárias. A terapia medicamentosa só é indicada para o alívio da dor e<br />

redução <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong>, uma vez que a CIF é autolimitante.<br />

Palavras-chave: felino, cistite, idiopática, periúria, ban<strong>de</strong>ja sanitária, estresse<br />

Abstract<br />

The feline idiopathic cystitis (FIC), which has as its probable cause the<br />

neurogenic blad<strong>de</strong>r inflammation, presents, among another important points,<br />

the behavior problems which manifests mostly by inappropriate urine<br />

elimination, or else, the elimination that occurs at places that not the litter box.<br />

The FIC diagnoses is based on several factors, as the animal history (including<br />

environment and possible stress source analysis), clinical signs, behavior signs<br />

- differentiating the inappropriate urine elimination from the urine <strong>de</strong>marking;<br />

physical examination and differentials diagnosis. This pathology treatment and<br />

prophylaxis principal focus consists on eliminating the possible stress sources,<br />

as well as the necessary environment modifications. The medical therapy is<br />

only indicated for pain relief and anxiety <strong>de</strong>crease, once that FIC is self-limiting.<br />

Keywords: feline, cystitis, idiopathic, inappropriate elimination, litter box, stress<br />

13


1. Introdução<br />

Atualmente, o gato (Felis silvestris catus), é visto como um "pet" i<strong>de</strong>al<br />

para os moradores <strong>de</strong> apartamentos e para os casais que trabalham fora <strong>de</strong><br />

casa, isto porque, diferentemente do cão (Canis familiaris), o gato não<br />

necessita <strong>de</strong> caminhadas diárias para se exercitar e realizar suas excreções,<br />

pois uma ban<strong>de</strong>ja sanitária na própria residência é basicamente o que ele<br />

precisa. O gato apren<strong>de</strong> a utilizar da ban<strong>de</strong>ja sanitária para todas suas<br />

excreções sem necessida<strong>de</strong> alguma <strong>de</strong> treinamento, pois os substratos<br />

utilizados, geralmente similares à areia, conferem um estímulo natural ao seu<br />

uso. Mesmo assim, nos últimos anos vem se tornando cada vez maior o<br />

número <strong>de</strong> proprietários <strong>de</strong> gatos queixando-se <strong>de</strong> “eliminações ina<strong>de</strong>quadas”,<br />

ou seja, eliminações (fecais e urinárias) que ocorrem fora das ban<strong>de</strong>jas<br />

sanitárias, fugindo então ao padrão comportamental por eles esperado (OLM &<br />

HOUPT, 1988).<br />

A periúria <strong>de</strong>nomina as eliminações urinárias ina<strong>de</strong>quadas, que<br />

possuem, <strong>de</strong>ntre outras, a cistite idiopática felina como principal causa clínica<br />

(GUNN-MOORE, 2003; SEAWRIGHT et al., 2008).<br />

A cistite idiopática felina (CIF), também conhecida por cistite intersticial<br />

felina, é uma das doenças idiopáticas do trato urinário inferior dos felinos<br />

(DITUIF) e é caracterizada pelas manifestações clínicas e alterações<br />

morfológicas na bexiga urinária que tenham causa idiopática, correspon<strong>de</strong>ndo<br />

a 65% doas casos não-obstrutivos estudados (GUNN-MOORE, 2003;<br />

SEAWRIGHT et al., 2008).<br />

Diferentemente da periúria, que po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong>vido a patologias, existe<br />

o spray urinário, que está relacionado à <strong>de</strong>marcação territorial, um<br />

comportamento natural, realizado felinos saudáveis, tanto machos como<br />

fêmeas, tendo maior expressão <strong>de</strong>ntre os machos (OSBORNE et al., 2004). A<br />

correta diferenciação <strong>de</strong>ntre essas manifestações é imprescindível para o<br />

diagnóstico e tratamento a<strong>de</strong>quados, fazendo-se necessária uma completa<br />

análise clínica e comportamental do animal (NEILSON J. C., 2004).<br />

14


2. Revisão Anatômica<br />

O trato urinário inferior dos felinos é composto por vesícula ou bexiga<br />

urinária e uretra (CORGOZINHO & SOUZA, 2003).<br />

2.1. Vesícula Urinária<br />

Nos gatos, a bexiga urinária é musculomembranosa, possui formato <strong>de</strong><br />

feijão e está localizada na cavida<strong>de</strong> abdominal ventral entre a pare<strong>de</strong> ventral<br />

corpórea e o cólon <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, po<strong>de</strong>ndo variar <strong>de</strong> posição, formato e<br />

tamanho conforme o grau <strong>de</strong> enchimento (Fig. 1 e 2) (ELLENPORT, 1986).<br />

A vesícula urinária é dividida em 3 porções: porção cranial, <strong>de</strong>nominada<br />

ápice ou vértice (que tem em seu centro um tecido cicatricial que é um vestígio<br />

do úraco, que na vida fetal faz a ligação entre a bexiga e o alantói<strong>de</strong>); porção<br />

média ou corpo da bexiga e extremida<strong>de</strong> caudal ou colo. É recoberta pelo<br />

peritônio e fixada em seu local através <strong>de</strong> seu colo e dos ligamentos medial e<br />

lateral (ELLENPORT, 1986). O ápice e o corpo da bexiga com sua musculatura<br />

lisa formam o músculo <strong>de</strong>trusor, responsável pelo esvaziamento vesical<br />

(CORGOZINHO & SOUZA, 2003).<br />

A<br />

G<br />

B<br />

C<br />

Fig. 1: Esquematização dos órgãos urogenitais da gata em que se observam: A. vagina; B.<br />

uretra; C. bexiga urinária; D. ureter; E. corno uterino; F. Ovário; G. reto (Arquivo pessoal, 2008)<br />

D<br />

E<br />

F<br />

15


J<br />

Fig. 2: Esquematização dos órgãos urogenitais do gato on<strong>de</strong> se observam: A. prepúcio; B.<br />

Glan<strong>de</strong> do pênis; C. pênis; D. Glândula bulbouretral; E. uretra; F. próstata; G. bexiga urinária;<br />

H. ureter; I. reto; J. testículo (Arquivo pessoal, 2008)<br />

2.2. Uretra<br />

A<br />

B<br />

E<br />

D F<br />

A uretra dos gatos machos é dividida em quatro partes: uretra pré-<br />

prostática, que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o colo da bexiga urinária até a próstata;<br />

uretra prostática, que se localiza na região da próstata; uretra pós-prostática ou<br />

membranosa, que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a próstata até a glândula bulbouretral; e<br />

uretra peniana, que está entre a glândula bulbouretral e a extremida<strong>de</strong> do pênis<br />

(Fig. 3). O diâmetro interno varia <strong>de</strong> 0,7 mm na porção peniana a 2,4 mm na<br />

junção vesicouretral (CORGOZINHO & SOUZA, 2003).<br />

A<br />

B<br />

C<br />

I<br />

Fig. 3: Esquematização da divisão da uretra do gato. Observar: 1. uretra pré-prostática; 2.<br />

uretra prostática; 3. uretra membranosa; 4. uretra peniana; A. bexiga urinária; B. ureter; C.<br />

próstata; D. glândula bulbouretral; E. pênis; F. testículo (Arquivo pessoal, 2008)<br />

G<br />

1 2 3 4<br />

C D E<br />

F<br />

H<br />

16


A uretra das fêmeas está presente no assoalho da pelve e vagina e é<br />

caracterizada por possuir menor comprimento, maior elasticida<strong>de</strong> e maior<br />

diâmetro do que a uretra masculina (ELLENPORT, 1986; CORGOZINHO &<br />

SOUZA, 2003).<br />

3. Fisiopatogenia<br />

A etiologia da CIF po<strong>de</strong> ser multifatorial, complexa e muitas vezes<br />

in<strong>de</strong>terminada. Sugere-se que haja uma provável semelhança entre a doença<br />

felina e a cistite idiopática humana, possuindo ambas, sinais e lesões similares<br />

(OSBORNE et al., 2004; RECHE, 2003).<br />

A hipótese mais recente para explicar a etiologia da CIF é <strong>de</strong> que ela é<br />

causada pela inflamação neurogênica da bexiga, que provavelmente resulta <strong>de</strong><br />

alterações na interação entre as fibras nervosas aferentes e eferentes da<br />

vesícula urinária, da camada protetora <strong>de</strong> glicosaminoglicanos (GAG) que<br />

recobre a superfície da mucosa vesical e da composição urinária (GUNN-<br />

MOORE, 2003; RECHE, 2003).<br />

De acordo com Gunn-Moore (2003), a inflamação neurogênica se baseia<br />

nas causas ambientais que po<strong>de</strong>m ser fonte <strong>de</strong> estresse para o animal. A<br />

origem <strong>de</strong> todo o processo se daria no cérebro, on<strong>de</strong> as aferências ambientais<br />

estressantes (que serão discutidas adiante), irão estimular o sistema nervoso<br />

simpático, que vai estimular as fibras C que são as “fibras da dor”, presentes na<br />

pare<strong>de</strong> da bexiga. Ao mesmo tempo a composição urinária alterada po<strong>de</strong> gerar<br />

o recrutamento <strong>de</strong> mais fibras C e estimulá-las também. As fibras C liberam a<br />

substância P, que vai se ligar aos receptores P, que são os receptores para<br />

dor, também presentes na pare<strong>de</strong> da bexiga. A partir da estimulação dos<br />

receptores, tanto localmente como <strong>de</strong> maneira generalizada, ocorrerá uma<br />

série <strong>de</strong> eventos, como: dor, aumento <strong>de</strong> permeabilida<strong>de</strong> da pare<strong>de</strong> da bexiga<br />

e das pare<strong>de</strong>s vasculares, contração muscular, redução ou alteração da<br />

camada superficial da mucosa urinária <strong>de</strong> glicosaminoglicanos e <strong>de</strong>granulação<br />

dos mastócitos. A <strong>de</strong>granulação dos mastócitos gera a liberação <strong>de</strong> uma série<br />

17


<strong>de</strong> mediadores inflamatórios que vão, a longo prazo, exacerbar a estimulação<br />

das fibras C. A estimulação das fibras C e a inflamação neurogênica resultante<br />

po<strong>de</strong> então explicar as muitas mudanças observadas na CIF. Reforçando essa<br />

hipótese, estudos realizados a partir <strong>de</strong> exames histopatológicos e biópsias da<br />

pare<strong>de</strong> vesical <strong>de</strong> gatos com CIF, <strong>de</strong>monstraram a presença <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mastócitos e um significativo aumento <strong>de</strong> fibras C e receptores<br />

P nas mesmas (GUNN-MOORE, 2003).<br />

4. Fatores Predisponentes<br />

A CIF ocorre tanto em machos como em fêmeas dos felinos,<br />

representando 30% dos casos <strong>de</strong> DTUIF <strong>de</strong>ntre as fêmeas e 22% <strong>de</strong>ntre os<br />

machos. Atinge principalmente os jovens e os <strong>de</strong> meia ida<strong>de</strong>, com média <strong>de</strong><br />

três anos e meio <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, não havendo aparentes predileções raciais<br />

(OSBORNE et al., 2004).<br />

A castração em ambos os sexos concomitante com a obesida<strong>de</strong>, pouca<br />

ativida<strong>de</strong> física, confinamento em residências, reduzido consumo <strong>de</strong> água e<br />

dieta com base em alimentos secos po<strong>de</strong>m ser fatores <strong>de</strong> risco (WOUTERS et<br />

al., 1998).<br />

Aferências ambientais estressantes, principalmente aquelas<br />

relacionadas às ban<strong>de</strong>jas sanitárias, po<strong>de</strong>m predispor à CIF e às eliminações<br />

ina<strong>de</strong>quadas. Ban<strong>de</strong>jas sujas ou com pouca freqüência <strong>de</strong> limpeza, com<br />

tamanho incompatível, quantida<strong>de</strong> ina<strong>de</strong>quada, mau posicionamento na<br />

residência ou substrato diferente da preferência do animal, não só po<strong>de</strong>m ser<br />

fatores estressantes, como também não são estimulantes à sua utilização<br />

(como será discutido adiante). Com isto, além <strong>de</strong> aumentar as chances <strong>de</strong><br />

eliminações ina<strong>de</strong>quadas, também po<strong>de</strong> se gerar a redução do número <strong>de</strong><br />

micções realizadas pelo animal, favorecendo ainda mais a ocorrência da CIF,<br />

uma vez que o animal retém urina na vesícula urinária por mais tempo que o<br />

<strong>de</strong>sejável (RECHE, 2003; COTTAN & DODMAN, 2007).<br />

18


Também <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas fontes <strong>de</strong> estresse ambiental a<br />

presença <strong>de</strong> estranhos na residência, modificações na rotina, introdução ou<br />

retirada <strong>de</strong> animais, mudanças bruscas na alimentação, alterações no<br />

ambiente (obras), participação <strong>de</strong> exposições e até mudanças climáticas, são<br />

fatores que po<strong>de</strong>m predispor à CIF, sendo a importância <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>stes,<br />

individual (RECHE, 2003). O ambiente “indoor” (interior das residências)<br />

expõem os gatos que nele vivem a mais fontes <strong>de</strong> estresse ambientais, pois<br />

além <strong>de</strong> ser um ambiente geralmente monótono e previsível <strong>de</strong>mais para o<br />

gato, também <strong>de</strong>safia a capacida<strong>de</strong> adaptativa <strong>de</strong>ste animal, curioso e<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte por natureza (BUFFINGTON et al., 2006; HEATH, 2006).<br />

Comprovando a participação do estresse na predisposição à CIF, um<br />

estudo realizado com gato macho castrado <strong>de</strong> cinco anos que apresentava<br />

constantes recidivas <strong>de</strong> CIF e eliminação inapropriada relatou a importância do<br />

estresse na <strong>de</strong>terminação da ocorrência <strong>de</strong> CIF e suas alterações<br />

comportamentais. Nesse caso, o animal sofria estresse <strong>de</strong>vido à somatória <strong>de</strong><br />

diversos fatos, como a presença <strong>de</strong> outros gatos da vizinhança que<br />

freqüentavam o jardim da casa e que ele não conseguia afugentar; pessoas<br />

não familiares que traziam odores não familiares à casa e, por fim, o fato <strong>de</strong><br />

conviver na mesma residência com mais cinco gatos. Constatou-se que estes<br />

fatores estressantes provavelmente geraram os episódios <strong>de</strong> CIF anteriores e<br />

que o atual se dava pelo fato <strong>de</strong> que estavam sendo realizadas obras na casa<br />

e que, por esta razão, ele estava sendo mantido confinado com o restante dos<br />

gatos num mesmo recinto, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando uma nova e importante fonte <strong>de</strong><br />

estresse (SEAWRIGHT et al., 2008).<br />

5. Sinais Clínicos<br />

Tanto na cistite idiopática felina como na humana, os sinais clínicos<br />

caracterizam-se por disúria, polaciúria e sensibilida<strong>de</strong> na porção caudal do<br />

abdômen (NELSON et al., 2001; RECHE, 2003; OSBORNE et al. 2004).<br />

Também po<strong>de</strong>m estar presentes estrangúria, hematúria macro ou<br />

19


microscópica, gemidos durante a micção, lambedura freqüente da genitália e o<br />

ato <strong>de</strong> urinar em locais ina<strong>de</strong>quados (NELSON et al., 2001).<br />

O processo inflamatório que ocorre na CIF po<strong>de</strong> levar à obstrução uretral<br />

<strong>de</strong>vido à formação <strong>de</strong> “plugs” uretrais, gerando um quadro <strong>de</strong> anúria. Os<br />

“plugs” são compostos <strong>de</strong> várias combinações <strong>de</strong> matriz colói<strong>de</strong> protéica e<br />

cristais, po<strong>de</strong>ndo a matriz ser originária da escamação da pare<strong>de</strong> da bexiga<br />

urinária que está sobre processo inflamatório da própria CIF. Essa matriz<br />

sozinha po<strong>de</strong> causar obstrução uretral, porém se também houver cristalúria<br />

(geralmente por estruvita), os cristais po<strong>de</strong>m se a<strong>de</strong>rir e contribuir para a<br />

obstrução (GUNN-MOORE, 2003). A obstrução tem maior prevalência em<br />

gatos (machos), <strong>de</strong>vido à anatomia <strong>de</strong> sua uretra (menor elasticida<strong>de</strong> e maior<br />

comprimento <strong>de</strong> uretra quando comparados às fêmeas) (CORGOZINHO &<br />

SOUZA, 2003).<br />

Geralmente, os sinais clínicos da CIF cessam <strong>de</strong> cinco a sete dias após<br />

o início dos mesmos em gatos não-obstruídos e não tratados com a forma<br />

aguda da doença. Esses sinais po<strong>de</strong>m recidivar após períodos variados e<br />

novamente cessar sem terapia. Com o passar do tempo, os episódios <strong>de</strong><br />

recidiva ten<strong>de</strong>m a diminuir em freqüência e gravida<strong>de</strong> (OSBORNE et al. 2004).<br />

6. Sinais Comportamentais<br />

Des<strong>de</strong> filhotes, os gatos sem nenhuma DITUIF procuram materiais<br />

semelhantes à areia para fins <strong>de</strong> eliminação <strong>de</strong> fezes e urina, caracterizando<br />

um comportamento natural que continua a se expressar na fase adulta, quando<br />

o gato com acesso à ban<strong>de</strong>ja sanitária chega a utilizá-la cerca <strong>de</strong> cinco vezes<br />

ao dia. Também é comum, mesmo nos animais livres da DITUIF, a<br />

<strong>de</strong>marcação urinária ou spray urinário que é consi<strong>de</strong>rado um comportamento<br />

natural <strong>de</strong> comunicação tanto nos felinos machos como fêmeas (que será<br />

discutido posteriormente) (NEILSON J., 2003).<br />

Já nos gatos com distúrbios do trato urinário inferior como a CIF, a<br />

eliminação urinária ina<strong>de</strong>quada, ou seja, fora da ban<strong>de</strong>ja sanitária, é comum e<br />

20


geralmente não está associada com a <strong>de</strong>marcação territorial (OSBORNE et al.,<br />

2004). Nesta o gato esvazia a bexiga <strong>de</strong> maneira voluntária e normal, porém<br />

em locais que não a ban<strong>de</strong>ja sanitária ou os i<strong>de</strong>alizados pelo proprietário e, ao<br />

invés disso, elimina-a em superfícies horizontais como pisos (interior ou<br />

exterior das residências) ou, menos comumente, em superfícies verticais, como<br />

pare<strong>de</strong>s, cortinas e mobílias (NEILSON J. C., 2004). Sendo assim, um estudo<br />

realizado com gatos com problemas <strong>de</strong> eliminação, publicado em 1997 por<br />

HORWITZ et al., indicou que dos 52% que <strong>de</strong>positavam urina fora da ban<strong>de</strong>ja<br />

sanitária, 32% urinavam em superfícies horizontais e apenas 20% em<br />

superfícies verticais.<br />

A seqüência comportamental mais comum adotada pelo animal<br />

realizando periúria consiste em: ao encontrar uma superfície geralmente<br />

horizontal <strong>de</strong> seu interesse o animal faz movimentos <strong>de</strong> escavação, abaixa a<br />

traseira, realiza micção eliminando gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> urina (uma vez que<br />

se trata <strong>de</strong> esvaziar a bexiga urinária), faz movimentos <strong>de</strong> enterramento e<br />

raspamento e afasta-se. Essa seqüência é similar ao que ocorre na ban<strong>de</strong>ja<br />

sanitária nos gatos livres <strong>de</strong> DITUIF e <strong>de</strong>mais problemas comportamentais (Fig.<br />

4 e 5) (OLM & HOUPT, 1988; NEILSON J. C., 2004; GASKELL, 2006).<br />

Os movimentos <strong>de</strong> escavação, enterramento e raspamento são<br />

característicos dos felinos e, aplicados em substratos arenosos ou similares,<br />

visam proporcionar um buraco para <strong>de</strong>posição da urina (escavação) e <strong>de</strong>pois<br />

sua cobertura (enterramento e raspamento). Esse comportamento natural dos<br />

gatos provavelmente foi herdado do gato selvagem africano (Felis silvestris<br />

lybica), que enterrava suas eliminações para ocultar odores que po<strong>de</strong>riam<br />

sinalizá-lo para seus predadores (GASKELL, 2006).<br />

21


Fig. 4 e 5: Fotografias <strong>de</strong>monstrando gato exibindo comportamento normal <strong>de</strong> micção em<br />

ban<strong>de</strong>ja sanitária (Arquivo pessoal, 2008)<br />

7. Diagnóstico<br />

A cistite idiopática felina é geralmente um diagnóstico por exclusão,<br />

tornando o histórico e o diagnóstico diferencial para as <strong>de</strong>mais doenças do<br />

trato inferior felino, essenciais (SEAWRIGHT et al., 2008).<br />

Inicialmente <strong>de</strong>ve-se diferenciar se o animal está realizando<br />

<strong>de</strong>marcação urinária - que geralmente não está associada a CIF - ou<br />

eliminação ina<strong>de</strong>quada, que é o sinal comportamental observado nesta<br />

doença. Além disso, <strong>de</strong>ve-se realizar o levantamento do histórico do animal, o<br />

exame físico e os exames complementares necessários (NEILSON J. C., 2004;<br />

SEAWRIGHT et al., 2008).<br />

7.1. Demarcação Urinária<br />

A <strong>de</strong>marcação urinária, também chamada <strong>de</strong> spray urinário, é utilizada<br />

para expressar territorialida<strong>de</strong>, ansieda<strong>de</strong> e/ou status sexual ou social e que<br />

tanto os machos como as fêmeas po<strong>de</strong>m executá-lo, sendo entre machos mais<br />

22


freqüentes. O spray é uma forma <strong>de</strong> eliminação urinária feita mais<br />

comunicativamente do que fisiologicamente (esvaziamento da bexiga),<br />

portanto, apenas uma pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> urina é <strong>de</strong>positada tanto em<br />

superfícies horizontais como verticais (NEILSON J. C., 2004). A <strong>de</strong>marcação<br />

urinária também po<strong>de</strong> ser relacionada à frustração do gato e até mesmo com a<br />

busca pela atenção do proprietário, sendo que nestes casos, a incidência do<br />

spray aumenta na presença dos mesmos (HEATH, 2006).<br />

A seqüência comportamental característica do gato realizando spray é a<br />

seguinte: ele se aproxima <strong>de</strong> uma superfície geralmente vertical e a cheira -<br />

po<strong>de</strong> se esfregar nesta e até escarificar a superfície (se esta for macia) com as<br />

unhas; volta a sua parte traseira para a superfície vertical, levanta a cauda,<br />

arqueia as costas e treme a cauda, promovendo um borrifo <strong>de</strong> urina na direção<br />

horizontal; cheira o local e afasta-se (Fig. 6, 7 e 8). Essa seqüência po<strong>de</strong> ser<br />

modificada por reações ambientais, especialmente pela presença dos<br />

proprietários. Quando isto ocorre, a primeira parte da seqüência normal é<br />

reduzida, o ato <strong>de</strong> cheirar <strong>de</strong>saparece e a última parte é alterada, sendo que o<br />

animal foge em antecipação à punição (DEHASSE, 1997).<br />

Fig. 6 e 7: Fotografias <strong>de</strong> um gato exibindo início da seqüência comportamental característica<br />

do spray urinário, se aproximando da superfície vertical, cheirando-a e esfregando-se nesta<br />

(Arquivo pessoal, 2008)<br />

23


24<br />

Fig. 8: Fotografia <strong>de</strong> um gato exibindo<br />

parte da seqüência comportamental<br />

característica do spray urinário, em que<br />

ele levanta a cauda, arqueia as costas,<br />

treme a cauda e promove um borrifo <strong>de</strong><br />

urina na direção horizontal (Arquivo<br />

pessoal, 2008)<br />

O gato que faz spray urinário continua a utilizar normalmente a ban<strong>de</strong>ja<br />

sanitária, tanto para urinar como <strong>de</strong>fecar, não apresentando nenhuma<br />

evidência <strong>de</strong> aversão à ban<strong>de</strong>ja, diferentemente do animal que realiza periúria<br />

(NEILSON J. C., 2004).<br />

Gatos castrados também po<strong>de</strong>m realizar o spray urinário, sendo que<br />

cerca <strong>de</strong> 10% dos machos e 5% das fêmeas, castrados na pré-puberda<strong>de</strong>,<br />

apresentam esse comportamento. A <strong>de</strong>marcação territorial po<strong>de</strong> ser estimulada<br />

pela presença <strong>de</strong> vários gatos compartilhando uma mesma área <strong>de</strong> vivência,<br />

estação <strong>de</strong> acasalamento, chegada <strong>de</strong> novos gatos no território, ou mesmo<br />

situações que possam provocar ansieda<strong>de</strong> ou estresse, como um novo<br />

membro na família ou mudanças dramáticas na rotina (NEILSON J., 2003).<br />

7.2. Eliminação Urinária Ina<strong>de</strong>quada ou Periúria<br />

Como explicado anteriormente, a eliminação urinária ina<strong>de</strong>quada se<br />

trata <strong>de</strong> esvaziar o conteúdo da bexiga urinária, geralmente em superfícies<br />

horizontais, formando gran<strong>de</strong>s poças <strong>de</strong> urina, diferentemente do spray, que<br />

inversamente, consiste em expressar usualmente territorialida<strong>de</strong>, com<br />

eliminação <strong>de</strong> pequenas porções <strong>de</strong> urina (gotas) e geralmente em superfícies<br />

verticais. Outra diferença importante é que na periúria o gato comumente adota


a posição <strong>de</strong> abaixamento para realizar a eliminação, o que é raro na<br />

<strong>de</strong>marcação urinária (NEILSON J. C., 2004).<br />

Nos casos <strong>de</strong> DITUIF como a CIF, a periúria po<strong>de</strong> ser explicada pela<br />

urgência em urinar causada por esta doença, fazendo com que o animal urine<br />

no local mais próximo do qual ele estiver ou naqueles em que ele tenha <strong>de</strong><br />

alguma forma associado às situações <strong>de</strong> segurança ou alívio, já que o ato <strong>de</strong><br />

micção nestes casos costuma ser doloroso (NEILSON J. C., 2004; GASKELL,<br />

2006; HEATH, 2006). Existem, porém, outras possíveis causas, que não as<br />

patológicas, que po<strong>de</strong>m gerar eliminações ina<strong>de</strong>quadas e que <strong>de</strong>vem ser<br />

consi<strong>de</strong>radas para orientar corretamente o diagnóstico, como:<br />

Aversão à ban<strong>de</strong>ja sanitária: o animal po<strong>de</strong> apresentar aversão<br />

ao uso da ban<strong>de</strong>ja sanitária <strong>de</strong>vido à limpeza ina<strong>de</strong>quada, localização incorreta<br />

(como uma lavan<strong>de</strong>ria barulhenta e movimentada), tamanho e composição do<br />

substrato incompatíveis com suas preferências, ou mesmo, número <strong>de</strong><br />

ban<strong>de</strong>jas insuficientes para o número <strong>de</strong> animais na residência. A maioria dos<br />

gatos com aversão continua utilizando a ban<strong>de</strong>ja sanitária para algumas<br />

eliminações e é importante verificar o momento em que não a utiliza, pois<br />

muitos gatos escolhem urinar em outros locais que não a ban<strong>de</strong>ja sanitária<br />

quando a ban<strong>de</strong>ja sanitária encontra-se suja (HORWITZ, 1997; NEILSON J. C.,<br />

2004). Se o problema for apenas o tipo <strong>de</strong> substrato utilizado, o gato utilizará a<br />

ban<strong>de</strong>ja quase que normalmente, porém apresentará um comportamento<br />

indicativo <strong>de</strong> relutância em fazer contato com o substrato, <strong>de</strong>ixando muitas<br />

vezes <strong>de</strong> enterrar suas excreções (HEATH, 2006);<br />

Preferência por local: o local em que o animal realiza as<br />

eliminações ina<strong>de</strong>quadas po<strong>de</strong> fornecer informações sobre suas preferências.<br />

Muitas vezes, assim como na natureza, o gato escolhe um local calmo,<br />

silencioso e isolado para realizar suas eliminações, geralmente diferente<br />

daquele em que sua ban<strong>de</strong>ja sanitária foi posicionada pelo proprietário<br />

(HEATH, 2006);<br />

25


Preferências pelo substrato: algumas vezes, nenhuma das<br />

formas comerciais <strong>de</strong> substratos para ban<strong>de</strong>jas sanitárias agrada o animal. No<br />

exterior das residências geralmente os tanques <strong>de</strong> areia das crianças são os<br />

preferidos para realização <strong>de</strong> eliminações; já no interior, carpetes, roupas e<br />

tapetes são os mais comuns. Quase sempre, em ambos os casos, o gato<br />

exibirá o comportamento <strong>de</strong> escavação, raspamento e enterramento <strong>de</strong><br />

maneira característica. Em alguns casos <strong>de</strong> DITUIF, a preferência por um novo<br />

substrato po<strong>de</strong> indicar aversão ao anterior, uma vez que o gato po<strong>de</strong> tê-lo<br />

associado à dor no momento da micção (NEILSON J. C., 2004; HEATH, 2006);<br />

Ida<strong>de</strong> avançada: animais com problemas principalmente<br />

locomotores, como artrites e artroses, po<strong>de</strong>m ter dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> chegar à<br />

ban<strong>de</strong>ja sanitária, ainda mais à tempo <strong>de</strong> realizar suas eliminações <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la<br />

(HEATH, 2006);<br />

Medo: qualquer situação que possa ter causado trauma durante o<br />

uso da ban<strong>de</strong>ja sanitária po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar eliminações ina<strong>de</strong>quadas. Isto<br />

geralmente ocorre quando o gato foi ou é agredido por outros animais ao<br />

utilizar a ban<strong>de</strong>ja (NEILSON J. C., 2004 e HEATH, 2006).<br />

7.3 Histórico<br />

Para a obtenção <strong>de</strong> um histórico completo e esclarecedor, existem<br />

pontos cruciais que <strong>de</strong>vem ser cuidadosamente questionados, como:<br />

Ato da eliminação urinária ina<strong>de</strong>quada: quais os pontos em<br />

que ocorrem as eliminações urinárias consi<strong>de</strong>radas ina<strong>de</strong>quadas ao<br />

proprietário, assim como os substratos preferidos para esta, a freqüência<br />

(número <strong>de</strong> ocorrências por semana) e o padrão da eliminação (relação com<br />

algum acontecimento em especial, como por exemplo, quando o dono sai <strong>de</strong><br />

casa) (NEILSON J. C., 2004);<br />

26


“Ações corretivas”: quais são as possíveis “ações corretivas”<br />

tomadas pelo proprietário em relação à eliminação ina<strong>de</strong>quada no momento<br />

em que ela ocorre, assim como a resposta do animal a estas ações (p.ex.,<br />

quando o dono grita com o gato no momento em que está urinando em local<br />

ina<strong>de</strong>quado e o mesmo se escon<strong>de</strong> <strong>de</strong>baixo da cama) (NEILSON J. C., 2004);<br />

Manejo da Ban<strong>de</strong>ja Sanitária: qual o tipo <strong>de</strong> areia que é utilizada<br />

(e se houve mudanças nesta), o tipo <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>ja, a localização e as estratégias<br />

<strong>de</strong> limpeza adotados. Deve-se lembrar que a ban<strong>de</strong>ja po<strong>de</strong> ser uma das<br />

principais fontes <strong>de</strong> estresse predisponentes à CIF (NEILSON J. C., 2004);<br />

Ambiente social e histórico <strong>de</strong> acontecimentos: quantos e<br />

quais os animais contactantes; se há novos animais na casa ou na vizinhança<br />

ou mesmo um novo integrante na família; como é o relacionamento do animal<br />

em questão com os <strong>de</strong>mais animais e pessoas e outras informações<br />

relacionadas as interações sociais do gato e que possam ser fonte <strong>de</strong> estresse<br />

(NEILSON J. C., 2004);<br />

Dieta: qual o tipo <strong>de</strong> dieta utilizada, assim como os esquemas <strong>de</strong><br />

alimentação, as mudanças recentes na dieta (NEILSON J. C., 2004).<br />

Geralmente portadores <strong>de</strong> DITUIF ingerem alimento seco e baixa quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> fluidos (GASKELL, 2006);<br />

Histórico clínico: quais as patologias anteriores, tratamentos já<br />

realizados ou que estejam em andamento, possíveis cirurgias e <strong>de</strong>mais fatores<br />

que possam estar relacionados ao trato urinário ou à possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fontes<br />

<strong>de</strong> estresse (NEILSON J. C., 2004).<br />

Todos estes pontos são importantes, porém, aqueles relacionados à<br />

limpeza da ban<strong>de</strong>ja sanitária e às interações sociais do gato po<strong>de</strong>m ser os<br />

mais esclarecedores. A interação social entre gatos po<strong>de</strong> ser um fator<br />

27


precipitante tanto para a <strong>de</strong>marcação como para a eliminação urinária<br />

ina<strong>de</strong>quada, pois o animal po<strong>de</strong> evitar usar a ban<strong>de</strong>ja sanitária porque é<br />

atacado por outros gatos quando utilizá-la ou mesmo após seu uso, fazendo<br />

com que este gato procure uma área mais segura para sua eliminação. Por<br />

isso é importante obter do proprietário informações sobre relacionamento entre<br />

seus animais e sobre a existência <strong>de</strong> tensões entre estes, evi<strong>de</strong>nciadas por<br />

brigas ou atos <strong>de</strong> rosnar e silvar (NEILSON J. C., 2004).<br />

7.4. Exame Físico<br />

Todo gato apresentando eliminação ina<strong>de</strong>quada <strong>de</strong>ve passar por um<br />

exame físico compreensivo, uma vez que qualquer patologia que cause poliúria<br />

po<strong>de</strong> resultar na eliminação urinária fora da ban<strong>de</strong>ja sanitária, já que o animal<br />

tem maior freqüência ou urgência na eliminação (NEILSON J. C., 2004).<br />

Ao exame clínico, o animal portador <strong>de</strong> CIF encontra-se com aparência<br />

saudável e com parâmetros fisiológicos normais (NELSON & COUTO, 2001). À<br />

palpação, po<strong>de</strong>-se evi<strong>de</strong>nciar uma ligeira tensão abdominal com uma bexiga<br />

mo<strong>de</strong>radamente aumentada e endurecida (SEAWRIGHT et al., 2008). Durante<br />

a compressão da porção caudal do abdome po<strong>de</strong>-se evi<strong>de</strong>nciar dor e até fácil<br />

esvaziamento vesical (NELSON & COUTO, 2001).<br />

7.5. Exames Complementares<br />

Como auxílio diagnóstico para os casos <strong>de</strong> CIF, po<strong>de</strong>-se utilizar os<br />

seguintes exames:<br />

Urinálise: É um auxílio rotineiro básico utilizado em casos <strong>de</strong><br />

DITUIF. Para a análise básica, po<strong>de</strong>-se obter uma amostra fresca <strong>de</strong> urina <strong>de</strong><br />

uma ban<strong>de</strong>ja sanitária limpa sem areia ou com areia não-absorvente, porém a<br />

urina colhida em jato médio, obtida por pressão na bexiga pela pare<strong>de</strong><br />

28


abdominal, proporciona uma amostra mais confiável, porém não mais que a<br />

cistocentese (GASKELL, 2006). Geralmente, na CIF, tem-se como resultado<br />

<strong>de</strong>ste exame uma urina ácida e concentrada, po<strong>de</strong>ndo haver hematúria e<br />

proteinúria (OSBORNE et al., 2004);<br />

Cultura e antibiograma urinários: A urina <strong>de</strong>ve ser i<strong>de</strong>almente<br />

colhida por cistocentese, pois esta minimiza as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contaminação<br />

da amostra. Na cistite idiopática, se a amostra for colhida a<strong>de</strong>quadamente, o<br />

resultado é 99% das vezes negativo para bactérias (OSBORNE et al., 2004);<br />

Parâmetros bioquímicos e hematológicos: Geralmente, tanto o<br />

hemograma completo como os perfis bioquímicos dos gatos com CIF estão<br />

<strong>de</strong>ntro dos padrões normais para a espécie (OSBORNE et al. 2004 e<br />

GASKELL, 2006);<br />

Radiografias e Ultra-sonografias: As radiografias abdominais<br />

simples <strong>de</strong> gatos com CIF geralmente não têm alterações, porém a<br />

cistouretrografia contrastada po<strong>de</strong> revelar espessamento da pare<strong>de</strong> vesical ou<br />

irregularida<strong>de</strong>s na mucosa. Também po<strong>de</strong>m-se evi<strong>de</strong>nciar rupturas, divertículos<br />

uracais, neoplasias e <strong>de</strong>mais alterações importantes para o diagnóstico<br />

diferencial (Fig. 9) . Nas ultra-sonografias <strong>de</strong> felinos com CIF, po<strong>de</strong>-se<br />

evi<strong>de</strong>nciar conteúdo com coágulos sanguíneos e <strong>de</strong>brís celulares (Fig. 10),<br />

assim como irregularida<strong>de</strong>s ou espessamentos vesicais (CORGOZINHO &<br />

SOUZA, 2003 e OSBORNE et al., 2006).<br />

Fig. 9: Radiografia simples do abdômen<br />

<strong>de</strong> um gato macho sem DITUIF. Observar<br />

bexiga urinária íntegra, repleta e <strong>de</strong>ntro<br />

dos padrões consi<strong>de</strong>rados normais (seta)<br />

(Arquivo pessoal <strong>de</strong> BERTOCCO, 2008)<br />

29


8. Diagnóstico Diferencial<br />

30<br />

Fig. 10: Ultra-sonografia <strong>de</strong> vesícula<br />

urinária <strong>de</strong> um gato S.R.D. <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong> com CIF. Observar material em<br />

suspensão e <strong>de</strong>positado no assoalho da<br />

bexiga (setas) (Arquivo pessoal <strong>de</strong><br />

DEVELEY, 2007)<br />

O diagnóstico diferencial para a CIF é principalmente para as <strong>de</strong>mais<br />

doenças do trato urinário inferior dos felinos (DTUIF), <strong>de</strong>vendo-se consi<strong>de</strong>rar<br />

principalmente: urolitíase, “plug” uretral (ou tampão uretral), <strong>de</strong>feitos<br />

anatômicos, neoplasias, causas infecciosas, problemas comportamentais,<br />

causas medicamentosas, ruptura vesical e incontinência urinária (GASKELL,<br />

2006).<br />

8.1. Urolitíase<br />

Os urólitos ou cálculos urinários são compostos <strong>de</strong> minerais,<br />

principalmente estruvita (42% dos casos) e oxalato <strong>de</strong> cálcio (46% dos casos),<br />

além <strong>de</strong> uratos, fosfato <strong>de</strong> cálcio, cistina e sílica, po<strong>de</strong>ndo ser <strong>de</strong>positados ao<br />

redor <strong>de</strong> uma matriz ou ninho inicial, que se instalam mais frequentemente na<br />

bexiga e mais raramente na pelve renal (OSBORNE et al., 2004; GASKELL,<br />

2006).<br />

Po<strong>de</strong>m ser assintomáticos ou gerar inflamação vesical, hematúria e<br />

disúria, além <strong>de</strong> obstruções uretrais e até ureterais em machos e fêmeas.<br />

(GASKELL, 2006).<br />

O diagnóstico raramente é feito através <strong>de</strong> palpação abdominal, sendo<br />

mais úteis as radiografias e ultra-sonografias on<strong>de</strong> se observam os possíveis


urólitos no lúmen vesical. A urinálise também tem sua importância pois po<strong>de</strong><br />

revelar o mineral do qual o urólito é composto através da cristalúria<br />

apresentada juntamente com o pH urinário, sendo que os urólitos <strong>de</strong> estruvita<br />

são mais comuns em urina alcalina e os <strong>de</strong> oxalato em urina ácida (OSBORNE<br />

et al., 2004; GASKELL, 2006).<br />

8.2. “Plug” Uretral<br />

Os “plugs” uretrais, ou tampões uretrais, ocorrem aproximadamente na<br />

mesma freqüência que os urólitos, porém eles têm importância particular<br />

porque estão mais comumente associados à obstrução uretral que acomete<br />

mais machos do que fêmeas felinos (GUNN-MOORE, 2003).<br />

A ocorrência concomitante <strong>de</strong> inflamação do trato urinário (como a CIF)<br />

e a cristalúria persistente, po<strong>de</strong>m levar a formação <strong>de</strong> tampões <strong>de</strong> matriz<br />

cristalina. A inflamação fornece a matriz - composta <strong>de</strong> células epiteliais,<br />

leucócitos, hemácias, bactérias e células contendo vírus - e essa matriz captura<br />

os cristais presentes (<strong>de</strong>vido à cristalúria), formando então os tampões <strong>de</strong><br />

matriz cristalina que po<strong>de</strong>m gerar obstruções uretrais <strong>de</strong> diferentes graus,<br />

po<strong>de</strong>ndo variar <strong>de</strong> parcial até total (OSBORNE, 2004).<br />

Os sinais clínicos variam em função dos graus <strong>de</strong> obstrução, po<strong>de</strong>ndo<br />

ocorrer <strong>de</strong>s<strong>de</strong> disúria até anúria. Geralmente os gatos obstruídos total ou<br />

parcialmente permanecem por muito tempo na posição <strong>de</strong> micção <strong>de</strong>ntro da<br />

ban<strong>de</strong>ja sanitária ou mesmo fora <strong>de</strong>la (locais indicados então como<br />

inapropriados pelos proprietários), além do fato <strong>de</strong> lamberem insistentemente o<br />

abdome, pênis ou vulva e miarem alto. Em casos <strong>de</strong> obstrução total, o animal<br />

não consegue eliminar urina alguma, tornando-se apático e anoréxico. Na<br />

inspeção clínica po<strong>de</strong>-se observar pênis e vulva hiperêmicos e e<strong>de</strong>maciados,<br />

vesícula urinária distendida à palpação (causando gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconforto ao<br />

animal), fluxo urinário <strong>de</strong> pequeno diâmetro após compressão da bexiga<br />

(obstrução parcial) ou ausência <strong>de</strong> fluxo e dor grave (obstrução total), gerando<br />

recusa ao exame físico. Nos casos <strong>de</strong> obstrução total, a urina retida na bexiga<br />

31


po<strong>de</strong> causar pressão retrógrada aos ureteres e rins, gerando alterações na<br />

função renal que po<strong>de</strong> culminar 24 a 36 horas <strong>de</strong>pois com os sinais clínicos <strong>de</strong><br />

azotemia pós-renal (vômito, <strong>de</strong>pressão, <strong>de</strong>sidratação, hipotermia e colapso).<br />

Se a obstrução permanecer por longos períodos, o gato po<strong>de</strong> apresentar<br />

fraqueza generalizada, alterações cardíacas e morte (CORGOZINHO &<br />

SOUZA, 2003). Radiograficamente se observa bexiga urinária distendida (Fig.<br />

11) e estruturas radioluscentes caracterizadas pelos “plugs” na vesícula<br />

urinária e uretra. O procedimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>sobstrução uretral é indicado como<br />

procedimento emergencial nestes casos (Fig. 12) (CORGOZINHO & SOUZA,<br />

2003).<br />

Fig. 11: Radiografia simples do abdômen<br />

<strong>de</strong> um gato macho com obstrução uretral<br />

total. Observar bexiga urinária<br />

extremamente distendida (seta) (Arquivo<br />

pessoal <strong>de</strong> BERTOCCO, 2008)<br />

32<br />

Fig. 12: Fotografia do procedimento <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sobstrução uretral em um gato macho<br />

<strong>de</strong> três anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> com quadro <strong>de</strong><br />

anúria há dois dias. À urinálise<br />

observaram-se cristais <strong>de</strong> estruvita em<br />

gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> (Arquivo pessoal,<br />

2008)


8.3. Defeitos Anatômicos<br />

Os divertículos vesicouracais são os <strong>de</strong>feitos anatômicos mais comuns e<br />

que po<strong>de</strong>m estar presentes em um <strong>de</strong> cada quatro gatos com DTUIF. Trata-se<br />

<strong>de</strong> resquícios microscópicos do úraco fetal <strong>de</strong>tectados no ápice vesical <strong>de</strong><br />

gatos adultos. Em geral são “silenciosos”, porém predispõem à formação <strong>de</strong><br />

divertículos macroscópicos que po<strong>de</strong>m levar ao aumento da pressão<br />

intraluminal vesical, associada com distúrbios no trato urinário inferior dos<br />

felinos. São diagnosticados por meio <strong>de</strong> cistouretrografia contrastada<br />

(OSBORNE et al., 2004).<br />

8.4. Neoplasias<br />

Carcinomas das células <strong>de</strong> transição (CCT), a<strong>de</strong>nocarcinomas,<br />

leiomiomas e outros tipos <strong>de</strong> neoplasias po<strong>de</strong>m ocorrer na vesícula urinária dos<br />

gatos, sendo o CCT o mais freqüente, respon<strong>de</strong>ndo por cerca <strong>de</strong> 50% dos<br />

casos (GUNN-MOORE, 2003; GASKELL, 2006). O diagnóstico po<strong>de</strong> ser feito<br />

por presença <strong>de</strong> ocasionais células neoplásicas na microscopia óptica do<br />

sedimento urinário ou através <strong>de</strong> radiografia contrastada on<strong>de</strong> se observam<br />

massas invasivas projetando-se em direção ao lúmen vesical e/ou<br />

espessamento e irregularida<strong>de</strong> acentuados da pare<strong>de</strong> vesical (OSBORNE et<br />

al., 2004).<br />

8.5. Causas Infecciosas<br />

Bactérias, fungos e vírus po<strong>de</strong>m induzir as DTUIF. As infecções<br />

bacterianas são muito raras e geralmente são <strong>de</strong> causas iatrogênicas ou<br />

secundárias à urolitíase, <strong>de</strong>feitos anatômicos ou neoplasias (GUNN-MOORE,<br />

2003). A bactéria mais comum nas infecções urinárias é a Escherichia coli<br />

(25% dos casos), seguida principalmente <strong>de</strong> Streptococcus sp, Staphlylococcus<br />

33


sp. e Enterococcus sp (EGGERTSDÓTTIR et al., 2007). Dentre as infecções<br />

virais estão os calicivírus e os herpesvírus e nas infecções fúngicas está a<br />

Cândida sp. (OSBORNE et al., 2004).<br />

O diagnóstico baseia-se na i<strong>de</strong>ntificação do agente, utilizando-se <strong>de</strong><br />

urinálise com avaliação do sedimento urinário, culturas urinárias, isolamento e<br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> agentes virais em tecidos e líquidos corpóreos, radiografias e<br />

ultra-sonografias (OSBORNE et al., 2004).<br />

Parasitas como a Capillaria plica e Capillaria felis cati, ambas<br />

nematói<strong>de</strong>s parasitas do trato urinário, causadoras da capilariose urinária,<br />

também po<strong>de</strong>m ser causadoras <strong>de</strong> DTUIF. Na maioria das vezes os gatos<br />

acometidos não apresentam sinais clínicos, porém, em infecções intensas,<br />

po<strong>de</strong>m manifestar polaquiúria, disúria, cistite, sensibilida<strong>de</strong> dolorosa à palpação<br />

vesical e eliminação urinária inapropriada. O diagnóstico é feito através da<br />

evidência <strong>de</strong> ovos <strong>de</strong> Capillaria sp. no sedimento urinário (DANTAS et al.,<br />

2008). Geralmente as capilarioses urinárias são infecções autolimitantes, mas,<br />

assim como na CIF, na presença <strong>de</strong> sinais clínicos, o tratamento faz-se<br />

necessário (GASKELL, 2006; DANTAS et al., 2008).<br />

8.6. Spray urinário<br />

A <strong>de</strong>marcação urinária (spray), que geralmente não está associada à<br />

CIF, <strong>de</strong>ve ser diferenciada da eliminação ina<strong>de</strong>quada, como já se foi<br />

anteriormente explicado (NEILSON J. C., 2004; SEAWRIGHT et al., 2008).<br />

8.7. Causas medicamentosas<br />

A administração <strong>de</strong> ciclofosfamida, uma droga citotóxica antineoplásica e<br />

imunossupressora, utilizada principalmente para tratamento <strong>de</strong> linfomas e<br />

sarcomas felinos, po<strong>de</strong> causar cistite e seus sinais clínicos característicos<br />

(GASKELL, 2006; STELL & DOBSON, 2006). A interrupção do uso <strong>de</strong>sta droga<br />

34


associado ao estímulo à diurese <strong>de</strong>ve resultar na interrupção dos sinais<br />

apresentados (GASKELL, 2006).<br />

8.8. Ruptura vesical<br />

A ruptura vesical por aci<strong>de</strong>ntes (como atropelamentos) ou por causa<br />

iatrogênica (palpação exagerada da bexiga distendida em casos <strong>de</strong> obstrução<br />

uretral), po<strong>de</strong> levar, entre outros, à anúria. O diagnóstico po<strong>de</strong> ser realizado<br />

através da incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se palpar a bexiga ou por cistouretrografia<br />

contrastada, observando-se o extravasamento do contraste para a cavida<strong>de</strong><br />

abdominal (GASKELL, 2006).<br />

8.9. Incontinência urinária<br />

Apesar <strong>de</strong> incomum em gatos, quando ocorre, a incontinência urinária<br />

po<strong>de</strong> ser causada por vários fatores, tanto congênitos (p.ex. ureter ectópico,<br />

disfunção do esfíncter uretral e anormalida<strong>de</strong>s espinhais) como adquiridos<br />

(p.ex. fraturas na região sacrococcígea e distensão vesical prolongada por<br />

obstrução uretral) (OSBORNE et al., 2004; GASKELL, 2006).<br />

O diagnóstico em casos congênitos po<strong>de</strong> ser feito através do histórico <strong>de</strong><br />

incontinência notada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da vida do animal, somando-se à evidência<br />

<strong>de</strong> queimadura por urina em região perineal, além do uso <strong>de</strong> radiografias. Já<br />

nos casos adquiridos, o diagnóstico <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do histórico e acompanhamento<br />

clínicos do animal (GASKELL, 2006).<br />

9. Tratamento Clínico e Comportamental<br />

A maioria dos casos a CIF é autolimitante, ou seja, mesmo sem nenhum<br />

tratamento, em dois ou três dias há <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong> seus sinais e em cinco a 10<br />

35


dias tem-se a completa remissão dos mesmos (OSBORNE et al., 2004).<br />

Mesmo assim, recomenda-se a instituição <strong>de</strong> tratamento nos animais<br />

acometidos, uma vez que: se tem uma condição dolorosa para o animal;<br />

po<strong>de</strong>m ocorrer conseqüentes obstrução uretral e/ou auto-mutilação da região<br />

perineal e alterações comportamentais características, como urinar fora da<br />

ban<strong>de</strong>ja sanitária (GUNN-MOORE, 2003).<br />

Inicialmente o tratamento <strong>de</strong>ve visar a redução da inflamação, dor e<br />

espasmos uretrais, po<strong>de</strong>ndo-se utilizar <strong>de</strong> antiinflamatórios e analgésicos como<br />

o Meloxican (Maxican®) e <strong>de</strong> relaxantes e anti-espasmódicos musculares como<br />

o Dantroleno (Dantrolen®) e a Prazosina (Minipress SR®) (VIANA, 2007;<br />

SEAWRIGHT et al., 2008). Complementarmente po<strong>de</strong>m-se administrar<br />

suplementos orais <strong>de</strong> glicosaminoglicanos (GAG), como o polissulfato <strong>de</strong><br />

pentosana (Cartrophen®), também utilizado no tratamento da CI humana, ou<br />

precursores <strong>de</strong> GAG, como a N-acetil-glicosamina (Cystease®), visando a<br />

melhora da camada <strong>de</strong> GAG, uma vez que muitos gatos com CIF têm redução<br />

<strong>de</strong>sse componente protetor da vesícula urinária. Este tratamento <strong>de</strong>ve ser<br />

mantido por cerca <strong>de</strong> três semanas inicialmente e po<strong>de</strong> gerar efeitos colaterais<br />

como inapetência ou prolongamento do tempo da hematúria quando esta<br />

estiver presente (GUNN-MOORE & SHENOY, 2004; SEAWRIGHT et al.,<br />

2008).<br />

Concomitantemente <strong>de</strong>ve-se implantar um protocolo <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong><br />

diluição urinária, através do qual se estimula o aumento na ingestão <strong>de</strong> água<br />

(GUNN-MOORE, 2003; SEAWRIGHT et al., 2008). Para isto, <strong>de</strong>ve-se<br />

promover uma mudança na dieta para alimentos úmidos ou semi-úmidos<br />

(enlatados), fornecer livre acesso à água e encorajar o animal a sua ingestão,<br />

po<strong>de</strong>ndo-se oferecer sopa <strong>de</strong> peixe ou galinha ou mesmo utilizar uma “fonte <strong>de</strong><br />

água para pets” (GUNN-MOORE, 2003). Essa “fonte <strong>de</strong> água” consiste em<br />

aparelhos comerciais que fornecem água corrente fresca com nível constante e<br />

ao alcance do animal, tornando a ingestão <strong>de</strong> água mais atrativa (ARNOTT,<br />

1963).<br />

Além dos procedimentos básicos iniciais, <strong>de</strong>ve-se atentar também para o<br />

que parece ser o ponto chave nesta patologia: o estresse. O estresse é um<br />

36


fator muitas vezes culminante para as recidivas e para maior severida<strong>de</strong> dos<br />

sinais clínicos. Conflitos constantes com outros gatos, mudanças abruptas na<br />

alimentação, estresse do proprietário e/ou novas pessoas ou animais na<br />

residência, parecem ser fontes <strong>de</strong> estresse significantes, porém o estresse<br />

associado ao ato <strong>de</strong> urinar e sua relação com a ban<strong>de</strong>ja sanitária parece ser a<br />

principal fonte (GUNN-MOORE, 2003). Para a redução e até mesmo<br />

eliminação <strong>de</strong>sta fonte <strong>de</strong> estresse, <strong>de</strong>ve-se prover uma área para o<br />

posicionamento da ban<strong>de</strong>ja sanitária que permita ao animal executar o<br />

comportamento <strong>de</strong> eliminação sem ser importunado por outros animais, assim<br />

como prover um número <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>jas sanitárias a<strong>de</strong>quado ao número <strong>de</strong> gatos<br />

(GUNN-MOORE, 2003). O número <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>jas sanitárias <strong>de</strong>ve ser o número<br />

<strong>de</strong> gatos existentes mais uma. O tamanho da ban<strong>de</strong>ja também <strong>de</strong>ve ser<br />

compatível com o tamanho do gato, evitando que o posicionamento no interior<br />

da mesma promova <strong>de</strong>sconforto ou <strong>de</strong>sequilíbrio. A limpeza da ban<strong>de</strong>ja <strong>de</strong>ve<br />

ser diária e esta <strong>de</strong>ve ser lavada com água e sabão pelo menos uma vez a<br />

cada semana para substratos não absorventes ou uma vez a cada quatro<br />

semanas para os absorventes, evitando assim a permanência <strong>de</strong> odores<br />

(NEILSON J. C., 2004). Uma vez que a eliminação fora da ban<strong>de</strong>ja sanitária<br />

po<strong>de</strong> indicar a preferência por um local, <strong>de</strong>ve-se, portanto, i<strong>de</strong>ntificar e prover<br />

ao gato uma ban<strong>de</strong>ja sanitária no local ou próximo daquele que lhe é preferido<br />

(NEILSON J. C., 2004).<br />

Além da resolução das fontes <strong>de</strong> estresse, o tratamento direto da<br />

ansieda<strong>de</strong> também po<strong>de</strong> ter bons resultados. O feromonio facial felino (FFP),<br />

também conhecido comercialmente como Feliway®, é um feromonio sintético<br />

(F3) que mimetiza a <strong>de</strong>marcação natural ou “bunting” (Fig. 13) que os gatos<br />

fazem ao esfregar suas faces em objetos domésticos e foi <strong>de</strong>senvolvido para<br />

tratar as alterações comportamentais relacionadas à ansieda<strong>de</strong> nos gatos,<br />

assim como a eliminação ina<strong>de</strong>quada que muitas vezes po<strong>de</strong> estar associada a<br />

esta causa. Num estudo utilizando o FFP para o manejo da CIF realizado com<br />

doze gatos, a aplicação <strong>de</strong>ste feromonio em <strong>de</strong>terminadas superfícies do<br />

ambiente em que havia gatos realizando eliminações ina<strong>de</strong>quadas, resultou na<br />

37


edução <strong>de</strong> até 94% <strong>de</strong>ste comportamento, além da melhora na saú<strong>de</strong> dos<br />

animais testados (GUNN-MOORE & CAMERON, 2004).<br />

38<br />

Fig. 13: Fotografia <strong>de</strong> um gato exibindo o<br />

“bunting” (Arquivo pessoal, 2008)<br />

O estímulo ao “scratching” ou “afiar <strong>de</strong> unhas” (uma forma <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>marcação natural assim como o “bunting”) também po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado<br />

como auxiliar no tratamento da CIF, pois reduz o estresse do animal que o<br />

pratica (NEILSON J. C., 2004).<br />

O uso complementar da Amitriptilina, um anti<strong>de</strong>pressivo com<br />

proprieda<strong>de</strong>s antiinflamatórias e analgésicas, po<strong>de</strong> ser útil em recidivas e casos<br />

graves <strong>de</strong> CI, principalmente se tratando <strong>de</strong> animais ansiosos. A dose <strong>de</strong>ve ser<br />

<strong>de</strong> cinco a 10 mg / gato por dia por via oral. Os resultados <strong>de</strong>sta terapia são<br />

lentos e exigem longos períodos <strong>de</strong> administração, sendo que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

redução dos sinais clínicos e das recidivas até a completa remissão dos<br />

mesmos, são necessários <strong>de</strong> um a vários meses, po<strong>de</strong>ndo atingir até mesmo<br />

um ano (KRAIJER, FINK-GREMMELS & NICKEL, 2003; GASKELL, 2006).<br />

10. Profilaxia<br />

O manejo ambiental e a redução das fontes <strong>de</strong> estresse são essenciais<br />

para se evitar a eliminação ina<strong>de</strong>quada. Superpopulações <strong>de</strong> animais na casa,<br />

novas pessoas ou animais, mudanças e <strong>de</strong>mais fatores não rotineiros po<strong>de</strong>m


ser fatores potencialmente estressantes e que po<strong>de</strong>m predispor à CIF, <strong>de</strong>vendo<br />

ser evitados ou, pelo menos, limitados (OLM & HOUPT, 1988).<br />

Para restabelecer o uso da ban<strong>de</strong>ja sanitária e evitar a eliminação fora<br />

<strong>de</strong>la, recomenda-se tornar a ban<strong>de</strong>ja o mais atraente possível para o animal,<br />

sendo muito importante a limpeza freqüente (OLM & HOUPT, 1988).<br />

Um estudo realizado por Cottan & Dodman (2006), revelou que é<br />

possível aumentar a atrativida<strong>de</strong> da ban<strong>de</strong>ja sanitária não somente pela<br />

limpeza contínua, como também pela redução do odor das fezes e urina<br />

através <strong>de</strong> um spray para ban<strong>de</strong>jas sanitárias redutor <strong>de</strong> odor chamado Zero<br />

Odor® (composto por moléculas carregadas negativamente), que provou ser<br />

efetivo quando utilizado em adição aos <strong>de</strong>mais protocolos para evitar a<br />

eliminação ina<strong>de</strong>quada.<br />

A ban<strong>de</strong>ja sanitária também não <strong>de</strong>ve estar localizada próximo da<br />

comida e água do gato, pois este animal evita comer na mesma área em que<br />

realiza suas eliminações. Dispor a ban<strong>de</strong>ja sanitária em uma cozinha<br />

movimentada ou mesmo na lavan<strong>de</strong>ria próxima á máquina <strong>de</strong> lavar po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sencorajar o gato a utilizá-la, fazendo com que procure um local mais calmo<br />

(OLM & HOUPT, 1988).<br />

Além da limpeza e redução do odor, po<strong>de</strong> ser interessante i<strong>de</strong>ntificar o<br />

tipo <strong>de</strong> substrato utilizado na ban<strong>de</strong>ja sanitária que mais atrai o gato ou ao qual<br />

ele mais se adapta, fazendo testes com diferentes formas comerciais<br />

disponíveis no mercado, como a “areia grosseira” ou a sílica (ou pérola)<br />

(NEILSON J. C., 2004). De acordo com um estudo realizado por Neilson J. C<br />

(2004), a maioria dos gatos prefere o substrato tipo sílica ao invés da “areia<br />

grosseira”.<br />

Somado ao manejo das ban<strong>de</strong>jas sanitárias, os pontos que possuem<br />

eliminações ina<strong>de</strong>quadas também <strong>de</strong>vem ser bem limpos para eliminar<br />

qualquer odor que possa estimular uma nova eliminação, além <strong>de</strong> serem úteis<br />

as medidas que possam <strong>de</strong>sestimular ou impossibilitar que o gato volte a urinar<br />

nesses locais impróprios. Alternativamente, a comida e a água do gato po<strong>de</strong>m<br />

ser colocadas nestes pontos <strong>de</strong> eliminação previamente limpos (OLM &<br />

HOUPT, 1988).<br />

39


Juntamente da redução das fontes <strong>de</strong> estresse e mudanças no manejo<br />

<strong>de</strong> ban<strong>de</strong>jas sanitárias, <strong>de</strong>ve-se seguir o protocolo para o aumento da diluição<br />

urinária sugerido por Seawright et al. (2008), que além <strong>de</strong> ser auxiliar no<br />

tratamento, também previne novos casos ou recidivas <strong>de</strong> CIF.<br />

11. Pesquisa<br />

Foi realizado <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2008 a 03 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2008 um<br />

levantamento na base <strong>de</strong> dados do “<strong>Centro</strong> Clínico e Laboratorial Veterinário<br />

São Francisco <strong>de</strong> Assis” relativo ao período <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2006 à 11 <strong>de</strong><br />

Setembro <strong>de</strong> 2008, tendo como finalida<strong>de</strong> a obtenção <strong>de</strong> informações sobre os<br />

atendimentos realizados em felinos e o número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong>ntre estes que se<br />

relacionavam à Doenças do Trato Urinário Inferior dos Felinos (DTUIF), com ou<br />

sem causa idiopática constatada.<br />

11.1. Resultados<br />

No período <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2006 até 11 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2008 foram<br />

atendidos e cadastrados 127 gatos no total, sendo 75 machos e 52 fêmeas.<br />

Destes, 18 foram diagnosticados como portadores <strong>de</strong> alguma DTUIF, idiopática<br />

ou não, <strong>de</strong>ntre elas: CIF, obstrução uretral, infecção do trato urinário e<br />

urolitíase. Desses 18 gatos, 16 eram machos e dois eram fêmeas, sendo 13<br />

S.R.D., três Persas e um Siamês (Gráficos 1 e 2).<br />

40


Gráfico 1.: Resultados obtidos do levantamento na base <strong>de</strong> dados do “<strong>Centro</strong> Clínico e<br />

Laboratorial Veterinário São Francisco <strong>de</strong> Assis” relativo ao período <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2006 à 3<br />

<strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2008, relacionando o número <strong>de</strong> gatos com DTUIF com o número <strong>de</strong><br />

atendimentos.<br />

Gráfico 2.: Resultados obtidos do levantamento na base <strong>de</strong> dados do “<strong>Centro</strong> Clínico e<br />

Laboratorial Veterinário São Francisco <strong>de</strong> Assis” relativo ao período <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2006 à 3<br />

<strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2008, relacionando o número <strong>de</strong> gatos com DTUIF com o número <strong>de</strong><br />

atendimentos, separando-se por sexo.<br />

52<br />

16<br />

18<br />

2<br />

143<br />

75<br />

TOTAL DE<br />

GATOS<br />

ATENDIDOS<br />

TOTAL DE<br />

GATOS COM<br />

DTUIF<br />

MACHOS ATENDIDOS<br />

FÊMEAS ATENDIDAS<br />

MACHOS COM DTUIF<br />

FÊMEAS COM DTUIF<br />

41


11.2. Discussão e Conclusão da Pesquisa<br />

Concluiu-se através <strong>de</strong>sta pesquisa que as DTUIF idiopáticas (como a<br />

CIF) ou com causa <strong>de</strong>finida:<br />

Estão presentes em consi<strong>de</strong>rável quantida<strong>de</strong> dos atendimentos -<br />

cerca <strong>de</strong> 14% dos casos;<br />

Afetam principalmente os machos - mais <strong>de</strong> 20% dos machos<br />

atendidos contra apenas quatro por cento das fêmeas.<br />

42


12. Conclusão<br />

A CIF é uma doença do trato urinário inferior felino relativamente<br />

comum, porém, seus sinais comportamentais característicos muitas vezes<br />

passam <strong>de</strong>spercebidos por proprietários e médicos veterinários, dificultando<br />

muitas vezes um diagnóstico que po<strong>de</strong>ria ser simples, com tratamento e<br />

profilaxia <strong>de</strong>scomplicados.<br />

A causa da CIF até hoje não foi totalmente esclarecida, porém sabe-se<br />

que o estresse tem papel marcante nesta patologia que vem sendo<br />

amplamente discutido nos estudos mais recentes como o <strong>de</strong> Seawright et al.<br />

(2008).<br />

A i<strong>de</strong>ntificação e eliminação dos fatores estressantes, visando profilaxia<br />

e tratamento da CIF, nem sempre é fácil, pois muitas vezes aquilo que é<br />

conveniente ao proprietário não o é para o gato, assim como o local <strong>de</strong><br />

posicionamento da ban<strong>de</strong>ja sanitária, o número <strong>de</strong> animais na residência, as<br />

reformas e outros fatores que nem sempre agradam a ambos. A eliminação<br />

fora da ban<strong>de</strong>ja sanitária é um ato visto como ina<strong>de</strong>quado apenas no ponto <strong>de</strong><br />

vista do proprietário, porque este não quer ter trabalho com a limpeza <strong>de</strong> outros<br />

locais; Já para o animal, esta é uma eliminação corriqueira, porém, em um local<br />

por ele escolhido, atraindo ou não a atenção <strong>de</strong> seu dono e/ou <strong>de</strong> outros<br />

animais.<br />

A profilaxia da CIF tem maior importância do que seu tratamento, pois,<br />

sendo uma doença auto-limitante, seus episódios são solucionados com ou<br />

sem terapia. Sem acompanhamento e profilaxia a<strong>de</strong>quados para CIF, as<br />

chances <strong>de</strong> recidivas e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> complicações são maiores, fazendo-<br />

se necessários Médicos Veterinários sempre atentos e informados sobre as<br />

manifestações e terapêuticas possíveis da CIF.<br />

43


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