a arqueologia de lisboa sessões no museu da cidade 2007

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:: A ARQUEOLOGIA DE LISBOA :: :: SESSÕES NO MUSEU DA CIDADE :: Desde 1996 com a criação do Serviço de Arqueologia do Museu da Cidade (Divisão de Museus e Palácios – D.P.C. / C.M.L.) deu-se a sistematização da actividade de salvaguarda do património arqueológico de Lisboa. Com mais de cem locais intervencionados até ao momento e com o objectivo de se proceder à sua divulgação, realiza-se no dia 10 de Maio o primeiro encontro de uma iniciativa que se pretende anual e onde se procurará dar a conhecer a actividade arqueológica promovida pelo Museu da Cidade. PROGRAMA SESSÃO DE BOAS VINDAS Ana Cristina Leite (Chefe de Divisão de Museus e Palácios) COMUNICAÇÕES DO SERVIÇO DE ARQUEOLOGIA DO MUSEU DA CIDADE (DIVISÃO DE MUSEUS E PALÁCIOS DO D.P.C. DA C.M.L.) A “Cerca Velha” de Lisboa: estado da Questão. Contributo das Intervenções Arqueológicas Manuela Leitão Estudo e Valorização patrimonial de um Troço da “Cerca Velha” no âmbito da Reabilitação Urbana – Intervenção Arqueológica na Rua Norberto de Araújo Marina Carvalhinhos e Nuno Mota COMUNICAÇÕES DE ENTIDADES CONVIDADAS Intervenção Arqueológica no Largo de Jesus (Empresa GEOARQUE, Consultores Para a Área do Património, Lda.) Margarida Monteiro Intervenção Arqueológica no Palácio Lumiares (Era-Arqueologia S.A.) António Valera POSTERES - Teatro Romano de Lisboa (campanha de 2005/2006) (Coordenador científico: Lídia Fernandes) - Praça Luís de Camões (Coordenadores científicos: Lídia Fernandes e António Marques) - Muralhas de Lisboa: Projectos de Estudo e Valorização (Coordenadores científicos: Manuela Leitão, Nuno Mota e Marina Carvalhinhos) - Projecto de Estudo, Recuperação e Valorização da Torre do “Jogo da Pela” e Muralha Adjacente (Coordenador científico: Manuela Leitão) - Encosta de Sant’ana (Coordenadores científicos: Manuela Leitão e Vasco Leitão) - Rua do Benformoso nº 168-180 (Coordenador científico: António Marques) - Levantamento de Património Industrial na Rua do Benformoso nº 292-294 (Coordenador científico: Isabel Cameira) - Rua dos Bacalhoeiros nº 32 (Coordenadores científicos: Lídia Fernandes e António Marques) - Rua dos Cegos nsº 6-8 (Coordenadores científicos: Nuno Mota e Marina Carvalhinhos) - Rua da Regueira (Coordenadores científicos: Rodrigo Banha da Silva, Cristina Nozes e Pedro Miranda) - Beco do Espírito Santo (Coordenadores científicos: Rodrigo Banha da Silva, Cristina Nozes e Pedro Miranda) - Beco das Barrelas (Coordenadores científicos: Rodrigo Banha da Silva, Cristina Nozes e Pedro Miranda) Organização: Divisão de Museus e Palácios Coordenação: Lídia Fernandes Moderador: Lídia Fernandes Secretariado: Ana Caessa Direcção Municipal da Cultura / Departamento de Património Cultural / Divisão de Museus e Palácios

:: A ARQUEOLOGIA DE LISBOA ::<br />

:: SESSÕES NO MUSEU DA CIDADE ::<br />

Des<strong>de</strong> 1996 com a criação do Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> (Divisão <strong>de</strong><br />

Museus e Palácios – D.P.C. / C.M.L.) <strong>de</strong>u-se a sistematização <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> salvaguar<strong>da</strong> do<br />

património arqueológico <strong>de</strong> Lisboa. Com mais <strong>de</strong> cem locais intervencionados até ao momento e com o<br />

objectivo <strong>de</strong> se proce<strong>de</strong>r à sua divulgação, realiza-se <strong>no</strong> dia 10 <strong>de</strong> Maio o primeiro encontro <strong>de</strong> uma<br />

iniciativa que se preten<strong>de</strong> anual e on<strong>de</strong> se procurará <strong>da</strong>r a conhecer a activi<strong>da</strong><strong>de</strong> arqueológica promovi<strong>da</strong><br />

pelo Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

PROGRAMA<br />

SESSÃO DE BOAS VINDAS<br />

Ana Cristina Leite (Chefe <strong>de</strong> Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios)<br />

COMUNICAÇÕES DO SERVIÇO DE ARQUEOLOGIA DO MUSEU DA CIDADE (DIVISÃO DE MUSEUS<br />

E PALÁCIOS DO D.P.C. DA C.M.L.)<br />

A “Cerca Velha” <strong>de</strong> Lisboa: estado <strong>da</strong> Questão. Contributo <strong>da</strong>s Intervenções Arqueológicas<br />

Manuela Leitão<br />

Estudo e Valorização patrimonial <strong>de</strong> um Troço <strong>da</strong> “Cerca Velha” <strong>no</strong> âmbito <strong>da</strong> Reabilitação Urbana –<br />

Intervenção Arqueológica na Rua Norberto <strong>de</strong> Araújo<br />

Marina Carvalhinhos e Nu<strong>no</strong> Mota<br />

COMUNICAÇÕES DE ENTIDADES CONVIDADAS<br />

Intervenção Arqueológica <strong>no</strong> Largo <strong>de</strong> Jesus (Empresa GEOARQUE, Consultores Para a Área do<br />

Património, L<strong>da</strong>.)<br />

Margari<strong>da</strong> Monteiro<br />

Intervenção Arqueológica <strong>no</strong> Palácio Lumiares (Era-Arqueologia S.A.)<br />

António Valera<br />

POSTERES<br />

- Teatro Roma<strong>no</strong> <strong>de</strong> Lisboa (campanha <strong>de</strong> 2005/2006) (Coor<strong>de</strong>nador científico: Lídia Fernan<strong>de</strong>s)<br />

- Praça Luís <strong>de</strong> Camões (Coor<strong>de</strong>nadores científicos: Lídia Fernan<strong>de</strong>s e António Marques)<br />

- Muralhas <strong>de</strong> Lisboa: Projectos <strong>de</strong> Estudo e Valorização (Coor<strong>de</strong>nadores científicos: Manuela Leitão, Nu<strong>no</strong> Mota e<br />

Marina Carvalhinhos)<br />

- Projecto <strong>de</strong> Estudo, Recuperação e Valorização <strong>da</strong> Torre do “Jogo <strong>da</strong> Pela” e Muralha Adjacente (Coor<strong>de</strong>nador<br />

científico: Manuela Leitão)<br />

- Encosta <strong>de</strong> Sant’ana (Coor<strong>de</strong>nadores científicos: Manuela Leitão e Vasco Leitão)<br />

- Rua do Benformoso nº 168-180 (Coor<strong>de</strong>nador científico: António Marques)<br />

- Levantamento <strong>de</strong> Património Industrial na Rua do Benformoso nº 292-294 (Coor<strong>de</strong>nador científico: Isabel Cameira)<br />

- Rua dos Bacalhoeiros nº 32 (Coor<strong>de</strong>nadores científicos: Lídia Fernan<strong>de</strong>s e António Marques)<br />

- Rua dos Cegos nsº 6-8 (Coor<strong>de</strong>nadores científicos: Nu<strong>no</strong> Mota e Marina Carvalhinhos)<br />

- Rua <strong>da</strong> Regueira (Coor<strong>de</strong>nadores científicos: Rodrigo Banha <strong>da</strong> Silva, Cristina Nozes e Pedro Miran<strong>da</strong>)<br />

- Beco do Espírito Santo (Coor<strong>de</strong>nadores científicos: Rodrigo Banha <strong>da</strong> Silva, Cristina Nozes e Pedro Miran<strong>da</strong>)<br />

- Beco <strong>da</strong>s Barrelas (Coor<strong>de</strong>nadores científicos: Rodrigo Banha <strong>da</strong> Silva, Cristina Nozes e Pedro Miran<strong>da</strong>)<br />

Organização: Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios Coor<strong>de</strong>nação: Lídia Fernan<strong>de</strong>s Mo<strong>de</strong>rador: Lídia Fernan<strong>de</strong>s Secretariado: Ana Caessa<br />

Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

:: A ARQUEOLOGIA DE LISBOA ::<br />

:: SESSÕES NO MUSEU DA CIDADE ::<br />

COMUNICAÇÕES<br />

Pavilhão Preto – 10 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> <strong>2007</strong><br />

COMUNICAÇÕES DO SERVIÇO DE ARQUEOLOGIA DO MUSEU DA CIDADE (DIVISÃO DE MUSEUS<br />

E PALÁCIOS DO D.P.C. DA C.M.L.)<br />

A “Cerca Velha” <strong>de</strong> Lisboa: estado <strong>da</strong> Questão. Contributo <strong>da</strong>s Intervenções Arqueológicas<br />

Manuela Leitão<br />

Estudo e Valorização patrimonial <strong>de</strong> um Troço <strong>da</strong> “Cerca Velha” <strong>no</strong> âmbito <strong>da</strong> Reabilitação Urbana –<br />

Intervenção Arqueológica na Rua Norberto <strong>de</strong> Araújo<br />

Marina Carvalhinhos e Nu<strong>no</strong> Mota<br />

COMUNICAÇÕES DE ENTIDADES CONVIDADAS<br />

Intervenção Arqueológica <strong>no</strong> Largo <strong>de</strong> Jesus (Empresa GEOARQUE, Consultores Para a Área do<br />

Património, L<strong>da</strong>.)<br />

Margari<strong>da</strong> Monteiro<br />

Intervenção Arqueológica <strong>no</strong> Palácio Lumiares (Era-Arqueologia S.A.)<br />

António Valera


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

A CERCA VELHA DE LISBOA: ESTADO DA QUESTÃO. CONTRIBUTO DAS<br />

INTERVENÇÕES ARQUEOLÓGICAS<br />

Manuela Leitão<br />

(Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>)<br />

A presente comunicação preten<strong>de</strong> efectuar uma síntese do estado actual do<br />

conhecimento relativo à “Cerca Velha” ou “Moura”, o mais antigo dispositivo militar <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Lisboa, até hoje conhecido.<br />

Apesar <strong>de</strong>sta estrutura ter sido alvo <strong>de</strong> vários estudos ao longo dos tempos, a obra do<br />

olisipógrafo Vieira <strong>da</strong> Silva ain<strong>da</strong> constitui na actuali<strong>da</strong><strong>de</strong> uma referência incontornável, <strong>da</strong>do o<br />

rigor do levantamento documental realizado, bem como o intenso trabalho <strong>de</strong> observação e<br />

aferição, <strong>de</strong>senvolvido <strong>no</strong> terre<strong>no</strong>.<br />

O traçado proposto por este investigador, aceite na sua generali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixa em aberto<br />

algumas lacunas relativas à dinâmica construtiva e evolutiva <strong>da</strong> muralha, tendo em conta a longa<br />

diacronia <strong>da</strong> sua utilização.<br />

As intervenções arqueológicas realiza<strong>da</strong>s sobretudo a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90 do séc.<br />

XX, sob a coor<strong>de</strong>nação do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e do antigo IPPAR, têm permitido esclarecer<br />

questões do âmbito cro<strong>no</strong>lógico e ain<strong>da</strong> certificar ou corrigir os traçados sugeridos.<br />

Salientamos a confirmação científica do reaproveitamento <strong>de</strong> troços <strong>da</strong> muralha <strong>de</strong><br />

época romana, informação que irá proporcionar estudos mais ambiciosos sobre o urbanismo <strong>de</strong><br />

Olisipo.<br />

Torna-se urgente conceber uma política <strong>de</strong> actuação arqueológica em Lisboa que facilite<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>stes estudos, fora do enquadramento <strong>da</strong>s intervenções <strong>de</strong> Emergência ou<br />

<strong>de</strong> Prevenção.<br />

Perspectiva geral <strong>da</strong> intervenção arqueológica realiza<strong>da</strong> na Rua <strong>de</strong> S. João <strong>da</strong> Praça (2001)


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NA RUA NORBERTO DE ARAÚJO, 21-29 – ESTUDO E<br />

VALORIZAÇÃO PATRIMONIAL DE UM TROÇO DA “CERCA VELHA” NO ÂMBITO DA<br />

REABILITAÇÃO URBANA – 2005 / <strong>2007</strong><br />

Marina Carvalhinhos<br />

Nu<strong>no</strong> Mota<br />

(Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>)<br />

A intervenção arqueológica em curso na Rua Norberto <strong>de</strong> Araújo, <strong>no</strong>s edifícios nºs 21-<br />

29, foi inicia<strong>da</strong> em finais <strong>de</strong> 2005, pelos técnicos do Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong><br />

Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, e realiza<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>scontínua <strong>no</strong> âmbito do programa <strong>de</strong> reabilitação urbana<br />

<strong>de</strong>senvolvido pela Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Projecto <strong>de</strong> Alfama.<br />

A pertinência <strong>de</strong>sta intervenção consi<strong>de</strong>rou-se eleva<strong>da</strong> por se tratar do local on<strong>de</strong> um<br />

troço <strong>da</strong> cerca, conjecturado por A. Vieira <strong>da</strong> Silva <strong>no</strong> levantamento que empreen<strong>de</strong>u em finais<br />

do séc. XIX, estaria fossilizado <strong>no</strong> paredão do miradouro <strong>de</strong> Santa Luzia, ao qual os edifícios<br />

encostam. Até à <strong>da</strong>ta não se conhecia qualquer vestígio <strong>de</strong> muralha ou torre neste<br />

prolongamento do lanço Oriental que <strong>de</strong>sce <strong>da</strong>s Portas do Sol.<br />

Consequentemente, os trabalhos <strong>de</strong> <strong>arqueologia</strong> foram programados <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificar, registar, <strong>da</strong>tar e valorizar os eventuais vestígios preservados <strong>da</strong> estrutura <strong>de</strong>fensiva<br />

encobertos pelas construções actuais.<br />

A abor<strong>da</strong>gem metodológica adopta<strong>da</strong> consi<strong>de</strong>rou as contingências inerentes a uma obra<br />

<strong>de</strong> maior sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e contemplou, numa primeira fase, a abertura <strong>de</strong> pequenas son<strong>da</strong>gens<br />

em ca<strong>da</strong> um dos edifícios e <strong>de</strong> 41 son<strong>da</strong>gens parietais na tardoz do edificado, distribuí<strong>da</strong>s pelos<br />

vários pisos. Os resultados <strong>de</strong>stas son<strong>da</strong>gens, articulados com a interpretação <strong>da</strong>s son<strong>da</strong>gens<br />

geotécnicas verticais e sub-horizontais anteriormente realiza<strong>da</strong>s, levaram à concentração dos<br />

trabalhos <strong>no</strong>s nºs 25 a 29, on<strong>de</strong> a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> aparelhos pétreos ocultos foi superior.<br />

As picagens possíveis <strong>no</strong> nº 27, a <strong>de</strong>smontagem do interior e a escavação <strong>de</strong><br />

son<strong>da</strong>gens <strong>no</strong> subsolo do nº 29, permitiram colocar à vista uma série <strong>de</strong> estruturas inéditas<br />

relaciona<strong>da</strong>s com a “Cerca Velha”.<br />

No nº 27 <strong>de</strong>staca-se a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> um cubelo/contraforte e <strong>no</strong> nº 29 <strong>de</strong> um conjunto<br />

<strong>de</strong> episódios construtivos <strong>de</strong> muralha em Época Medieval que ilustram as várias reformulações<br />

que afectaram esta zona <strong>de</strong> ângulo <strong>da</strong> cerca e a torre aí visível.<br />

Embora as construções e remo<strong>de</strong>lações <strong>de</strong> edificado em Época contemporânea tenham<br />

causado distúrbios profundos <strong>no</strong> potencial arqueológico do local, a intervenção prosseguirá com<br />

o intuito <strong>de</strong> esclarecer a relação física e temporal <strong>da</strong>s estruturas encontra<strong>da</strong>s.<br />

To<strong>da</strong>via, a relevância dos vestígios agora <strong>de</strong>scobertos <strong>de</strong>spertou junto <strong>da</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

promotora <strong>da</strong> obra (UPA) e do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> o interesse pela sua integração museológica <strong>no</strong><br />

projecto <strong>de</strong> reabilitação urbana. A preservação e valorização <strong>de</strong>ste espaço <strong>de</strong> carácter<br />

monumental, enquanto equipamento cultural <strong>de</strong> valia patrimonial apelando a uma funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e vivência específica do passado, está esboça<strong>da</strong> na forma <strong>de</strong> um peque<strong>no</strong> núcleo interpretativo<br />

e <strong>de</strong> observatório/mirante <strong>da</strong> “Cerca Velha”, com base na sua posição estratégica <strong>de</strong> visibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

sobre o lanço oriental <strong>da</strong> antiga cerca urbana.


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

Fig. 1 – Vista geral <strong>de</strong> Sul dos vestígios <strong>de</strong> muralha <strong>de</strong>scobertos <strong>no</strong> nº 29<br />

Fig. 2 - Vista geral aérea dos vestígios <strong>de</strong> muralha <strong>de</strong>scobertos<br />

<strong>no</strong> nº 29.


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

O NEOLÍTICO DO ESTUÁRIO DO TEJO: INTERVENÇÃO NO PALÁCIO DOS LUMIARES<br />

(BAIRRO ALTO, LISBOA)<br />

António Carlos Valera<br />

(Coor<strong>de</strong>nador do Núcleo <strong>de</strong> Investigação Arqueológica <strong>da</strong> ERA Arqueologia SA.)<br />

Nesta comunicação serão apresentados os resultados <strong>da</strong>s escavações arqueológicas <strong>de</strong><br />

diagnóstico realiza<strong>da</strong>s pela ERA Arqueologia S.A. <strong>no</strong> Palácio dos Lumiares, localizado <strong>no</strong> Bairro<br />

Alto, Lisboa.<br />

Embora se apresente a sequência <strong>da</strong>s intervenções e as evidências estratigráficas e<br />

estruturais correspon<strong>de</strong>ntes às ocupações históricas do local, a apresentação incidirá<br />

essencialmente <strong>no</strong>s contextos Pré-Históricos i<strong>de</strong>ntificados e <strong>da</strong>táveis <strong>de</strong> um momento final do<br />

Neolítico Antigo.<br />

Estes, correspon<strong>de</strong>m à presença <strong>de</strong> um paleosolo preservado, on<strong>de</strong> se registou uma<br />

estrutura <strong>de</strong> lareira e uma abun<strong>da</strong>nte indústria lítica talha<strong>da</strong> sobre sílex e alguma cerâmica.<br />

Serão apresentados e comentados os resultados <strong>da</strong>s <strong>da</strong>tações absolutas já realiza<strong>da</strong>s, assim<br />

como os <strong>da</strong>dos disponíveis sobre um estudo <strong>da</strong> dinâmica sedimentar que se terá <strong>de</strong>senvolvido<br />

na vertente on<strong>de</strong> se localiza o sítio e que outras intervenções arqueológicas (<strong>da</strong> ERA e <strong>de</strong> outras<br />

enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s) na zona aju<strong>da</strong>m a perspectivar.<br />

Finalmente, procurar-se-á contextualizar este sítio <strong>no</strong> âmbito <strong>da</strong>s problemáticas <strong>da</strong><br />

ocupação neolítica do estuário <strong>de</strong> Tejo.<br />

Figura 1 – (Esquer<strong>da</strong>) Estrutura do Século XIX; (Direita) Sequência estratigráfica preserva<strong>da</strong>, sendo visível<br />

o paleosolo neolítico (cama<strong>da</strong> mais escura).


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

Figura 2 – Indústria lítica talha<strong>da</strong> e cerâmica proveniente dos contextos do Neolítico Antigo.


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO LARGO DE JESUS (FREGUESIA DAS MERCÊS,<br />

LISBOA)<br />

Margari<strong>da</strong> Monteiro<br />

(Geoarque Consultores na Área do Património Cultural, L<strong>da</strong>.)<br />

O Largo <strong>de</strong> Jesus po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como o centro histórico <strong>da</strong> freguesia <strong>da</strong>s Mercês,<br />

conjugando <strong>no</strong> seu espaço diversos edifícios <strong>de</strong> reconhecido interesse historiográfico, como<br />

sejam a Igreja <strong>de</strong> Nossa Senhora <strong>de</strong> Jesus, imóvel classificado e contíguo ao Convento <strong>de</strong><br />

Jesus, o Palácio Mendia, o edifício<br />

seiscentista do Palácio dos Alcáçovas e o<br />

Liceu Passos Manuel, construído em 1906<br />

segundo o projecto <strong>de</strong> Resen<strong>de</strong> Carvalheira e<br />

actualmente em vias <strong>de</strong> classificação.<br />

Largo <strong>de</strong> Jesus<br />

Os estudos arqueológicos realizados <strong>no</strong><br />

Lagos <strong>de</strong> Jesus integraram-se na construção<br />

<strong>de</strong> um Parque <strong>de</strong> Estacionamento<br />

Subterrâneo, obra concessiona<strong>da</strong> pela<br />

Câmara Municipal <strong>de</strong> Lisboa à ESLI –<br />

Parques <strong>de</strong> Estacionamento <strong>de</strong> Lisboa, S.A. Os estudos arqueológicos foram consi<strong>de</strong>rados<br />

imprescindíveis, face ao conhecimento que se tinha sobre a zona, obtidos documental e<br />

bibliograficamente, os quais criaram gran<strong>de</strong>s expectativas sobre os vestígios arqueológicos que<br />

po<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong>tectados <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr <strong>da</strong>s escavações que seriam realiza<strong>da</strong>s durante a<br />

construção do parque <strong>de</strong> estacionamento.<br />

Os trabalhos arqueológicos tiveram duas fases distintas:<br />

1.ª Fase – Sendo conhecido o potencial arqueológico do local on<strong>de</strong> se previa a implantação do<br />

parque <strong>de</strong> estacionamento, as obras <strong>de</strong> construção foram antecedi<strong>da</strong>s por uma escavação<br />

arqueológica, que como veremos, ela própria teve duas gran<strong>de</strong>s etapas, apesar <strong>de</strong> contínuas,<br />

sendo que a primeira consistiu na realização <strong>de</strong> son<strong>da</strong>gens <strong>de</strong> diagnóstico, que tiveram<br />

continui<strong>da</strong><strong>de</strong> numa escavação em área, única forma <strong>de</strong> registar integralmente as reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>tecta<strong>da</strong>s. Assim, os trabalhos <strong>de</strong> escavação arqueológica tiveram como objectivos a<br />

minimização <strong>de</strong> impactes sobre vestígios arqueológicos e a salvaguar<strong>da</strong> <strong>de</strong>sses mesmos<br />

vestígios através do seu registo científico. Estes primeiros trabalhos arqueológicos <strong>de</strong>correram<br />

entre 3 <strong>de</strong> Janeiro e 30 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2005, tendo tido a direcção <strong>da</strong> Dr.ª Maria João Arez.<br />

2.ª Fase – Consistiu <strong>no</strong> acompanhamento arqueológico <strong>da</strong> obra, propriamente dita, sendo que<br />

esta fase permitiu complementar o trabalho anteriormente <strong>de</strong>senvolvido. Também esta fase se<br />

po<strong>de</strong> subdividir em duas gran<strong>de</strong>s etapas, sendo que a primeira <strong>de</strong>correu entre 1 <strong>de</strong> Junho e 8 <strong>de</strong><br />

Julho <strong>de</strong> 2005 e a segun<strong>da</strong> entre 7 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2005 e 24 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2006. Esta fase teve<br />

a coor<strong>de</strong>nação <strong>da</strong> Dr.ª Sara Ramos.<br />

Genericamente, na primeira etapa, proce<strong>de</strong>u-se ao acompanhamento <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as escavações<br />

<strong>da</strong> obra, tendo-se registado as reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>tecta<strong>da</strong>s, as quais foram inseri<strong>da</strong>s nas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e<br />

<strong>no</strong>s contextos estratigráficas em que se encontravam. Na segun<strong>da</strong> etapa, <strong>de</strong>sta fase, proce<strong>de</strong>use<br />

à escavação arqueológica <strong>da</strong> área que não pô<strong>de</strong> ser intervenciona<strong>da</strong> na 1.ª fase, por coincidir<br />

com a rampa que permitia a circulação <strong>da</strong> maquinaria na obra.


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

As duas fases do acompanhamento arqueológico <strong>da</strong> construção do Parque <strong>de</strong> Estacionamento<br />

Subterrâneo do Largo <strong>de</strong> Jesus permitiram reconstituir, ain<strong>da</strong> que parcialmente, a história <strong>da</strong><br />

ocupação <strong>de</strong>sta zona específica <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVII, uma vez que foi<br />

i<strong>de</strong>ntificado todo o complexo estrutural<br />

correspon<strong>de</strong>nte à anterior disposição do<br />

Largo, <strong>de</strong>struí<strong>da</strong> e reformula<strong>da</strong> <strong>no</strong> final do<br />

século XIX. Foram ain<strong>da</strong> <strong>de</strong>tectados os<br />

alicerces <strong>de</strong> uma ampla moradia senhorial<br />

do século XVII, tendo ain<strong>da</strong> sido registados<br />

diversos níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito e <strong>de</strong> entulho sob<br />

o antigo pavimento do largo, alguns dos<br />

quais evi<strong>de</strong>nciando vestígios <strong>de</strong> incêndios,<br />

assim como várias uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrube,<br />

Estruturas do largo atribuíveis ao século XIX.<br />

resultantes <strong>da</strong>s estruturas habitacionais subjacentes. Os materiais recuperados provêm, na sua<br />

quase totali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>stes níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito, constituindo <strong>no</strong> conjunto uma amostragem<br />

ten<strong>de</strong>ncialmente homogénea, representa<strong>da</strong> sobretudo pela cerâmica comum e situável <strong>no</strong><br />

horizonte compreendido entre o século XVII e o início do século XVIII.


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

:: A ARQUEOLOGIA DE LISBOA ::<br />

:: SESSÕES NO MUSEU DA CIDADE ::<br />

POSTERES<br />

- Teatro Roma<strong>no</strong> <strong>de</strong> Lisboa (campanha <strong>de</strong> 2005/2006) (Coor<strong>de</strong>nador científico: Lídia Fernan<strong>de</strong>s)<br />

- Praça Luís <strong>de</strong> Camões (Coor<strong>de</strong>nadores científicos: Lídia Fernan<strong>de</strong>s e António Marques)<br />

- Muralhas <strong>de</strong> Lisboa: Projectos <strong>de</strong> Estudo e Valorização (Coor<strong>de</strong>nadores científicos: Manuela<br />

Leitão, Nu<strong>no</strong> Mota e Marina Carvalhinhos)<br />

- Projecto <strong>de</strong> Estudo, Recuperação e Valorização <strong>da</strong> Torre do “Jogo <strong>da</strong> Pela” e Muralha<br />

Adjacente (Coor<strong>de</strong>nador científico: Manuela Leitão)<br />

- Encosta <strong>de</strong> Sant’ana – níveis pré-históricos (Coor<strong>de</strong>nador científico: Vasco Leitão)<br />

- Rua do Benformoso nº 168-180 (Coor<strong>de</strong>nador científico: António Marques)<br />

- Levantamento <strong>de</strong> Património Industrial na Rua do Benformoso nº 292-294 (Coor<strong>de</strong>nador<br />

científico: Isabel Cameira)<br />

- Rua dos Bacalhoeiros nº 32 (Coor<strong>de</strong>nadores científicos: Lídia Fernan<strong>de</strong>s e António Marques)<br />

- Rua dos Cegos nsº 6-8 (Coor<strong>de</strong>nadores científicos: Nu<strong>no</strong> Mota e Marina Carvalhinhos)<br />

- Rua <strong>da</strong> Regueira (Coor<strong>de</strong>nadores científicos: Rodrigo Banha <strong>da</strong> Silva, Cristina Nozes e Pedro<br />

Miran<strong>da</strong>)<br />

- Beco do Espírito Santo (Coor<strong>de</strong>nadores científicos: Rodrigo Banha <strong>da</strong> Silva, Cristina Nozes e<br />

Pedro Miran<strong>da</strong>)<br />

- Beco <strong>da</strong>s Barrelas (Coor<strong>de</strong>nadores científicos: Rodrigo Banha <strong>da</strong> Silva, Cristina Nozes e Pedro<br />

Miran<strong>da</strong>)


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

TEATRO ROMANO DE LISBOA – PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO ARQUEOLÓGICA<br />

Lídia Fernan<strong>de</strong>s<br />

(Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>)<br />

A <strong>de</strong>scoberta do teatro ocorreu em 1798, aquando <strong>da</strong>s obras <strong>de</strong> reconstrução <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>pois<br />

do terramoto <strong>de</strong> 1755. Foram então recupera<strong>da</strong>s duas estátuas jacentes <strong>de</strong> sile<strong>no</strong>s e algumas pedras do<br />

muro do proscaenium tendo sido feito o primeiro registo gráfico <strong>da</strong>s ruínas Não obstante, os ímpetos <strong>da</strong><br />

reconstrução levaram à edificação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos prédios <strong>no</strong> local.<br />

As Primeiras Campanhas Arqueológicas iniciaram-se em 1964, na sequência <strong>de</strong> obras na cave<br />

<strong>de</strong> um dos edifícios <strong>da</strong> R. <strong>de</strong> S. Mame<strong>de</strong> ao Cal<strong>da</strong>s, foram realizados, pela edili<strong>da</strong><strong>de</strong>, os primeiros<br />

trabalhos <strong>de</strong> intervenção arqueológica. Dessa altura ficou visível cerca <strong>de</strong> um terço <strong>da</strong> totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> área<br />

primitivamente ocupa<strong>da</strong> pelo Teatro, que engloba: muro do proscaenium (muro que <strong>de</strong>limita o palco);<br />

hyposcaenium (parte inferior do palco); parte <strong>da</strong> orchestra (zona semicircular <strong>de</strong>fronte do palco e<br />

<strong>de</strong>stina<strong>da</strong> às elites); zona inferior <strong>da</strong> cavea (banca<strong>da</strong>s); um dos aditi maximi (entra<strong>da</strong> monumental por<br />

on<strong>de</strong> tinham acesso as pessoas que se sentariam mais próximo do palco).<br />

Edificado na época <strong>de</strong> Augusto (finais séc. I a.C / inícios I d.C,), o espaço sofreu remo<strong>de</strong>lações<br />

em 57 d.C. Em termos construtivos e <strong>de</strong>corativos, o Teatro <strong>de</strong> Lisboa apresenta características que<br />

sublinham a antigui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> sua edificação, arreiga<strong>da</strong> em substratos antigos tardo republica<strong>no</strong>s, como<br />

seja o caso dos fustes e capitéis jónicos com revestimento a estuque.<br />

O Projecto <strong>de</strong> Recuperação e Valorização do Teatro Roma<strong>no</strong> foi implementado em 2001 pela<br />

Câmara Municipal <strong>de</strong> Lisboa – Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios. É então inaugurado o Museu do Teatro<br />

Roma<strong>no</strong> e é intervenciona<strong>da</strong> arqueologicamente a área a Sul <strong>da</strong>s ruínas.<br />

As estruturas arqueológicas encontra<strong>da</strong>s nessa campanha (continua<strong>da</strong> em 2005 e 2006) são atribuíveis<br />

aos sécs. XVII/XVIII e permitem-<strong>no</strong>s saber o tipo <strong>de</strong> ocupação que este local teve antes e <strong>de</strong>pois do<br />

terramoto <strong>de</strong> 1755. Os vestígios <strong>de</strong>scobertos relacionam-se com o antigo Celeiro <strong>da</strong> Mitra, que funcio<strong>no</strong>u<br />

<strong>no</strong> local on<strong>de</strong> hoje se instala o Museu do Teatro Roma<strong>no</strong>, até aos inícios do séc. XIX.<br />

Foi igualmente <strong>de</strong>scoberta a estrutura do postcaenium. Esta e<strong>no</strong>rme construção, <strong>de</strong> orientação<br />

E/W, <strong>de</strong>limita o Teatro pelo lado Sul e suportaria a frente cénica. É composta por cantarias esquadria<strong>da</strong>s<br />

com um enchimento inter<strong>no</strong> em opus caementicium. A robustez e dimensões que possui, com uma<br />

largura superior a 4m, e o sítio <strong>da</strong> sua implantação - numa área <strong>de</strong> acentuado <strong>de</strong>snível - fez com que<br />

funcionasse, <strong>de</strong> igual modo, como estrutura <strong>de</strong> contenção <strong>da</strong> colina.<br />

O Teatro Roma<strong>no</strong> <strong>de</strong> Lisboa constitui uma estrutura impressionante pela sua técnica, resistência<br />

e soli<strong>de</strong>z constituindo um marco emblemático <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> mais oci<strong>de</strong>ntal do Império Roma<strong>no</strong>. A<br />

investigação que sobre ele <strong>de</strong>corre é, pela sua multidisciplinari<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma fonte inesgotável para o<br />

conhecimento <strong>de</strong>ste edifício público mas, <strong>de</strong> igual modo, para o entendimento <strong>da</strong> Lisboa actual.<br />

Reconstituição hipotética do Cunhal <strong>da</strong> estrutura do postcaenium<br />

Teatro Roma<strong>no</strong> (muro <strong>de</strong> sustentação <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> cénica)


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NA PRAÇA LUÍS DE CAMÕES (1999/2000)<br />

António Marques<br />

Lídia Fernan<strong>de</strong>s<br />

(Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>)<br />

A Intervenção Arqueológica neste local <strong>de</strong>veu-se à construção <strong>de</strong> um parque <strong>de</strong><br />

estacionamento subterrâneo tendo os trabalhos <strong>de</strong> <strong>arqueologia</strong> sido assegurados pelo Serviço<br />

<strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O Palácio dos Marqueses <strong>de</strong> Marialva foi <strong>de</strong>scoberto <strong>no</strong> <strong>de</strong>curso <strong>de</strong>stes trabalhos, tendo<br />

sido regista<strong>da</strong> a planta do piso térreo on<strong>de</strong> se localizava a cozinha, copas, cavalariças, assim<br />

como um pátio com cisterna, em tor<strong>no</strong> do qual se dispunham os compartimentos referidos. É <strong>de</strong><br />

realçar a área <strong>da</strong> cozinha, on<strong>de</strong> se localizava uma outra cisterna, assim como a lareira, bicas <strong>de</strong><br />

água e fogão em tijolo e conservando as pare<strong>de</strong>s os painéis azulejares.<br />

Edificado por volta <strong>de</strong> 1651 por D. António Luís <strong>de</strong> Meneses, agraciado com o título <strong>de</strong><br />

Marquês pelo <strong>de</strong>sempenho militar e político <strong>no</strong> período <strong>da</strong> Restauração, foi um dos palácios<br />

mais importantes <strong>da</strong> época. A construção do palácio implicou a <strong>de</strong>struição do casario<br />

quinhentista, do qual se registaram alguns vestígios.<br />

Os materiais recolhidos durante os trabalhos foram em elevado número, <strong>de</strong>stacando-se<br />

a colecção <strong>de</strong> porcelanas e <strong>de</strong> faianças. Estes objectos espelham-<strong>no</strong>s a vivência,<br />

cosmopolitismo e elevados proventos económicos dos proprietários do palácio.<br />

O Terramoto <strong>de</strong> 1755 arrui<strong>no</strong>u o palácio e afastou a família Marialva. Apesar do então 4º<br />

Marquês <strong>de</strong> Marialva ter encomen<strong>da</strong>do um Projecto <strong>de</strong> Reconstrução do Palácio a Eugénio dos<br />

Santos, um dos obreiros <strong>da</strong> reconstrução pombalina, o mesmo não foi implementado.<br />

Paulatinamente o velho palácio vai sendo convertido num edifício <strong>de</strong> rendimento,<br />

ocupado por várias famílias, comércio e pequenas oficinas, <strong>da</strong>ndo origem aos <strong>de</strong><strong>no</strong>minados<br />

“Casebres do Loreto”, que adquirem má fama ao longo do séc. XIX. A localização <strong>de</strong>sta “ilha”<br />

tão próxima do Chiado - então o centro <strong>da</strong> elite cosmopolita <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> - obriga a Câmara a<br />

assumir a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> sua <strong>de</strong>molição, projectando uma praça para o local, inaugura<strong>da</strong><br />

em 1867.<br />

Esta intervenção arqueológica <strong>de</strong>u-<strong>no</strong>s a conhecer o que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um<br />

ícone <strong>da</strong> arquitectura do séc. XVII, <strong>de</strong> planta organicista <strong>de</strong> tradição maneirista, que os <strong>no</strong>vos<br />

projectos pombali<strong>no</strong>s <strong>de</strong>finitivamente abandonarão.<br />

Corredor <strong>de</strong> serviço e esca<strong>da</strong>ria <strong>de</strong> acesso Pote em porcelana <strong>da</strong><br />

Ao an<strong>da</strong>r <strong>no</strong>bre do Palácio dos Marqueses <strong>de</strong> Marialva dinastia Qing (1ª meta<strong>de</strong><br />

séc. XVIII)


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

MURALHAS DE LISBOA PROJECTO INTEGRADO DE ESTUDO E VALORIZAÇÃO DA<br />

“CERCA VELHA” – 1997 / <strong>2007</strong><br />

Manuela Leitão, Marina Carvalhinhos, Nu<strong>no</strong> Mota<br />

(Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>)<br />

Da necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> salvaguar<strong>da</strong>r e divulgar os vestígios estruturais associa<strong>da</strong>s à “Cerca<br />

Velha”, que se encontram dispersos e <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> um programa objectivo <strong>de</strong> acção, foi<br />

preconiza<strong>da</strong> pelo Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> a formação <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong><br />

trabalho que <strong>de</strong>sse sequência a este objectivo.<br />

Este grupo autárquico interdisciplinar que reúne arqueólogos, historiadores, arquitectos<br />

e engenheiros ligados ao Património e à Reabilitação Urbana, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente a Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Projecto <strong>de</strong> Alfama, preten<strong>de</strong> consertar um esforço comum nas diversas áreas <strong>de</strong> actuação.<br />

I – I<strong>de</strong>ntificação<br />

A partir <strong>da</strong> obra lega<strong>da</strong> por A. Vieira <strong>da</strong> Silva, o projecto preten<strong>de</strong> <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong><strong>de</strong> ao<br />

esforço <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação do traçado <strong>da</strong> “Cerca Velha”. Através <strong>da</strong> verificação dos troços<br />

assinalados por aquele autor e <strong>da</strong> <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> vestígios inéditos, adicionando os resultados<br />

obtidos pelos vários intervenientes a actuar na zona antiga <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, esperamos acumular<br />

<strong>da</strong>dos <strong>no</strong>vos e colmatar as lacunas existentes <strong>no</strong> conhecimento <strong>de</strong>sta estrutura <strong>de</strong>fensiva.<br />

Levantamento dos vestígios existentes:<br />

- Estruturas integra<strong>da</strong>s/ visíveis <strong>no</strong> edificado - Troços ou registos parietais <strong>da</strong> cerca<br />

integrados ou reutilizados na edificação <strong>de</strong> outras estruturas e que se distinguem <strong>no</strong> edificado<br />

actual (pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> edifícios, paredões <strong>de</strong> sustentação, …);<br />

- Estruturas integra<strong>da</strong>s/ não visíveis <strong>no</strong> edificado - Troços <strong>da</strong> cerca integrados ou<br />

reutilizados na edificação <strong>de</strong> outras estruturas e que se distinguem <strong>no</strong> edificado actual mas com<br />

o aparelho oculto (pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> edifícios, paredões <strong>de</strong> sustentação, subsolo, …);<br />

- Estruturas musealiza<strong>da</strong>s – Troços <strong>da</strong> cerca ou registos parietais anteriormente<br />

reutilizados, <strong>de</strong>scobertos e integrados <strong>no</strong> edificado, musealizados ou em vias <strong>de</strong> musealização;<br />

- Estruturas não visíveis/ regista<strong>da</strong>s – Troços <strong>da</strong> cerca ou registos parietais <strong>de</strong>scobertos<br />

em intervenções arqueológicas ou obras eventuais que permitem o seu registo e consequente<br />

ocultação;<br />

- Estruturas referencia<strong>da</strong>s nas fontes documentais - Troços <strong>da</strong> cerca referidos nas fontes<br />

documentais e na bibliografia sem confirmação <strong>no</strong> terre<strong>no</strong>.<br />

II – Registo e Estudo<br />

O registo e estudo <strong>da</strong> “Cerca Velha”, fulcral para a aferição <strong>de</strong> cro<strong>no</strong>logias <strong>de</strong> edificação,<br />

interpretação <strong>de</strong> episódios construtivos, num tipo <strong>de</strong> estrutura inevitavelmente dinâmica,<br />

vestígios está a ser <strong>de</strong>senvolvido através <strong>de</strong>:<br />

- Intervenções arqueológicas <strong>no</strong> subsolo e/ou edificado (programação <strong>de</strong> intervenções<br />

pontuais <strong>de</strong> carácter científico por iniciativa do Serviço <strong>de</strong> Arqueologia e intervenções<br />

arqueológicas <strong>no</strong> âmbito <strong>de</strong> obras particulares e <strong>de</strong> reabilitação <strong>de</strong> conjuntos urba<strong>no</strong>s integrados<br />

na “Cerca Velha”)<br />

Intervenções finaliza<strong>da</strong>s:<br />

- Rua <strong>de</strong> São João <strong>da</strong> Praça Obra Municipal <strong>de</strong> saneamento<br />

- Chafariz D’El Rei Obra Particular


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

- Pátio <strong>da</strong> Sra. <strong>da</strong> Murça Iniciativa do Serviço <strong>de</strong> Arqueologia<br />

Intervenções em curso:<br />

- Rua <strong>da</strong> Judiaria Obra Municipal<br />

- Rua Norberto <strong>de</strong> Araújo Obra Municipal<br />

Intervenções previstas:<br />

- Torre <strong>de</strong> S. Pedro Iniciativa do Serviço <strong>de</strong> Arqueologia<br />

- Miradouro <strong>de</strong> Stª Lúzia junto à torre Iniciativa do Serviço <strong>de</strong> Arqueologia<br />

- Arqueologia <strong>da</strong> Arquitectura/ Levantamentos Fotogramétricos ou Ortofotográficos<br />

- Investigação <strong>da</strong>s fontes documentais.<br />

III – Salvaguar<strong>da</strong> e Valorização<br />

O projecto <strong>de</strong> salvaguar<strong>da</strong> e valorização compreen<strong>de</strong>rá a conservação preventiva <strong>da</strong>s<br />

estruturas e a sua divulgação, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente junto do gran<strong>de</strong> público, através <strong>da</strong>s seguintes<br />

acções:<br />

- Intervenções <strong>de</strong> conservação e restauro por equipas especializa<strong>da</strong>s;<br />

- Criação <strong>de</strong> um circuito pedonal documentado através <strong>de</strong> vários elementos:<br />

a) Criação <strong>de</strong> um “ícone”/ imagem gráfica que i<strong>de</strong>ntifique o projecto;<br />

b) Guia/ roteiro <strong>de</strong> visita (actualização <strong>da</strong> informação e formação <strong>de</strong> guias pelo Museu <strong>da</strong><br />

Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>);<br />

c) I<strong>de</strong>ntificação do percurso pedonal (soluções gráficas para alinhamentos não visíveis);<br />

d) Estabelecimento <strong>de</strong> observatórios em locais estratégicos (p.e., Torre na Rua Norberto <strong>de</strong><br />

Araújo);<br />

e) Instalação pontual <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>s núcleos expositivos (p.e., nº 29 <strong>da</strong> Rua Norberto <strong>de</strong><br />

Araújo, Pátio <strong>da</strong> Srª <strong>da</strong> Murça)<br />

f) Destaque <strong>de</strong> estruturas importantes <strong>de</strong>sapareci<strong>da</strong>s (p.e., Porta do Ferro, torre <strong>da</strong> Rua <strong>de</strong><br />

São João <strong>da</strong> Praça);<br />

g) Iluminação a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>.<br />

Troço <strong>da</strong> “Cerca Velha” na Rua Norberto <strong>de</strong> Araújo


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

ENCOSTA DE SANT’ANA (NÍVEIS PRÉ-HISTÓRICOS) – 2004 / 2006<br />

Vasco Leitão<br />

(Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>)<br />

Situado próximo do Esteiro <strong>da</strong> Baixa, <strong>no</strong> casco antigo <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, o Largo do Martim<br />

Moniz escon<strong>de</strong> <strong>no</strong> subsolo a memória <strong>de</strong> uma dinâmica outrora <strong>de</strong>terminante para o<br />

assentamento <strong>de</strong> uma comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> pré-histórica.<br />

Na base <strong>da</strong> encosta, na vertente vira<strong>da</strong> a Nascente, próximo <strong>de</strong> um importante curso <strong>de</strong><br />

água, a ocupação do Sítio <strong>da</strong> Encosta <strong>de</strong> Sant´Ana assenta em solos consoli<strong>da</strong>dos <strong>de</strong> formação<br />

aluvionar, <strong>de</strong>positados pela dinâmica outrora transgressiva <strong>da</strong> Ribeira <strong>de</strong> Arroios.<br />

As intervenções arqueológicas ocorri<strong>da</strong>s em 2002 (sob a direcção científica <strong>de</strong> João<br />

Muralha e Cláudia Costa) e entre 2004 e 2006 tiveram lugar <strong>no</strong> espaço <strong>de</strong>stinado à construção<br />

<strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> empreendimento urbanístico a cargo <strong>da</strong> EPUL. Ao longo <strong>da</strong>s duas campanhas <strong>de</strong><br />

escavação arqueológica, foi intervenciona<strong>da</strong> uma área superior a 1500m2 e removi<strong>da</strong> uma<br />

potência estratigráfica que em vários locais atingiu cotas <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 6m abaixo dos níveis<br />

topográficos preexistentes.<br />

Foram <strong>de</strong>tectados vestígios <strong>de</strong>sta ocupação (bases <strong>de</strong> muros e estruturas <strong>de</strong><br />

combustão, entre outras) numa faixa longitudinal sobranceira à ribeira com cerca <strong>de</strong> 80m <strong>de</strong><br />

extensão (Sector E), mais estreita a Nor<strong>de</strong>ste, on<strong>de</strong> a pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> encosta é mais acentua<strong>da</strong> e<br />

afloram os níveis <strong>de</strong> substrato geológico e mais larga a Sul, on<strong>de</strong> parece formar uma pequena<br />

baía. Neste último local, abrangendo os <strong>de</strong><strong>no</strong>minados subsectores I a III e VIII a X, foram<br />

revelados os contextos ocupacionais mais antigos e com maior <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> informação <strong>de</strong><br />

carácter estrutural e artefactual. Em dois <strong>de</strong>stes subsectores foram obtidos perfis estratigráficos<br />

que testemunham não só as dinâmicas <strong>da</strong> vertente e <strong>da</strong> ribeira, com episódios distintos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pósitos coluvionares e aluvionares, como também <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s Préhistóricas.<br />

A escavação arqueológica na Encosta <strong>de</strong> Sant´Ana permitiu alargar significativamente a<br />

leitura <strong>de</strong>ste espaço na vertente paleotopográfica e na cro<strong>no</strong>logia <strong>da</strong> ocupação do sítio em<br />

período pré-histórico. A evidência cro<strong>no</strong>-estratigráfica, amplamente documenta<strong>da</strong> e as <strong>no</strong>vas<br />

<strong>da</strong>tações absolutas obti<strong>da</strong>s a partir <strong>de</strong> amostras distintas (fauna malacológica, carvões e<br />

sedimento) <strong>de</strong> contextos ocupacionais preservados, permitem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já assegurar uma presença<br />

efectiva <strong>no</strong> local <strong>de</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s neolíticas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados do 6º Milénio antes <strong>da</strong> <strong>no</strong>ssa Era.<br />

Perfil estratigráfico com níveis <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Neolítico antigo até ao período Mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong> (alicerce <strong>de</strong><br />

construção)


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

PROJECTO DE ESTUDO, RECUPERAÇÃO E VALORIZAÇÃO DA TORRE DO “JOGO DA<br />

PELA” E MURALHA ADJACENTE. CERCA FERNANDINA. ENCOSTA DE SANT’ANA,<br />

MARTIM MONIZ – 2004 / <strong>2007</strong><br />

Manuela Leitão<br />

(Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>)<br />

O conjunto patrimonial em causa reveste-se <strong>de</strong> particular importância, não só porque constitui o<br />

único exemplo físico <strong>de</strong>stacado do edificado actual, mas também porque conserva características<br />

arquitectónicas e morfológicas i<strong>de</strong>ntificadoras <strong>da</strong> sua primitiva função como estrutura <strong>de</strong>fensiva.<br />

Os estudos em curso constituem indispensável contributo para a futura reinserção e<br />

enquadramento do monumento, na memória e na vivência <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Para o efeito, foi cria<strong>da</strong> uma equipa interdisciplinar prepara<strong>da</strong> para reflectir e respon<strong>de</strong>r ao maior<br />

número dos objectivos propostos.<br />

Arqueologia <strong>da</strong> Arquitectura<br />

A partir do levantamento topográfico georeferenciado / levantamento ortofotográfico realizado em 2004<br />

(Coor<strong>de</strong>nação Técnica: ERA. Arqueologia S.A) foi possível i<strong>de</strong>ntificar e registar:<br />

- tipologias técnico-construtivas (materiais <strong>de</strong> construção, aparelhos,…);<br />

- variáveis <strong>de</strong> carácter técnico-construtivo e sua distribuição <strong>no</strong> edificado;<br />

- episódios construtivamente homogéneos;<br />

- registo individualizado dos mesmos (com a i<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong>s respectivas Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s Estratigráficas);<br />

- apresentação <strong>de</strong> propostas cro<strong>no</strong>-tipológicas (preliminares).<br />

Intervenção Arqueológica na Torre e áreas envolventes<br />

Esta intervenção permitiu registar a tipologia arquitectónica original <strong>da</strong> Torre, bem como esclarecer<br />

alguns aspectos relacionados com a sua implantação <strong>no</strong> terre<strong>no</strong>. Por outro lado, possibilitou a<br />

compreensão <strong>de</strong> factos ocorridos neste espaço, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua <strong>de</strong>safectação como estrutura <strong>de</strong>fensiva até<br />

à actuali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

TRABALHOS A REALIZAR:<br />

- levantamento Ortofotográfico (2ª fase);<br />

- análise e interpretação estratigráfica do edificado (2ª fase);<br />

- acções <strong>de</strong> Conservação e Restauro;<br />

- <strong>de</strong>finição e execução do Projecto <strong>de</strong> Integração/ Musealização <strong>da</strong> Torre / troço <strong>de</strong> muralha e outros<br />

vestígios arqueológicos.


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NA RUA DO BENFORMOSO nº 168 - 2004<br />

António Marques<br />

(Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>)<br />

O presente trabalho <strong>de</strong>correu <strong>de</strong> uma solicitação feita pela EPUL junto do Serviço <strong>de</strong><br />

Arqueologia, na sequência <strong>de</strong> um projecto <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> um <strong>no</strong>vo edifício habitacional.<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se o volume construtivo previsto (6 pisos e 2 caves), assim como as<br />

condições geomorfológicas do terre<strong>no</strong>, <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>mente o acentuado <strong>de</strong>clive orográfico, optouse<br />

por uma metodologia que compreen<strong>de</strong>u duas fases distintas: realização <strong>de</strong> son<strong>da</strong>gens<br />

prévias <strong>no</strong>s patamares superior e inferior (junto à R. do Benformoso), assim como <strong>de</strong> outras<br />

pequenas son<strong>da</strong>gens (perfis) a meia encosta e acompanhamento arqueológico <strong>da</strong> <strong>de</strong>smontagem<br />

<strong>da</strong> encosta já com os trabalhos <strong>de</strong> engenharia em curso.<br />

Durante a primeira fase foi possível registar a presença <strong>de</strong> diferentes aspectos <strong>da</strong><br />

activi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana neste espaço:<br />

- <strong>no</strong> patamar superior, a ocorrência <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> aterro que, entre os finais do séc. XVI<br />

e o séc. XVIII, serviu <strong>de</strong> local <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito para o material cerâmico rejeitado (“caqueiro”), pelas<br />

diferentes oficinas <strong>de</strong> produção cerâmica existentes nesta zona <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, o qual se <strong>de</strong>senvolve<br />

pela encosta;<br />

- ain<strong>da</strong> <strong>no</strong> patamar superior, sob os referidos níveis <strong>de</strong> aterro, a existência <strong>de</strong> uma<br />

pedreira, on<strong>de</strong> se proce<strong>de</strong>u à extracção <strong>de</strong> calcários do <strong>de</strong><strong>no</strong>minado “Banco Real”, em época<br />

anterior ao séc. XVI;<br />

- <strong>no</strong> patamar inferior i<strong>de</strong>ntificaram-se vestígios <strong>de</strong> uma pequena metalurgia, cuja<br />

laboração terá ocorrido entre os sécs. XVII e XVIII.<br />

A segun<strong>da</strong> fase permitiu sobretudo recolher um vasto espólio cerâmico, disposto<br />

arbitrariamente, em bolsas ou disperso, cujo estudo (em curso) irá permitir caracterizar as<br />

produções lisboetas <strong>de</strong> cerâmica comum e também mo<strong>de</strong>la<strong>da</strong>. Nesse sentido, encontra-se em<br />

execução um estudo ceramológico que conta com o apoio <strong>da</strong> EPUL, o qual além <strong>de</strong> permitir uma<br />

sistematização tipológica, contempla igualmente a realização <strong>de</strong> análises químicas.<br />

Silos /fossas do séc. XVI/XVII


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

LEVANTAMENTO DO PATRIMÓNIO INDUSTRIAL DA CIDADE DE LISBOA<br />

Isabel Cameira<br />

(Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>)<br />

O Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> tem vindo a <strong>de</strong>senvolver um projecto ligado ao Património Industrial<br />

que consiste na recolha <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a informação relativa ao universo fabril existente ou em vias <strong>de</strong><br />

extinção. A colaboração <strong>de</strong> técnicos especializados do antigo IPPAR e dos operários ligados aos<br />

diferentes espaços industriais, têm constituído um apoio imprescindível na i<strong>de</strong>ntificação, estudo e<br />

salvaguar<strong>da</strong> <strong>de</strong>stes bens patrimoniais, tantas vezes <strong>de</strong>scurados.<br />

Este processo teve início em 2002, com a doação <strong>de</strong> algum equipamento pertencente à<br />

antiga Engomadoria <strong>da</strong> Fábrica Ramiro Leão, importante e único testemunho lisboeta <strong>de</strong> um<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> pronto-a-vestir, inserido <strong>no</strong> fenóme<strong>no</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo<br />

oitocentista. Salientamos ain<strong>da</strong> o espólio <strong>da</strong> extinta Fábrica <strong>de</strong> Material <strong>de</strong> Guerra <strong>de</strong> Braço <strong>de</strong><br />

Prata, disponibilizado pela empresa pública, Indústrias <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Portugal (INDEP), bem<br />

como o material <strong>da</strong> Oficina Metalúrgica Lima e Cª Irmão, encerra<strong>da</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong>s 80 do século XX.<br />

Salvaguar<strong>da</strong> e valorização patrimonial<br />

Com este projecto <strong>de</strong> levantamento sistemático preten<strong>de</strong>-se garantir a salvaguar<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

memória, do espaço e a preservação do respectivo espólio. Reflexos <strong>de</strong>ste trabalho po<strong>de</strong>m<br />

encontrar-se na base <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> In Patrimonium, bem como na Carta<br />

Arqueológica realiza<strong>da</strong> pelo Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Os vestígios i<strong>de</strong>ntificados relativos à oficina Lima e Cª Irmão, representam uma<br />

activi<strong>da</strong><strong>de</strong> localiza<strong>da</strong> num bairro antigo que foi a<strong>da</strong>ptando a activi<strong>da</strong><strong>de</strong> manual ao sistema<br />

manufactureiro assim uma prática metalúrgica <strong>de</strong> pequena escala ao nível oficinal. A integração<br />

<strong>de</strong>ste espólio <strong>no</strong> acervo do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, contribui para a compreensão <strong>da</strong>s oficinas e<br />

industrias <strong>de</strong> pequena escala <strong>de</strong> Lisboa, bem como para a preservação <strong>da</strong> memória local.<br />

Veículo para uso <strong>de</strong> bombeiros Interior <strong>da</strong> antiga engomadoria <strong>da</strong><br />

(Fábrica Braço <strong>de</strong> Prata) Fábrica Ramiro Leão


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

UMA REALIDADE LOCAL E OFICINAL: OFICINA LIMA E Cª IRMÃO<br />

Isabel Cameira<br />

(Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>)<br />

No âmbito <strong>de</strong> obras coercivas para consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> um edifício, por parte <strong>da</strong> Câmara,<br />

em 2006, foi <strong>de</strong>tecta<strong>da</strong> uma oficina metalúrgica <strong>da</strong>tável dos inícios do séc. XX.<br />

Localiza<strong>da</strong> na Rua do Benformoso, 292-294, na freguesia dos Anjos, é <strong>no</strong>s dias <strong>de</strong> hoje,<br />

caracteriza<strong>da</strong> como uma zona <strong>de</strong>gra<strong>da</strong><strong>da</strong> on<strong>de</strong> são poucos os vestígios <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

industrial. A zona <strong>de</strong> ocupação <strong>da</strong> oficina continha algumas soluções <strong>de</strong> organização funcional<br />

interna, ain<strong>da</strong> que não se tenha recuperado qualquer equipamento tec<strong>no</strong>lógico e não foi<br />

salvaguar<strong>da</strong>do nenhum bem móvel pertencente à ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> produção. O período <strong>de</strong> laboração<br />

<strong>de</strong>sta oficina <strong>de</strong>senrolou-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os finais dos a<strong>no</strong>s 20 até aos a<strong>no</strong>s 80 – séc. XX.<br />

Do espólio recuperado in situ, <strong>de</strong>stacam-se:<br />

-os arquivos <strong>da</strong> oficina, registo <strong>de</strong> contas (livros <strong>de</strong> caixa): recibos; <strong>da</strong>dos sobre os<br />

operários (folha <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nados e salários);<br />

- os mol<strong>de</strong>s e caixas <strong>de</strong> machos, foram encontrados na “sala dos mol<strong>de</strong>s”, junto à oficina<br />

<strong>no</strong> 1º an<strong>da</strong>r. Estas peças executa<strong>da</strong>s pelo “carpinteiro <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s”, tornavam-se<br />

ferramentas <strong>de</strong> trabalho para o fundidor e faziam parte <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong>signado por<br />

mol<strong>da</strong>ção.<br />

Mol<strong>da</strong>ção:<br />

Mol<strong>da</strong>ção auxiliar – Trata-se <strong>de</strong> um elemento auxiliar para fazer o macho em areia, necessário<br />

para a execução <strong>de</strong> peças ocas como torneiras e ca<strong>no</strong>s<br />

Mol<strong>da</strong>ção principal – É a reprodução <strong>da</strong> forma exterior <strong>de</strong> uma peça a fundir.<br />

Esta oficina esteve, sensivelmente, até cerca dos a<strong>no</strong>s 80 em activi<strong>da</strong><strong>de</strong>, perdurando <strong>no</strong><br />

tempo um modo <strong>de</strong> organização e produção técnica remanescente <strong>de</strong> finais <strong>de</strong> Oitocentos.<br />

Todos estes materiais permitem conhecer as técnicas, os métodos e os meios <strong>de</strong> produção,<br />

assim como as peças aqui produzi<strong>da</strong>s. Da mesma forma possibilitam a compreensão dos<br />

hábitos sociais, económicos e culturais <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> época.<br />

Facha<strong>da</strong> do edifício on<strong>de</strong> se localizava Interior <strong>da</strong> oficina on<strong>de</strong> se localizava a oficina<br />

a oficina mecânica


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

RUA DOS BACALHOEIROS (nº 32) / RUA DA PADARIA (nºs 1-9) – 2005 / 2006<br />

António Marques<br />

Lídia Fernan<strong>de</strong>s<br />

(Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>)<br />

A intervenção arqueológica ocorreu antes dos trabalhos <strong>de</strong> engenharia a implementar <strong>no</strong><br />

edifício, por ocasião <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lação do mesmo.<br />

Sabemos, por informação documental, que neste local estiveram instala<strong>da</strong>s, durante o<br />

século XIII e até cerca <strong>de</strong> 1375, as <strong>de</strong><strong>no</strong>mina<strong>da</strong>s “Fangas <strong>da</strong> Farinha” ou celeiros reais, altura<br />

em que são aí instala<strong>da</strong>s as “Carneçarias” ou “açougues <strong>de</strong> carne <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>”, os quais terão<br />

então sido ampliados à custa <strong>da</strong> <strong>de</strong>sactivação <strong>da</strong>quelas. Os trabalhos possibilitaram a exumação<br />

<strong>de</strong> variados vestígios relacionados com ambas as estruturas.<br />

Aos finais do séc. XV e inícios do séc. XVI, correspon<strong>de</strong>m vários entaipamentos, os<br />

quais <strong>no</strong>s indicam uma progressiva compartimentação do espaço edificativo.<br />

Destaca-se o achado <strong>de</strong> estruturas medievais, <strong>de</strong> orientação SW/NE e localiza<strong>da</strong>s na<br />

área SW do actual edifício. Alguns materiais associados, sobretudo ataifores carenados com<br />

<strong>de</strong>coração a vidrado melado, cerâmica pinta<strong>da</strong> a branco e jarritas <strong>de</strong> pintura a almagro,<br />

apontam-<strong>no</strong>s para os finais do século XI e a primeira meta<strong>de</strong> do século XII.<br />

Quanto ao período roma<strong>no</strong>, <strong>de</strong>stacam-se quatro tanques <strong>de</strong> salga <strong>de</strong> peixe com uma<br />

orientação SW/NE, os quais foram corta<strong>da</strong>s pelas fun<strong>da</strong>ções do actual edifício. Estes tanques<br />

apresentam as pare<strong>de</strong>s internas revesti<strong>da</strong>s a opus signinum e <strong>no</strong> interior <strong>de</strong> um <strong>de</strong>les foi<br />

instalado um poço <strong>no</strong> séc. XVI/XVII o qual foi entulhado na seguinte centúria.<br />

Este núcleo <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong> pescado terá sido edificado <strong>no</strong>s meados do séc. I<br />

(Cláudio/Nero), tendo sido abandonado <strong>no</strong> séc. IV. Os sucessivos arranjos e alterações que esta<br />

fábrica <strong>de</strong> transformação piscícola sofreu relacionam-se com os assoreamentos a que este local<br />

esteve sujeito, com constantes movimentos <strong>de</strong> transgressão e regressão do leito do rio, o que<br />

exigiria constantes cui<strong>da</strong>dos <strong>no</strong> edificado.<br />

Cetária romana com poço do séc. XVII Planta <strong>da</strong>s estruturas medievais<br />

<strong>no</strong> seu interior. <strong>de</strong>tecta<strong>da</strong>s.


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NA RUA DOS CEGOS, NºS 2-6 (SANTIAGO) – 2005 / 2006<br />

Marina Carvalhinhos<br />

Nu<strong>no</strong> Mota<br />

(Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>)<br />

A intervenção arqueológica realiza<strong>da</strong> <strong>no</strong> local integra-se, entre outras na mesma área,<br />

<strong>no</strong> programa <strong>de</strong> reabilitação urbana <strong>de</strong>senvolvido pela Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Projecto <strong>de</strong> Alfama.<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> Arqueologia aqui <strong>de</strong>senvolvidos <strong>de</strong> forma intermitente entre os a<strong>no</strong>s <strong>de</strong><br />

2005 e 2006, e ain<strong>da</strong> por finalizar, permitiram <strong>de</strong>scobrir e registar diversas reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s estruturais<br />

e <strong>de</strong>posicionais anteriores ao edifício actual. Destas, <strong>de</strong>stacam-se os vestígios do edificado<br />

anterior ao terramoto <strong>de</strong> 1755, <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>mente uma pare<strong>de</strong> tardoz, com remo<strong>de</strong>lações <strong>da</strong>táveis<br />

dos sécs. XVIII e XIX, que se encontrava totalmente oculta<strong>da</strong> <strong>no</strong> saguão por entulhos resultantes<br />

do <strong>de</strong>spejo <strong>de</strong> obras efectua<strong>da</strong>s <strong>no</strong> edifício contíguo, durante os sécs. XIX/XX, e um conjunto <strong>de</strong><br />

5 fossas <strong>de</strong>tríticas escava<strong>da</strong>s <strong>no</strong> substrato geológico, com <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> abando<strong>no</strong> em Época<br />

Medieval e Mo<strong>de</strong>rna.<br />

As fossas apresentam uma planta sub-circular, com um diâmetro máximo médio <strong>de</strong> 1,50<br />

m e uma profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> 1,40 m, tendo sido apenas encontra<strong>da</strong>s preserva<strong>da</strong>s parte<br />

<strong>da</strong>s pare<strong>de</strong>s e fundos <strong>da</strong>s estruturas negativas.<br />

Algumas fossas são escava<strong>da</strong>s <strong>no</strong> substrato, contendo <strong>de</strong>pósitos homogéneos e<br />

are<strong>no</strong>sos com material <strong>de</strong> construção e recipientes cerâmicos <strong>de</strong> Época Mo<strong>de</strong>rna. Numa outra<br />

fossa, foi <strong>de</strong>tectado um <strong>de</strong>pósito heterogéneo e are<strong>no</strong>-argiloso o qual apresentava um conjunto<br />

cerâmico mais variado (cerâmicas vidra<strong>da</strong>s, mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s, faianças e porcelanas) com cro<strong>no</strong>logia <strong>de</strong><br />

abando<strong>no</strong> do séc. XVII.<br />

Na fossa 1 foi escavado um <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong>trítico heterogéneo e are<strong>no</strong>-argiloso com<br />

presença abun<strong>da</strong>nte <strong>de</strong> carvões, fauna mamalógica, malacológica e ictiológica, tendo sido<br />

exumado um conjunto cerâmico <strong>de</strong> Época Medieval, <strong>da</strong>tável dos sécs. XIII-XV.<br />

Este espólio assume particular interesse por se tratar <strong>de</strong> um conjunto morfologicamente<br />

variado que representa o equipamento elementar para o quotidia<strong>no</strong> <strong>de</strong> uma casa mo<strong>de</strong>sta em<br />

Época Medieval. Registam-se peças <strong>de</strong> cozinha, uma gran<strong>de</strong> percentagem com vestígios <strong>de</strong><br />

utilização ao fogo, (panelas <strong>de</strong> várias dimensões, testos, caçarolas), louça <strong>de</strong> mesa (copos,<br />

jarros, pichéis, pratos), contentores <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> líquidos (bilhas) e recipientes para<br />

iluminação (can<strong>de</strong>ia e fundos <strong>de</strong> jarros reaproveitados como can<strong>de</strong>ias).<br />

O conjunto cerâmico apresenta pastas laranjas e avermelha<strong>da</strong>s, características <strong>da</strong>s<br />

produções <strong>de</strong> Lisboa. Assinala-se uma forte presença <strong>da</strong> <strong>de</strong>coração canela<strong>da</strong>, nas panelas e<br />

jarros, pintura a branco, num copo e panela canela<strong>da</strong>, e tratamentos <strong>da</strong>s superfícies externas<br />

com agua<strong>da</strong>s <strong>de</strong> coloração laranja e castanha.<br />

Fossas em processo <strong>de</strong> escavação Fossa <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> intervenciona<strong>da</strong>


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

RUA DA REGUEIRA – 2006/<strong>2007</strong><br />

Cristina Nozes, Rodrigo Banha <strong>da</strong> Silva<br />

(Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>)<br />

Pedro Miran<strong>da</strong> (U.P.A. – Direcção Municipal <strong>de</strong> Conservação e Reabilitação Urbana)<br />

Intervenção Arqueológica Urbana com carácter preventivo provoca<strong>da</strong> pela re<strong>no</strong>vação <strong>de</strong><br />

colector <strong>de</strong> esgotos <strong>de</strong> iniciativa <strong>da</strong> Direcção Municipal <strong>de</strong> Infraestruturas e Saneamento.<br />

A Regueira <strong>de</strong> Alfama é o principal talvegue <strong>da</strong> área oriental <strong>da</strong>s “primitivas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s” <strong>de</strong><br />

Lisboa, estando plenamente urbaniza<strong>da</strong> já na Época dos Descobrimentos.<br />

Os trabalhos arqueológicos revelaram:<br />

- uma insuspeita<strong>da</strong> e intensa ocupação ocorri<strong>da</strong> em época imperial romana, com<br />

probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> articula<strong>da</strong> com a via XVI do Itinerário <strong>de</strong> Antoni<strong>no</strong> (Olisippo-Braccara<br />

Augusta);<br />

- um importante edifício <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> construtiva, em muito bom estado <strong>de</strong><br />

conservação, em época alto-imperial <strong>de</strong>corado a fresco e pavimentado a mosaico<br />

policromo;<br />

- uma construção hidráulica do mesmo período;<br />

- uma sequência ocupacional <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> <strong>da</strong> Antigui<strong>da</strong><strong>de</strong> Tardia, e apontar este período como<br />

origem <strong>da</strong> configuração actual do relevo.<br />

O conjunto dos <strong>da</strong>dos recolhidos vieram confirmar as propostas interpretativas prévias <strong>de</strong><br />

uma modulação do traçado urba<strong>no</strong> <strong>da</strong> zona com origem romana. Esta marca paisagística hoje<br />

fossiliza<strong>da</strong> em Alfama foi gera<strong>da</strong> <strong>no</strong> século I d.C.<br />

Edifício alto imperial


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

BECO DO ESPÍRITO SANTO N.º 12-14 (SANTO ESTEVÃO, ALFAMA) - 2005/2006<br />

Cristina Nozes, Rodrigo Banha <strong>da</strong> Silva,<br />

(Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>)<br />

Pedro Miran<strong>da</strong> (U.P.A. – Direcção Municipal <strong>de</strong> Conservação e Reabilitação Urbana)<br />

Intervenção Arqueológica Urbana resultante <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reforço estrutural <strong>de</strong><br />

edifício anexo à Ermi<strong>da</strong> <strong>de</strong> Nossa Senhora dos Remédios (IIP).<br />

Os trabalhos incidiram sobre duas vertentes:<br />

• Arqueologia <strong>da</strong> Arquitectura: foram executa<strong>da</strong>s leituras <strong>de</strong> paramentos;<br />

• Escavação Preventiva: foram i<strong>de</strong>ntificados contextos <strong>da</strong>tados externamente<br />

(documentação manuscrita e epigráfica) <strong>de</strong> c. 1672 d.C.<br />

Uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> estratigráfica (U.E. 009), <strong>de</strong> importância excepcional para o estudo <strong>da</strong><br />

Arqueologia Mo<strong>de</strong>rna lisboeta forneceu inúmeros espólio arqueológico, sendo <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar:<br />

peças <strong>de</strong> cerâmica, em metal, osso, cabe<strong>da</strong>l, bem como espólio paleobotânico.<br />

O significado <strong>de</strong>ste conjunto relaciona-se directamente com as vivências dos antigos<br />

Hospital e Recolhimento <strong>da</strong> Irman<strong>da</strong><strong>de</strong> Espírito Santo dos Homens do Mar, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>staca:<br />

- a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do calçado, à “mo<strong>da</strong> inglesa”, com pintura a vermelho e tacão alto;<br />

- a frequência <strong>de</strong> cachimbos, <strong>da</strong>do que ao tabaco eram atribuí<strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s terapêuticas;<br />

- a prepon<strong>de</strong>rância <strong>da</strong> faiança <strong>no</strong>s objectos ligados à ingestão <strong>de</strong> alimentos.<br />

Conjunto <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> calçado do séc. XVII


Direcção Municipal <strong>da</strong> Cultura / Departamento <strong>de</strong> Património Cultural / Divisão <strong>de</strong> Museus e Palácios<br />

BECO DAS BARRELAS N.º 6-8 (SÃO MIGUEL, ALFAMA) – 2005 / 2006<br />

Cristina Nozes, Rodrigo Banha <strong>da</strong> Silva<br />

(Serviço <strong>de</strong> Arqueologia do Museu <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>)<br />

Pedro Miran<strong>da</strong> (U.P.A. – Direcção Municipal <strong>de</strong> Conservação e Reabilitação Urbana)<br />

Intervenção Arqueológica Urbana motiva<strong>da</strong> pelas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> equipa <strong>de</strong> projectistas <strong>de</strong><br />

Engenharia <strong>de</strong> Estruturas (A2P).<br />

Foi efectua<strong>da</strong> uma escavação Preventiva com a realização <strong>de</strong> duas son<strong>da</strong>gens <strong>da</strong>s quais foi<br />

possível obter algumas conclusões:<br />

Son<strong>da</strong>gem 1:<br />

- a estrutura do edifício actual assenta sobre e incorpora construções anteriores, <strong>da</strong>ta<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />

Época Mo<strong>de</strong>rna (séc.XVIII);<br />

- uma diferente arquitectura do espaço, com<br />

- um vão <strong>de</strong> ligação ao saguão actual (que se mostra, hoje, pavimentado com<br />

gran<strong>de</strong>s mós em calcário);<br />

- o arranque <strong>de</strong> uma esca<strong>da</strong>ria, <strong>de</strong> que sobreviveram as componentes <strong>de</strong><br />

assentamento (em alvenaria);<br />

- uma pavimentação original em tijoleira disposta em espinha, substituí<strong>da</strong> por uma<br />

outra similar ain<strong>da</strong> <strong>no</strong> século XVIII;<br />

- a <strong>de</strong>sactivação do compartimento <strong>no</strong> século XIX, e a utilização do conjunto,<br />

entretanto entulhado, para o assentamento do edifício actual.<br />

Son<strong>da</strong>gem 2:<br />

- a estrutura do edifício actual assenta parcialmente sobre o afloramento rochoso, curiosamente<br />

integrado <strong>no</strong> edificado mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong> (séc. XVIII);<br />

- um diferente arranjo original do espaço:<br />

- uma banca<strong>da</strong> corri<strong>da</strong> lateral, em alvenaria revesti<strong>da</strong> a tijoleira;<br />

- um primitivo pavimento em empedrado;<br />

- a <strong>de</strong>sactivação do compartimento resultou <strong>de</strong> um episódio <strong>de</strong> incêndio<br />

séc.XVIII);<br />

- na reformulação ocorri<strong>da</strong> <strong>no</strong> século XIX este espaço e o mencionado a propósito<br />

<strong>da</strong> Son<strong>da</strong>gem 1 foram conectados por um arco <strong>de</strong> cantaria <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

dimensões.

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