J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
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92 – J. <strong>Herculano</strong> <strong>Pires</strong><br />
evolução do Espiritualismo e de momento de síntese no processo do conhecimento.<br />
Como estrela que surgiu da nebulosa, o Espiritismo não pode conter os elementos<br />
infusos daquela. Atentemos para estas palavras de Kardec, ainda do primeiro<br />
capítulo de A GÊNESE, para compreendermos melhor a natureza do Espiritismo:<br />
“Fatos novos se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis conhecidas.<br />
Ele os observa, compara, analisa, e, remontando dos efeitos às causas, chega à lei<br />
que os rege; depois, deduz as suas consequências e busca as suas aplicações úteis”.<br />
Meditando sobre estas palavras, o estudante compreenderá a razão porque o<br />
Espiritismo não pode endossar as comunicações mirabolantes, que o fariam<br />
retroceder ao seio da nebulosa, tirandolhe a força e o prestígio que o sustentam no<br />
mundo atual, como um reduto espiritualista que desafia e repele o materialismo, no<br />
mesmo terreno em que este opera, e com as suas próprias armas.<br />
3 – O precursor americano<br />
Considerando a obra de Swedenborg como uma antecipação doutrinária do<br />
Espiritismo — no seu aspecto histórico, e como “nebulosa doutrinária”, segundo já<br />
acentuamos —, temos de estabelecer uma ligação entre ela e a obra do médium<br />
norteamericano Andrew Jackson Davis.<br />
Enquanto Swedenborg era um sábio, Davis era semianalfabeto, e além do<br />
mais, “fraco de corpo e mentalmente pobre”, como assinala Conan Doyle. Apesar<br />
dessa contradição, Davis foi o continuador de Swedenborg e o precursor americano<br />
do Espiritismo. E esse fato é tanto mais importante, exatamente pela contradição que<br />
encerra. Ela demonstra, com absoluta clareza, que o espírito domina a matéria, e que<br />
o próprio conceito científico de paralelismo psicofisiológico fica abalado, diante do<br />
impacto das manifestações espíritas. Andrew Jackson Davis está distanciado de<br />
Emmanuel Swedenborg não apenas no espaço e no plano mental. Há entre eles a<br />
distância exata de um século, e além dessa distância temporal, também a que já<br />
assinalamos no plano da cultura intelectual.<br />
Em relação ao tempo, há esta curiosidade a anotar: Swedenborg desenvolve<br />
seus poderes mediúnicos em abril de 1744, e Davis em março de 1844. De um a<br />
outro, saltamos exatamente de meados do século dezoito a meados do dezenove.<br />
Mas não damos o salto sozinhos, porque o espírito de Swedenborg nos acompanha.<br />
Realmente, na tarde de 6 de março de 1844, Davis é arrebatado, em estado de transe<br />
mediúnico, para as montanhas de Catskill, a cerca de quarenta milhas de sua casa, na<br />
cidadezinha de Poughkeepsie, para receber instruções espirituais. Quem são os<br />
instrutores? Um deles é Galeno, o médico grego, e o outro é Swedenborg, segundo<br />
declara Davis em sua autobiografia. Como vemos, um curioso episódio, que repete<br />
na América o encontro do Messias, no Tabor, com os espíritos de Elias e Moisés.