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J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita

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91 – O ESPÍRITO E O TEMPO<br />

do horizonte­civilizado. O caráter pessoal dessas doutrinas, seu sentido explicativo,<br />

sua função didática, conferem­lhes o tom dogmático, que as torna inadequadas na<br />

era científica. Essa inadequação ocasionou o desprestígio do Espiritualismo, que o<br />

progresso das ciências relegou ao plano das superstições.<br />

Diante da “clareza e distinção” cartesianas das ciências, a confusão e o<br />

dogmatismo das religiões e das doutrinas ocultistas, bem como as suas cargas<br />

hereditárias de fetichismo e magia, tornavam o Espiritualismo, perante as elites<br />

culturais, um simples amontoado de resíduos primitivos. O Espiritismo representa o<br />

momento em que o Espiritualismo, superando as fases mágicas do seu<br />

desenvolvimento, atinge o plano da razão, define­se num esquema cartesiano de<br />

“ideias claras e distintas”. É a isso que chamamos a estrela que saiu da nebulosa.<br />

Kardec explica, em A GÊNESE, que o Espiritismo tem, “por objeto especial, o<br />

conhecimento das leis do princípio espiritual”. E acrescenta: “Como meio de<br />

elaboração, o Espiritismo se utiliza, como as ciências positivas, do método<br />

experimental”. Essa atitude permitiu­lhe, ainda segundo expressões do codificador,<br />

“enfrentar o materialismo no seu próprio terreno e com as suas mesmas armas”.<br />

Foi, portanto, o Espiritismo, como doutrina moderna e de espírito<br />

eminentemente científico, o processo de restauração do prestígio perdido do<br />

Espiritualismo, diante do avanço das Ciências. Poucos adeptos do Espiritismo, ainda<br />

hoje, apesar dos ensinos, das explicações e das advertências de Kardec a respeito,<br />

compreendem essa posição da doutrina. Por isso, muitos adeptos se deixam<br />

empolgar pelos restos de nebulosa que ainda procuram empanar o brilho da<br />

doutrina, através de comunicações mediúnicas de teor profético, muitas vezes<br />

tipicamente apocalíptico, que surgem a todo instante no movimento doutrinário. É<br />

natural o aparecimento constante e insistente dessas pretensas reformulações<br />

doutrinárias. Elas correspondem à permanência, determinada pela lei de inércia, de<br />

mentes encarnadas e desencarnadas, no plano do pensamento mágico do passado.<br />

Essas mentes se sintonizam no processo de comunicação mediúnica, repetindo<br />

inadequadamente, em nossa época, os processos “reveladores” do horizonte­<br />

profético. As “verdades novas” que essas comunicações mirabolantes pretendem<br />

transmitir são aquelas mesmas afirmações dogmáticas que causaram o desprestígio<br />

do Espiritualismo no passado. Nada têm de novo, portanto. Pelo contrário, carreiam<br />

apenas o ranço do antigo profetismo, carregado de magia e misticismo. De certa<br />

maneira, e às vezes, mesmo, de maneira direta, são resíduos da Nebulosa de<br />

Swedenborg, ainda capazes de fascinar os adeptos que não se contentam com a<br />

chamada “frieza científica” do Espiritismo. Seria bom lembrarmos a esses adeptos<br />

que essa “frieza” não é suficientemente fria para ser aprovada pelos cientistas, que<br />

não se cansam de condenar a “crendice” e o “religiosismo” da ciência espírita.<br />

Como se vê, essa ambivalência da posição doutrinária, acusada ao mesmo<br />

tempo pelo passado e pelo presente, confirma a sua natureza de marco divisório na

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