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J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita

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89 – O ESPÍRITO E O TEMPO<br />

física, química, astronomia, zoologia, anatomia, metalurgia e economia, além de<br />

outros ramos das ciências pelos quais se interessava, não se coloca em posição de<br />

crítica e observação, mas de passiva aceitação. Considera­se eleito para uma missão<br />

espiritual, senhor de uma revelação pessoal, e portanto incumbido, como Moisés ou<br />

Maomé, de ensinar enfática e dogmaticamente o que lhe era revelado. Atitude<br />

completamente diversa da assumida por Kardec, que não se julgava um profeta, mas<br />

um pesquisador, um rigoroso observador dos fatos, dos quais devia racionalmente<br />

deduzir a necessária interpretação.<br />

A primeira elaboração teórica de Swedenborg não foi, portanto, filosófica<br />

nem científica, mas teológica. Chegou a construir urna complicada interpretação da<br />

Bíblia, através de um sistema de símbolos, dizendo­se o único detentor da verdade<br />

escriturística, que penetrava com o auxílio dos anjos. Essa pretensão o levou<br />

naturalmente à convicção da infalibilidade. Suas explicações deviam ser aceitas<br />

como lições indiscutíveis. Swedenborg via o mundo espiritual, conversava com os<br />

espíritos, recebia instruções diretas, e por isso se julgava capaz de tudo explicar, sem<br />

maiores preocupações. Tornou­se um místico, distanciado da experiência científica a<br />

que se dedicava anteriormente. Essa curiosa posição de Swedenborg o transforma<br />

num elo entre dois períodos da evolução espiritual do homem. De um lado, temos o<br />

horizonte profético, carregado de misticismo, impondo­lhe o seu peso. De outro<br />

lado, o horizonte civilizado, que lhe abre suas perspectivas, em direção ao horizonte<br />

espiritual. O vidente sueco permanece nos limites desses dois mundos. Através da<br />

sua teologia, firma­se no passado, e através de sua doutrina das esferas, que<br />

formulará a seguir, projeta­se ao futuro. Escrevia em latim os seus livros<br />

complicados, mas, apesar disso, apresentava uma visão nova do problema espiritual.<br />

Não se contentou em formular uma doutrina, e fundou urna religião, apoiada nas<br />

seguintes obras: DE CAELO ET INFERNO EXAUDITIS ET VISIS, NOVA JERUSALÉM<br />

e ARCANA CAELESTIA.<br />

O que faz Swedenborg um precursor doutrinário do Espiritismo é a sua<br />

posição em face do mundo espiritual, que ele considera de maneira quase positiva.<br />

Após a morte, os homens vão para esse mundo, e não são julgados por tribunais,<br />

mas por uma lei que determina as condições em que passarão a viver, em planos<br />

superiores ou inferiores, nas diferentes “esferas” da espiritualidade. Anjos e<br />

demônios nada mais eram, para ele, do que seres humanos desencarnados, em<br />

diferentes fases de evolução. Suas descrições do mundo espiritual assemelham­se<br />

bastante às que encontramos nas comunicações dadas a Kardec ou recebidas<br />

atualmente pelos nossos médiuns. O Inferno não era lugar de castigo eterno, mas<br />

plano inferior, de que os espíritos podiam subir para os mais elevados, purificando­<br />

se. A terra, um mundo de depuração espiritual. Uma importante lição devemos tirar,<br />

entretanto, da vida e da obra de Swedenborg: a de que o Espiritismo está certo ao<br />

condenar a formulação de teorias pessoais pelos videntes, e encarecer a necessidade

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