J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
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87 – O ESPÍRITO E O TEMPO<br />
partir. Despediramse, advertindo que voltariam mais tarde “para uma invasão do<br />
mundo”. Quatro anos depois, em 1848, ocorriam as manifestações de Hydesville,<br />
com as Irmãs Fox. Os índios haviam dito a Mr. Evans que fosse até lá, e o pastor<br />
obedeceu, estabelecendo assim a ligação terrena entre os dois fatos espirituais. Mais<br />
curioso ainda o que aconteceu com outro precursor do Espiritismo nos Estados<br />
Unidos, André Jackson Davis, cuja mediunidade se desenvolveu em 1844. Conan<br />
Doyle, comentando o fato, e referindose às obras de Davis, que ainda hoje<br />
constituem um roteiro para os espíritas norteamericanos, acentua: “Ele começou a<br />
preparar o terreno, antes que se iniciasse a revelação”. A 31 de março de 1848,<br />
Davis escreveu no seu diário: “Esta madrugada um sopro quente passou pela minha<br />
face e ouvi uma voz suave e forte dizer: Irmão, um bom trabalho foi começado.<br />
Olha, surgiu uma demonstração viva! — Fiquei pensando o que queria dizer essa<br />
mensagem”. Ora, exatamente nessa madrugada começavam os fenômenos da casa<br />
da família Fox, com as filhas do metodista John Fox, que marcariam o início das<br />
investigações espíritas no mundo.<br />
Como se vê, a tese da “invasão organizada” não é gratuita. Tem bom<br />
fundamento histórico, e poderíamos dizer, bom fundamento profético, ou<br />
mediúnico. Os “batedores”, ou batalhões de reconhecimento, realizaram<br />
primeiramente suas incursões, preparando terreno. Os anunciadores, como<br />
Emmanuel Swedenborg, Edward Irving, Jackson Davis, realizaram o papel dos<br />
profetas bíblicos. E Davis, particularmente, o de João Batista, o precursor,<br />
anunciando o advento do Consolador. A seguir, a invasão organizada realizouse<br />
com pleno êxito, sacudindo a terra de um extremo a outro, durante dez anos. De<br />
1848 a 1858, os fenômenos mediúnicos agitaram o mundo, provocando a atenção<br />
dos sábios e aturdindo os teólogos.<br />
Em 1854, o Prof. Hypollite Léon Denizart Rivail tinha a sua atenção<br />
despertada para as mesasgirantes, que então pululavam em Paris e em toda a<br />
França. E em 1857 já dava a público a obra fundamental da codificação espírita, O<br />
LIVRO DOS ESPÍRITOS, alicerce inabalável da nova revelação, obra básica do<br />
Espiritismo. Mais tarde, em 1868, ao publicar A GÊNESE, o Prof. Rivail, já então<br />
Allan Kardec, diria: “Importante revelação se processa na época atual e nos mostra a<br />
possibilidade de nos comunicarmos com os seres do mundo espiritual. Não é novo,<br />
sem dúvida, esse conhecimento, mas ficara até os nossos dias, de certo modo, como<br />
letra morta, isto é, sem proveito para a humanidade. A ignorância das leis que regem<br />
essas relações o abafara sob a superstição. O homem era incapaz de tirar, desses<br />
fatos, qualquer dedução salutar. Estava reservado à nossa época desembaraçálos<br />
dos acessórios ridículos, compreenderlhes o alcance, e fazer surgir a luz destinada a<br />
clarear o caminho do futuro”. (A GÊNESE, Cap. I, Item 11.) Já nessa época a invasão<br />
organizada triunfara plenamente. O mundo conhecia uma nova doutrina, que<br />
oferecia aos homens o caminho de retorno à espiritualidade.