J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
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80 – J. <strong>Herculano</strong> <strong>Pires</strong><br />
CAPÍTULO III<br />
A INVASÃO ESPIRITUAL<br />
ORGANIZADA<br />
1 – O CICLO DO FORMALISMO<br />
Para bem compreendermos o processo de libertação das energias vitais do<br />
Cristianismo, através do Espiritismo, precisamos traçar rapidamente o esquema do<br />
formalismo cristão. Em primeiro lugar, temos a prédica do Cristo, que, como já<br />
vimos, era inteiramente livre de formalismos, realizada nas margens do lago de<br />
Genesaré, nas estradas, nas ruas, nas praças e nos pátios do Templo de Jerusalém, ou<br />
nas próprias tribunas das sinagogas. Em segundo lugar, a tentativa apostólica de<br />
formalizar os ensinos, enquadrandoos no sistema judaico. É o caso da exigência de<br />
circuncisão dos novos adeptos, de oferta de sacrifícios no templo, de aplicação do<br />
batismo, e assim por diante. Em terceiro lugar, a formalização medieval do<br />
Cristianismo, que acabou por se enquadrar na sistemática religiosa das antigas<br />
ordens ocultas, por submeterse aos ritos, ao aparato litúrgico e às formas mágicas<br />
(sacramentais) dos cultos pagãos. Em quarto lugar, a libertação do formalismo,<br />
iniciada pela Reforma, e que vem completarse no Espiritismo. Esse esquema,<br />
limitado ao Cristianismo, enquadrase num esquema mais amplo, que abrange todo<br />
o processo religioso da humanidade, em seus mais variados aspectos.<br />
Vejamos esse esquema maior, em sua amplitude universal:<br />
Primeiro, temos o mediunismo primitivo, em que as relações entre o<br />
homem tribal e os espíritos se processavam de maneira natural, espontânea, sem<br />
necessidade de formalidades especiais, pelo surto inevitável da mediunidade entre os<br />
selvagens. Depois, temos a formalização rudimentar dessas relações, entre os<br />
próprios selvagens, que deram início ao culto dos espíritos, seguindo os preceitos da<br />
reverência tribal aos caciques e pagés. Assim, a formalização começou na própria<br />
era primitiva, no horizonte tribal. Mas só mais tarde iria tomar aspectos definidos,<br />
no processo do desenvolvimento da vida social. Partimos, portanto, da liberdade<br />
mediúnica da vida tribal, para um segundo estágio, que é o da formalização do culto<br />
familial, no horizonte agrícola, com a instituição progressiva do culto dos ancestrais.<br />
O terceiro passo é a criação dos sistemas oraculares, no horizonte civilizado, quando<br />
o culto dos ancestrais se amplia e se complica, para servir à comunidade, à cidade. O<br />
quarto estágio é o da sistematização das grandes religiões, com seu formalismo