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J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita

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72 – J. <strong>Herculano</strong> <strong>Pires</strong><br />

desenvolvimento das forças da evolução espiritual. A verdade fundamental está<br />

demasiado evidente no processo histórico, e tanto se confirma no plano das<br />

investigações antropológicas, dos estudos culturais, quanto da própria exegese<br />

bíblica e evangélica, quando procedida sem as restrições do pensamento sectário.<br />

O anúncio de Jesus à mulher samaritana, de que chegaria o tempo em que<br />

os verdadeiros adoradores de Deus o adorariam “em espírito e verdade”, e a<br />

promessa do Consolador, constante do Evangelho de João — simples sanções<br />

evangélicas às referências do Velho Testamento a uma era espiritual — oferecem<br />

confirmação escriturística à evidência histórica. A “religião espiritual” é a meta que<br />

será fatalmente atingida pelo desenvolvimento do Cristianismo, através do<br />

Espiritismo.<br />

2 – A luta contra os símbolos<br />

Aquilo a que chamamos “arcabouços religiosos" pode ser definido como a<br />

série de estruturas simbólicas que recobre o sentimento religioso. Essas estruturas,<br />

como o madeiramento ou o esqueleto metálico de uma construção, mantêm os<br />

edifícios religiosos. E nenhum edifício mais bem estruturado, mais solidamente<br />

sustentado por seus arcabouços, do que o da igreja medieval. Tanto a estrutura<br />

doutrinária, constituída pela dogmática cristã, quanto a estrutura litúrgica e a<br />

sacerdotal, representavam poderosos arcabouços, que pareciam construídos de<br />

maneira a enfrentar os séculos e os milênios. Mas foram precisamente esses<br />

arcabouços que sofreram as primeiras rupturas, quando o impacto do Renascimento<br />

atingiu a homogeneidade religiosa da Idade Média. Os símbolos representam ideias,<br />

servem para transmiti­las, mas por isso mesmo se colocam entre as ideias e o<br />

intelecto, e não raro encobrem e asfixiam aquilo que deviam exprimir. Trata­se,<br />

evidentemente, de um processo dialético.<br />

Os símbolos são úteis durante o tempo necessário para a transmissão da<br />

ideia, mas tornam­se inúteis e perniciosos quando passam do tempo. No caso do<br />

cristianismo medieval, essa deterioração da simbólica religiosa era tanto mais<br />

inevitável, quanto os chamados símbolos­cristãos haviam sido tomados de<br />

empréstimo às religiões anteriores, superadas pelas ideias cristãs. Símbolos<br />

adaptados, que representavam mal as ideias encobertas, uma vez esgotada a sua<br />

função representativa, revelaram o seu indisfarçável vazio interior. A Reforma pode<br />

ser considerada como uma luta contra os símbolos. Destituídos de significação, os<br />

símbolos perduraram nas estruturas, como perduram ainda hoje, mantidos pelo valor<br />

social e econômico de que se revestiram. À maneira dos mitos antigos, da<br />

civilização greco­romana, que se mantiveram em uso muito tempo depois de<br />

haverem perdido o seu conteúdo significativo, os símbolos medievais continuavam

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