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J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita

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70 – J. <strong>Herculano</strong> <strong>Pires</strong><br />

CAPÍTULO II<br />

RUPTURA DOS<br />

ARCABOUÇOS RELIGIOSOS<br />

1 – Rumo à religião<br />

Com a vitória da razão, ou seja, com o amadurecimento espiritual do<br />

homem, a religião começa a avançar nos rumos da sua completa libertação. O<br />

fermento racional do Cristianismo, que levedara a massa da civilização medieval,<br />

leva à ruptura inevitável os arcabouços religiosos forjados através dos horizontes<br />

tribal, agrícola e civilizado. A partir do Renascimento, e particularmente da<br />

Revolução Francesa, as estruturas asfixiantes da “religião estática”, definida por<br />

Bergson, serão rompidas pelos impactos da “religião dinâmica”. Esses impactos são<br />

tanto mais irresistíveis e incontroláveis, quanto provêm do próprio interior dos<br />

arcabouços religiosos.<br />

Quando analisamos o processo à luz dos próprios textos evangélicos, apesar<br />

das deformações que sofreram através das cópias, das traduções e das várias<br />

adaptações, compreendemos que essa fase de libertação corresponde ao triunfo<br />

histórico dos princípios cristãos. Lembrando a figura do Semeador, usada por Jesus,<br />

podemos dizer que a semeadura racional do Cristo, vencendo a laboriosa<br />

germinação medieval, brotou com toda a sua força a partir do Renascimento. Daí<br />

por diante, a seara crescerá com rapidez espantosa, lançará os pendões que<br />

rebentarão em flores anunciadoras dos novos tempos, e começará a dar as suas<br />

primeiras espigas. Étienne Gilson, historiador católico da filosofia medieval,<br />

explica­nos, no capítulo final da sua obra clássica, LE PHILOSOPHIE AU MOYEN<br />

ÂGE: “Desde as origens patrísticas até o fim do século XIV, a história do<br />

pensamento cristão, a de um esforço incessantemente renovado para revelar o<br />

acordo entre a razão natural e a fé, onde ele existe, e para realizá­lo, onde ele não<br />

existe. Fé e razão, os dois temas com os quais se construirá toda essa história, são<br />

propostos desde o princípio e se reconhecem claramente ao longo da Idade Média,<br />

em todos os filósofos que vão de Escoto Erígena a São Tomás”. E Gilson conclui o<br />

capítulo com um período luminoso, em que afirma a prioridade da França no<br />

episódio da vitória da razão, acrescentando que a sua pátria “impregnou­se para<br />

sempre do sonho messiânico de uma humanidade organizada e ligada pelos laços<br />

puramente inteligíveis de uma mesma verdade”. Esses laços inteligíveis, que

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