J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
4 – Mediunidade positiva<br />
57 – O ESPÍRITO E O TEMPO<br />
Jesus assinala o aparecimento do horizonte espiritual, marcando o início de<br />
um novo ciclo histórico no Ocidente. Com o seu ensino, amplamente divulgado e<br />
aceito, as grandes concepções do passado, limitadas a pequenos círculos de iniciados<br />
ou eleitos, modelam uma nova mentalidade coletiva. O DeusPai de Jesus<br />
transcende o DeusFamiliar de Abrão, Isaac e Jacó, supera a natureza tutelar dessa<br />
concepção judaica. Por isso, o Deus evangélico não é guerreiro, mas amoroso e<br />
justo; não faz discriminações, não exige culto externo, não quer intermediários.<br />
Como Pai Universal, o antigo Javé tribal atinge dimensões cósmicas, é o Deus dos<br />
homens e dos anjos, da terra e das “outras moradas” que existem no infinito.<br />
Paulo, que exemplifica o drama da transição da consciência judaica para a<br />
cristã, adverte que Deus não deseja cultos externos, semelhantes aos dedicados às<br />
divindades pagãs, mas “um culto racional”, em que o sacrifício não será mais de<br />
plantas ou animais, mas da animalidade, ou seja, do ego inferior do homem. A<br />
religião se depura dos resíduos tribais, despese dos ritos agrários e da complexidade<br />
que esses ritos adquiriram no horizonte civilizado. Tornase espiritual. Os próprios<br />
apóstolos do Cristo não compreendem de pronto essa transição. Pedro chefia o<br />
movimento que Paulo chamou “judaizante”, tendendo a fazer do Cristianismo uma<br />
nova seita judaica. Mas Paulo é a flama que mantém o ideal do Cristo. Inteligente e<br />
culto, é um dos poucos homens capazes de compreender a nova hora que surge, e<br />
por isso o Cristo o retira das hostes judaicas, para colocálo à frente do movimento<br />
cristão. A religião espiritual, desprovida de culto externo, iluminada pela razão,<br />
individualizase. O cristão não precisa do sacramento de um sacerdote, do<br />
beneplácito de unia igreja, mas tãosomente da pureza da sua própria consciência. O<br />
rito do batismo, que Pedro exige dos novos adeptos, juntamente com a circuncisão,<br />
repugna a Paulo, que o substitui pelo “batismo do espírito”, ou seja, a elucidação<br />
evangélica, seguida do desenvolvimento mediúnico. O mediunismo profético se<br />
generaliza, porque “o espírito se derrama sobre toda a carne”, e a fé, iluminada pela<br />
razão, deixa o terreno primário da crença, para elevarse ao da convicção, através do<br />
conhecimento direto da realidade espiritual, tão clara e positiva quanto a material.<br />
A mediunidade desenvolvida encoraja os apóstolos, que se mantêm em<br />
contato com as forças espirituais, para poderem enfrentar o poder temporal. Os<br />
mártires, os santos e os sábios encherão o mundo de espanto, com as luzes de uma<br />
nova e vigorosa concepção da vicia, que eleva o homem acima de si mesmo. É<br />
evidente que tudo isso não se realiza de um dia para outro, mas através de um lento<br />
processo de evolução social, econômica, cultural e espiritual. Jesus se chamava a si<br />
mesmo de semeador, porque conhecia o lento processo da semeadura e germinação<br />
das ideias. Sabia, também, que os princípios da sua doutrina, do seu ensino, teriam<br />
de sofrer as deformações naturais desse processo. Por isso anuncia, como vemos no