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J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita

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56 – J. <strong>Herculano</strong> <strong>Pires</strong><br />

fundamentais do horizonte espiritual. Podemos encontrá­la, como acabamos de ver,<br />

tanto entre os gregos, na idade de ouro da Grécia, quanto entre os indianos ou os<br />

judeus, ou ainda entre os gauleses e os bretões, no Ocidente. A concepção do<br />

homem como filho de Deus, e ao mesmo tempo como sua obra, sem nenhuma<br />

explicação pretensiosa da maneira ou da técnica da criação, apresenta­se no<br />

Espiritismo como provisória com todas as características de uma teoria científica, a<br />

ser confirmada mais tarde. Há, naturalmente, um profundo mistério por trás dessa<br />

alegoria. O Espiritismo está consciente disso, mas também está consciente de que<br />

não há outra maneira racional de enfrentar o mistério, senão essa. A razão demonstra<br />

ou exige um processo criador, e consequentemente uma força criadora. A intuição<br />

humana, latente em cada homem e imanente na espécie, desde todos os tempos, faz<br />

pulsar o coração diante do mistério, como nas bordas de um abismo. E todo aquele<br />

que não teme equilibrar­se nas bordas, “sabe”, por intuição e por exigência da razão,<br />

que uma Inteligência Suprema atua no Universo.<br />

Não há, pois, como deixar de admiti­la. E os próprios Espíritos,<br />

comunicando­se através da mediunidade, confirmam essa intuição humana. Filha de<br />

Deus e obra de Deus, a inteligência finita reúne em si a explicação emanatista e a<br />

explicação artística. É uma concepção dialética, uma síntese histórica. De um lado, o<br />

emanatismo védico, e, de outro, a arte platônica e o artesanato bíblico, chocam­se e<br />

se fundem no processo da criação. Deus não expende centelhas nem fabrica<br />

inteligências. É antes uma fonte criadora, um Pai Supremo, que gera filhos na matriz<br />

misteriosa do Universo.<br />

Vemos que já existe, nesse aprofundamento da ideia, um avanço na<br />

concepção do poder criador de Deus, primeiramente interpretado como luz a<br />

irradiar­se, depois, como artista ou artesão a construir, e, por fim, como um ser a<br />

procriar. Da exterioridade à interioridade, a concepção do poder criador parte da<br />

analogia objetiva, a luz a irradiar; para a analogia operacional, o artista a plasmar a<br />

sua obra; e atinge a analogia orgânica, com o Pai Supremo a gerar os filhos humanos<br />

e finitos. Estes filhos, porém, herdam as qualidades paternas. Para serem legítimos,<br />

não podem e não devem permanecer num plano de inferioridade constante. Assim<br />

como os filhos humanos nascem pequeninos e frágeis, mas crescem e igualam­se<br />

aos pais, assim também os filhos divinos, embora inferiores no início, trazem no<br />

íntimo o poder de crescer e igualar­se ao Pai. Embora estejamos, nesse ponto, em<br />

pleno terreno hipotético, a observação das leis naturais autoriza a hipótese. A<br />

biologia, a psicologia, a sociologia, a história, a antropologia, a arqueologia e a<br />

paleontologia, oferecem bases seguras à hipótese do crescimento humano, a partir<br />

das formas inferiores da animalidade, até alcançar as superiores expressões da<br />

consciência espiritual. Mas ninguém, talvez, tenha expressado melhor esse princípio<br />

do que o apóstolo Paulo, ao afirmar que somos “herdeiros de Deus e co­herdeiros de<br />

Cristo”.

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