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J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita

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54 – J. <strong>Herculano</strong> <strong>Pires</strong><br />

numa forma jurídica semelhante a dos romanos, vemo­la brilhar na ideia do Tao.<br />

Mas é na Judeia que ela vai atingir a sua definição, e a partir de Jesus é que ela se<br />

derrama sobre os homens de maneira abundante, graças à analogia Deus­Pai, que<br />

impregna a sua pregação. A segunda nota é a concepção do Homem como<br />

inteligência finita, submetida a Deus, mas em desenvolvimento, filha de Deus,<br />

evoluindo universalmente para Ele.<br />

A terceira é a concepção jurídico­espiritual do mundo, uma forma em que<br />

se fundem o pensamento jurídico dos romanos e os anseios espirituais dos judeus.<br />

Nessa forma, as relações entre Deus e o Homem aparecem como espirituais,<br />

independendo de fórmulas e cultos. As relações diretas, já estabelecidas pelos<br />

profetas bíblicos, atingem sua culminância na permanente ligação do Pai com o<br />

Filho, explicada por Jesus e que dará motivo, mais tarde, para interpretações<br />

místicas do mistério da Divindade.<br />

Essas três notas fundamentais: Deus como inteligência suprema, o Homem<br />

como filho de Deus, e as relações diretas entre o Pai e o Filho, se fundem na<br />

característica do horizonte espiritual, que é a transcendência. A fuga musical se<br />

consuma. O espírito humano se liberta dos liames terrenos, para alçar­se acima de si<br />

mesmo e projetar­se num futuro sem limites. A música nos toca através dos<br />

sentidos, mas está além dos sentidos. Embora os sons que a compõem pertençam ao<br />

domínio da percepção, a harmonia que deles resulta e a emoção que provocam, a<br />

mensagem que traduzem, extravasam do concreto. A música é sempre uma fuga ao<br />

real, sublimação, transcendência. Daí a felicidade da comparação de Dilthey,<br />

principalmente quando a aplicamos à evolução espiritual do homem. Mas nenhuma<br />

doutrina consubstancia mais clara e poderosamente as notas dessa fuga musical, do<br />

que a Doutrina <strong>Espírita</strong>, que por isso mesmo assinala a culminância do horizonte<br />

espiritual. A definição de Deus, em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, é como a pancada<br />

sonora da primeira tecla ou da primeira corda, para o início da fuga.<br />

“O que é Deus?”, pergunta Kardec. E o Espírito da Verdade responde:<br />

“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”. Mais adiante,<br />

quando Kardec pede uma definição minuciosa, Espírito o adverte : “Não vos percais<br />

num labirinto, de onde não poderíeis sair”. Está assim colocada a premissa maior da<br />

nova concepção do mundo, que assinala o horizonte espiritual. Deus não é uma<br />

forma humana, não é uma figura mitológica, não é um símbolo. Deus é a realidade<br />

fundamental, a Inteligência Suprema, a fonte de que surgem todas as coisas, assim<br />

como da inteligência finita do homem surgem as coisas que constituem o seu mundo<br />

finito. Não é possível dar forma a Deus, limitá­lo, restringi­lo, dominá­lo pela nossa<br />

razão, como não é possível dar forma a nossa própria inteligência. Deus e Homem<br />

superam o mundo formal, o plano das aparências. E, assim, o horizonte espiritual se<br />

abre sobre todos os horizontes anteriores, como o alargamento infinito de uma<br />

realidade finita, em que os homens vinham se arrastando, através dos milênios.

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