J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
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42 – J. <strong>Herculano</strong> <strong>Pires</strong><br />
CAPÍTULO IV<br />
HORIZONTE PROFÉTICO:<br />
MEDIUNISMO BÍBLICO<br />
1 – Superação do gregarismo<br />
O gregarismo primitivo permanece, como vimos, até o horizonte agrícola,<br />
passando ao horizonte civilizado, ainda bastante vigoroso. Mas neste último já se<br />
verifica a ruptura da homogeneidade gregária, com o aparecimento do<br />
individualismo. Os homens tomam consciência de si mesmos, de sua potencialidade<br />
individual, e vão aos poucos rompendo as malhas do rebanho. O exemplo e o ensino<br />
dos mais adiantados estimulam os que vêm na retaguarda, e a fascinação do domínio<br />
próprio, o prazer e a novidade do controle autônomo, encorajam os que se iniciam<br />
na individualização.<br />
O horizonte profético, que assinala o avanço da humanidade além do<br />
horizonte civilizado, é o mundo da individualização. Assim como a criança, ao<br />
tomar consciência de si mesma, após a primeira infância, mostrase encantada com a<br />
possibilidade de se dirigir sozinha e fazer o que quer, assim também o homem<br />
gregário, resultante natural da evolução do homemtribal, encantase com as<br />
possibilidades da individualização. Nada mais justo, portanto, que os excessos e<br />
abusos que caracterizam o indivíduo grecoromano e o profeta hebraico. Eles<br />
manejam um instrumento novo, uma nova máquina, e se embriagam na liberdade<br />
recémadquirida. Liberdade é bem o termo, pois a individualização representa a<br />
libertação do rebanho. O homem que se individualiza aprende a pensar por si<br />
mesmo, a escolher, a julgar, não se submetendo mais aos moldes coletivos. Ao<br />
mesmo tempo, libertase dos instintos, da força absorvente das necessidades da<br />
espécie, que o escravizaram no gregarismo. A capacidade de abstração mental<br />
libertouo do concreto, da sujeição à matéria. A capacidade de formulação de juízos<br />
éticos, jurídicos e religiosos, transformouo em juiz da tradição, do meio social e de<br />
si mesmo.<br />
O poder de racionalização o erigiu em senhor da sociedade e da natureza.<br />
Nada mais justo que ele agora se imponha ao mundo, em vez de submeterse às<br />
contingências e às circunstâncias. Descobrindo o seu próprio poder, e conquistando<br />
a habilidade de manobrálo a seu talante, o homem civilizado elevase ao plano do<br />
profetismo. Já não é apenas uma ovelha do rebanho humano. É alguém que ergueu a