J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
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40 – J. <strong>Herculano</strong> <strong>Pires</strong><br />
todas as épocas, desde a fase tribal, e aprimoramse com o desenvolvimento da<br />
civilização. Jung chamouos, na sua teoria do inconsciente coletivo, de “arquétipos<br />
coletivos”. Os céticos e os materialistas servemse desses arquétipos para negarem<br />
as grandes profecias religiosas e a própria existência da realidade espiritual.<br />
Vejamos como o Espiritismo encara esse problema.<br />
Os arquétipos são, para Jung, os “complexos” da humanidade, produzidos<br />
por grandes traumas coletivos. Assim como os traumas infantis produzem os<br />
chamados complexos psicanalíticos, as condições coletivas por que passou a<br />
humanidade, em suas fases de desenvolvimento primitivo, teriam produzido os<br />
arquétipos. Como se vê, as analogias do organicismo spenceriano, tantas vezes<br />
ridicularizadas, encontram novas aplicações em nossos dias. Um desses arquétipos<br />
de Jung é a lenda do dilúvio universal encontrada nas mais diversas regiões do<br />
globo. O dilúvio bíblico de Noé tem o seu correspondente, por exemplo, no dilúvio<br />
assírio de Gilgamesch ou no dilúvio grego de Deucalião. E este último nos oferece a<br />
origem lendária dos oráculos gregos, que descendem, entretanto, dos oráculos de<br />
civilizações mais antigas. Para o materialista, essas coincidências históricas<br />
desvalorizam por completo a tese espiritualista, que se reduz a um rosário de lendas<br />
e de superstições mais ou menos racionalizadas pelos grupos sacerdotais, através dos<br />
tempos. Para o espírita, pelo contrário, essas coincidências revelam a autenticidade<br />
dos arquétipos, como grandes visões coletivas de realidades espirituais, que não<br />
puderam ser compreendidas na infância da humanidade. Assim como a criança, nas<br />
fases de descontrole emocional e insegurança da razão, elabora interpretações<br />
fantásticas de ocorrências reais, assim também procedeu a humanidade em suas<br />
fases primitivas.<br />
O fantástico das interpretações não nega a realidade dos fatos, a<br />
coincidência histórica serve para confirmar essa realidade. Deucalião, o Noé grego,<br />
salvouse numa barca, levando consigo sua esposa Pirra. Quando Zeus deliberou<br />
acabar com a espécie humana, em consequência da impiedade que avassalava a<br />
terra, Deucalião foi avisado e conseguiu escapar. Da mesma maneira que Noé,<br />
navegou sobre o dilúvio depois de nove dias aportou nas encostas do Parnaso, como<br />
aquele no monte Ararat. Deucalião e Pirra desceram da montanha para consultar um<br />
oráculo, que os aconselhou a cobrirem a cabeça e atirarem pedras para trás. A terra<br />
estava despovoada pelo dilúvio. As pedras que Deucalião atirou converteramse em<br />
homens, e as de Pirra em mulheres. Assim, o mundo pôde ser novamente povoado.<br />
Depois, o casal teve um filho, Heleno, que deu origem à raça helênica, tão<br />
privilegiada quanto o seria a raça hebraica.<br />
O nome de Apolo, o deus clássico dos oráculos, recebe em Delfos um<br />
acréscimo: o cognome Pítico. Esse acréscimo corresponde a outro arquétipo. É que<br />
após o dilúvio apareceu na região uma serpente gigantesca, que tudo avassalava. A<br />
serpente Piton, que foi morta por Apolo, como São Jorge, mais tarde, mataria o