J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
38 – J. <strong>Herculano</strong> <strong>Pires</strong><br />
humano com o mundo espiritual, formalizando essas relações e cercandoas de<br />
cuidados especiais no plano moral.<br />
3 – Mediunismo oracular<br />
Os oráculos dominam todo o horizonte civilizado. Constituem,<br />
praticamente, o centro de orientação de toda a sua vida urbana e rural, política e<br />
religiosa. Mas que são os oráculos? Sua definição não é muito fácil, o que mostra a<br />
natureza transitória dessas instituições religiosas. As antigas formas de relações<br />
mediúnicas estão em trânsito para novas formas, e por isso mesmo apresentam, na<br />
sua constituição oracular, evidentemente sincrética, motivos para diferentes<br />
interpretações, dificultando a sua definição.<br />
O oráculo é às vezes a própria Divindade, outras vezes a resposta dada às<br />
consultas, o santuário ou templo, o médium que atende aos consulentes, ou o local<br />
das consultas: um bosque sagrado, uma gruta misteriosa, uma fonte miraculosa. A<br />
palavra serve para designar todas essas coisas, uma de cada vez, ou todas em<br />
conjunto. Porque a mentalidade popular não sabe ainda distinguir a força misteriosa<br />
que age, nem os seus meios de ação. A Divindade pode falar por si mesma, como<br />
pode estar encarnada no santuário, no templo, na trípode, na pitonisa ou nos<br />
elementos da natureza.<br />
Os oráculos são procurados por todos: reis e sábios, guerreiros e<br />
comerciantes, homens e mulheres do povo. Nisso, estão, todos de acordo, porque<br />
todos reconhecem e respeitam a presença de uma força sobrenatural nesses. locais<br />
sagrados. A “lei de adoração”, de que trata Kardec, atinge fios oráculos uma forma<br />
de síntese, reunindo as conquistas efetuadas ao longo de sua evolução nos horizontes<br />
anteriores. Estão ali presentes, e mescladas, as formas sucessivas de<br />
desenvolvimento da lei, que encontramos nos horizontes tribal e agrícola. A<br />
concepção anímica do mediunismo primitivo, o culto dos ancestrais, a deificação<br />
dos elementos naturais, podem ser facilmente identificados. Os próprios elementos<br />
larvares, rudimentares, da magia e da religião, estão ali presentes: a litolatria, a<br />
fitolatria, a zoolatria, na adoração de pedras, de águas, de árvores e bosques, de<br />
animais e divindades semianimais. Por outro lado, as conquistas mentais do<br />
homem, na longa evolução que realizou, desde a era tribal até a civilização,<br />
constituem a força aglutinadora desses elementos. A capacidade de abstração<br />
mental, o desenvolvimento ético e a formulação de normas jurídicas, responsáveis<br />
pela individualização, modelam os elementos aglutinados, dando assim uma<br />
estrutura complexa ao processo de comunicação mediúnica.<br />
O fenômeno natural, de intercâmbio mediúnico, artificializase. O processo<br />
de racionalização, por outro lado, exige a elaboração de cosmogonias. Os oráculos