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J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita

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37 – O ESPÍRITO E O TEMPO<br />

homem selvagem revela a sua natureza concreta na incapacidade para contar além<br />

do número dos dedos das mãos ou dos pés, nas tribos mais atrasadas. Somente nas<br />

tribos mais evoluídas o homem se torna capaz de utilizar­se de números abstratos.<br />

A abstração mental é, portanto, uma conquista da evolução. E a História da<br />

Filosofia nos mostra que, apesar do enorme desenvolvimento intelectual dos gregos,<br />

foi Sócrates quem descobriu o conceito e revelou a sua importância. Depois de haver<br />

conquistado o conceito, ou seja, a capacidade de conceituar, de formular a<br />

concepção dos objetos materiais, o homem se torna capaz de ajuizar, de comparar,<br />

medir e julgar as coisas. Somente nesse momento ele se torna apto a formular juízos<br />

éticos e morais, a elaborar regras para a sua conduta moral e a esboçar um panorama<br />

ético das relações humanas e divinas. É evidente que uma função não decorre<br />

imediatamente da outra. A capacidade de abstração evolui lentamente para a de<br />

julgamento das coisas, e só numa fase adiantada da evolução intelectual atinge a de<br />

formulação de juízos éticos e morais. É o que nos mostra, por exemplo, a evolução<br />

do pensamento grego, ao passar dos antigos fisiólogos para os sofistas, e destes para<br />

os filósofos da linha socrática.<br />

A capacidade de formular princípios jurídicos, ou normas reguladoras da<br />

vida social, aparece bem cedo, antecedendo a capacidade de formulação dos juízos<br />

éticos e morais. Essa precedência é natural e decorre das exigências materiais da<br />

vida em sociedade. Entretanto, suas primeiras fases são ainda inconscientes,<br />

determinadas pelo mecanismo das exigências sociais. Somente no horizonte<br />

civilizado a função se define, permitindo a elaboração verdadeira dos princípios, que<br />

se incorporam nos primeiros códigos, como o de Hamurábi, para depois se<br />

desenvolverem em estruturas mais complexas. As necessidades de organização do<br />

Império exigiram dos romanos o aprimoramento dessa função, que caracterizou a<br />

sua civilização. Todas as dificuldades de ligação das substâncias cartesianas, que<br />

Espinosa tentou resolver com a sua formulação panteísta, resolveram­se, assim, não<br />

no plano filosófico, mas no plano histórico. A História nos mostra a conjugação dos<br />

elementos materiais e espirituais no desenvolvimento do processo evolutivo.<br />

O Espírito de Civilização, ou o Espírito Civilizado, a que John Murphy se<br />

refere, é, portanto, um produto da evolução da Natureza Universal, que aparece e se<br />

desenvolve no plano superior da Natureza Humana. Ao atingir o horizonte<br />

civilizado, o homem se transforma no ser moral que supera o ser social, ou o animal<br />

político aristotélico, projetando­se em direção ao ser espiritual do futuro. A<br />

humanidade deixa de ser uma espécie, para se transformar num devir. Por isso<br />

mesmo, o mediunismo primitivo, o animismo e o culto dos ancestrais se refundem<br />

numa forma nova de manifestação psíquica, que é o mediunismo oracular. Os juízos<br />

éticos, morais e jurídicos, remodelam as antigas formas de relações mediúnicas do<br />

homem com os Espíritos, as maneiras rudimentares de intercâmbio do mundo

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