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J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita

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35 – O ESPÍRITO E O TEMPO<br />

experiência e pelo desenvolvimento do pensamento abstrato. Um novo Espírito,<br />

entretanto, marcará esse horizonte. Murphy considera o seu aparecimento, e com<br />

razão, como “acontecimento de imensa importância”. Trata­se do “Espírito<br />

Civilizado”, como o chama Murphy, ou o que poderíamos chamar Espírito de<br />

Civilização. Esse Espírito se caracteriza por três funções especiais: a capacidade de<br />

formulação de conceitos abstratos, de formulação de juízos éticos e morais, e de<br />

formulação de princípios jurídicos. Dessas funções surgirá o indivíduo, como a mais<br />

bela afirmação do horizonte civilizado.<br />

Como vemos, o homem se liberta de si mesmo, da sua condição humana,<br />

construída penosamente através das estruturas sociais do horizonte tribal e do<br />

horizonte agrícola, procurando uma forma mais precisa de definição de sua natureza.<br />

Na organização tribal, ele se libertou da condição animal e do jugo absoluto das<br />

forças da natureza, para elaborar a sua condição própria. Na organização agrícola,<br />

ele aprendeu a dominar a natureza e submetê­la ao seu serviço, mas caiu prisioneiro<br />

da estrutura social. No horizonte civilizado, ele começa a romper os liames da<br />

organização social, para descobrir­se a si mesmo, o que só fará quando se tornar um<br />

indivíduo. A evolução do Espírito está bem clara nesse imenso processo de<br />

desenvolvimento histórico da humanidade. O homem se eleva progressivamente da<br />

selva à civilização, através de períodos históricos que podem ser definidos como<br />

“horizontes”, ou seja, como universos próprios, nos quais os diferentes poderes da<br />

espécie vão sendo treinados em conjunto, até que o desenvolvimento da razão<br />

favoreça o processo de individualização. Primeiramente, o homem se destaca da<br />

natureza através do conjunto tribal; depois, reafirma a sua independência através dos<br />

conjuntos mais amplos das civilizações agrárias; e, depois, ainda, constrói os<br />

conjuntos mais complexos das grandes civilizações orientais. Nestes conjuntos,<br />

porém, o homem descobre a possibilidade de destacar­se individualmente da<br />

estrutura social. O espírito humano se afirma como individualidade, como entidade<br />

autônoma, capaz de superar não somente a natureza, mas a própria humanidade.<br />

2 – O espírito de civilização<br />

O homem supera a Natureza desde o momento em que se torna capaz de<br />

organizar­se em sociedade. Nesse momento, ele deixa de ser o animal gregário das<br />

cavernas, para adquirir uma nova natureza, tornando­se o animal político de<br />

Aristóteles, ou seja: um ser social. Dessa maneira, o ser biológico é superado por<br />

uma forma nova de ser. O desenvolvimento humano é um processo de<br />

transcendência. Cada fase do processo representa uma superação da anterior.<br />

Superar a Natureza, portanto, não quer dizer apenas dominá­la, adquirir poder sobre<br />

as coisas exteriores, mas superar­se a si mesmo. Quando falamos da Natureza,

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