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J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita

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4 – Jeová, Deus Agrário<br />

30 – J. <strong>Herculano</strong> <strong>Pires</strong><br />

Quando estudamos religião comparada, ou história das religiões, o exame<br />

do “horizonte agrícola” nos revela a natureza agrária do deus bíblico Iavé ou Jeová.<br />

As diferenças fundamentais existentes entre o Deus bíblico dos hebreus e o Deus<br />

evangélico dos cristãos decorre da diferença de horizontes. Jeová é um deus<br />

mitológico, em fase de transição para o horizonte espiritual. Nasceu, como todos os<br />

deuses agrários, por um processo sincrético. Nele se fundem a experiência concreta<br />

da sobrevivência humana, obtida através dos fatos mediúnicos, e a exigência de<br />

racionalização do mundo, manifestada nas elaborações mitológicas. Ao mesmo<br />

tempo, concepções várias, e até mesmo contraditórias, originadas ao longo da vida<br />

tribal e da vida agrícola, também se misturam nessa figura bíblica. Daí as suas<br />

contradições, que dão margem a tantas críticas, oriundas da incompreensão do<br />

fenômeno e da ignorância do processo histórico. Encontramos em Jeová, num<br />

verdadeiro conflito, as características de deus­tribal e deus­universal, de deus­<br />

familiar e deus­popular, de deus­lar e deus mitológico. Como deus­tribal, Jeová é o<br />

guia e o protetor das tribos de Israel, e como deus­universal, pretende estender suas<br />

leis a todos os povos. Como deus­familiar, é o clássico “Deus de Abrão, Isaac e<br />

Jacó”, protetor de uma linhagem de pastores, e como deus­popular, é o protetor de<br />

todos os descendentes de Abrão. Como deus­lar, é o Espírito que falava a Terá e a<br />

Abrão em Ur, à revelia dos deuses­nacionais dos caldeus, e como deus­mitológico, é<br />

aquele que declara na Bíblia “Eu sou o que sou”, tendo a terra por escabelo de seus<br />

pés e o céu por morada infinita de sua grandeza sobre­humana. O mesmo<br />

sincretismo que já estudamos no caso dos deuses egípcios aparece no deus hebraico.<br />

Se a deusa Hator, por exemplo, tinha orelhas de vaca, Jeová ordena<br />

matanças, misturando em sua natureza características humanas e divinas. Protege<br />

especialmente um povo, uma raça, com ferocidade tribal, e se não exige mais os<br />

antigos sacrifícios humanos, entretanto exige os sacrifícios animais e vegetais. Suas<br />

monumentais narinas, embora invisíveis, dilatam­se gulosas, como as de Moloc,<br />

aspirando o fumo dos sacrifícios. No Templo de Jerusalém, à maneira do que<br />

acontecia com os templos gregos, havia locais especiais para os sacrifícios<br />

sangrentos e os incruentos. Assim como Pitágoras, vegetariano, podia oferecer ao<br />

deus Apoio, na ara especial do templo, sacrifícios vegetais, assim também os<br />

hebreus podiam escolher a espécie de homenagens que deviam prestar a Jeová.<br />

A história dos sacrifícios ainda está por ser escrita, embora muito já se<br />

tenha escrito a respeito. No dia em que a tivermos, na extensão e na profundidade<br />

necessárias, veremos uma nova confirmação histórica do desenvolvimento da lei de<br />

adoração. Dos sacrifícios humanos passamos aos de animais, destes aos vegetais, e<br />

destes aos cilícios, às penitências e aos simples ritos devocionais. Correrá muita<br />

água por baixo das pontes, antes que Paulo, apóstolo, possa proclamar, apoiado no

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