J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
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23 – O ESPÍRITO E O TEMPO<br />
CAPÍTULO II<br />
HORIZONTE AGRÍCOLA:<br />
ANIMISMO E CULTO DOS<br />
ANCESTRAIS<br />
1– Racionalização anímica<br />
Quando estudamos o “horizonte agrícola”, ou seja, o mundo das primeiras<br />
formas sedentárias de vida social, vemos o animismo tribal desenvolverse no plano<br />
da racionalização. Estamos naquele momento hegeliano, e por isso mesmo dialético,<br />
em que a razão se desenrola no processo histórico, entendido este como progresso<br />
do homem na terra. A domesticação de animais e de plantas, a invenção e o emprego<br />
de instrumentos, a criação da riqueza, processamse de maneira simultânea com o<br />
aumento demográfico e o desenvolvimento mental do homem. É precisamente do<br />
desenvolvimento mental que vai surgir uma consequência curiosa: o<br />
aprofundamento da crença tribal nos espíritos, num sentido de personalização,<br />
envolvendo os aspectos e os elementos da natureza.<br />
A experiência concreta, que deu ao homem primitivo o conhecimento da<br />
existência dos espíritos, aliase agora ao uso mais amplo das categorias da razão. As<br />
duas formas gerais de racionalização do Universo, que aparecem nesse momento, e<br />
que devem constituir a base de todo o processo de racionalização anímica, são a<br />
concepção da TerraMãe e a do CéuPai. Essas formas aparecem bem nítidas no<br />
pensamento chinês, que conservou até os nossos dias os elementos característicos do<br />
“horizonte agrícola”. O céu é o deuspai, que fecunda a terra, deusamãe. Em<br />
algumas regiões, como podemos ver no estudo da civilização egípcia, há uma<br />
inversão de posições: o céu é mãe e a terra é pai. Essa inversão não tem outra<br />
significação que a de maior importância da terra ou do céu para a vida das tribos.<br />
Quando as inundações do Nilo não dependem das chuvas locais, não parecem provir<br />
do céu, mas das próprias entranhas da terra. Esta encarna, então, o poder fecundante,<br />
cabendo ao céu, tãosomente, o papel materno de proteger as plantações. Os estudos<br />
materialistas confundem o problema da racionalização com o da experiência<br />
concreta da sobrevivência. Tomam, pois, a Nuvem por Juno, ao concluírem que o<br />
homem primitivo atribui à terra e ao céu uma feição humana, unicamente para tornar<br />
o mundo exterior acessível à compreensão racional.