J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
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191 – O ESPÍRITO E O TEMPO<br />
intimidade profunda dos textos e transformados em pensamento vivo na realidade<br />
social, a civilização não passará de urna utopia ou de uma deformação da realidade<br />
sonhada. Por mais frágil e efêmero que seja o homem na sua existência, é ele que dá<br />
vida ao presente e ao futuro, é ele o demiurgo que modela os mundos.<br />
Para o homemespírita construir a Civilização do Espírito é necessário que<br />
a viva em si mesmo, na sua consciência e na sua carne, pois é nesta que a relação da<br />
consciência com o mundo se realiza. E para isso não bastam os livros, é necessário o<br />
concurso de todos os meios de comunicação: a palavra, a imprensa, o rádio, a<br />
televisão, e mais ainda, a prática intensiva e coletiva dos princípios doutrinários, de<br />
maneira correta e fiel. Se o homemespírita de hoje não compreender isso e dormir<br />
sobre os louros literários a Civilização <strong>Espírita</strong> abortará ou será transformada numa<br />
simples caricatura da fórmula proposta, corno aconteceu com o Cristianismo. E disto<br />
que os espíritas precisam tomar consciência cem urgência. Ou acordam para a<br />
gravidade do problema ou serão esmagados pelo avanço irrefreável dos<br />
acontecimentos no tempo. A ideia comodista de que Deus faz e nós desfrutamos ou<br />
suportamos não tem lugar no Espiritismo. Pelo contrário, neste se sabe que o fazer<br />
de Deus no mundo humano se realiza através dos homens capazes de captar a sua<br />
vontade e executála. Não há milagres nem ações mágicas na Natureza, onde a<br />
vontade de Deus se cumpre através dos Espíritos, desde o controle das formações<br />
atômicas até o crescimento dos vegetais.<br />
Dizia Talles de Mileto, o filósofo vidente, que o mundo está cheio de<br />
deuses que trabalham em toda a Natureza, e deuses, para os gregos, eram Espíritos.<br />
Kardec repetiu em outros termos e de maneira mais explícita e minuciosa essa<br />
mesma verdade. No mundo humano os Espíritos se encarnam, fazemse homens<br />
para modelálo. Cada Espírito encarnado trás consigo sua tarefa e a sua<br />
responsabilidade individual e intransferível. O que não cumpre o seu dever, fracassa.<br />
Não há outra alternativa. O fracasso da maioria dos cristãos resultou na falência<br />
quase total do Cristianismo. O que se salvou foi o pouco que alguns fizeram. E é a<br />
partir desse pouco, dois mil anos depois da pregação do Cristo e do seu exemplo de<br />
abnegação total, foi, que Kardec partiu para a arrancada espírita. O exemplo da<br />
França é uma advertência aos brasileiros. A hipnose materialista absorveu os<br />
franceses no imediato e o Espiritismo quase se apagou de todo nos campos<br />
arroteados por Kardec, Denis, Flamarion, Delanne e tantos outros. A intensa e<br />
comovente batalha de Léon Denis, na França e em toda a Europa, nos congressos<br />
espíritas e espiritualistas de fins do século XIX e primeiro quarto do nosso século foi<br />
contra as infiltrações de doutrinas estranhas, de espiritualismos rebarbativos, no<br />
meio espírita. Foi gigantesco o esforço do famoso Druida da Lorena, como Conan<br />
Doyle o chamava, para mostrar que o Espiritismo era uma nova concepção do<br />
homem e da vida, que não se podia confundir com as escolas espiritualistas<br />
ancestrais, carregadas de superstições e princípios individualmente afirmados ou