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J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita

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17 – O ESPÍRITO E O TEMPO<br />

Estamos certamente no alvorecer da razão, e mais do que isso, no subsolo<br />

do processo do conhecimento. As teorias materialistas não enxergam nada mais do<br />

que a luta dessa razão nascente com o mundo exterior. Para elas, as manifestações<br />

supranormais não são outra coisa além de projeções desse poder psíquico, visões<br />

alucinatórias da mente primitiva. Murphy, citando Rodolfe Otto, lembra que<br />

estamos diante de um processo de adoração rudimentar, em que o homem parece<br />

adorar­se a si mesmo nas coisas exteriores. Veremos como o antropomorfismo, por<br />

este aspecto, se enquadra na “lei de adoração”, que Kardec estuda em O LIVRO DOS<br />

ESPÍRITOS. O antropomorfismo se revela por duas formas, que tanto podem ser<br />

sucessivas como simultâneas, o que é difícil precisar. Admitindo que sejam<br />

sucessivas, podemos citar como primeira forma a vital, ou seja, aquela em que o<br />

homem primitivo projeta nas coisas o seu sentimento vital, dando vidas às coisas<br />

inanimadas.<br />

A segunda forma é a volitiva, esse “segundo grau do antropomorfismo”, de<br />

acordo com Murphy, em que o homem projeta também a sua vontade, e por isso<br />

mesmo personaliza as coisas. Neste grau já nos defrontamos com o desenvolvimento<br />

do animismo, a fase em que o homem vai dar não apenas vida e vontade aos objetos<br />

e coisas, mas a sua própria alma. Bozzano já nos mostrou o absurdo de admitir­se<br />

um processo tão complexo de abstração mental em homens primitivos. Somente a<br />

tese espírita pode, portanto, socorrer as teorias materialistas, que tateiam no caminho<br />

certo, mas não conseguem firmar­se nele. A tese espírita nos mostra que o processo<br />

do antropomorfismo é auxiliado pelos fenômenos mediúnicos. O simplismo da<br />

projeção anímica nas coisas exteriores complica­se, com a resposta dessas coisas ao<br />

homem, através da ação natural dos espíritos. É evidente que o homem primitivo<br />

tem de interpretar as coisas de acordo com as suas experiências vitais. A razão se<br />

forma na experiência. O homem enquadra o mundo nas categorias nascentes da<br />

razão, enche essas categorias, como queria Kant, com o conteúdo das sensações.<br />

Mas as categorias, como explica hoje o Relativismo Crítico, e particularmente René<br />

Hubert, não são fixas ou estáticas, mas dinâmicas. São a própria experiência em<br />

movimento, e não um resultado da experiência. E essa experiência implica os fatos<br />

supranormais, o contato do homem primitivo com forças estranhas, como no caso de<br />

mana ou orenda, e com os “agentes espirituais” de que fala Bozzano.<br />

Podemos formular uma verdadeira escala da adoração no mundo primitivo.<br />

Embora seus graus possam ser simultâneos e não sucessivos, o simples fato de<br />

existirem esses graus, mostra que a adoração, resultando de um sentimento inato no<br />

homem, desenvolve­se num verdadeiro processo. No grau mais baixo, temos a<br />

litolatria ou adoração de pedras, rochas e relevos do solo; no grau seguinte, a<br />

fitolatria ou adoração vegetal, de plantas, flores, árvores e bosques; logo acima, a<br />

zoolatria ou adoração de animais; e somente num grau mais elevado, a mitologia<br />

propriamente dita, com a sua forma clássica de politeísmo. O processo da adoração

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