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J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita

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16 – J. <strong>Herculano</strong> <strong>Pires</strong><br />

revelaram essa pretensa sucessão dos fatos, e assevera. “A verdade, pelo contrário, é<br />

que essas duas concepções aparecem sempre associadas”. Uma das provas está nas<br />

próprias conclusões de Freedom Long, onde vemos os espíritos operarem através de<br />

mana, ou seja, servindo­se dessa força. A coexistência das duas concepções, a da<br />

força misteriosa e a dos espíritos, impõe­se também diante da multiplicidade dos<br />

fenômenos mediúnicos no meio primitivo, onde, como acentua Bozzano, a presença<br />

de “agentes espirituais” se impunha, de maneira positiva. Vemos, assim, que as<br />

superstições dos selvagens, as suas práticas mágicas, não eram nem podiam ser de<br />

natureza abstrata, imaginária. Decorriam, como tudo na vida primitiva, de realidades<br />

positivas e de fatos concretos, conhecidos naturalmente dos selvagens, como sempre<br />

foram e são conhecidos dos homens civilizados, em todas as épocas e em todas as<br />

latitudes da terra. Somente nos momentos de grande refinamento intelectual, quando<br />

os homens constroem o seu mundo próprio, de abstrações mentais, e se encastelam<br />

nas suas tentativas de explicação racional das coisas, é que essas realidades passam a<br />

ser negadas, por uma reduzida elite. O materialismo é, portanto, uma espécie de flor<br />

de estufa, artificial, cultivada em compartimentos de vidro, que isolam a mente da<br />

realidade complexa da natureza. O aparecimento desses dois fatos espirituais no<br />

horizonte primitivo — a ação de uma força misteriosa e a ação de entidades<br />

espirituais — deve ser considerado, entretanto, juntamente com o problema do<br />

antropomorfismo.<br />

De uma posição positivista, como a que Bozzano assumia, antes de se<br />

tomar espírita, esses dois fatos se explicariam pelo próprio antropomorfismo. De<br />

uma posição espírita, entretanto, tal explicação se toma insuficiente. Porque o<br />

antropomorfismo é a característica psíquica do mundo primitivo, a maneira<br />

rudimentar de interpretação da natureza pelo homem. Reduzir todo o processo da<br />

vida primitiva a esse psiquismo nascente, limitá­lo apenas à mente embrionária de<br />

criaturas semi­animais, é um simplismo que o Espiritismo rejeita.<br />

3 – Da litolatria ao politeísmo mitológico<br />

O antropomorfismo é uma espécie de fase preparatória do animismo. A fase<br />

em que o homem primitivo ainda não desenvolveu suficientemente o seu psiquismo,<br />

e em que interpreta todas as coisas em termos exclusivamente humanos. Quer dizer,<br />

aplica ao exterior as noções rudimentares que possui da natureza humana, dando<br />

forma humana aos elementos naturais.<br />

Podíamos aplicar­lhe o principio de Protágoras, o sofista: “O homem é a<br />

medida de todas as coisas”. Mas uma medida por assim dizer afetiva, sem o controle<br />

da razão. É pelo sentimento, e não pelo raciocínio, que o homem primitivo humaniza<br />

o mundo.

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