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J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita

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145 – O ESPÍRITO E O TEMPO<br />

cerimônias materiais de espécie alguma. Sua permanência na terra pode também ser<br />

explicada sem alegoria, pela simples necessidade da evolução espiritual.<br />

A reevocação dos verdadeiros princípios da lei de Deus equivale ao<br />

restabelecimento dos ensinos do Cristo. A palavra francesa do texto original é<br />

rappel, que tem sido traduzida por lembrança. A tradução mais fiel é a que oferece a<br />

ideia de restabelecimento, como o faz a palavra reevocação. Essa ideia está de<br />

acordo com o texto de Kardec e com a promessa do texto evangélico. Reevocar os<br />

verdadeiros princípios é relembrar, não apenas lembrar: “tudo aquilo que vos<br />

ensinei”, segundo a expressão do Evangelho de João.<br />

Relembrados os princípios esquecidos, deturpados pela ignorância e a<br />

vaidade humanas, a religião espiritual se restabelecer em sua plenitude. A<br />

consequência desse processo é naturalmente o restabelecimento da fé e :da<br />

esperança. A fé, não mais dogmática, fruto de uma imposição autoritária, mas<br />

racional, e portanto consciente, como decisão livre do homem. E, por fim, a<br />

esperança na vida futura, que se apresenta como oportunidade renovada de reencetar<br />

o progresso espiritual.<br />

A “moralidade” de Pestalozzi se afirma, através das palavras do seu<br />

discípulo Rivail, no plano superior do ensino espiritual, como a forma mais pura de<br />

religião: aquela em que o homem age com plena consciência dos seus deveres, livre<br />

de ameaças e coações, ciente de que é ele mesmo o construtor do seu futuro. O<br />

conceito de religião espiritual, atualmente, já não mais requer a diferenciação que<br />

Pestalozzi adotou.<br />

No tempo de Kardec ainda era necessário, principalmente numa obra de<br />

divulgação, como O LIVRO DOS ESPÍRITOS, evitar a palavra “religião”. Hoje, a<br />

definição filosófica de religião superou as confusões anteriormente reinantes. O<br />

trabalho de Bergson sobre as fontes da moral e da religião colocou o problema em<br />

termos claros. A “religião estática” de Bergson é a religião social de Pestalozzi,<br />

como a “religião dinâmica” é a religião espiritual, ou moralidade. A prova das<br />

razões por que Kardec evitou a palavra religião, para definir o Espiritismo, nos é<br />

dada pela sua própria confissão, no discurso que pronunciou na Sociedade <strong>Espírita</strong><br />

de Paris, a primeiro de novembro de 1868: “Por que então declaramos que o<br />

Espiritismo não é uma religião? Porque só temos uma palavra para exprimir duas<br />

ideias diferentes, e porque, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da<br />

palavra culto: revela exclusivamente uma ideia de forma, e o Espiritismo não é isso.<br />

Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público só veria nele uma nova edição,<br />

uma variante, se assim nos quisermos expressar, dos princípios absolutos em matéria<br />

de fé, uma classe sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de<br />

privilégios; o público não o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra<br />

os quais sua opinião se tem levantado tantas vezes”.

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