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J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita

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141 – O ESPÍRITO E O TEMPO<br />

Deus, de seus atributos e de suas relações com o mundo e o homem”. Nessa acepção<br />

filosófica é que ela nos interessa, do ponto de vista espírita, e que dela não podemos<br />

prescindir, para um conhecimento geral da doutrina.<br />

Já vimos que O LIVRO DOS ESPÍRITOS começa pela definição de Deus, e<br />

portanto como um tratado teológico. Sua primeira pergunta é esta: “O que é Deus?”<br />

E a primeira resposta dada pelos Espíritos está formulada como, a pedra angular da<br />

teologia espírita: “Deus é a inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas”.<br />

Todo o primeiro capítulo do livro básico do Espiritismo é dedicado ao estudo de<br />

Deus. Um capítulo teológico, portanto. Mas não ficamos nisso. A teologia espírita se<br />

estende por toda a codificação. E nem poderia ser de outra maneira, uma vez que o<br />

Espiritismo, na sua condição de filosofia espiritualista, tem por fundamento a<br />

existência de Deus e suas relações com o homem. Após a afirmação da existência, o<br />

LIVRO DOS ESPÍRITOS trata do problema dos atributos de Deus. A seguir, das<br />

relações de Deus com o mundo e com os homens. Esse problema das relações vai<br />

ser amplamente desenvolvido por Kardec, não só na continuidade do livro básico,<br />

mas também nas demais obras da Codificação.<br />

Há alguns livros escritos especialmente para esclarecer o assunto, como O<br />

EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, A GÊNESE, OS MILAGRES E AS<br />

PREDIÇÕES e O CÉU E O INFERNO. Livros teológicos, no pleno sentido da<br />

definição de Lalande, que nos dão toda a estrutura de uma teologia racional, abrindo<br />

perspectivas para desenvolvimentos em várias direções: o estudo da concepção de<br />

Deus através dos tempos; das relações dessa concepção com a moral; do<br />

desenvolvimento do ateísmo e do sentimento religioso no mundo moderno; das<br />

possibilidades espíritas da compreensão de Deus e do desenvolvimento da mística<br />

espírita, ou seja, da experiência psicológica da prece e do consequente<br />

desenvolvimento do sentimento de Deus entre os espíritas; dos atributos de Deus em<br />

relação com o processo evolutivo; e assim por diante.<br />

Vemos, pela simples citação dessas possibilidades, que dois problemas<br />

fundamentais da teologia clássica foram postos de lado: o da natureza de Deus e o<br />

da Criação do Mundo. Realmente, esses problemas são considerados pelo<br />

Espiritismo como limítrofes do incognoscível. Nesse ponto, aliás, o Espiritismo<br />

coincide com a posição de Espinosa, para quem Deus possuía dois atributos que<br />

conhecemos: o espírito e a matéria, e muitos outros que escapam às nossas<br />

possibilidades de conhecimento.<br />

Mas não é por não tratarmos desses problemas que podemos negar a<br />

existência de uma teologia espírita, racional, e livre do espírito de sistema, como<br />

afirmava Kardec, a respeito da filosofia espírita. A teologia espírita é, portanto, a<br />

parte da doutrina que trata de Deus, que procura estudá­lo, dentro das limitações da<br />

nossa capacidade cognitiva. Começa com um axioma: a existência de Deus. Mas<br />

este axioma se evidencia de maneira matemática, por uma sequência lógica que

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