J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
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14 – J. <strong>Herculano</strong> <strong>Pires</strong><br />
elaborada, com base na análise dos fenômenos mediúnicos e graças aos<br />
esclarecimentos que os Espíritos lhe forneceram, a respeito dos problemas da vida e<br />
da morte. As práticas do chamado “sincretismo religioso afrobrasileiro”, por<br />
exemplo, não são espíritas. O sincretismo religioso é um fenômeno sociológico<br />
natural. O Espiritismo é uma doutrina. Defrontamonos, neste ponto, com uma<br />
complexidade que também tem dado margem a confusões. Os fatos mediúnicos são<br />
fatos espíritas, assim chamados pelo próprio Kardec, mas não são Espiritismo.<br />
Porque o Espiritismo se serve dos fatos mediúnicos como de uma matériaprima,<br />
para a elaboração de seus princípios, ou como de uma força natural, que aproveita de<br />
maneira racional. Exatamente como a hidráulica se serve das quedas d’água ou do<br />
curso dos rios para a produção de energia.<br />
Esclarecidos estes pontos; podemos passar à análise dos fenômenos<br />
mediúnicos no horizonte tribal.<br />
2 – Origem sensória da crença na sobrevivência<br />
Bozzano apóiase especialmente nas pesquisas do antropólogo Andrew<br />
Lang e do etnólogo Max Freedom Long, realizadas entre as tribos da Polinésia, para<br />
mostrar a existência dos fenômenos espíritas no horizonte tribal. Servese também<br />
de outras fontes, não esquecendo os estudos de seu mestre Herbert Spencer. Andrew<br />
Lang é o autor da tese espírita da origem mediúnica da religião, tese que lançou em<br />
seu livro THE MAKING OF RELIGION. Bozzano esposa essa tese e procura<br />
esclarecêla, confrontandoa com a tese spenceriana, na qual encontra, aliás, os<br />
germes da explicação espírita do problema. A primeira afirmação de Bozzano é a da<br />
universalidade da crença na sobrevivência. Vejamos como ele inicia o seu estudo:<br />
“Se consultamos as obras dos mais eminentes antropólogos e sociólogos, notamos<br />
que todos concordam em reconhecer que a crença na sobrevivência do espírito<br />
humano se mostra universal”.<br />
Esse fato é confirmado por várias citações textuais. A seguir, Bozzano<br />
analisa as explicações que lhe dão os sociólogos e antropólogos, para concluir pela<br />
inoperância das mesmas. Somente Spencer encontra intuições seguras, que são mais<br />
tarde desenvolvidas por Lang. Este realizou um trabalho de análise comparada dos<br />
fenômenos do mediunismo primitivo com as experiências metapsíquicas, concluindo<br />
pela realidade daqueles fenômenos, que constituem a base concreta da crença na<br />
sobrevivência. O primeiro fato concreto a surgir no horizonte primitivo, no tocante a<br />
esse problema, é o da existência de uma força misteriosa que impregna ou imanta<br />
objetos e coisas, podendo atuar sobre criaturas humanas. É a força conhecida pelos<br />
nomes polinésicos de mana e orenda. Considerada em geral como imaginária, essa<br />
força produz os mais estranhos fenômenos. Bozzano lembra a resposta de Marcel