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J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita

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139 – O ESPÍRITO E O TEMPO<br />

sabemos tudo o que Deus é, “mas sabemos o que ele não pode ser”. Forma precisa<br />

de definir a posição espírita. Deus não pode ser confundido com o mundo, da mesma<br />

maneira por que um artista não pode ser confundido com as suas obras. Assim como<br />

as obras exprimem a inteligência e a intenção pessoal do artista, nas várias direções<br />

seguidas pela sua inspiração, as obras de Deus o revelam ao nosso entendimento,<br />

mas não podemos confundi­las com o seu Autor.<br />

O Espiritismo, portanto, não pode ser considerado como nenhuma forma de<br />

panteísmo, no sentido absoluto que se dá ao termo. Apesar disso, podemos dizer que<br />

existe uma forma de panteísmo­espírita, se entendermos a palavra em sentido<br />

relativo. Essa forma, porém, não é privativa do Espiritismo. Aparece em todas as<br />

concepções religiosas, pois todas as religiões consideram universal a presença de<br />

Deus, que se manifesta na natureza inteira e “está em todas as coisas”. É conhecida a<br />

afirmação do apóstolo Paulo, de que vivemos em Deus e nele nos movemos. Essa<br />

fórmula encontra correspondência no pensamento grego e no pensamento romano: o<br />

racionalismo dos primeiros e o juridismo dos segundos constituem sistemas de leis<br />

universais, presididos por uma inteligência suprema. Quanto ao judaísmo, o<br />

providencialismo bíblico é uma forma ainda mais efetiva de panteísmo conceptual.<br />

Mas fora do âmbito da tradição ocidental vamos encontrar a mesma concepção,<br />

tanto nas religiões indianas, quanto na própria religião­filosófica ou civil do<br />

confucionismo, bem como entre os egípcios, os mesopotâmicos e os persas.<br />

A presença universal de Deus é uma forma relativa de panteísmo, que nos<br />

mostra o Universo em relação estreita com Deus, a Criação ligada ao Criador.<br />

Mesmo no panteísmo espinosiano, é necessário compreendermos o panteísmo de<br />

maneira mais conceptual do que real, ou seja, num plano antes teórico do que<br />

prático. Porque Espinosa fazia a distinção entre o que chamava “natureza naturata”,<br />

ou material, e “natureza naturans”, ou inteligente. Deus, para ele, era esta última, o<br />

que pode ser entendido, do ponto de vista espírita, como uma confusão entre o<br />

princípio­inteligente e Deus. Ou seja, Espinosa confundiu a segunda hipóstase do<br />

Universo, o Espírito, com a primeira, que é Deus. O Espiritismo não faz essa<br />

confusão, admitindo apenas a imanência de Deus no Universo, como consequência<br />

de sua própria transcendência. Não é fácil compreendermos esse processo, sem uma<br />

definição dos termos. Mas quando procuramos examiná­los, tudo se torna mais<br />

claro. Imanente é aquilo que está compreendido na própria natureza, como elemento<br />

intrínseco, pertencente a sua constituição e determinante do seu destino. Dessa<br />

maneira, o panteísmo tem sido considerado uma teoria da imanência de Deus. Não<br />

obstante, a própria teologia católica considera as aspirações religiosas do homem<br />

como decorrência da imanência de Deus na alma. E o Cristianismo evangélico<br />

estabelece o princípio da imanência de Deus em nós mesmos.<br />

Como poderíamos entender, assim, a imanência daquilo que é<br />

transcendente, que está acima e além do mundo e dos homens? Este problema tem

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