J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
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138 – J. <strong>Herculano</strong> <strong>Pires</strong><br />
material que este se apresente, desde que praticada com sinceridade, corresponde a<br />
uma necessidade evolutiva dos espíritos a ela afeiçoados. Negar a esses Espíritos a<br />
possibilidade de praticarem a adoração exterior seria tão prejudicial, quanto admitir<br />
que os Espíritos que já superaram essa fase continuassem apegados a cultos<br />
materiais. A cada qual, segundo as suas condições evolutivas.<br />
O princípio da tolerância substitui, portanto, no Espiritismo, o sistema de<br />
intolerância que marca estranhamente a tradição religiosa. As religiões, pregando o<br />
amor, promoveram a discórdia. Ainda hoje podemos sentir a agressividade do<br />
chamado espíritoreligioso, na intolerância fanática das condenações religiosas. Por<br />
isso, Kardec, esclareceu, em O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, que o<br />
princípio religioso da doutrina não era o de salvação pela fé, e nem mesmo pela<br />
verdade, mas pela caridade. A fé é sempre interpretada de maneira particular, como<br />
a dogmática de determinada igreja a apresenta. A verdade é sempre condicionada às<br />
interpretações sectárias. Mas a caridade, no seu mais amplo sentido, como a fórmula<br />
do amor ao próximo ensinada pelo Cristo, supera todas as limitações formais. A<br />
salvação espírita não está na adesão a princípios e sistemas, mas na prática do amor.<br />
2 – Panteísmo espírita<br />
Uma das acusações constantemente formuladas ao Espiritismo pelos<br />
religiosos, e particularmente pelos teólogos, é a de panteísmo. Segundo afirmam, de<br />
modo geral, o Espiritismo seria uma concepção materialista do mundo, por<br />
confundir o Criador com a Criação. Já vimos que essa acusação é infundada. Ao<br />
tratar da Filosofia <strong>Espírita</strong>, verificamos que a cosmologia e a cosmogonia<br />
doutrinárias não permitem essa confusão. Anteriormente, verificamos que o próprio<br />
Kardec dedicou um capítulo ao problema, em O LIVRO DOS ESPÍRITOS,<br />
esclarecendo a posição do Espiritismo. Não obstante, convém analisarmos alguns<br />
aspectos da questão, para melhor definirmos o nosso pensamento a respeito.<br />
Segundo a etimologia, e de acordo com o emprego tradicional do termo,<br />
panteísmo é uma concepção monista do mundo, que pode ser traduzida na<br />
expressão: tudo é Deus. Espinosa foi o sistematizador filosófico dessa concepção.<br />
Deus é a realidade única, da qual todas as coisas não são mais do que emanações.<br />
Mas existe o chamado panteísmo materialista, não obstante a contradição dos<br />
termos. Segundo a concepção de D'Holbach, por exemplo, a realidade primária é o<br />
Mundo, e Deus é a suma do Mundo, ou seja, o resultado do conjunto de leis<br />
universais. Com razão se diz que não se trata propriamente de panteísmo, apesar do<br />
emprego tradicional da classificação.<br />
Essas duas formas de panteísmo são rejeitadas pelo Espiritismo. Kardec<br />
argumenta, no comentário ao item 16 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, que não