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J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita

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121 – O ESPÍRITO E O TEMPO<br />

sustentou desde o princípio. Não há dualidade, mas multiplicidade, pluralismo, uma<br />

riqueza infinita e inconcebível de planos de manifestação, mas esta manifestação é a<br />

de uma realidade única, a espiritual, princípio e fundamento de tudo. Por isso,<br />

Kardec advertiu que a Ciência e a Religião têm um mesmo princípio e não podem<br />

contradizer­se.<br />

Compreendendo essa verdade, mas em plena era metafísica, a Escolástica<br />

medieval quis subordinar a revelação científica, então entendida como filosófica, à<br />

dogmática teológica. Não sendo possível nem admissível a contradição, a ciência<br />

humana tinha de servir à ciência divina, e a filosofia devia conservar­se na posição<br />

de serva da teologia. Basta pensarmos na divisão do conhecimento humano, feita por<br />

Santo Agostinho, em “iluminação” e “experiência”, para entendermos a<br />

subordinação lógica da razão à revelação. Mas Kardec demonstra a existência de<br />

duas formas de revelação: a divina e a humana, ambas conjugadas num mesmo<br />

processo cognitivo. A raiz, aliás, se mostra no próprio plano etimológico: revelar é<br />

apenas pôr às claras o que estava oculto, e isso, tanto no referente às coisas<br />

materiais, quanto às espirituais. Ainda aqui, a dualidade na unidade. Mas nem por<br />

isso podemos deixar de respeitar a dualidade, como uma realidade que se impõe à<br />

condição humana. E assim como, nas próprias ciências positivas, encontramos a<br />

multiplicidade de objetos e métodos, — não apenas dualidade, mas multiplicidade<br />

— assim também, no tocante ao Espiritismo, como ciência do espiritual, e às<br />

ciências positivas, como ciência do material, temos de considerar a necessidade de<br />

métodos diferentes, para objetos diversos. É o problema da moderna ontologia do<br />

objeto. Da mesma maneira por que os métodos da experimentação física não<br />

serviram à pesquisa psicológica ou sociológica, os métodos científicos positivos são<br />

insuficientes para a investigação espírita. A ciência espírita tem os seus próprios<br />

métodos. E tanto isso é necessário e cientificamente válido, que, atualmente, a Física<br />

se desdobra em Física Nuclear ou Para­Física, e a Psicologia em Parapsicologia.<br />

3 – Espírito e matéria<br />

A ciência espírita não procede por exclusão, mas procura a síntese. As<br />

ciências positivas, até agora, procederam por exclusão. Não podendo admitir a<br />

existência do espírito, deixaram­no à margem das suas cogitações, e acabaram por<br />

tentar excluí­lo definitivamente da realidade universal. Apesar disso, tiveram sempre<br />

de admiti­lo, na forma de um epifenômeno. Não era possível negar a evidência do<br />

espírito, tanto no processo individual da manifestação humana, quanto no processo<br />

coletivo, da vida social. Daí o aparecimento da Psicologia, que os mais renitentes<br />

materialistas procuraram reduzir à Fisiologia, e o aparecimento da Sociologia, que<br />

acabou exigindo a formulação de uma Para­Sociologia, com a Psicologia Social.

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