J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
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118 – J. <strong>Herculano</strong> <strong>Pires</strong><br />
1ª) a Matemática, de tipo dedutivo, a mais antiga e a mais simples, ao<br />
mesmo tempo que a mais abstrata;<br />
2ª) a Astronomia, que não poderia aparecer sem o desenvolvimento da<br />
matemática;<br />
3ª) a Física, que decorre da existência das duas anteriores, e que embora<br />
tendo por objeto o concreto, depende dos conceitos abstratos da matemática;<br />
4ª) a Química, que não poderia existir sem o aparecimento das anteriores;<br />
5ª) a Biologia, que parece nascer diretamente das duas últimas;<br />
6ª) a Sociologia, que é ao mesmo tempo uma física, uma química e uma<br />
biologia social, e por isso mesmo a mais complexa e a mais recente das ciências.<br />
Para Comte, não existia a Psicologia, uma vez que a alma se explicava<br />
como simples consequência do dinamismo orgânico. A Sociologia, rainha das<br />
ciências, representava o acabamento do edifício do saber. Não obstante, no volume<br />
quarto da REVUE SPIRITE, de abril de 1858, Kardec publica, precedido de breve<br />
comentário, interessante trecho dá carta que lhe dirigira um leitor, perguntandolhe<br />
se um novo período não estava surgindo para as ciências, com a investigação dos<br />
fenômenos espíritas. Kardec concorda com o missivista, admitindo que o<br />
Espiritismo iniciou o “período psicológico”. Podemos dizer que a visão comteana do<br />
desenvolvimento científico limitouse ao plano existencial, e, portanto do concreto,<br />
do material. Da Matemática à Sociologia, tudo se passa no campo das leis físicas,<br />
materiais. Daí a razão por que Comte não admitia a Psicologia, pois esta, na<br />
verdade, nada mais era que o estudo de um epifenômeno: o conjunto de reações<br />
orgânicas da matéria. Ao referirse a um “período psicológico”, que se iniciava com<br />
o Espiritismo, Kardec acentuou a importância moral do mesmo. O homem se<br />
destacava da matéria, libertavase da estrutura fatalista das leis físicas, para<br />
recuperar, no próprio desenvolvimento das ciências, a sua natureza extrafísica.<br />
Convém lembrarmos a “lei dos três estados”, que o Espiritismo modifica<br />
para “lei dos quatro estados”. Segundo o Positivismo, a evolução humana teria sido<br />
realizada através de três fases: a teológica, a metafísica e a positiva, sendo que a<br />
primeira corresponderia à mentalidade mitológica; a segunda, a do desenvolvimento<br />
do pensamento abstrato; a terceira, a do desenvolvimento das ciências. Já estudamos<br />
essas fases na sequência dos horizontes culturais. Kardec acrescenta a fase<br />
psicológica, em que as ciências se abrem para a descoberta e a afirmação do<br />
psiquismo como fenômeno (e não mais como simples epifenômeno), reconhecendo<br />
lhe a autonomia e a realidade positiva, verificável, susceptível de comprovação<br />
experimental. Vemos a confirmação desse pensamento de Kardec ao longo de toda a<br />
sua obra.<br />
O Espiritismo é apresentado como ciência, porque, explica o mestre em A<br />
GÊNESE, capítulo primeiro: “Como meio de elaboração, o Espiritismo procede