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J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita

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113 – O ESPÍRITO E O TEMPO<br />

a resposta se encontra na própria doutrina. O Espiritismo é uma concepção monista<br />

do universo, pois apresenta como fundamento de toda a pluralidade existencial a<br />

realidade única do espírito.<br />

Não há dúvida que as dicotomias alma­corpo e Deus­mundo aparecem<br />

nessa concepção. E a afirmação da sua natureza monista se torna mais complexa e<br />

difícil, quando, saindo do plano individual, para o universal, encontramos a negação<br />

do panteísmo. Kardec afirma, no primeiro capítulo de O LIVRO DOS ESPÍRITOS,<br />

comentando a concepção de Deus formulada pelos espíritos: “A inteligência de<br />

Deus se revela nas suas obras, como a de um pintor no seu quadro; mas as obras de<br />

Deus não são o próprio Deus, como o quadro não é o pintor que o concebeu e<br />

executou”. A distinção é precisa. Deus é o obreiro, o universo é a sua obra. Mas não<br />

devemos esquecer que a analogia é apenas uma forma de esclarecimento, uma<br />

ilustração de processos que não podem ser descritos com precisão. Se o pudessem, a<br />

analogia seria dispensável. Podemos dizer que Deus está para o universo assim<br />

como o espírito está para o corpo. De qualquer maneira, o corpo é uma projeção do<br />

espírito na matéria, é obra do espírito. Por isso mesmo, não é o espírito. Não<br />

obstante, só existe e só vive em função do espírito, penetrado por ele, submetido às<br />

suas leis. Na vida física, identificamos o espírito pelo corpo. E mesmo depois que<br />

este perece, é ainda através da sua forma que identificamos o espírito, nos<br />

fenômenos de vidência, de aparição e de materialização.<br />

Na própria vida espiritual, nas regiões próximas da densidade física, é a<br />

forma perispiritual do corpo que serve para identificação do espírito. Esta sintonia<br />

perfeita, esta união que se resolve em identidade, ou esta unidade substancial, para<br />

falarmos com Aristóteles, tanto existe no plano individual, quanto no universal. Dela<br />

decorre a confusão entre a alma e o corpo, de que tratou Descartes, e a confusão<br />

entre Deus e o Universo, que atingiu em Espinosa sua mais refinada expressão.<br />

Entendem alguns críticos do Espiritismo que essas dicotomias são resíduos da<br />

formação religiosa de Kardec. Outros entendem que a separação entre Deus e o<br />

Universo decorre da impossibilidade de uma definição de Deus, como Alma­do­<br />

Mundo, sem lhe ferir a perfectibilidade. Nem uma, nem outra coisa. Kardec<br />

interrogou os espíritos, que sustentaram, como vemos nas perguntas e respostas de O<br />

LIVRO DOS ESPÍRITOS, a independência de Deus em relação ao Universo. Kardec<br />

debateu o problema com os seus instrutores ou informantes espirituais, e só depois<br />

disso chegou à formulação do princípio doutrinário que estabelece a aparente<br />

dicotomia, por ter concluído pela impossibilidade lógica de tomarmos o efeito pela<br />

causa. Além disso, o próprio exame da questão, no plano empírico, nos mostra uma<br />

sequência indisfarçável de ação e reação. Assim como a árvore nasce da semente,<br />

cujo impulso vital específico é um mistério para a ciência humana, e assim como o<br />

homem, em sua forma corpórea procede do embrião, todas as coisas materiais se<br />

originam de impulsos ocultos, movidos por intenções claramente determinadas. Há,

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