J. Herculano Pires - Portal Luz Espírita
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102 – J. <strong>Herculano</strong> <strong>Pires</strong><br />
da cestaescrevente lhe abrira as portas desse aspecto desconhecido da natureza, que<br />
uns fantasiavam e outros negavam, em virtude mesmo da impossibilidade de<br />
conhecêlo. Dali por diante, a alma não seria mais do “outro mundo”, mas deste<br />
mundo, e os mistérios do alémtúmulo estariam abertos à investigação positiva.<br />
Pouco importa que os céticos tenham acusado Kardec de precipitação, enquanto os<br />
místicos o acusavam de andar demasiado lento. O próprio tempo se incumbiu de<br />
mostrar com quem estava a razão. Das investigações espíritas do Prof. Rivail<br />
surgiram as experiências da Metapsíquica, as Sociedades de Pesquisa Psíquica, e em<br />
nossos dias as investigações da Parapsicologia, em pleno campo universitário, todas<br />
elas confirmando — esta última pelos métodos mais modernos e rigorosos — aquilo<br />
que podemos chamar “a mensagem da cesta”.<br />
3 – O Espírito Verdade<br />
A mensagem da cestaescrevente, como podemos ver no estudo da obra de<br />
Kardec, é a da natureza positiva da alma, da sobrevivência do homem, não como<br />
fantasma, mas na plenitude de sua personalidade. Ela tornou possível a investigação<br />
do mundo espiritual, através dos próprios métodos da ciência experimental. Mas a<br />
ciência nada mais é que uma forma de relação, pela qual o sujeito conhece o objeto.<br />
Se a mensagem da cestaescrevente não fosse além disso, estaríamos tãosomente<br />
em face de um novo capítulo do desenvolvimento científico — exatamente o<br />
capítulo que coube a Richet, no século passado, e a Rhine, neste século,<br />
desenvolverem, com a elaboração sucessiva da Metapsíquica e da Parapsicologia.<br />
Em outras palavras: o Espiritismo não seria mais do que um capítulo da Ciência.<br />
Muito mais profunda, porém, se apresenta a mensagem da cestaescrevente, quando<br />
o Prof. Rivail, na sessão de 25 de março de 1856, em casa do Sr. Baudin, pergunta<br />
ao Espírito que o orienta qual é a sua identidade. A resposta foi registrada nas<br />
anotações particulares de Kardec, e hoje podemos lêla em OBRAS PÓSTUMAS. Foi<br />
a seguinte: “Para ti, chamarmeei Verdade”. No momento, certamente, ninguém<br />
percebeu o sentido dessa resposta. O próprio Kardec anotará, mais tarde: “A<br />
proteção desse Espírito, cuja superioridade eu estava, então, longe de imaginar,<br />
jamais, de fato, me faltou”.<br />
Kardec acentua ainda, nas anotações sobre a sessão de 8 de abril do mesmo<br />
ano, que o Espírito Verdade lhe prometera ajuda, para a realização da sua obra,<br />
inclusive no tocante à vida material. A resposta do Espírito, nesse ponto, encerra<br />
uma lição de amor: “Nesse mundo, a vida material tem de ser levada em conta, e não<br />
te ajudar a viver seria não te amar”. A análise destes fatos é suficiente para destruir<br />
algumas tentativas de confusão sobre a obra de Kardec, lançadas no meio espírita, e<br />
segundo as quais o Espírito Verdade só o teria auxiliado na elaboração de O LIVRO