20.04.2013 Views

“Desvelando caminhos por um Brasil literário: ontem, hoje e sempre ...

“Desvelando caminhos por um Brasil literário: ontem, hoje e sempre ...

“Desvelando caminhos por um Brasil literário: ontem, hoje e sempre ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

EQUIPE DE LEITURA – SME/D.C.<br />

- Nunca viu? – a velha perguntou.<br />

- Nunca vi, não, aparar os pães na saia. Por que é que a senhora não fica com o meu<br />

cesto?<br />

A velha ficou contente e o macaco foi-se embora.<br />

E já se sabe!<br />

Passou-se muito tempo e lá veio o macaco:<br />

- Ó mulher, cadê o meu cesto?<br />

- Seu cesto, macaco? Pois seu cesto furou, estragou. Tive de jogar no lixo!<br />

- Ah, não sei de nada! Eu quero o meu cesto!<br />

E tanto o macaco gritou que a velha, no lugar do cesto, deu a ele <strong>um</strong> pão.<br />

O macaco foi embora, com o pão debaixo do braço, como se fosse <strong>um</strong> francês.<br />

Então ele passou n<strong>um</strong> colégio onde estava todo mundo brigando.<br />

O macaco perguntou <strong>por</strong> quê.<br />

Disseram a ele que não tinha comida pra todo mundo, <strong>por</strong> isso todo mundo estava<br />

zangado.<br />

O macaco foi e deu o pão pra todo mundo dividir.<br />

Todo mundo ficou contente e o macaco foi-se embora.<br />

Daí uns dias quem foi que apareceu no colégio? Pois foi o macaco.<br />

- Cadê meu pão?<br />

- Seu pão, seu macaco? Pois a gente comeu, não era pra comer?<br />

- Não sei de nada – disse o macaco. – Eu quero meu pão.<br />

- Mas, seu macaco...<br />

- Nem macaco, nem meio macaco! Quero meu pão! E o macaco gritou, berrou e<br />

quando viu que não ia ser atendido pegou <strong>um</strong>a moça e saiu correndo.<br />

Ele ia passando n<strong>um</strong> lugar que tinha <strong>um</strong> moço tocando <strong>um</strong>a viola.<br />

E o moço, quando viu a moça, ficou logo interessado. E a moça, quando viu o moço,<br />

ficou toda assanhada. Então o moço disse:<br />

- Ó seu macaco, me dê a moça que eu lhe dou a minha viola.<br />

O macaco apanhou a viola e saiu cantando:<br />

Do meu rabo fiz <strong>um</strong>a navalha,<br />

Da minha navalha eu fiz <strong>um</strong> cesto,<br />

Do meu cesto eu fiz <strong>um</strong> pão,<br />

Do meu pão eu fiz <strong>um</strong>a moça,<br />

Da minha moça eu fiz <strong>um</strong>a viola...<br />

Trá, lá, lá, lá, lá<br />

Que eu vou pra Angola...<br />

Trá, lá, lá, lá, lá<br />

Que eu vou pra Angola...<br />

Agora ninguém me pergunte qual é a mensagem desta história.<br />

Eu sei lá...<br />

Ruth Rocha. Em: “...Que eu vou para Angola...”.<br />

Outras sugestões de contos ac<strong>um</strong>ulativos: “Ah!Cambaxirra se eu pudesse” (Ana<br />

Maria Machado), “A casa que Pedro fez” (reconto de Bia Bedran) e “Uma história sem fim”<br />

(reconto de Bia Bedran).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!