Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia
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Com a TV, o evento não apenas po<strong>de</strong> ser registrado pela câmera no<br />
momento em que ocorre, como sua recepção po<strong>de</strong> se verificar<br />
simultaneamente, por parte <strong>de</strong> audiência amplia<strong>da</strong> para além do espaço físico<br />
on<strong>de</strong> está ocorrendo a cena.<br />
A transmissão ao vivo talvez seja, <strong>de</strong>ntre to<strong>da</strong>s as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
televisão, aquela que marca mais profun<strong>da</strong>mente a experiência <strong>de</strong>sse meio, diz<br />
Machado (2000:125-126), e talvez por isso mesmo, segundo o autor, tenha se<br />
tornado alvo privilegiado dos ataques <strong>de</strong> todos os críticos <strong>da</strong> televisão, o bo<strong>de</strong><br />
expiatório <strong>de</strong> todos os males <strong>da</strong> televisão e do mundo. Para ele, isso se dá<br />
porque o ataque a qualquer outro recurso expressivo ou tecnológico do meio<br />
po<strong>de</strong>ria atingir meios que são vizinhos, porém consi<strong>de</strong>rados mais nobres, como<br />
o cinema. Para exemplificar o mal estar, ou a má vonta<strong>de</strong>, em relação à TV,<br />
Machado chama em causa três ilustres inimigos <strong>da</strong> telinha, Jean Baudrillard,<br />
Paul Virilio e Pierre Bourdieu.<br />
As invectivas <strong>de</strong> Baudrillard e Virilio têm como motivação próxima a<br />
cobertura televisual <strong>da</strong> Guerra do Golfo. Baudrillard afirma que,<br />
[...] a uma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>, a <strong>da</strong> informação, as coisas per<strong>de</strong>m<br />
seu sentido e que a guerra implo<strong>de</strong> em tempo real, a história implo<strong>de</strong> em tempo<br />
real, to<strong>da</strong> comunicação, todo significado implo<strong>de</strong>m em tempo real. (Baudrillard<br />
apud Machado, 2000:127)<br />
Virilio (apud Machado, 2000) consi<strong>de</strong>ra a TV nociva, entre outras coisas,<br />
porque ao operar fun<strong>da</strong>mentalmente ao vivo ela não permite distância crítica e<br />
reflexão. À <strong>de</strong>núncia <strong>da</strong> passivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do espectador diante <strong>da</strong> avalanche <strong>de</strong><br />
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