Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia

Agora, seu produto tem mais um veículo para entrar e conquistar o mercado da
Amazônia.
O novo veículo proporcionava, assim, novos contingentes de
telespectadores que seriam atingidos pelas mensagens da TV, inclusive
publicitárias, em horários ampliados. A TV Liberal ampliava a faixa de
programação – baseada no tripé entretenimento, informação e lazer - entrando
no ar pela manhã (de segunda a sexta às 10h30; no sábado às 10 h e aos
domingos às 9h30m) e iniciando o longa-metragem de encerramento às
23h55m diariamente, na certeza de ter proporcionado aos anunciantes a
comunicação com novas faixas de mercado, antes inteiramente descobertas.
Mas ao lado da apologia do novo, da afirmação de modernas práticas
televisivas, algo de antigo persiste no discurso com que se anuncia a TV
Liberal. É a expectativa depositada na televisão, que remete às citações de
Mattelart e Mattelart (1989) e Icaza Sanches (2000) que iniciam este capítulo.
Um determinado Brasil, no caso a Amazônia, almeja, simbolicamente,
mais uma vez, a salvação pela magia do tubo catódico. A condição do
subdesenvolvimento de que fala Icaza Sanches, acentuada pelo isolamento e
pelo colonialismo interno das relações com o Sul e o Sudeste do país que
tradicionalmente marcam a região e o Pará, faz da “instituição do espetáculo” o
receptáculo de demandas e desejos observados nas falas por ocasião da
inauguração da TV Marajoara, já há 15 anos, e que no entanto se repetem
quando surge a TV Liberal. Em algumas dessas falas está expresso o mal
disfarçado sentimento da própria exclusão. O mesmo sentimento que fazia
Frederico Barata, há 15 anos, brandir a televisão como arma e como álibi
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