Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia

apresentada como marco de progresso citadino e instrumento educacional e
mesmo como um milagre, expressão que surge também no discurso de
Augusto Azevedo Antunes, padrinho da nova emissora e presidente da Icomi,
cuja associação com a multinacional Bethlehem Steel para explorar o
manganês do Amapá até o ano 2003 era combatida pelos nacionalistas.
O discurso de Azevedo Antunes, publicado em A Provincia do Pará
(Chateaubriand..., 1961, cad. 3:8) reforça a imagem da Amazônia como
permanente e fascinante desafio ao espírito pioneiro:
[...]região tão rica de tesouros naturais, mas à qual tem faltado a
assistência e a compreensão dos que não conseguem ver no denôdo dos
brasileiros que aqui labutam as sentinelas avançadas de uma civilização em
marcha.
Vaticinando a emergência de um mundo verdadeiramente novo que um
dia surgiria para redimir as desditas da Amazônia, Azevedo Antunes
classificava a TV que chegava como uma nova e moderna arma capaz, pela
geração de educação e de cultura, de ajudar o paraense a encontrar o caminho
do progresso.
Chateaubriand, já acometido de trombose, enviou de Nova Iorque um
discurso de estilo ufanista (relacionando empreendimentos bem sucedidos da
iniciativa privada nacional, inclusive o capitaneado por Azevedo Antunes),
apresentava à cidade um termo que não sobreviveu (televisionário, o moderno
telespectador) e, 11 anos depois, recuperava as dificuldades iniciais da TV:
Em nenhum outro ponto do país as empresas associadas encontraram
sucesso maior do que aqui. Comparada a vida que temos tido em Belém, com a
agressividade que nos primeiros tempos enfrentamos em outros pontos do
território nacional, a metrópole do Pará é um mundo balsâmico acabado em
horizontes cor de rosa. ("DA" espectadores..., 1961, cad. 1:1)
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