Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia
Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia
Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
todo lugar e é vista por todo mundo. No entanto, esquecemos que ela po<strong>de</strong> ser<br />
<strong>de</strong>sliga<strong>da</strong>, como<br />
ensinou Borjalo... (Sanches Icaza, 2000: 113)<br />
O Brasil lutava para escapar do concerto <strong>da</strong>s nações sub<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s<br />
quando aqui chegou a televisão, em 1950. Às vésperas <strong>de</strong> inaugurar a primeira<br />
emissora nacional, a PRF-3-TV Difusora <strong>de</strong> São Paulo, Assis Chateaubriand,<br />
alertado <strong>de</strong> que não havia o básico, os receptores, resolveu a questão<br />
patrocinando o contrabando <strong>de</strong> 200 aparelhos dos Estados Unidos (Morais,<br />
1994). Parte foi presentea<strong>da</strong>, parte foi coloca<strong>da</strong> à ven<strong>da</strong> nas lojas e, para que o<br />
paulistano pu<strong>de</strong>sse provar a novi<strong>da</strong><strong>de</strong>, alguns aparelhos foram instalados em<br />
pontos estratégicos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Apesar do impacto, as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s técnicas,<br />
inclusive o pequeno número <strong>de</strong> aparelhos, confinaram a TV, em seus<br />
primórdios, aos dois gran<strong>de</strong>s centros – e mercados - nacionais: Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
e São Paulo.<br />
Na introdução <strong>de</strong> seu clássico História <strong>da</strong> imprensa no Brasil, Nelson<br />
Werneck Sodré (1977:1) afirma que a história <strong>da</strong> imprensa é a própria história<br />
do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> capitalista Essa linha <strong>de</strong> análise seria<br />
retoma<strong>da</strong> por Caparelli (1982: 7) que, ao estu<strong>da</strong>r a TV com base em ampla<br />
pesquisa nacional 24 , <strong>de</strong>fine-a como agente e reflexo <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> capitalista,<br />
uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> capitalista <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, no caso brasileiro. Ao situar a gênese<br />
<strong>da</strong> TV brasileira no momento histórico e econômico mundial, o autor mostra a<br />
emergência <strong>da</strong> atuação <strong>de</strong> multinacionais e conglomerados norte-americanos<br />
nos mercados formados pelos países sub<strong>de</strong>senvolvidos, após a Segun<strong>da</strong><br />
24 Em 1978 a Associação Brasileira <strong>de</strong> Ensino e Pesquisa <strong>da</strong> Comunicação (ABEPEC) juntou 350<br />
pesquisadores em todo o país, numa gran<strong>de</strong> pesquisa sobre as emissoras <strong>de</strong> TV, que abrangia <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
questões <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> e vinculações com grupos diversos até produção <strong>de</strong> programas, questões<br />
técnicas e publicitárias, entre outras, para, finalmente, analisar a significação cultural dos programas<br />
nacionais. O seminário <strong>da</strong> pesquisa não foi realizado, mas os <strong>da</strong>dos são encontrados no livro “Televisão<br />
e capitalismo no Brasil”, <strong>de</strong> Sérgio Caparelli, um dos coor<strong>de</strong>nadores nacionais do trabalho.<br />
46