Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia
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O chamado <strong>Círio</strong> Civil continuou, sem registro <strong>de</strong> inci<strong>de</strong>ntes, e com<br />
apoio do governo provincial, até 1880, quando, com a mediação do próprio<br />
presi<strong>de</strong>nte que havia apoiado anteriormente a irman<strong>da</strong><strong>de</strong>, a diocese ganhou a<br />
posse <strong>da</strong> igreja, que passou a ser oficialmente matriz.<br />
A segun<strong>da</strong> crise aconteceu em 1926, quando dom Irineu Joffily,<br />
arcebispo recém-chegado, reformou o <strong>Círio</strong>, enquadrando a romaria nas<br />
normas <strong>da</strong> Sagra<strong>da</strong> Congregação dos Ritos. Ele assistira à romaria em 1925,<br />
chocado com a “carnavalização” que o povo imprimia ao cortejo. O arcebispo<br />
provocou gran<strong>de</strong> revolta popular ao suprimir a berlin<strong>da</strong> (passando a imagem <strong>da</strong><br />
Santa a ser transporta<strong>da</strong> em andor), a maruja<strong>da</strong> e suas canoas, e<br />
principalmente a cor<strong>da</strong>.<br />
Mais uma vez houve polêmica, violentíssima, pelos jornais. O <strong>Círio</strong><br />
aconteceu como queria o arcebispo, com o apoio do governador Dionísio<br />
Bentes e <strong>de</strong> todos os que sempre haviam con<strong>de</strong>nado os “excessos” do povo. O<br />
próprio chefe <strong>de</strong> polícia foi às ruas coman<strong>da</strong>r a operação para garantir a<br />
procissão, mas houve choques com os romeiros e muitos feridos.<br />
Pela <strong>de</strong>scrição do jornal Folha do Norte (edição <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong><br />
1926), verifica-se que o <strong>Círio</strong> per<strong>de</strong>ra suas "louçanias", tornando-se uma<br />
procissão tradicional, com sacerdotes rezando o terço em voz alta, estu<strong>da</strong>ntes<br />
<strong>de</strong> colégios católicos em alas, irman<strong>da</strong><strong>de</strong>s e ligas católicas entoando hinos<br />
religiosos. Com o intuito <strong>de</strong> evitar aglomeração em torno do andor <strong>da</strong> Santa, a<br />
guar<strong>da</strong> civil estabeleceu um cordão <strong>de</strong> isolamento, diz o jornal, registrando a<br />
presença <strong>de</strong> senhoras e cavalheiros e <strong>de</strong> famílias do escol social nas saca<strong>da</strong>s<br />
conseguiu uma explicação oficial sobre o assunto.<br />
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