Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia

Os festejos profanos do Círio, concentrados na feira, extinta em 1855, e
mais intensos ainda no arraial que a sucedeu (Salles,1994), sofreram grande
modificação. A programação do arraial de Nazaré era veiculada com destaque
pela imprensa (Montarroyos, [199-]) e, no final do século XIX, fazia Belém
dormir bem mais tarde do que hoje em dia no encerramento dos festejos:
Eram 4 ½ da manhã quando o largo ficou de todo deserto. A ordem não foi
perturbada e inúmeras foram as diversões a que o povo se entregava com
entusiasmo e alegria. É digna de encômios a diretoria da festividade, que não
poupou esforços para dar-lhe todo o brilhantismo possível (Diário de Notícias, 10
de nov de 1891 apud Montarroyos, [199-]: 202)
As diversões visavam crianças, mas principalmente adultos, pelo que se
recolhe das notas de cronistas que falavam da jogatina no arraial. Havia
danças de caráter ou inspiração folclórica, como cordões de índios, de negros,
de mulatas, circos, retretas nos coretos, além do comércio, principalmente de
comidas típicas.
O arraial é também o berço do chamado teatro nazareno, que chegou a
contar com nove casas de exibição para artistas locais e de fora. Salles
(1994:404) diz que o teatro passou a fazer parte do arraial em meados do
século XIX e registra seu final em 1970, quando o prefeito de Belém, Mauro
Porto, mandou retirar os coretos do Largo de Nazaré 22 , limpar os restos do
Pavilhão de Vesta (onde aconteciam representações) e manifestou-se contra o
teatro nazareno, que foi extinto por imposição do arbítrio do poder.
Em 1982, a Igreja inaugurou, no lugar do antigo Largo de Nazaré onde
se instalava o arraial, o Conjunto Arquitetônico de Nazaré, uma praça-
santuário, cercada por um gradil, que passou a ser o ponto de chegada do
38