Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia
Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia
Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
atualização <strong>da</strong>s tentativas <strong>de</strong> controle eclesiástico ou social sobre as<br />
manifestações <strong>da</strong> religiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> popular.<br />
Verifica-se a centrali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> cor<strong>da</strong> em todo o material veiculado sobre o<br />
<strong>Círio</strong>. Em 1999, a diretoria <strong>da</strong> Festa colocou à ven<strong>da</strong> como souvenir, na<br />
Basílica <strong>de</strong> <strong>Nazaré</strong>, pe<strong>da</strong>ços <strong>da</strong> cor<strong>da</strong> montados sobre um suporte <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />
com um texto que a classifica como um dos maiores símbolos do <strong>Círio</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Nazaré</strong>. A pesquisa do Ipar atesta que, após a berlin<strong>da</strong>, a cor<strong>da</strong> é o elemento<br />
mais essencial no <strong>Círio</strong> para 85,9% dos entrevistados.<br />
Sempre se verificaram restrições ao comportamento popular no <strong>Círio</strong>,<br />
não apenas por parte <strong>da</strong> hierarquia religiosa, mas também <strong>de</strong> intelectuais como<br />
Arthur Vianna e José Veríssimo. Vianna (1905:32-33) aponta o atropelo e a<br />
aglomeração pouco <strong>de</strong>centes dos homens e mulheres <strong>da</strong> cor<strong>da</strong> e a terrível<br />
maruja<strong>da</strong> que invadiu o préstito, como uma on<strong>da</strong> formidável. Veríssimo<br />
(1970:69) chega a <strong>de</strong>clarar que ar<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong>seja a extinção do <strong>Círio</strong> para<br />
honra <strong>de</strong> nossa civilização.<br />
Como mostra Bakhtin (1999:4), já na I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média havia nas festas um<br />
entrelaçamento entre o religioso e o profano, entre o religioso e o carnavalesco.<br />
O autor afirma que quase to<strong>da</strong>s as festas religiosas <strong>da</strong>quele período possuíam<br />
um aspecto cômico, popular e público, consagrado também pela tradição.<br />
A relação entre <strong>Círio</strong> e carnaval surge pela primeira vez na ficção, num<br />
romance do paraense Dalcídio Jurandir :<br />
36