Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia
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animação e o enthusiasmo ultrapassaram to<strong>da</strong>s as expectativas; o commercio<br />
applaudiu mais que todos a execução d´aquella feliz idéa.<br />
O formato do cortejo foi <strong>de</strong>terminado pelo governador num <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong><br />
1792:(...) Insinúa á Confraria nesta Ermi<strong>da</strong> constituí<strong>da</strong> que d' alli por diante <strong>de</strong>ve solemnizar a<br />
festa do seu Orago com Novena, Missa canta<strong>da</strong> e Procissaõ; e que a Imagem <strong>da</strong> Senhora na<br />
vespera do primeiro dia <strong>da</strong> Novena será <strong>de</strong>posita<strong>da</strong> na Capella do Palacio do Governo a fim <strong>de</strong><br />
ser transferi<strong>da</strong> no dia seguinte <strong>de</strong> tar<strong>de</strong> em uma berlin<strong>da</strong> para a sua Ermi<strong>da</strong>, e neste momento<br />
precedi<strong>da</strong> por <strong>de</strong>votos <strong>de</strong> ambos os sexos concertados em alas, uma <strong>de</strong> mulheres em seges, e<br />
duas <strong>de</strong> homens a cavallo, e que elle pessoalmente se adunaria a este religioso sequito indo<br />
também a cavallo logo após do vehiculo <strong>da</strong> Imagem. (Baena, 1969: 227).<br />
Estima-se o acompanhamento do primeiro <strong>Círio</strong> em <strong>de</strong>z mil pessoas,<br />
praticamente to<strong>da</strong> a população <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Na <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> Vianna (1905),<br />
verifica-se que a primeira romaria já foi precedi<strong>da</strong> pela Trasla<strong>da</strong>ção, revivendo-<br />
se o mito formado em torno <strong>da</strong> aparição <strong>da</strong> imagem e <strong>de</strong> suas fugas. Na noite<br />
<strong>da</strong> véspera, a Santa seguiu <strong>da</strong> ermi<strong>da</strong> ao palácio do governo 11 , cerca<strong>da</strong> por<br />
uma multidão, que se reencontrou no <strong>Círio</strong>:<br />
No dia seguinte, á tar<strong>de</strong>, com todo o esplendor possivel a uma estréa, <strong>de</strong>sfilou<br />
do palacio a romaria; na frente e no couce marchava to<strong>da</strong> a tropa <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, os<br />
esquadrões <strong>de</strong> cavallaria em primeiro logar, os batalhões <strong>de</strong> infantaria <strong>de</strong>pois e atraz<br />
as baterias <strong>da</strong> artilheria; a<strong>de</strong>ante do carro <strong>da</strong> santa seguiram uma fila <strong>de</strong> séges,<br />
palanques e serpentinas, com senhoras, e duas linhas <strong>de</strong> cavalleiros, trajando vestes<br />
<strong>de</strong> gala; a turba cercava o carro, e logo após este, <strong>de</strong>stacava-se o governador e os<br />
membros <strong>da</strong>s suas casas civil e militar, em primeiro uniforme e cavalgando bons<br />
cavallos. (Vianna, 1905: 31).<br />
Outra <strong>de</strong>scrição, mais <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>, é a do cônego Castro Nery:<br />
A força militar era segui<strong>da</strong> pelos vereadores <strong>da</strong> Câmara, pelas autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s, e<br />
pelo palanquim a cujos lados iam o capitão-mór e o vigário geral. Bem no centro,<br />
cavaleiros fi<strong>da</strong>lgos <strong>de</strong> casacão preto e chapéus <strong>de</strong> três bicos, formavam alas por <strong>de</strong>ixar<br />
passar as seges-palanque, na almofa<strong>da</strong> <strong>da</strong>s quais com manto <strong>de</strong> tafetá, roupetilha e<br />
vasquinha <strong>de</strong> veludo alaranjado as gran<strong>de</strong>s <strong>da</strong>mas paraenses ondulavam à mercê dos<br />
solavancos. No fecho do imenso cortejo, acompanhado pelo Capitão Geral e todos os<br />
membros <strong>da</strong> casa civil e militar, bem como <strong>de</strong> uma enorme massa <strong>de</strong> brancos, cafusos<br />
e índios, vinha o velho coche do bispo, on<strong>de</strong> o Arcipreste José Monteiro Noronha, com<br />
11 Com a Proclamação <strong>da</strong> República o <strong>Círio</strong> passou a sair <strong>da</strong> Catedral <strong>de</strong> Belém.<br />
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