Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia

O fato de 40,3% dos participantes entrevistados pertencerem a outras
religiões, ou se declararem de nenhuma confissão religiosa, parece apontar
para uma concepção mais cultural do que religiosa do Círio, visto como uma
celebração da identidade paraense, da qual se pode participar mesmo sem a
intenção religiosa que move os devotos da Santa.
Na romaria não é incomum a presença de fiéis de cultos afro-brasileiros
como a umbanda e o candomblé, facilmente identificáveis por seus trajes
rituais que se destacam na multidão e atraem o olhar das câmeras de TV. O
inusitado que a pesquisa do Ipar revela é a participação de evangélicos, que
têm tradição de combate ao culto mariano. Desde os anos 90, algumas
denominações evangélicas afixam outdoors contra o Círio em avenidas de
Belém. Os evangélicos tentam dissuadir romeiros que chegam para a festa,
pregando no terminal rodoviário e, durante a procissão, distribuem panfletos
com citações bíblicas.
Durante a quinzena da festa é freqüente a polêmica entre católicos e
evangélicos nas colunas de cartas dos jornais. Membros da hierarquia, como
padres e pastores, discutem em artigos assinados.
Por causa dessa surpreendente participação o Ipar cunha o termo
ciriano, aquele que não é nem devoto nem romeiro, não tem ligação religiosa
com o Círio, mas nele se envolve de alguma forma.
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