Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia

apesar da reverência na abordagem do evento, os repórteres deixam
transparecer entusiasmo, informalidade e uma proximidade com os fatos
registrados que são raros no cotidiano dos telejornais. Isso faz com que os que
comandam a transmissão estejam atentos para controlar excessos, inclusive
justificando-os para o público, como no caso da emoção manifestada pela
repórter da sucursal de Brasília no ano 2000, quando o narrador foi orientado
pelo coordenador da transmissão para explicar sutilmente, no ar, que a
jornalista reagia com a espontaneidade de quem via o Círio pela primeira vez.
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A maioria dos que trabalham na transmissão relata a contaminação pelo
clima que está registrando. Vários afirmam controlar as lágrimas em algum
momento. Outros, como o diretor de imagens Benedito Barbosa, confessam
que a emoção já os fez errar. Nem todos são católicos ou devotos da Santa,
mas todos apresentam algum nível de envolvimento com a festa, participando
de algum de seus eventos nos momentos de folga.
No plano profissional, é um momento de reforço do espírito de equipe
que preside o trabalho em TV, porque se acentua a interdependência entre
todos os envolvidos para que a cobertura tenha êxito. Há um componente
também muito importante para uma televisão de pequena produção local: a
chance de fugir da rotina do telejornal, com reportagens aprisionadas no tempo
médio de um minuto, um minuto e meio. É a oportunidade de exercitar a
capacidade de improviso e, ao mesmo tempo, de elaborar melhor o que vai ao
ar. Também é quando a TV utiliza plenamente seu potencial técnico e introduz
inovações tecnológicas. É, ainda, o momento de criação de um espaço para
análise e opinião, limitadíssimo no dia-a-dia, ocupado pelos comentaristas, que