Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia

um papel em sua construção simbólica. Mas seus limites de ação continuam
bastante restritos, se comparados aos casos acima relatados. Melhor dizendo,
verifica-se que há limites para a ação da TV a partir do estudo de um caso
concreto - o da transmissão do Círio pela TV Liberal - em oposição à
universalidade com que geralmente é formulada a hipótese, encontrada em
vários autores, de que a TV impõe sua lógica a todos os eventos que veicula,
interferindo em sua organização e produção.
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Na observação da festa e sua transmissão pela TV (nas etapas de
produção e emissão), na análise das fitas que contêm a série histórica dessa
transmissão de 1983 a 2000 (exceto 1986), na pesquisa bibliográfica e nas
entrevistas realizadas, não encontrei evidências de um tal entrelaçamento ou
agendamento no Círio de Nazaré.
É importante ressaltar que, tanto no desfile das escolas de samba do Rio
de Janeiro quanto no São João de Campina Grande, existe um contrato
financeiro entre a TV e os organizadores dos espetáculos, que auferem lucros
diretos com a venda dos direitos de transmissão dos eventos, o que gera
obrigações e abre espaço para negociações mais amplas. Isso representa uma
diferença fundamental entre tais festas e o Círio, que deve ser considerada
quando se pensa o lugar da televisão na romaria paraense. Embora, como foi
dito na introdução, a TV tenha grande interesse financeiro nas receitas
publicitárias advindas do Círio e existam interesses de natureza simbólica, por
parte da diretoria da Festa e da Igreja, na visibilidade que a TV confere à festa,
não existe pagamento de direitos aos organizadores.
Parece pertinente registrar a disposição do governo do Pará de investir
no turismo religioso, tendo o Círio como principal atração. Com esse interesse,