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Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia

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Os diretores procuram “limpar” a imagem <strong>de</strong> propagan<strong>da</strong> e outros<br />

elementos que interfiram na composição <strong>da</strong> imagem, orientando o<br />

enquadramento dos câmeras, mas às vezes há vazamentos: a transmissão se<br />

realiza em período pré-eleitoral e dois romeiros aparecem no ví<strong>de</strong>o, em<br />

momentos diferentes, com camisa e ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> candi<strong>da</strong>tos, provocando<br />

reclamações no switch. Outra interferência impossível <strong>de</strong> evitar acontece<br />

durante entrevista do arcebispo no CAN, quando pessoas passam em frente à<br />

câmera, <strong>de</strong>struindo o enquadramento.<br />

Ao analisar a transmissão direta, Eco (1991:189) mostra a embaraçosa<br />

situação do diretor <strong>de</strong> televisão, obrigado a i<strong>de</strong>ntificar as fases lógicas <strong>da</strong><br />

experiência quando ain<strong>da</strong> são cronológicas. Não há nenhuma racionali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

que lhe permita adivinhar a configuração seguinte <strong>da</strong> cena. Suas <strong>de</strong>cisões são<br />

toma<strong>da</strong>s no momento mesmo em que se dá o evento. O autor assinala que:<br />

Ao movimentar as câmeras segundo um interesse, <strong>de</strong> certo modo o diretor<br />

<strong>de</strong>ve inventar o evento no mesmo momento em que ele <strong>de</strong> fato acontece, e <strong>de</strong>ve<br />

inventá-lo <strong>de</strong> modo que seja idêntico àquilo que realmente acontece; paradoxo à<br />

parte, <strong>de</strong>ve intuir e prever o lugar e o instante <strong>da</strong> nova fase <strong>de</strong> seu enredo. Sua<br />

operação artística tem, portanto, um limite <strong>de</strong>sconcertante, mas ao mesmo tempo<br />

sua atitu<strong>de</strong> produtiva, se eficaz, tem sem dúvi<strong>da</strong> uma quali<strong>da</strong><strong>de</strong> nova; e po<strong>de</strong>mos<br />

<strong>de</strong>fini-la como uma peculiaríssima congeniali<strong>da</strong><strong>de</strong> com os eventos, uma forma <strong>de</strong><br />

hipersensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> intuitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> (mais vulgarmente, <strong>de</strong> “faro”) que lhe permita<br />

crescer com o evento, acontecer com o acontecimento” (Eco, 1991:190).<br />

Nesse inventar o evento enquanto ele acontece, a diretora <strong>de</strong> imagens e<br />

o coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> jornalismo <strong>da</strong> transmissão trabalham lado a lado e em<br />

sintonia, mas ela tem autonomia garanti<strong>da</strong> pela experiência na função <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

1992. Tem um olhar curioso e atento, para o qual a romaria ain<strong>da</strong> não se<br />

naturalizou, e sempre que po<strong>de</strong> tenta escapar do simples registro, construindo<br />

seqüências, testando ângulos novos, narrando.

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