Círio de Nazaré - Universidade Federal da Bahia

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O diretor do posto, num primeiro nível, e, finalmente, a diretora geral, ao
lado do coordenador da transmissão, organizam o fluxo de imagens ofertado
pelas câmeras em uma narrativa que deve manter a coerência possível com o
desenrolar do evento e com a fala do narrador e dos comentaristas. A diretora
vê nove imagens simultaneamente e as seleciona pela qualidade (é difícil que
não esteja trêmula, pelo tumulto da multidão), e pela adequação ao texto
(quando consigo ouvi-lo. Na hora dos fogos, ninguém se escuta). Ela usa
basicamente fusão e corte, recorrendo hoje em dia bem menos ao slow motion
(nas músicas), que considera um tanto banalizado pelo uso excessivo. Sua
hierarquia particular contempla, pela ordem, takes da berlinda, corda, carros de
promessas, bandas e as sacadas do trajeto. Tudo entremeado com os
promesseiros e com detalhes da romaria.
O plano fechado, close e big close permitem que o telespectador tenha a
fruição dos detalhes, um privilégio de quem assiste ao evento pela TV. Os
detalhes são especialmente cobrados pelo coordenador de jornalismo para
preencher os “buracos” e dar ritmo. São um grande componente do espetáculo,
ao devassar e expor a emoção dos devotos.
Há alternância entre planos abertos e fechados. O plano médio é o mais
usado para mostrar a berlinda. O plano aberto ou geral mostra a grandeza da
romaria. O devoto é muito usado em big close, principalmente se reza ou
chora. O olhar dos devotos também funciona como um ponto de vista para, a
partir dele, se mostrar a berlinda, os fogos, a corda. E, como dizem Dayan e
Katz (1999:114): Os espectadores são convidados a habitar o acontecimento
através da mediação do público assistente, vendo através dos olhos daqueles
que estão diretamente envolvidos.